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23-2-2017 EM FOCO 15<br />
Comunicado<br />
do Comité Central do PCP<br />
de 18 e 19 de Fevereiro de 2017<br />
OComité Central do PCP,<br />
reunido a 18 e 19 de Fevereiro<br />
procedeu à análise da situação<br />
internacional, da situação social e política<br />
nacional e do desenvolvimento da luta de<br />
massas. Apreciou, no quadro da concretização<br />
das decisões e orientações do XX Congresso,<br />
aspectos da actividade, da iniciativa política<br />
e do reforço do Partido. Procedeu à discussão<br />
e definição dos objectivos e grandes linhas<br />
de intervenção para as eleições autárquicas,<br />
afirmando a CDU e o seu projecto<br />
de trabalho, honestidade e competência.<br />
I<br />
Intervenção, luta, alternativa<br />
A situação nacional é condicionada por factores externos<br />
e internos que evidenciam a vulnerabilidade económica<br />
do País, os riscos dela decorrentes e a imprevisibilidade<br />
quanto à sua evolução. Desde logo, factores decorrentes<br />
da situação internacional, sejam os associados à tomada<br />
de posse da nova administração dos EUA e as suas<br />
implicações políticas, económicas e comerciais, sejam os<br />
que no plano da União Europeia se revelam no<br />
aprofundamento dos seus mecanismos de domínio ou<br />
nas novas regras de «financiamento» anunciadas pelo<br />
BCE sejam, ainda, os elementos de instabilidade e<br />
guerra persistentes em vários pontos do mundo.<br />
As fragilidades do País bem como a opção do Governo<br />
do PS em não romper com os constrangimentos externos<br />
e com os interesses do capital monopolista, confirmam<br />
que só com uma ruptura com a política de direita é<br />
possível abrir caminho ao desenvolvimento económico,<br />
ao progresso social e à afirmação dos interesses<br />
nacionais.<br />
Valorizando os avanços conquistados na nova fase da<br />
vida política nacional, com a recuperação de<br />
rendimentos e direitos, o Comité Central do PCP<br />
sublinha a necessidade de enfrentar as limitações e<br />
constrangimentos que obstaculizam novos e mais<br />
significativos avanços.<br />
Tal objectivo reclama o necessário reforço do PCP, da<br />
sua organização, acção política e influência, e o vigoroso<br />
desenvolvimento da luta de massas que conflua para a<br />
criação de uma ampla frente social envolvendo os<br />
trabalhadores, os sectores e camadas sociais<br />
antimonopolistas, os democratas e patriotas, convergindo<br />
numa acção comum animada pelo objectivo da<br />
concretização de uma política patriótica e de esquerda<br />
e da construção da alternativa política que a concretize.<br />
II<br />
A situação internacional e a defesa<br />
dos interesses nacionais<br />
1 – A situação internacional continua marcada por uma<br />
grande instabilidade e incerteza no contexto do<br />
aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, da<br />
violenta ofensiva do imperialismo, de um vasto e<br />
complexo processo de rearrumação de forças no plano<br />
internacional e da luta de resistência dos povos. Os<br />
desenvolvimentos mais recentes, envolvendo as<br />
principais potências capitalistas e estruturas de<br />
articulação imperialistas, comportam grandes riscos para<br />
os trabalhadores e os povos.<br />
A tomada de posse da nova administração dos EUA e<br />
as suas implicações nas relações internacionais ainda<br />
difíceis de prever; o posicionamento do grande capital e<br />
da União Europeia face ao processo de desvinculação<br />
do Reino Unido; os desenvolvimentos na União Europeia<br />
e os traços de instabilidade económica e financeira nas<br />
suas principais potências (como a Alemanha, a França<br />
ou a Itália); as derivas reaccionárias e o crescimento de<br />
forças xenófobas, racistas e de natureza fascista nos<br />
centros capitalistas; a ofensiva imperialista na América<br />
Latina e o intervencionismo da UE e da NATO em<br />
África; a expansão e deslocação de forças militares da<br />
NATO no Leste da Europa; a acentuação de várias<br />
linhas de confrontação imperialista visando países como<br />
a República Popular da China, a Federação Russa ou o<br />
Irão; as operações de desestabilização e guerra em<br />
vários pontos do Mundo, nomeadamente no Médio<br />
Oriente de que são exemplo as guerras de agressão<br />
imperialista na Síria e no Iémen e a criminosa acção de<br />
Israel contra o povo palestiniano; o terrorismo,<br />
nomeadamente o terrorismo de Estado, resultante da<br />
política imperialista de guerra e de instigação de<br />
conflitos, são factores que, a par com a significativa<br />
agudização das rivalidades inter-imperialistas, colocam<br />
acrescidas razões de preocupação e inquietação quanto<br />
à evolução da situação internacional.<br />
Neste quadro, o Comité Central do PCP sublinha a<br />
importância da luta dos trabalhadores em defesa dos<br />
seus interesses de classe, da luta dos povos pela paz, em<br />
defesa dos seus direitos, interesses e aspirações, da<br />
liberdade, democracia e da soberania, contra a ofensiva<br />
imperialista e as forças reaccionárias e fascistas.<br />
Expressa a sua solidariedade a todos os povos que<br />
resistem e lutam em defesa dos seus direitos e<br />
soberania, nomeadamente aos povos do Médio Oriente<br />
e da América Latina. Valoriza e apela à intensificação<br />
das acções que em Portugal têm sido desenvolvidas por<br />
variadas estruturas do movimento da paz e da<br />
solidariedade com os povos em luta.<br />
2 – O início de funções do novo presidente dos Estados<br />
Unidos da América e da sua administração suscita justas<br />
inquietações. As suas primeiras decisões e declarações<br />
apontam para uma acentuação da exploração dos<br />
trabalhadores, das desigualdades e discriminações que<br />
marcam a sociedade norte-americana, e para o<br />
prosseguimento da política de domínio e<br />
intervencionismo externos, de que a vertente belicista é<br />
uma das suas mais graves expressões.<br />
Identificando-se elementos novos nas prioridades<br />
imediatas, discurso e táctica da política externa da<br />
administração Trump, o Comité Central do PCP<br />
sublinha, contudo, que no essencial esta se desenvolve<br />
na continuidade da linha estratégica e interesses de<br />
classe das anteriores administrações dos EUA,<br />
prosseguindo o mesmo objectivo de contrariar o declínio<br />
da hegemonia mundial dos Estados Unidos da América<br />
e mantendo os mais gravosos, reaccionários e perigosos<br />
elementos da política imperialista norte-americana.<br />
Tal como a eleição de Donald Trump resultou, no plano<br />
interno, da profunda crise económica e social nos EUA<br />
e das crescentes contradições entre sectores do grande<br />
capital, também a sua política externa configura uma<br />
resposta à acentuação das contradições e rivalidades<br />
inter-imperialistas decorrentes do aprofundamento da<br />
crise estrutural do capitalismo e da crescente disputa<br />
imperialista por esferas de influência e domínio.<br />
3 – O Comité Central do PCP denuncia as campanhas<br />
de diversão política e ideológica emanadas de vários<br />
centros imperialistas que, tirando partido de justos<br />
sentimentos de indignação contra as políticas da<br />
administração Trump e instrumentalizando as<br />
consequências e perigos decorrentes da própria ofensiva<br />
imperialista, se caracterizam por uma profunda<br />
hipocrisia e manipulação. São os casos da campanha em<br />
torno do «isolacionismo» e «proteccionismo» dos EUA e<br />
da «indignação» de vários responsáveis da União<br />
Europeia face às xenófobas e desumanas medidas da<br />
administração Trump relativas aos refugiados e<br />
migrantes – os mesmos responsáveis que na União<br />
Europeia levam a cabo políticas gémeas das medidas<br />
agora adoptadas nos EUA.<br />
Tais campanhas não são movidas pela defesa dos<br />
interesses dos povos ou por valores humanistas. Têm<br />
como pano de fundo as contradições entre<br />
potências imperialistas, nomeadamente entre os