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NO Revista Novembro 2019

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público “é muito transversal” e<br />

que o grande desafio do Teatro<br />

Micaelense, como espaço formal,<br />

“é atrair novos públicos”, chegar<br />

aos mais novos, referindo-se<br />

à geração até aos 25 anos, não<br />

entregando a obra já “mastigada”,<br />

porque é possível chegar ao<br />

público mais novo se lhes for<br />

dado “aquilo que eles querem”,<br />

contudo Alexandre Pascoal<br />

alegou que esse trabalho não é<br />

seu, “é um trabalho formativo”<br />

que perde-se “quando olhamos a<br />

cultura como economia”.<br />

Alexandre Pascoal verificou<br />

que por vezes a assistência do<br />

Teatro pode variar de acordo<br />

com certos fenómenos sociais.<br />

Como exemplo, mencionou o<br />

quarteto de cordas de Borodin<br />

que, segundo o mesmo, é<br />

considerado o maior quarteto de<br />

cordas do mundo e foi o único a<br />

encher o Teatro Micaelense, no<br />

entanto “às tantas não foi tanto<br />

pelo conhecimento, mas pelo<br />

fenómeno de arrastamento social,<br />

ou seja, pelo ser visto e aparecer<br />

e ver quem foi, também existe<br />

isso”.<br />

Continuando com o seu exemplo<br />

profissional, Alexandre Pascoal<br />

caracterizou o universo que<br />

vivemos como “um bocado<br />

esquizofrénico”, dado que tem<br />

“um publico cuja exigência<br />

cultural é elevada e acha que<br />

o que nós oferecemos não lhe<br />

serve, um público mais elitista”,<br />

como também “tem o público<br />

que me diz que o que nós<br />

apresentamos é erudito, não é<br />

popular”, salientando que tenta “o<br />

equilíbrio desses ambos mundos”<br />

e que “hoje em dia o público sabe<br />

de antemão aquilo que quer ver”,<br />

concluiu.<br />

Nélia Alves-Guimarães lembrou<br />

que “em alturas de crise a<br />

cultura é quem mais sofre<br />

em termos financeiros e de<br />

investimento, infelizmente”.<br />

Como vereadora da CMVFC<br />

apercebe-se que por vezes<br />

existem outras prioridades como<br />

“pessoas a passarem necessidades<br />

em casa e com a saúde, nós temos<br />

que recorrer a essas pessoas, por<br />

isso nem sempre temos meios<br />

para fazer o que gostaríamos, mas<br />

vai se fazendo”.<br />

A autarca disse que “Vila<br />

Franca é um concelho onde a<br />

cultura popular está enraizada,<br />

é um dos concelhos onde mais<br />

se vive a cultura popular”,<br />

exemplificando com “o São<br />

João, os Santos Populares, o<br />

Espírito Santo”, e com “uma<br />

série de outras atividades que<br />

estão bem presentes no concelho”<br />

decorrentes destas festas.<br />

Para além de tais festividades,<br />

Nélia Alves-Guimarães<br />

mencionou, também, várias<br />

iniciativas da CMVFC como<br />

debates, palestras e saraus,<br />

salientando que, apesar do<br />

concelho ser pequeno e de não<br />

ter pessoas em particular a criar<br />

cultura, é “um concelho aberto e<br />

temos as nossas infraestruturas à<br />

disposição para trazer cultura”.<br />

A vereadora da CMVFC destacou<br />

que o facto de sermos “um povo<br />

que não lê muito” tem de ser<br />

mudado “através da educação das<br />

crianças”. A mesma deu outro<br />

exemplo do que se faz na sua<br />

autarquia para colmatar a falta<br />

de leitura: “este verão levamos<br />

a biblioteca à rua, contruímos as<br />

gaiolas de leitura, e, para grande<br />

espanto nosso, verificamos que<br />

as pessoas até leem mais do que<br />

parece, porque os livros eram<br />

sempre renovados. A ideia era<br />

trazerem um livro levarem outro e<br />

assim sucessivamente e, segundo<br />

os nossos funcionários da<br />

biblioteca, todos os dias haviam<br />

livros novos lá e outros que<br />

tinham saído. Às vezes é preciso<br />

estimular para que isso aconteça”,<br />

constatou.<br />

A oradora disse que o facto<br />

de o Açoriano não procurar<br />

cultura prende-se com a “nossa<br />

educação”, lembrando que os<br />

jovens açorianos que estão<br />

a estudar “cursos de arte no<br />

continente”, vão trazer retorno,<br />

aquando do seu regresso à ilha.<br />

Prosseguindo com o caso<br />

específico da CMVFC, da qual<br />

tutela a cultura, Nélia deu outro<br />

exemplo de estimular para que<br />

aconteça, nesse caso em relação<br />

à educação musical, onde a<br />

CMVFC pagou “a propina para<br />

os alunos frequentarem as aulas<br />

da associação Quadrivuim, e<br />

teve bastantes alunos e fizeram<br />

um bom trabalho”, mas, no ano<br />

posterior a Câmara teve “de olhar<br />

para o agregado familiar e para<br />

o seu orçamento” infringindo<br />

um valor simbólico à inscrição<br />

nas aulas e, a partir daí, não<br />

houve adesão. A vereadora<br />

lamentou por vezes não puder<br />

“dar continuidade (a esse tipo de<br />

iniciativas) porque o orçamento<br />

torna-se mais pesado”.<br />

Já Pedro Gomes iniciou com a<br />

frase: “fazer cultura nos Açores<br />

é defender a nossa identidade<br />

enquanto povo Açoriano.”<br />

O advogado disse que “ser<br />

açoriano hoje não é interpretado<br />

pela minha geração, ou pela<br />

geração dos mais novos ou mais<br />

velhos, do mesmo modo que era<br />

interpretado à 50 ou 100 anos<br />

atrás”, mas que, apesar disso,<br />

há sempre um traço em comum,<br />

citando o professor Machado<br />

Pires, “o traço mais marcante da<br />

nossa açorianiedade é sempre a<br />

geografia”. Contudo considerou<br />

que “até esta tem interpretações<br />

diferentes ao longo da história.<br />

Nós hoje não interpretamos as<br />

limitações que a geografia nos<br />

impõe do mesmo modo que as<br />

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