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23-2-2017<br />

PCP 9<br />

PCP quer aeroporto em Alcochete<br />

Enfrentar os interesses da Vinci<br />

Insistindo na construção do novo aeroporto de<br />

Lisboa em Alcochete, o PCP exige do Governo<br />

a recuperação do controlo público da ANA e<br />

da TAP e firmeza face à multinacional Vinci.<br />

À Vinci interessa<br />

o lucro e não o<br />

desenvolvimento<br />

nacional<br />

Num comunicado do seu<br />

Gabinete de Imprensa, emitido<br />

no dia 15, o PCP comenta<br />

a recente decisão do<br />

Governo que aponta para a<br />

utilização da base aérea do<br />

Montijo como pista complementar<br />

ao Aeroporto Humberto<br />

Delgado, para a qual<br />

foi já assinado um memorando<br />

entre o Executivo e<br />

a ANA (detida pela multinacional<br />

Vinci). No texto,<br />

os comunistas lembram que<br />

a localização e valências do<br />

novo aeroporto fazem parte<br />

de uma discussão antiga<br />

da qual se retirara importantes<br />

conclusões: com base<br />

em vários estudos, designadamente<br />

realizados pelo<br />

LNEC, foram abandonadas<br />

várias opções que chegaram<br />

a estar presentes (Ota e Portela+1,<br />

nas suas diferentes<br />

soluções Alverca, Montijo,<br />

Monte Real, etc.) e fixou-se<br />

o Campo de Tiro de Alcochete<br />

como a «mais válida<br />

possibilidade» para a instalação<br />

desta infra-estrutura.<br />

Ora, para o PCP, é certo<br />

que Portugal precisa – hoje<br />

ainda mais do que quando<br />

esta discussão se iniciou<br />

– de um novo aeroporto internacional<br />

e que Alcochete<br />

é precisamente o melhor<br />

local para o fazer. As razões<br />

são diversas, e o Partido<br />

aponta-as: o carácter exclusivamente<br />

público dos terrenos<br />

e as possibilidades<br />

que abre quer à expansão<br />

futura do novo aeroporto<br />

quer à continuidade da Portela<br />

até à sua conclusão.<br />

Mas o PCP vê mais longe<br />

e assume que a opção<br />

por Alcochete conferiria a<br />

esta infra-estrutura uma «visão<br />

estratégica para o desenvolvimento<br />

do conjunto<br />

da área metropolitana de<br />

Lisboa»: a construção de<br />

uma terceira travessia sobre<br />

o Tejo, entre Lisboa e<br />

o Barreiro, na vertente rodo-ferroviária;<br />

o desenvolvimento<br />

e articulação com<br />

a introdução da alta-velocidade<br />

ferroviária; e a defesa<br />

e promoção da produção<br />

nacional, nos planos do<br />

transporte de mercadorias<br />

e do sector da aviação civil,<br />

eram outras componentes<br />

desta estratégia.<br />

Contudo, garante o Partido,<br />

a Vinci apenas está interessada<br />

em maximizar durante<br />

meio século as suas<br />

receitas e com o menor custo<br />

possível. O desenvolvimento<br />

nacional é algo a ser<br />

assumido pelo Estado.<br />

Desmandos<br />

da Vinci<br />

Os terrenos do campo de tiro de Alcochete são inteiramente públicos e permitem a expansão<br />

futura do aeroporto<br />

No comunicado, o PCP<br />

realça que uma década após<br />

o início do debate em torno<br />

do novo aeroporto, o<br />

crescimento verificado do<br />

tráfego aéreo excedeu as<br />

previsões. Apesar disso, não<br />

só não se concretizou nenhuma<br />

decisão para a construção<br />

do novo aeroporto,<br />

com os custos inerentes a<br />

essa inacção, como se privatizou<br />

a ANA, entregando-<br />

-a à multinacional francesa<br />

Vinci, que também participa<br />

no consórcio que explora<br />

as pontes 25 de Abril e<br />

Vasco da Gama, sobre o Tejo.<br />

Também a TAP foi parcialmente<br />

entregue a David<br />

Neeleman.<br />

O Partido lembra que o<br />

anterior governo do PSD/<br />

/CDS cedeu à ANA a exploração<br />

dos aeroportos nacionais<br />

por 50 anos a troco<br />

de três mil milhões de euros<br />

pagos à cabeça, que se<br />

estima que a Vinci venha a<br />

recuperar integralmente nos<br />

primeiros dez.<br />

Para além de condicionar<br />

a decisão soberana do País<br />

sobre uma infra-estrutura<br />

estratégica, a privatização<br />

da ANA teve outras consequências:<br />

a perda para os<br />

accionistas da Vinci de receitas<br />

que permitiram durante<br />

décadas que a «pública<br />

e lucrativa ANA» assumisse<br />

o investimento e a<br />

modernização dos aeroportos<br />

nacionais, o aumento<br />

das taxas e tarifas aeroportuárias,<br />

o desinvestimento<br />

significativo na infra-estrutura,<br />

a transformação dos<br />

aeroportos «numa espécie<br />

de centros comerciais, em<br />

detrimento das condições<br />

de segurança» e o ataque<br />

aos direitos dos trabalhadores<br />

são apenas algumas delas.<br />

Realçando que o País não<br />

pode ficar privado das receitas<br />

aeroportuárias durante<br />

50 anos e ainda por cima<br />

ficar também sem o novo<br />

aeroporto, o PCP defende<br />

medidas que respondam<br />

aos problemas do presente<br />

não comprometendo o futuro,<br />

o que sucederá a ir<br />

por diante a opção preconizada<br />

pelo Governo: construir<br />

o novo aeroporto em<br />

Alcochete e recuperar para<br />

o controlo público a ANA e<br />

a TAP são acções decisivas<br />

que cabe ao Executivo empreender.<br />

Foto LUSA<br />

Proteger a floresta e os produtores<br />

Sem o apoio aos produtores não há defesa da floresta, garante<br />

o PCP<br />

Jerónimo de Sousa visitou anteontem, 21, os baldios da<br />

freguesia de Vilarinho, na Lousã, e esteve reunido com a<br />

Comissão de Compartes, numa acção do PCP em defesa<br />

da produção florestal, pela prevenção dos incêndios florestais<br />

e em defesa da propriedade comunitária. Na iniciativa<br />

valorizou-se o trabalho de gestão comunitária do<br />

baldio, no ordenamento, limpeza, valorização e gestão da<br />

floresta, sublinhando-se que a prevenção faz-se fora das<br />

épocas de maior risco de incêndio.<br />

Jerónimo de Sousa valorizou a notável obra dos baldios,<br />

propriedade comunitária, gerida pelos povos que,<br />

quase sem apoios do Estado, e por vezes mesmo contra<br />

os empecilhos que sucessivos governos lhe colocam, defende<br />

e promove a floresta, assegurando ainda o apoio e<br />

a resolução de problemas das suas comunidades. Recorde-se<br />

que, no Verão, em cima dos graves fogos que assolam<br />

o País, o PCP visitou áreas ardidas em diversos pontos<br />

do continente e da Região Autónoma da Madeira, tendo<br />

assumido que não deixaria de reflectir sobre este assunto<br />

fora da fase aguda.<br />

Para o PCP, reafirmou-se, é necessário ter presente que<br />

em vastas regiões do País as actividades agroflorestais são<br />

a garantia de fixar populações às suas terras, combater o<br />

abandono e o despovoamento, pois muitas vezes são a única<br />

actividade económica que resiste. Na visita foi possível<br />

constatar a dificuldade de combater pragas e espécies invasoras<br />

da floresta, que requer permanente atenção e trabalho<br />

no terreno. A praga do nemátodo está longe de ser<br />

a única a afectar a floresta nesta zona, acrescendo-lhe a<br />

processionária do pinheiro e a invasão por acácias.<br />

Os representantes dos baldios deram nota à delegação<br />

do PCP de outro problema central para a gestão activa da<br />

floresta: o preço da madeira pago aos produtores, questão<br />

que está ausente das propostas do Governo na chamada<br />

«Reforma da Floresta». O preço da madeira é no essencial<br />

o mesmo desde há 30 anos, e a madeira de eucalipto<br />

é paga em Portugal a preços que são quase metade<br />

do valor pago em Espanha.<br />

Já o pinheiro bravo e as madeiras nobres são muitas vezes<br />

pagas a preço de lenha para queimar, o que coloca os<br />

produtores numa situação de maior vulnerabilidade face<br />

ao domínio monopolista das indústrias transformadoras da<br />

pasta de papel. Estes grupos económicos decidem o preço,<br />

esmagando-o, para somar lucros fabulosos, e arruínam<br />

os produtores. Os representantes dos baldios insistiram na<br />

necessidade de terem personalidade jurídica e igualdade<br />

de acesso a candidaturas aos quadros comunitários de apoio.<br />

O PCP transmitiu a sua posição crítica face à chamada<br />

«Reforma da Floresta», pois não responde ao problema<br />

central do preço da madeira, ao não estar associada a um<br />

necessário plano de investimentos. A crítica estende-se<br />

ainda ao facto de nela não haver qualquer palavra sobre<br />

os baldios e o apoio ao seu investimento, ignorando dessa<br />

forma cerca de meio milhão de hectares de floresta nacional.<br />

Apesar disso, foram anunciados recentemente milhões<br />

para apoiar a indústria do papel.<br />

Crescer<br />

em Santarém<br />

O salão da Junta de Freguesia do Vale de Santarém<br />

acolheu recentemente a 14.ª Assembleia da Organização<br />

Concelhia de Santarém do Partido Comunista Português,<br />

na qual participaram dezenas de militantes. O<br />

debate travado, como aliás o documento aprovado, incidiu<br />

prioritariamente nas tarefas a levar a cabo para<br />

reforçar a organização do Partido e a sua intervenção.<br />

Na resolução política sublinha-se precisamente a convicção<br />

de que a «situação nacional coloca ao Partido a<br />

necessidade de uma intensa acção», o que determina a<br />

necessidade de implementar «direcções de trabalho e<br />

tarefas no plano da luta dos trabalhadores e do povo,<br />

do fortalecimento das organizações unitárias de massas,<br />

do trabalho político unitário, da iniciativa e do reforço<br />

da organização do Partido». As medidas aprovadas vão<br />

em todas estas direcções.<br />

A nível orgânico, os comunistas de Santarém querem<br />

recrutar mais militantes e integrá-los na estrutura do<br />

Partido, ter mais quadros a distribuir a imprensa e a recolher<br />

a quotização e mais militantes organizados nas<br />

empresas e locais de trabalho, ao mesmo tempo que<br />

pretendem reactivar comissões de freguesia cujo funcionamento<br />

tem sido irregular e, nessas e noutras, realizar<br />

periodicamente plenários de militantes.<br />

Quanto à intervenção, a organização concelhia de<br />

Santarém visa uma melhor articulação da sua acção e<br />

iniciativa com o trabalho institucional, uma maior dinamização<br />

de debates públicos e uma mais regular tomada<br />

de posição sobre os problemas que afectam os trabalhadores<br />

e as populações.<br />

A assembleia elegeu ainda a nova Comissão Concelhia<br />

de Santarém, que ficou composta por 17 novos elementos.

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