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23-2-2017 TRABALHADORES<br />

7<br />

À vista na Valnor (EGF), nos CTT e na Petrogal<br />

Contas de privatizações<br />

Redução de pessoal, degradação da qualidade<br />

dos serviços, aumento de preços e tarifas – os<br />

alertas sobre as consequências das privatizações<br />

surgem agora sob a forma de factos... e<br />

de protestos justos.<br />

O que se está a passar<br />

na Valnor, empresa de tratamento<br />

de resíduos sólidos<br />

integrada no Grupo<br />

EGF, «é o exemplo perfeito<br />

do que significa para os<br />

trabalhadores e as populações<br />

a entrega das empresas<br />

públicas à voragem dos<br />

privados», comentou a<br />

União dos Sindicatos do<br />

Norte Alentejano, no dia<br />

15.<br />

Também na quarta-feira<br />

da semana passada, a Direcção<br />

da Organização Regional<br />

de Portalegre (DOR-<br />

POR) do PCP condenou<br />

«os brutais aumentos das<br />

tarifas dos lixos» e apelou<br />

à luta da população e dos<br />

A Valnor e a<br />

ERSAR querem<br />

passar a tarifa<br />

de 30 para<br />

80 euros<br />

municípios.<br />

O aumento das tarifas,<br />

de 30 para 80 euros por<br />

tonelada, fora notícia dois<br />

dias antes, em Ponte de<br />

Sor, no final de uma reunião<br />

de eleitos dos órgãos<br />

autárquicos dos 25 concelhos<br />

que são servidos pela<br />

Valnor e que detêm 49 por<br />

cento do capital desta.<br />

Abrantes, Alter do Chão,<br />

Serviço postal<br />

em queda<br />

Prosseguir a «descaracterização, com laivos de<br />

destruição, de uma empresa e de um serviço público<br />

que foi e deveria continuar a ser de qualidade», é o<br />

objectivo comum dos «conduzidos» ou «reconduzidos»<br />

membros dos corpos sociais dos CTT, acusou o<br />

Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios<br />

e Telecomunicações. No comunicado em que comentou<br />

a «dança de cadeiras», dia 8, o sindicato da<br />

Fectrans/CGTP-IN observou que «os cuidados» do<br />

governo PSD/CDS «na colocação dos seus boys e girls»<br />

à frente da empresa, durante o «maquiavélico processo<br />

de privatização» que terminou em Setembro de 2014,<br />

«continuam a dar frutos, em favor dos accionistas e<br />

em desfavor dos cidadãos».<br />

Neste breve balanço, o SNTCT aponta, entre outras<br />

consequências:<br />

– Redução flagrante da qualidade do serviço postal,<br />

no atendimento e na distribuição domiciliária de correio;<br />

– Redução dos pontos de acesso à Rede Pública Postal<br />

(receptáculos, caixas e marcos de correio), das estações<br />

e postos de correio, e do número de trabalhadores<br />

afectos à execução do serviço postal, de que resulta<br />

um premeditado abaixamento da qualidade na prestação<br />

do «Serviço Postal Universal» (que o sindicato traduz<br />

como «o mínimo dos mínimos do conceito de Serviço<br />

Público Postal»);<br />

– Atrasos de dias na distribuição do correio, localidades<br />

em que o carteiro só passa uma ou duas vezes por<br />

semana, filas intermináveis nas estações de correio,<br />

falta de dinheiro para pagamento de vales de reformas<br />

e pensões;<br />

– Redução do número de trabalhadores e sobrecarga<br />

de trabalho, piorando fundamentalmente a prestação<br />

do Serviço Postal Universal;<br />

– Falta de pessoal nas estações de correio para a<br />

execução do serviço postal, sobretudo após a criação<br />

do Banco CTT, com muitos trabalhadores em «estado<br />

de estafa» devido ao prolongamento de horários de<br />

trabalho (sem remuneração);<br />

– Degradação dos níveis salariais dos trabalhadores<br />

dos CTT, recorrendo mesmo à alteração de horários<br />

para evitar o pagamento de trabalho nocturno, em<br />

contraste com a remuneração dos accionistas e os<br />

aumentos e prémios atribuídos aos membros dos<br />

corpos sociais, e com a «frota de luxo» colocada à<br />

disposição de directores e afins.<br />

Arronches, Avis, Campo<br />

Maior, Castelo Branco, Castelo<br />

de Vide, Crato, Elvas,<br />

Fronteira, Gavião, Idanha-<br />

-a-Nova, Mação, Marvão,<br />

Monforte, Nisa, Oleiros,<br />

Ponte de Sor, Portalegre,<br />

Proença-a-Nova, Sardoal,<br />

Sertã, Sousel, Vila de Rei<br />

e Vila Velha de Ródão protestaram<br />

em uníssono contra<br />

o aumento e contra a<br />

imposição de repercutir o<br />

novo valor nas famílias e<br />

nas empresas. Deliberaram<br />

fazer-se ouvir na assembleia<br />

geral da Valnor, a 7<br />

de Março, e declararam<br />

que vão devolver à empresa<br />

as facturas relativas a<br />

Janeiro.<br />

Na carta enviada ao primeiro-ministro,<br />

citada pela<br />

rádio Antena Livre, os<br />

autarcas protestam contra<br />

a discriminação que desfavorece<br />

ainda mais o interior<br />

e reclamam medidas<br />

legislativas, «com urgência,<br />

de modo a que os municípios<br />

utilizadores das várias<br />

empresas do grupo EGF<br />

paguem tarifas idênticas,<br />

justas e equitativas», referindo<br />

que os municípios da<br />

Área Metropolitana de Lisboa<br />

pagam uma taxa de 13<br />

euros por tonelada.<br />

Os custos dos lucros<br />

No comunicado da DOR-<br />

POR do Partido considera-se<br />

que os aumentos<br />

«completamente inaceitáveis»<br />

resultam da privatização<br />

do Grupo EGF, a favor<br />

da SUMA (Grupo Mota-Engil),<br />

«concretizada pelo<br />

anterior governo PSD/<br />

/CDS e mantida pelo actual»,<br />

e do reforço dos poderes<br />

da «entidade reguladora»,<br />

a ERSAR. Esta, «mesmo<br />

à revelia da vontade<br />

das autarquias, tem o poder<br />

de fixar as tarifas na<br />

lógica da recuperação de<br />

custos, assegurando assim<br />

a obtenção de receitas presentes<br />

e futuras». Os lucros<br />

são «garantidos mediante<br />

uma taxa, que funciona como<br />

uma renda e que é decisiva<br />

para o cálculo dos<br />

proveitos».<br />

Por outro lado, nota o<br />

PCP, antes da privatização,<br />

os lucros serviam «para<br />

manter/diminuir as tarifas<br />

pagas pelos municípios e<br />

utentes e reforçavam a capacidade<br />

de investimento»,<br />

mas hoje «é patente a degradação<br />

das condições de<br />

trabalho e do serviço prestado<br />

à comunidade».<br />

A «degradação abrupta<br />

do serviço prestado e das<br />

condições de trabalho»<br />

O preço dos combustíveis<br />

«A Petrogal é o eixo central para a política<br />

energética do País, determinante do preço<br />

dos combustíveis e por isso deve tornar<br />

ao sector empresarial do Estado», defende<br />

a Comissão Central de Trabalhadores da<br />

principal empresa do Grupo Galp Energia.<br />

Num comunicado de dia 17, a CCT<br />

lembrou que a Petrogal foi criada, em<br />

1976, e «foi sobre a sua estrutura<br />

logística, muitas instalações criadas de<br />

raiz, que assentou a política energética»<br />

nacional, «designadamente, para a<br />

produção e distribuição de combustíveis».<br />

A política que conduziu à privatização<br />

«levou a que administrativamente se<br />

procedesse a uma liberalização artificial<br />

do mercado de combustíveis». Dos<br />

resultados «conhecidos detodos», a CCT<br />

destaca «o aumento indiscriminado dos<br />

preços dos combustíveis, mesmo que via<br />

impostos, sendo uma fonte preferencial a<br />

que os governos deitam mão, para<br />

compensar as perdas de receitas antes<br />

vindas dos resultados operacionais<br />

directos ou indirectos» da Petrogal<br />

enquanto empresa pública.<br />

«Desde a privatização, cada governo que<br />

entra em funções depara-se com o preço<br />

dos combustíveis como se pela primeira<br />

vez tivesse pensado no assunto e<br />

desconhecesse tudo o que aconteceu para<br />

trás», notando a CCT que «o actual<br />

Governo não é excepção e lá encomendou<br />

um estudo sobre as margens de<br />

comercialização».<br />

Comprova-se, em cada caso concreto,<br />

que entregar o tratamento e valorização do lixo,<br />

como outras áreas estratégicas,<br />

aos grandes grupos privados<br />

só a estes traz benefícios<br />

marca a evolução mais recente<br />

da Valnor, para a<br />

União dos Sindicatos do<br />

Norte Alentejano. No comunicado<br />

da direcção da<br />

estrutura distrital da CGTP-<br />

IN, sobre a sua reunião de<br />

dia 15, regista-se que a<br />

Valnor passou «de uma empresa<br />

lucrativa a uma empresa<br />

que acumula prejuízos»;<br />

era «exemplo de gestão,<br />

com preocupações ambientais<br />

e sociais e geradora<br />

de lucros», e ficou «uma<br />

empresa que acumula prejuízos,<br />

que deitou às malvas<br />

as preocupações ambientais,<br />

que estimula o<br />

conflito com os seus trabalhadores<br />

e quer impor aos<br />

municípios abrangidos custos<br />

totalmente desproporcionados».<br />

A USNA/CGTP-IN entende<br />

que está gerada «uma<br />

O problema é que «os governos aplicam<br />

uma receita cega, sem verificar se a<br />

realidade do nosso País comporta a<br />

fantasia da liberalização» e, «mais grave,<br />

fazem de conta que desconhecem as<br />

consequências e o grau da ineficácia das<br />

suas medidas». Ao serem «confrontados<br />

com a subida dos preços dos combustíveis<br />

de uma forma contínua, desde a<br />

liberalização do mercado, em 1999, a<br />

resposta surge invariável», seguindo a<br />

velha tese que «ainda está por provar,<br />

passados quase 20 anos»: «aprofundar a<br />

liberalização, dinamizar a concorrência e,<br />

por fim, a diminuição do preço dos<br />

combustíveis».<br />

A CCT criticou a ideia do ex-presidente<br />

da extinta Entidade Nacional para o<br />

Mercado de Combustíveis, que veio<br />

defender o «unbundling» – como<br />

denominam a separação das áreas de<br />

produção (refinação) e de logística –,<br />

porque assim diminuiria o risco de a Galp<br />

cair em mãos estrangeiras.<br />

Para a estrutura representativa de todos<br />

os trabalhadores da Petrogal, «isto é o<br />

mundo ao contrário» e «a única forma de<br />

evitar que a Petrogal e a Galp caiam em<br />

mãos estrangeiras é o seu retorno ao<br />

sector empresarial do Estado, com isso<br />

resolvendo também a questão dos preços<br />

dos combustíveis, ou melhor, ligando-a<br />

directamente a uma política de<br />

desenvolvimento económico que sirva o<br />

País e o povo».<br />

situação que importa combater<br />

com firmeza» e manifestou<br />

«apoio solidário<br />

aos autarcas, que se têm<br />

vindo a opor aos preços<br />

exorbitantes apresentados<br />

pela empresa, e aos trabalhadores<br />

e ao seu sindicato<br />

representativo, o STAL,<br />

exortando-os a intensificarem<br />

a luta em defesa do<br />

emprego e dos direitos de<br />

quem trabalha».

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