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23-2-2017<br />

SEMANA 3<br />

CRÓNICA<br />

INTERNACIONAL<br />

• Jorge Cadima<br />

Um Estado<br />

Trump acolheu nos EUA o primeiro-ministro de Israel,<br />

o carniceiro de Gaza Netanyahu. Por entre declarações<br />

de amor mútuo na conferência de imprensa conjunta,<br />

Trump distanciou-se da política oficial da ONU ao longo<br />

de décadas: a promessa de dois estados em território<br />

palestino. Disse que tanto fazia uma solução de dois estados,<br />

ou de um Estado, e caberia a Israel e aos palestinos<br />

decidir. Falsa ingenuidade e falso distanciamento.<br />

A solução ‘um Estado’ de Trump e Netanyahu não é um<br />

Estado para todos quantos vivem no território histórico<br />

da Palestina. É o Estado judaico do Grande Israel, exclusivista<br />

e xenófobo, anexando a Margem Ocidental e<br />

erguido sobre uma ulterior limpeza étnica dos palestinos.<br />

As manobras do imperialismo para dominar o Médio<br />

Oriente podem estar prestes a ter um novo salto qualitativo.<br />

No seu recente discurso perante a Assembleia Geral<br />

da ONU, Netanyahu disse que «as relações diplomáticas<br />

de Israel» com os países<br />

O que se<br />

compreende<br />

mal, no meio<br />

disto tudo,<br />

é o papel<br />

da ONU<br />

árabes «estão a sofrer uma revolução»<br />

pois estes «começam a reconhecer<br />

em Israel, não o seu inimigo,<br />

mas um aliado» (Jerusalem<br />

Post, 22.9.16). Os ‘países árabes’<br />

de que fala são as petro-ditaduras<br />

do Golfo, os maiores promotores<br />

e financiadores do<br />

terrorismo fundamentalista que<br />

assola a região, ao serviço do imperialismo.<br />

Os países árabes laicos, nascidos da luta de<br />

libertação nacional dos povos árabes, têm estado a ser<br />

destruídos, um a um, pelo imperialismo e Israel. Pelos<br />

Bushs, Clintons, Obama e o terrorismo ao seu serviço.<br />

AArábia Saudita, Catar, EAU estão há muito, pela calada,<br />

em intensa colaboração com Israel, não apenas<br />

na promoção dos bandos tipo ISIL e Al Qaeda mas<br />

também na compra de armas e, como relata um recente<br />

artigo da Bloomberg (2.2.17), em negócios com empresas<br />

tecnológicas e de ‘segurança’ de Israel (uma das<br />

quais – a Athena GS3 – chefiada por um ex-chefe dos<br />

serviços secretos de Israel, a Mossad). Segundo a Bloomberg<br />

«não é que a Paz tenha chegado ao Médio Oriente.<br />

Não se trata de converter espadas em arados; é o resultado<br />

duma convergência lógica de interesses, baseada em<br />

receios partilhados: duma bomba iraniana, do terror jihadista,<br />

de insurreições populares, e de uma retirada dos<br />

EUA da região». Metade mentira e metade verdade.<br />

Não há bomba iraniana e o terror jihadista é obra deles<br />

próprios. O que realmente receiam é a resistência e<br />

revolta populares, e o enfraquecimento do papel hegemónico<br />

dos EUA.<br />

Trump ameaça virar-se contra o Irão, o único país da<br />

lista de países a invadir elaborada pelo Pentágono (segundo<br />

o General Wesley Clark) que ainda não foi objecto duma<br />

agressão militar directa. Os aventureiristas imperialistas<br />

sonham com estender a esse grande país as suas receitas:<br />

a guerra, o caos e a destruição. As ditaduras árabes<br />

que aceitem colaborar terão, a prazo, o mesmo destino<br />

do seu antecessor Saddam Hussein: depois de trazerem<br />

a desgraça para os povos da região, serão varridas pelas<br />

próprias potências imperialistas que serviram, e que<br />

apenas cobiçam as suas riquezas. Ou serão varridas pelos<br />

seus povos.<br />

O que se compreende mal, no meio disto tudo, é o papel<br />

da ONU. Notícias da imprensa israelita referem que<br />

Tzipi Livni (ministra da Justiça de Israel durante o massacre<br />

de 2014 em Gaza) foi convidada por Guterres<br />

para um lugar de sub-Secretária Geral da ONU (Haaretz,<br />

12.2.17). O presidente de Israel Rivlin apoiou publicamente<br />

essa eventualidade (Haaretz, 13.2.17). Uma tal nomeação<br />

seria premiar o maior infractor de resoluções da<br />

ONU. Seria esfaquear pelas costas os palestinos, ao fim<br />

de 70 anos de promessas por cumprir. Seria colocar criminosos<br />

de guerra nas chefias da ONU.<br />

EDITORIAL<br />

OComité Central do PCP, reunido a 18 e 19<br />

de Fevereiro, procedeu à análise da situação<br />

internacional, da situação social e política<br />

nacional e do desenvolvimento da luta de<br />

massas. Apreciou, no quadro da concretização das<br />

decisões e orientações do XX Congresso do Partido,<br />

aspectos da actividade, da iniciativa política e<br />

do reforço do Partido. Procedeu à discussão e definição<br />

dos objectivos e grandes linhas de intervenção<br />

para as eleições autárquicas, afirmando a<br />

CDU e o seu projecto de trabalho, honestidade e competência.<br />

Asituação política continua marcada pela discussão<br />

em torno da CGD com a acção de desestabilização<br />

em curso por parte do PSD e do CDS,<br />

a pretexto da Comissão de Inquérito Parlamentar<br />

e de aspectos suscitados sobre a intervenção do ministro<br />

das Finanças.<br />

O PCP sempre se pronunciou pela exigência da<br />

apresentação de declaração de rendimentos de<br />

António Domingues, ex-Presidente da CGD, pelo<br />

que, a ter existido uma outra atitude do ministro das<br />

Finanças ela se confronta com a posição e a crítica<br />

do PCP. O PCP entende igualmente que, face<br />

a sucessivas campanhas em parte animadas por erradas<br />

decisões adoptadas pelo Governo, a questão<br />

central que se coloca é denunciar e pôr fim à operação<br />

que o PSD e o CDS e o grande capital desenvolvem<br />

contra a CGD visando a sua privatização.<br />

Para o PCP é fundamental assegurar o controlo público<br />

da CGD ao serviço do desenvolvimento nacional<br />

e para garantir a defesa dos interesses dos trabalhadores,<br />

do povo e do País.<br />

Neste sentido, sobre a eventual constituição de<br />

uma nova Comissão de Inquérito sobre a CGD, o<br />

PCP reafirma a importância das comissões de inquérito<br />

enquanto instrumento parlamentar, mas<br />

sublinha que, se vier a ser proposta, esta, como quaisquer<br />

outras comissões, tem de ser avaliada pela conformação<br />

constitucional e legal que deve assumir<br />

quanto a conteúdos e objectivos.<br />

Do mesmo modo o PCP defende a manutenção<br />

do Novo Banco na esfera pública e não a sua privatização<br />

como parece ser a «solução» escolhida pelo<br />

Governo. O PCP reafirma que o Novo Banco pela<br />

sua dimensão, pelo apoio que pode dar às micro,<br />

pequenas e médias empresas e às famílias, deve manter-se<br />

sob controlo público do Estado e ser colocado<br />

ao serviço do desenvolvimento económico do País<br />

e das famílias, salvaguardado que seja o interesse<br />

nacional.<br />

O PCP mantém preocupações quanto à real situação<br />

na banca designadamente com o domínio monopolista<br />

de capital estrangeiro, o volume de crédito<br />

malparado e a continuação do processo de<br />

concentração bancária à escala europeia e o agravamento<br />

do preço das comissões e serviços bancários<br />

com prejuízos para a população e para a economia<br />

nacional, situação que o PSD e CDS procuram<br />

agravar com manobras de manipulação política, ins-<br />

“A política patriótica e de esquerda<br />

é necessária, urgente e possível<br />

”<br />

INTENSA<br />

INTERVENÇÃO<br />

trumentalizando comissões de inquérito, que visam<br />

a privatização da Caixa Geral de Depósitos.<br />

Como sublinha o comunicado do Comité Central<br />

de 18 e 19 de Fevereiro, «como o PCP tem insistido,<br />

o que o País precisa é de uma política que<br />

assegure o investimento, o aumento da produção nacional<br />

(visando, entre outras, a soberania alimentar<br />

e energética) e a criação de emprego. Objectivos<br />

indissociáveis da necessidade de libertação da<br />

submissão ao euro, da renegociação da dívida e do<br />

controlo público da banca, bem como de uma política<br />

externa independente e soberana baseada<br />

na cooperação e na paz».<br />

OPCP continua a desenvolver intensa actividade.<br />

Prossegue a campanha «mais direitos,<br />

mais futuro. Não à precariedade». Prepara-se o 96.º<br />

aniversário do Partido com um vasto conjunto de<br />

iniciativas a realizar por todo o País. Prossegue a<br />

preparação das eleições autárquicas no quadro da<br />

CDU – espaço privilegiado de intervenção unitária<br />

e participação cívica com o seu percurso de trabalho,<br />

honestidade e competência, que se distingue pelo<br />

seu projecto e pela obra realizada. Prossegue igualmente<br />

a acção de reforço do Partido. Prepara-se<br />

a campanha «Produção, emprego, soberania. Libertar<br />

Portugal da submissão ao euro» que, como<br />

refere o comunicado da reunião do CC da semana<br />

passada, «promovendo um amplo debate sobre<br />

a produção nacional e o seu aumento, nomeadamente<br />

para garantir a soberania alimentar e energética,<br />

enquanto condição de independência económica<br />

e promoção de emprego, com a identificação<br />

de recursos, a eliminação dos factores que a constrangem,<br />

as medidas que a promovem e dinamizam<br />

– sublinhará a importância da libertação do País<br />

da submissão ao euro, associada à renegociação da<br />

dívida e à recuperação do controlo público da<br />

banca, para enfrentar os constrangimentos externos,<br />

recuperar a soberania monetária e orçamental,<br />

libertar recursos para o investimento público,<br />

melhorar os serviços públicos e as funções sociais<br />

do Estado».<br />

Regista-se o desenvolvimento de diversas lutas<br />

em muitas empresas e sectores em torno da acção<br />

reivindicativa. Luta em que se alicerça a preparação<br />

do 1.º de Maio a partir das empresas e locais<br />

de trabalho. Avança a mobilização para a<br />

manifestação das mulheres de 11 de Março em Lisboa.<br />

Os estudantes dos ensinos Secundário e Superior<br />

organizam acções de luta em torno dos problemas<br />

concretos que vivem nas escolas e a CNA<br />

realiza uma semana de acções junto a grandes superfícies<br />

comerciais.<br />

No quadro desta intensa intervenção, o PCP pros -<br />

seguirá a sua acção por um Portugal com futuro.<br />

Confiante que a política alternativa que propõe<br />

e de que o País precisa para resolver os seus graves<br />

problemas é necessária, urgente e possível.

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