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Comunidades<br />
<strong>Novembro</strong> 2018 11<br />
Voto dos portugueses<br />
no estrangeiro vai<br />
custar sete milhões de<br />
euros<br />
O Governo português vai gastar<br />
sete milhões de euros para recensear<br />
e notificar os portugueses no<br />
estrangeiro a tempo das eleições<br />
legislativas do próximo ano, revelou<br />
a secretária de Estado da Administração<br />
Interna.<br />
Segundo Isabel Oneto, este valor<br />
é quase igual ao custo de cada<br />
eleição em Portugal, estimado em<br />
nove milhões de euros, e é uma<br />
consequência das alterações à legislação<br />
que entraram em vigor em<br />
14 de Agosto.<br />
A partir de agora, os portugueses<br />
residentes no estrangeiro passam<br />
a ser recenseados automaticamente<br />
com base na morada constante<br />
no cartão de cidadão, o que até então<br />
só acontecia com os residentes<br />
no território nacional.<br />
Desde a data em que a legislação<br />
entrou em vigor, a administração<br />
eleitoral tem 90 dias para notificar<br />
os cidadãos, após a qual os cidadãos<br />
que não desejem ser incluídos<br />
no recenseamento têm 30 dias<br />
para comunicar a vontade de não<br />
constarem nos cadernos eleitorais.<br />
A lei permite que os eleitores possam<br />
também optar pelo voto presencial<br />
ou por correspondência<br />
nas eleições para a Assembleia da<br />
República, que passa a ter porte<br />
pago e cujo custo também vai passar<br />
a ser suportado pelo Governo.<br />
Recenseamento automático de<br />
emigrantes obriga a um esforço humano<br />
e financeiro em mais de 80<br />
mesas de voto.<br />
Proposta de Costa e a<br />
opinião de cinco emigrantes<br />
Não chega para voltar! Raios-partam,<br />
não se poderiam ter lembrado disto antes?<br />
Agora talvez convençam quem não<br />
encontrou aquilo que procurava.<br />
Maria João Neutel (Reino Unido): “Não<br />
creio que jovens emigrantes qualificados,<br />
com situações estáveis de emprego, ponderem<br />
voltar a Portugal por terem desconto no<br />
IRS durante uns quantos anos. Se é verdade<br />
que houve uma retoma económica nos<br />
últimos anos, com a taxa de desemprego a<br />
cair dos dois dígitos para menos de 7%, estes<br />
são números que pouco ou nada dizem<br />
a uma geração de jovens qualificados que<br />
todos os meses têm de fazer contas à vida,<br />
sem quaisquer perspectivas de mudança. O<br />
problema não é estar desempregado, o problema<br />
é ter emprego, ganhar uma miséria<br />
e adiar a compra de um livro porque custa<br />
20 euros e 20 euros pagam a conta da água<br />
(aconteceu-me inúmeras vezes)”.<br />
“As ideias agora apresentadas pelo governo<br />
são simpáticas, mas não creio que, só por<br />
si, sejam suficientes para incentivar alguém<br />
com uma situação estável a regressar a Portugal.<br />
Talvez convençam, no entanto, quem<br />
não encontrou nos países de destino aquilo<br />
que procurava - felizmente não é o meu<br />
caso”, (…) os incentivos anunciados por<br />
Costa não são suficientes.<br />
Miguel Veterano (Dubai): “Os problemas<br />
de fundo de Portugal continuam na mesma”<br />
Tenho as minhas dúvidas! Será uma ajuda<br />
para quem tem trabalho assegurado em<br />
Portugal, mas mesmo assim tendo em conta<br />
os elevados impostos, os combustíveis<br />
caríssimos, transportes públicos deficientes<br />
e caros, problemas na saúde, a contínua<br />
precariedade no trabalho, o contínuo desgoverno<br />
do atual e dos passados [executivos].<br />
Não vejo que essa medida faça com que eu<br />
ou outros emigrantes voltem a Portugal.<br />
Nuno Serra Pedro (Ásia) : “É interessante<br />
mas deve ser aberto a pessoas que saíram<br />
há mais anos”.<br />
“Acho que o IRS pela metade é um bom incentivo.<br />
É positivo. Deve ser aberto a pessoas<br />
que saíram há mais tempo. Como eu.<br />
Deviam estender também mais o tempo de<br />
regresso porque assim as pessoas podiam<br />
planear melhor e com mais calma. Estou<br />
fora há 12 anos. Há crianças em idade escolar<br />
envolvidas. Não é uma coisa que se<br />
decida de um dia para o outro”, (…) “Nos<br />
próximos cinco anos faço intenção de voltar.<br />
Mas não nos próximos dois, por exemplo”.<br />
“muito importante que todo o processo fosse<br />
simples, fácil, sem grandes burocracias<br />
e complicações. Deveria haver um processo<br />
online em que podiam avaliar a situação de<br />
cada pessoa, disponibilizando logo se a sua<br />
situação tinha sido aprovada ou não para<br />
beneficiar dos incentivos, para que depois,<br />
sim, a pessoa decidisse voltar ou não. Não<br />
é a pessoa voltar e só depois lhe dizerem se<br />
tem direito aos incentivos ou não”.<br />
Miguel Albuquerque (Brasil): “Penso que<br />
a ideia é bastante interessante, mas não sei<br />
se o mercado português tem capacidade<br />
para absorver os emigrantes qualificados<br />
não só do ponto de vista de oportunidades,<br />
mas também de desafios e de compensação<br />
daqueles que nos últimos anos saíram<br />
de Portugal”..<br />
“Honestamente, no dia em que a notícia foi<br />
comunicada eu e a minha mulher estávamos<br />
a ver TV e ficámos surpreendidos com<br />
o anúncio. Na altura decidimos que iríamos<br />
acompanhar desenvolvimentos porque poderão<br />
influenciar as nossas decisões no futuro.<br />
É sem dúvida uma medida interessante<br />
- caso se verifique e seja implementada conforme<br />
comunicada pelo primeiro-ministro<br />
António Costa, mas (mais uma vez) não sei<br />
se o mercado tem capacidade para absorver<br />
os emigrantes qualificados, no que diz<br />
respeito a desafios profissionais, oportunidades<br />
de crescimento e compensação”.<br />
O desconto de 50% no IRS “não seria uma<br />
medida suficiente para nos fazer regressar<br />
a Portugal, sinto que ainda não existem em<br />
Portugal aquelas oportunidades, apesar do<br />
notório crescimento / evolução da área do<br />
digital e tecnologia”. “Aqui as oportunidades<br />
de progressão na carreira por mérito são<br />
reais”<br />
Susana Simões (Inglaterra): “não tenho<br />
intenção de regressar a Portugal a não ser<br />
de férias. O futuro a Deus pertence, mas<br />
não me parece que depois de tudo o que<br />
passei voltarei a viver em Portugal. Prevejo<br />
que a minha família vá crescer por aqui em<br />
Inglaterra e pretendo estar presente o mais<br />
possível. No meu caso, as medidas oferecidas<br />
[pelo governo] não são suficientes para<br />
regressar a Portugal”.<br />
Pessoalmente, explica, ela, o marido e os<br />
quatro filhos vivem perfeitamente integrados<br />
e são bilingues. “Obviamente que houve e<br />
haverá (cada vez menos) obstáculos e dificuldades<br />
em todo este processo que é emigrar.<br />
No entanto, monetariamente e profissionalmente,<br />
estamos a viver uma realidade<br />
muito mais estável. Aqui as oportunidades<br />
de progressão na carreira por mérito são<br />
reais”.<br />
“As medidas de incentivo ao regresso de jovens<br />
qualificados poderá ser uma oportunidade<br />
para muitos jovens. Refiro-me a jovens<br />
que terão emigrado sozinhos na procura do<br />
primeiro trabalho ou mesmo na oportunidade<br />
de trabalhar na área em que se formaram.<br />
Talvez seja para aqueles que de todo<br />
não se conseguiram adaptar à realidade que<br />
é ser emigrante, estar longe da família, ser<br />
confrontado diariamente com a possível barreira<br />
linguística e a outra cultura por vezes<br />
tão diferente da nossa, de ser português…<br />
fonte: Lusa