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tenho tempo para isso.” E ela respondia ora com lágrimas, ora com insistência no ponto<br />

de vista dela.<br />

Eu não estava querendo ser mauzinho. Realmente pensava daquela maneira. (Coisa<br />

dura é estar sinceramente errado.)<br />

Em um dia horrível — que se tornou belo — tivemos uma dessas brigas e a discussão<br />

se prolongou mais do que o normal. Já era alta madrugada e não havia fim à vista. Até<br />

que a Cristiane teve uma ideia: “Vou ligar para o meu pai.” Eu achei ótimo. Peguei logo<br />

o telefone e dei na mão dela. “Liga agora! Você vai ver só como estou certo.”<br />

Pelo que eu conhecia do pai dela, a quem respeito muito, e pelo assunto que estávamos<br />

discutindo, tinha certeza de que ele iria confirmar que ela estava errada. Como ele nunca<br />

foi parcial nem a ela nem a mim, eu o tinha como a voz da razão. Por isso, apesar da<br />

vergonha e de não gostar de ter de levar aquele problema para ele, vi a decisão dela<br />

como uma boa opção.<br />

Saí do quarto e deixei que ela falasse com o pai. Passados uns cinco minutos, ela sai do<br />

quarto, bem mais calma, me passa o telefone e diz: “Ele quer falar com você.”<br />

— Sim, senhor — atendi.<br />

Ele foi direto na jugular, em alto e bom som: “Renato, deixa eu falar uma coisa para<br />

você. Esse problema aí É SEU. RESOLVA-O!”<br />

Aquilo me pegou de surpresa. Não foi o que eu esperava. Achava que mostraria<br />

empatia para comigo, que diria que havia falado com ela, e que agora ela me entenderia<br />

melhor, e que eu teria que ter paciência com ela. Mas aquelas palavras “esse problema aí<br />

é seu, resolva-o” funcionaram como um ferro de marcar gado na minha mente.<br />

Ele não falou mais nada. Fiquei mudo, e depois de alguns segundos, respondi: “O<br />

senhor pode ter certeza de que nunca mais receberá uma ligação como essa, porque eu<br />

vou resolver.” Agradeci, e desliguei o telefone.<br />

“Esse problema aí é seu, resolva-o.” As palavras ficaram ecoando na minha mente. De<br />

repente, as escamas me caíram dos olhos. “Esse problema é meu. Eu é que tenho que<br />

resolvê-lo!” Tudo começou a clarear.<br />

Até então eu vinha batendo na mesma tecla, falando para a Cristiane: “Você é que é o<br />

problema.” Aquele modo de pensar me fazia jogar o problema para ela e culpá-la pela<br />

falha em resolvê-lo. Automaticamente, eu me isentava de culpa e “lavava as mãos”. Se<br />

esse <strong>casamento</strong> falhar, não vai ser culpa minha, pensava. Essa mentalidade, além de me<br />

fazer pensar que a responsabilidade não era minha, ainda piorava a situação de duas

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