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Hospitais Portugueses ANO VI n.º 36 dezembro 1954

Editorial Novidades técnicas, 1954 Balanço de 1954 O doente, esse homem que a medicina esqueceu Projecto do regulamento dos serviços internos do hospital de uma Santa Casa da Misericórdia Escaras Isolamento térmico de caldeiras, tubagens e aparelhagem utilizando vapor Inquéritos assistenciais Missões sociais e sanitárias do hospital Enfermagem Notícias pessoais O.M.S. Notícias dos hospitais Suplemento económico

Editorial
Novidades técnicas, 1954
Balanço de 1954
O doente, esse homem que a medicina esqueceu
Projecto do regulamento dos serviços internos do hospital de uma Santa Casa da Misericórdia
Escaras
Isolamento térmico de caldeiras, tubagens e aparelhagem utilizando vapor
Inquéritos assistenciais
Missões sociais e sanitárias do hospital
Enfermagem
Notícias pessoais
O.M.S.
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:Passados, rexplicamm-·lhe que isto não tinha muita importância. Também não<br />

-eonseguiu diz·er que trabalha de má vontade e -com relutância, na fábrica, tdesde<br />

.que passou a ter um novo ohefe o ano pass•ado.<br />

O médioo tornou-se visivelmente irritado •quando ele começou a dizer que<br />

:seu patrão eroa um homem injusto ·e que criava toda sorte de dificuldades para<br />

"'OS operários, taivez por ter sua mulher fugido ·Com outro homem. A t ·ensão na<br />

'Ofi·cina estava-s•e tornando quase insupo·rtáve1, e de temia que sua esposa voltasse<br />

a adoeoer novamente, uma vez que suspeitava apresentar sintomas<br />

:idênticos.<br />

Sentia-se abatido e inqui•eto, mas não C'onseguia dormir; este facto porém<br />

não despertou o interesse dos médicos do hospital por desconhecerem eles a arre<br />

de interrogar 0 doente ·e só se pr•eocuparem em observar a coluna de mercúrio<br />

.ao tomar a pressão arterial do paciente.<br />

Acha-se doe agora em um ·1eito de hospital, sem nada a faz·er a não ser<br />

pensar no futuro de sua f·amHia, que lhe parec·e bastante incer(lo, e •em alguma<br />

operação q~e talv·ez os médicos lhe venham a fazer. rPouoo o consola saber<br />

que os outros doentes da enfermaria têm também seus infortúnios.<br />

Raros são os médicos e enf·ermeiras que tenham noções da importância<br />

cdos distúrbios psicológicos ocasionados pela do•ença, porque este aspecto da<br />

medicina foi ·completamente descurado durante seu período de aprendizagem.<br />

Tão pouco tem sido ·dada a devida atenção às relações •entre o ser humano e o<br />

.ambiente que o cerca.<br />

Representa grande desvantag·em, sob este ponto de vista, o facto do<br />

aprendizado da c1ínica médica ser feito sàmente em hospitais. O estudante<br />

de medicina não tem oportunidade de observar o doente no seu ambiente familiar,<br />

parecend·o mesmo às vez·es que se procura evitar que o estudante tenha<br />

conhecimento dos componentes •emocionais que concorr-em para integrar o<br />

.quadro mórbido.<br />

É quase impossível para eles aprenderem a considerar o doente como uma<br />

unidade de ·espírit-o •e de corpo e como part>e de uma família, cada um sofrendo<br />

a influência social da comunidade a que pertence. As relações humanas e o<br />

conjunto desses factores nem sequer são percebidos pelos estudantes de medicina,<br />

cegos deante da ilusão da doença como entidade.<br />

T·em-se dito ·corretamente: «0 quadro clínico não é só uma fotografia<br />

de um homem que está em um leito, é uma pintura impressionista do paci'ente<br />

cercado de seu lar, seu trabalho, seus parentes, seus amigos, - alegrias, trist'ezas,<br />

esperanças e temores».<br />

Qualquer serviço de saúde públioa que pret-enda incorporar os princípios<br />

e práticas de higiene mental em suas relações diárias com ·o público deve primeiro<br />

faz>er uma aut-o-análise. Isto representa >o elemento essencial para o êxito<br />

e constitui dever primordial dos dirigentes.<br />

HOSPITAIS<br />

Sàmente um serviço que apresenta r·elaçõ·es harmoniosas entre seus funcionários,<br />

quaisquer que sejam as categQrias, pode manter e incrementar relações<br />

.adequadas com o público a que s·erve.<br />

Muitos chefes de importantes serviços ·às vezes nem sequer sabem da<br />

•existência de pmblemas psicológi•cos no seu próprio pessoal. Este simp1es facto<br />

demonstra que •a distância que os separa de s•eus subordinad•os ·é demasiadam<br />

·ente grande. Este afastamento precisa s·er reduzido, o que pode e deve s·er<br />

feito sem perda de autoridade.<br />

É desneeessário dizer, naturalmente, que um dos mais importantes princípios<br />

a "Ser estaJbe1ecidos é o da mais ·completa justiça especioalmente no que se<br />

refere às promoções.<br />

Há, entretanto, muitos outros factores que parecem ser insignifi.cantes,<br />

mas que na verdade têm grande importância para a promoção de boas rel>ações<br />

dentm do s·erviço.<br />

Por favor, não subestimem os ·exemplos rque passo a dar:<br />

Sabemos o nome da mulher que faz a limpeza diária do nosso escritório<br />

e quantos filhos ela tem ?<br />

Sabemos que a esposa do porf!eiro que nos traz a correspondência todas<br />

as manhãs, :esteve seriamente doente a semana passada ?<br />

Sabemos que o noivo da telefonista perdeu seu emprego pela segunda vez<br />

em um ano? Talvez seja essa a causa dos vários erros que ele vem cometendo.<br />

Poderemos esperar que estes funcionários mantenham relações adequadas<br />

com público, se não lhes demonstrarmos o menor interesse e compreensão ?<br />

Um dos deV'eres primordiais do meu chefe de pessO'al é o de manter-me<br />

inf•ormado sobre a ocorrência de quaisquer circunstâncias e factos ·especiais nas<br />

vidas dos meus funcionários; isto tem indubitàvelmente contribuído grandemente<br />

para manter um adequado ambiente no meu serviço.<br />

De acordo com a minha opinião e experiência, é aconselháv-el de vez >em<br />

quando el•ogiar os funcionários, mesmo aqueles que não executam seu trabalho<br />

de maneira perfeita. Esta pode ser a maneira mais adequada de melhorar sua<br />

actuação e p ermite ao mesmo tempo aplicar o melhor método de punição, qual<br />

seja o de não Jazer ·elogi•os.<br />

É desnec-essário dizer que nunca deV'emos censurar um funcionário em<br />

presença de outros.<br />

Evidentemente todos ·os esforços devem ser feitos no sentido de promov-er<br />

o senso de responsabilidade dos funcionários.<br />

Tenho S'empre procurado, na medida do possível, informar 0 meu pess·oal<br />

quando tenho plano3 importantes no que se refer·e a reorganização dos serviços<br />

e quando parece acons·elhável pedir sug·estões.<br />

O valor das sugestões apres·entadas é muitas vezes diminuto; porém essa<br />

prática tem a vantagem de aumentar o senso de Pesponsabilidade e de segurança<br />

PORTUGUESES ' ~ - 9<br />

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