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2018_Luzes-ApostoloPulchrum

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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />

Gabriel K.<br />

Vicente Torres<br />

Gabriel K.<br />

fora muito poética:<br />

por onde a patas<br />

do cavalo dele<br />

pousavam nunca<br />

mais nascia erva.<br />

As populações<br />

daquelas<br />

regiões ficaram com pavor de Átila e se aprofundaram<br />

em seus pântanos, procurando lugares de mais resistência<br />

para se fixarem. Ali mais ou menos repetiram as palafitas.<br />

Esses povos depois foram batizados, e o Batismo operou<br />

em suas almas o efeito regenerador que lhe é próprio;<br />

e de primitivos, mais ou menos vagabundos, passaram<br />

a ser homens de trabalho que, seduzidos pelas<br />

águas do Mar Adriático, entregaram-se à navegação.<br />

Tornaram-se grandes navegantes e se dedicaram ao comércio,<br />

passando a ser a maior potência marítima do<br />

Mar Mediterrâneo.<br />

As riquezas voltavam para Veneza e com elas as possibilidades<br />

de trabalho, de organização. Aquelas ilhas<br />

resultantes do antigo pântano foram consolidadas, ajeitadas,<br />

fizeram correr água onde havia lodo outrora. As<br />

casas foram melhorando, as águas se tornaram de trânsito<br />

fácil e, no lugar do antigo pântano, constituiu-se um<br />

arquipélago que foi se enchendo de palácios de uma beleza<br />

famosa no mundo inteiro.<br />

E ali, em vez do jardim que Veneza não tem, nasceu<br />

para o homem este sonho que se realizava: morar num<br />

palácio à beira d’água, com um céu lindíssimo. O céu de<br />

Veneza é uma espécie de céu dos céus, o colorido e as<br />

brumas são uma beleza, os anoiteceres são lindíssimos.<br />

E realiza-se assim esse ponto de eleição que é uma espécie<br />

de paraíso feito pelo homem, pela sua fantasia, pelo<br />

seu talento, pela sua capacidade de trabalhar, pelo<br />

seu desejo do maravilhoso, coisa tão distante do homem<br />

contemporâneo.<br />

Então, realizou-se em Veneza esse ponto de encontro<br />

onde a terra feia, outrora pântano, é disfar-<br />

çada pelo chão dos palácios, o pântano é coberto pelas<br />

águas do mar que correm, o céu maravilhoso e as<br />

águas se osculam, formado um dos lugares mais bonitos<br />

da Terra.<br />

Maravilha que nasceu do Sangue<br />

de Nosso Senhor Jesus Cristo<br />

No centro desta narração está o desvendar de um<br />

enigma. Como povos tão primitivos puderam realizar<br />

uma coisa tão maravilhosa? Será por que se mesclaram<br />

com outros povos? A meu ver, se eles não fossem batizados<br />

isso não saía. Pode ser que se tenham mesclado<br />

com latinos decadentes. Mas do pântano do primitivismo<br />

e da decadência das grandes cidades em decomposição<br />

sair uma coisa assim, não era preciso um terceiro<br />

elemento que fizesse uma coisa verdadeiramente<br />

mais bela?<br />

A meu juízo é evidente que sim. É o Corpo e o Sangue<br />

de Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja imolação no alto do<br />

Calvário obteve as grandes regenerações morais. É deste<br />

Sangue, a propósito de cuja efusão Nossa Senhora chorou<br />

e do qual resulta tudo quanto há de bom, de grande,<br />

de belo na Terra, que nasceram maravilhas dessas, pela<br />

regeneração do homem. Batizou-se, ficou trabalhador.<br />

Intensificou e disciplinou o seu desejo do maravilhoso,<br />

as maravilhas começam a nascer.<br />

Foi à procura desse auge de realização do maravilhoso<br />

na Terra que me pus a sonhar sobre Veneza e a querê-la.<br />

Desde minha primeira viagem àquela cidade, meu<br />

espírito estava tomado por esta ideia: eu estava visitando<br />

uma junção incomparável e paradisíaca de coisas<br />

maravilhosas.<br />

Poder-se-ia dizer, entretanto, haver mais algo ocupando<br />

no meu espírito um grande espaço, um ponto importante<br />

que procurarei condensar: das várias obras-primas<br />

existentes em Veneza, – oh, mistério! – nenhuma é<br />

tão grande e tão maravilhosa quanto o homem.<br />

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