Revista Apólice #245
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O atendimento<br />
primário, que cuida<br />
do indivíduo de forma<br />
integral e busca a<br />
promoção da saúde<br />
e prevenção de<br />
doenças, é tendência<br />
no mundo e cresce<br />
também no Brasil<br />
Thaís Ruco<br />
Com o aumento constante nos<br />
custos assistenciais e um crescimento,<br />
em 2018, de 17,3%<br />
na inflação médico-hospitalar,<br />
segundo o IESS (Instituto de Estudos de<br />
Saúde Suplementar), muitas operadoras<br />
de saúde encontram dificuldades na manutenção<br />
dos contratos empresariais ou<br />
venda de planos para novos clientes. Esse<br />
cenário coloca a sustentabilidade do setor<br />
em risco, fazendo com que as empresas<br />
repensem a forma como entregam assistência<br />
aos clientes.<br />
O mercado de saúde suplementar<br />
tem como desafio a busca pelo equilíbrio<br />
econômico do setor com uma gestão<br />
mais sustentável, evitando desperdícios<br />
e ampliando a qualidade. O modelo de<br />
Atenção Primária à Saúde (APS) permite<br />
uma melhor gestão do beneficiário, de<br />
forma integrada, com resultados robustos<br />
na prevenção de doenças e na orientação<br />
adequada para tratamentos.<br />
A literatura médica defende que a<br />
atenção primária tem potencial de resolver<br />
até 85% das demandas de saúde.<br />
Além disso, dados do Ministério da<br />
Saúde apontam que 73% das mortes no<br />
Brasil são decorrentes de doenças crônicas<br />
não-transmissíveis, como diabetes e<br />
hipertensão. Dessa forma, a ANS (Agência<br />
Nacional de Saúde) busca reestruturar<br />
o sistema induzindo a reorganização do<br />
modelo de atenção à saúde centrado na<br />
assistência multiprofissional, integral,<br />
com o acompanhamento do paciente ao<br />
longo da vida.<br />
Diversas operadoras do setor de planos<br />
de saúde já oferecem um atendimento<br />
amparado em Atenção Primária à Saúde<br />
a seus beneficiários. Para reforçar esse<br />
entendimento, a ANS está orientando as<br />
operadoras a se mobilizarem verdadeiramente<br />
para uma mudança na forma como<br />
oferecem os cuidados.<br />
“A Certificação de Boas Práticas em<br />
Atenção Primária à Saúde, programa<br />
instituído pela ANS por meio da Resolução<br />
Normativa nº 440/2018, tem o<br />
objetivo de atender às necessidades de<br />
saúde dos beneficiários de planos de saúde<br />
por meio de cuidados abrangentes de<br />
promoção, proteção, prevenção, cura, reabilitação<br />
e paliativos ao longo da vida,<br />
priorizando estrategicamente os serviços<br />
de saúde fundamentais destinados<br />
aos indivíduos e famílias, por meio da<br />
atenção primária integrada aos demais<br />
níveis de atenção à saúde; incentivar a<br />
abordagem sistemática pelas operadoras<br />
dos determinantes de saúde de seus beneficiários,<br />
incluindo características e<br />
comportamentos individuais, de modo<br />
a implementar ações baseadas em evidências<br />
em toda sua rede de atenção à<br />
saúde; e capacitar os beneficiários e suas<br />
famílias a otimizar a proteção à saúde e<br />
o bem-estar, por ações de autocuidado<br />
apoiado por profissional de saúde”, afirma<br />
Rodrigo Aguiar, diretor da autarquia.<br />
O Programa de APS da ANS propõe<br />
um modelo inovador na saúde suplementar,<br />
para reorganização da porta<br />
de entrada do sistema com base em<br />
cuidados primários. “Há preocupação<br />
por conta do aumento expressivo das<br />
doenças crônicas não transmissíveis,<br />
a emergência de novas doenças (HIV/<br />
AIDS, hepatite C, infecções pelos vírus<br />
Chikungunya e Zika), a reemergência de<br />
doenças previamente controladas (dengue,<br />
febre amarela); o envelhecimento<br />
da população; as mudanças de estilo de<br />
vida, levando à obesidade, ao consumo<br />
excessivo de carboidratos simples,<br />
gorduras e alimentos ultraprocessados;<br />
a uma acentuada redução no consumo<br />
de fibras e carboidratos complexos e ao<br />
sedentarismo”, revela Aguiar. “O modelo<br />
de atenção vigente é desarticulado e<br />
centrado no cuidado aos eventos agudos.<br />
Já recebemos informações de operadoras<br />
que estão se estruturando para se<br />
submeterem ao processo de avaliação<br />
❙❙Rodrigo Aguiar, da ANS<br />
a fim de obter a Certificação em APS,<br />
principalmente aquelas que já vinham<br />
introduzindo o modelo”, diz.<br />
Medicina preventiva<br />
O objetivo principal da Atenção<br />
Primária à Saúde é colocar o indivíduo,<br />
não a doença, no centro do cuidado assistencial.<br />
“Uso consciente do plano de<br />
saúde não é usar menos, mas usar melhor.<br />
Acreditamos que essa coordenação da<br />
jornada, com engajamento do paciente<br />
no autocuidado, tornará a utilização<br />
mais eficiente e assertiva. Com isso, desperdícios<br />
podem ser evitados e serviços<br />
de saúde caros, como prontos-socorros<br />
emergenciais, devem ser acessados de<br />
forma mais adequada”, garante Tereza<br />
Veloso, diretora Técnica Médica e de<br />
Relacionamento com Prestadores da<br />
SulAmérica.<br />
“Quando cuidamos da saúde, prevenimos<br />
doenças e otimizamos a utilização<br />
e seus custos, porque, muitas vezes,<br />
consegue-se evitar que o paciente chegue<br />
❙❙Tereza Veloso, da SulAmérica<br />
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