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O CRIME ENTRA NO TERRENO DA PÓS-FICÇÃO.<br />
A operação contra Marielle tem essas características,<br />
é o que analisam esses observadores<br />
integrantes dessa confraria de<br />
aficionados, composta por investigadores<br />
de eventos criminais misteriosos. Não só<br />
casos ocorridos no Brasil, mas principalmente<br />
de crimes insolúveis pelo mundo a<br />
fora. O crime de Marielle os atrai.<br />
Entre esses aficionados pelos mistérios<br />
criminais há policiais (da ativa e aposentados)<br />
de várias procedências e áreas técnicas<br />
dentro das forças judiciárias, pessoal<br />
da comunidade de informações (militares<br />
e civis), analistas de segurança privados e<br />
forenses de diferentes especialidades, escritores<br />
de ficção e jornalistas autores de<br />
livros publicados e alguns premiados, além<br />
de toda a fauna que compõe essa comunidade<br />
de estudiosos e interessados profissional<br />
ou amadoristicamente no tema.<br />
Nesse meio, o crime do Rio já entrou<br />
para o terreno da pós-ficção.<br />
Cenário: Contratado por canais secretos<br />
no Exterior, sem contato direto com o cliente,<br />
o chacal chega ao país sozinho. Seus contatos<br />
locais não o conhecem, não sabem<br />
quem será o alvo nem bem que veio fazer.<br />
Todos os segmentos são compartimentados,<br />
incomunicáveis. Só o comando tem acesso<br />
e controle total da movimentação. O chacal<br />
age sozinho, isolado, como nos filmes, pois<br />
os roteiristas de Hollywood produzem enredos<br />
baseados verossímeis.<br />
O chacal entra no país com documentação<br />
falsa, sem chance de ser rastreado.<br />
Assim que recebe suas armas, assume o<br />
comando operacional e se descola do comando<br />
central. Realizada a missão, evapora-se.<br />
Ele não teme porque tem certeza<br />
de que os auxiliares locais serão executados.<br />
Sem rastro.<br />
Os dois suspeitos teriam características<br />
de operadores das milícias: Anderson,<br />
morto no Recreio, era subtenente da Polícia<br />
Militar, com origem e patente muito<br />
apropriadas para integrar milícias. O<br />
mesmo de Alexandre Cabeça, Carlos Alexandre<br />
Pereira Maria, tido como guardacostas<br />
de um político apontado como<br />
tendo bases eleitorais em comunidades<br />
infestadas de grupos armados.<br />
A operação propriamente demanda<br />
uma alta especialização. A arma do crime<br />
é um artefato de tiro rápido. Como declarou<br />
a sobrevivente, o tiroteio durou um<br />
segundo, disse ela. A polícia do Rio já tem<br />
uma hipótese do tipo de pistola.<br />
A arma tem mira a laser, como se vê<br />
nos seriados de TV. O matador tem óculos<br />
de infravermelho, que, com auxílio de sensores<br />
de fontes de calor, vão além dos<br />
obstáculos físicos. Como na visão de raios<br />
X do Superman, ele “viu” Marielle através<br />
da lataria do carro e do vidro fumé.<br />
CONTORNOS DE SERIADOS POLICIAIS DA TELE-<br />
VISÃO. O alvo. É uma ação semelhante ao<br />
que se assistiu pela tevê no documentário<br />
sobre a execução do terrorista Osama Bin<br />
Laden e sua família no Paquistão. O presidente<br />
Obama e seus assessores assistiam<br />
sentados em poltronas da Casa Branca a<br />
ação do comando. Os pobres jahadistas,<br />
no interior da residência, não tinham como<br />
se esconder. Paredes, portas, telhados, tudo<br />
era devassado pelos raios do satélite e pelos<br />
óculos dos sicários. A única diferença é que<br />
não havia, no caso de Marielle, um monitoramento<br />
por satélite.<br />
O tiro. Além dos equipamentos de visão<br />
noturna, o matador tinha instalado no<br />
banco traseiro do carro, possivelmente fixado<br />
em seu braço esquerdo, um dispositivo<br />
para fixar a arma, uma espécie de<br />
tripé com um estabilizador giroscópio no<br />
dispositivo de apoio da arma, com certeza.<br />
Este é um dispositivo semelhante aos es-<br />
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AGOSTO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR