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tes. Ganhou a presidência da República<br />
com seu apaniguado, general Eurico Gaspar<br />
Dutra.<br />
Tal como Dilma, Getúlio candidatou-se<br />
ao parlamento e venceu de ponta a ponta.<br />
Naquele tempo uma pessoa podia apresentar-se<br />
candidata a vários cargos e em<br />
mais de um estado. Assim, Vargas foi eleito<br />
senador pelo Rio Grande do Sul e São<br />
Paulo, e deputado federal pelo Rio Grande<br />
do Sul, São Paulo, Distrito Federal (atual<br />
cidade do Rio de Janeiro), estado do Rio<br />
de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Bahia.<br />
DE VOLTA AO FUTURO. Alguém duvida que<br />
Minas Gerais oferecerá uma votação consagradora<br />
à filha pródiga expelida do poder<br />
pelas forças café com leite da dupla<br />
PSDB e Minas e São Paulo e (então)<br />
PMDB paulista? Ela caiu porque já era<br />
gaúcha. Então volta às alterosas e readquire<br />
sua cidadania politicamente consequente.<br />
É verdade que a chegada de Dilma em<br />
Minas não foi uma aterrisagem com mão<br />
de veludo, como dizem os pilotos. Foi um<br />
pouso três pontos, com um baque daqueles<br />
que deixam os passageiros com os pelos<br />
crispados, elogiando a mãe do comandante.<br />
Além do pré-candidato Virgílio, que<br />
perdeu a vez, deixou em palpos de aranha<br />
o candidato do MDB, deputado estadual<br />
Adaldever Lopes, que além de delfim do<br />
chefão emedebista local Newton Cardoso,<br />
o exuberante e folclórico ex-governador,<br />
deixou o atual detentor do Palácio da Liberdade,<br />
Fernando Pimentel, ameaçado<br />
de ser derrotado em sua reeleição pelo<br />
ex-governador Antônio Anastasia. Com<br />
Aécio no páreo, sobra apenas uma vaga.<br />
Adalclever contava com ela, mas a entrada<br />
de Dilma deixou-o no banco, fora do jogo.<br />
Então veremos nos palanques de Minas<br />
Gerais os protagonistas da grande opereta<br />
que constituiu o impeachment da presidente<br />
Dilma Rousseff. Na primeira linha do<br />
palco os dois galãs, Aécio Neves, o príncipe<br />
decaído, derrotado por Dilma nas urnas e<br />
autor do processo judicial e das manobras<br />
políticas que resultaram na deposição da<br />
mandatária. A seu lado o conde Antônio<br />
Anastasia, algoz da princesa, relator do<br />
processo que lhe roubou o poder. E também<br />
ela própria, a princesa adormecida.<br />
AO FUNDO, O CORAL. O grupo mais interessante<br />
é a chamada Bancada da Chupeta,<br />
aquele grupo de senadoras e do senador<br />
Lindbergh Farias que se colocaram frente a<br />
Anastasia, na Comissão do Senado, a repetir,<br />
todos os dias, incansavelmente, os mesmos<br />
bordões, ouvidos com paciência e maldade<br />
pelos líderes do movimento. Com aquela<br />
atuação, o grupo, composto ainda pelas senadoras,<br />
Fátima Bezerra, Gleisi Hoffman e<br />
Vanessa Graziotin (esta do PCdoB), botavam<br />
gasolina na fogueira do impeachment. A<br />
cada dia perdiam um aliado.<br />
Quando o processo vindo da Câmara<br />
chegou ao Senado não havia maioria para<br />
derrubar a presidente. Bastava paciência<br />
e um pouco de negociações. Entretanto, a<br />
Bancada Chupeta preferiu ir para um confronto<br />
heroico, perdendo espaço dia a dia,<br />
até que, quando se votou, Dilma Rousseff<br />
foi mandada para casa. Entretanto, sobrou<br />
um trunfo, seus direitos políticos, que ela<br />
agora exercita com essa candidatura.<br />
Com certeza da vitória, Dilma Rousseff<br />
já mandou fazer o vestido da posse. Os<br />
três protagonistas chegam juntos ao ato<br />
final do balé: Dilma e Aécio na mesma<br />
carruagem chegando a Brasília para assumir<br />
suas cadeiras no Senado Federal, e<br />
Anastasia pegando de volta sua caneta de<br />
todo-poderoso em Minas Gerais.<br />
José Antônio Severo<br />
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AGOSTO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR