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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />
José Luiz (CC3.0)<br />
Miguel Hermoso Cuesta (CC3.0)<br />
O palácio assim é, como deve ser, muito ligado às coisas<br />
temporais, porque o poder do Estado é este. Mas o<br />
que fica por detrás, o pressuposto religioso da autoridade<br />
do Estado, a missão deste de velar, para proteger a<br />
Igreja contra as agressões, garantir a expansão dos missionários<br />
por toda a Terra, de maneira a poderem pregar<br />
livremente a palavra de Deus sem que ninguém use da<br />
força contra eles, o poder de coibir as heresias declaradas<br />
como tais pela Igreja e de impedir que elas se expandam,<br />
apenas tolerando que tenham um lugar encafuado<br />
e envergonhado sobre a face terrestre, isto indica quase<br />
que a missão de Cruzado do Estado.<br />
O Estado tem, ao lado da finalidade de governar os<br />
homens, uma missão muito mais alta, a de servir para defender<br />
a Igreja. Este lado altíssimo do poder do Estado<br />
é muito bem representado pela torre, que vai alto, alto e<br />
alto, e diz: “Vós, olhando para o lado temporal das coisas,<br />
notais toda a minha figura temporal. Vede como ela<br />
é bela! Mas vós não vistes nada, não conheceis minha<br />
missão divina: Olhai!”<br />
Esta seria uma pequena meditação sobre a praça do<br />
Paço Municipal de Siena.<br />
Tal meditação se opõe à atitude psicológica de um<br />
número incontável de turistas que enchem isto durante<br />
o dia. Eles não têm nem sequer essas ideias, nem esses<br />
pressupostos, não se colocam nesses antecedentes históricos.<br />
Em consequência, cuidam de chupar – porque a<br />
palavra é bem essa – uma orchata, ou de beber uma cerveja,<br />
comer um sanduíche ou qualquer coisa nas numerosas<br />
mesas que, nos dias de verão, coalham essa praça.<br />
Dir-se-ia que esse palácio, atualmente, é apenas um<br />
remanescente histórico o qual, à maneira de um animal<br />
pré-histórico, os arqueólogos tiram do meio dos gelos e<br />
dizem: “Esse é um mamute.” Aqui são os ossários da Civilização<br />
Cristã...<br />
Erguer as almas para o Céu<br />
O interior do palácio está coberto de pinturas de um<br />
grande valor. É interessante notar como o espírito católico<br />
aproveita os ambientes. Em Subiaco foram as vastidões<br />
que, tendo como cúpula o céu, alimentaram a meditação<br />
de São Bento. Aqui o teto, que parece baixo em virtude de<br />
quão baixos são esses arcos, convida a uma outra forma de<br />
meditação: é o recolhimento do espaço pequeno.<br />
As pinturas assemelham-se a um grande livro que trata<br />
de cenas eclesiásticas, históricas, etc., em que o homem<br />
pode meditar sobre as coisas de Deus. E um espírito<br />
meditativo e pensativo sobre as grandes responsabilidades,<br />
os grandes serviços que pode prestar para a salvação<br />
das almas e para o bem dos homens e, sobretudo, para<br />
o serviço da Igreja, encontra aqui um lugar ideal para<br />
passear sozinho enquanto toda a cidade dorme, e apenas<br />
de vez em quando um tilintar dos relógios e dos sinos fazem<br />
entender a hora que passa, e ele está rezando e pensando,<br />
rezando e pensando: “Quantos homens vão sair<br />
para a Cruzada?”<br />
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