Matéria Prima 103 - WEB

4. A CULPA É MINHA - “Quando era preciso
trabalhar ao fim-de-semana, Sergio
mandava flores para casa das pessoas
com uma nota à família, que ele próprio
escrevia: ‘A culpa é minha’.” Gestos assim
faziam milagres.
5.NOVA PRÁTICA DE GESTÃO - Reconfigurou
uma das teorias clássicas
do management. “A teoria definiu que
a liderança tem a ver com a mudança:
definir a direção, alinhar as pessoas,
motivá-las e inspirá-las; e que a gestão
tem a ver com complexidade: planificar
e orçamentar, organizar e alocar
recursos, controlar e resolver
problemas. Nas empresas as duas atividades
são realizadas por diferentes
figuras; nas universidades, as duas
ciências são estudadas por diferentes
escolas. Marchionne criou um novo
estilo que combinou ambas, liderança
e gestão.
6.CHAMADAS A QUALQUER HORA - Ligava
na madrugada aos membros da
equipe. E fazia-o em qualquer dia da
semana. Ele próprio estava sempre a
trabalhar – ou a viajar em trabalho. Italiano
de nascimento, canadense por
aculturação (emigrou aos 13 anos para
o Canadá com os pais) e suíço por residência
fiscal, dizia não ter “uma
casa”. “Num ano, passo 43 dias completos
dentro de aviões”, descreveu
numa entrevista.
8.RELAÇÕES INFORMAIS -
Frugal na aparência, era também
assim no método de liderar
pessoas. “Muito do que faço é
desafiar e questionar as
premissas – o que acaba por dar
um pouco o aspecto de que
estou ali fazendo perguntas
estúpidas”, descreveu
Marchionne. Foi assim que
encurtou o tempo de produção
do Cinquecento – “o iPod da
Fiat, como ele lhe chamaria –
de quatro anos para 18 meses.
7. SEMPRE A MESMA BLUSA - Vestia sempre
a mesma coisa: uma blusa azul,
camisa da mesma cor e umas calças
pretas. “Compro por atacado, compro
logo 50 exemplares, para não perder
tempo de manhã a pensar no que vou
vestir”, contaria. Esse seu hábito não
era muito diferente de Cledorvino Bellini,
o chefe brasileiro da Fiat, que jamais
usou sapatos de cadarços. “Demoramos
para calçá-los, explicou.
9. SONHADOR PRAGMÁTICO - Este estilo
exige três características: contratar pessoas
que são sempre melhores em, pelo
menos, uma coisa do que ele; e ser o
tipo mais esperto na sala – aquele que
faz as melhores perguntas e que ajuda
os outros a ir mais além”.
Sonhador pragmático? O próprio
Marchionne, para quem tudo girava em
torno de resultados, ajudou a definir o
conceito: “Se você fixar metas que as
pessoas julgam irrealistas, tens de
ajudá-las a atingirem os objetivos. Ajudar
não significa fazer o trabalho por
elas. Mergulho no negócio, nas tarefas
para guiar as pessoas no terreno de
modo a que elas tomem as decisões
certas.” E acrescentava: “Não sei quais
são as melhores decisões quando vou
para uma reunião. Mas penso que o
fato de me envolver aumenta a possibilidade
de sairmos dessa reunião com
as medidas mais acertadas.” Detestava
a cultura da descrença.
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AGOSTO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR