14.09.2020 Views

Livro de Resumos 7as Jornadas

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Seis anos para diagnosticar Acromegalia

Mariana Zhang; Hema Hasmuklal Nádia Mourinho Bala

USF Parque Cidade; Hospital Beatriz Ângelo

Enquadramento:

A acromegalia resulta da produção excessiva da hormona do crescimento (GH),

normalmente devido a adenoma da hipófise e está associado a um aumento da morbilidade

e da mortalidade. É caracterizada por um aumento insidioso e progressivo das partes moles

das mãos, pés e da face, obrigando, muitas vezes, o doente a alterar o tamanho de sapatos

que calça. No entanto, os primeiros sinais e sintomas de apresentação pertencem a um

leque de manifestações do foro cardiovascular, neurológico ou metabólico, tornando difícil o

diagnóstico precoce. É também caracteristicamente acompanhado de aumento da

somatomedina C (IGF-1) sendo o seu doseamento integrante do diagnóstico e da

monitorização do tratamento da doença. O tratamento pode envolver uma combinação

variada entre cirurgia, farmacoterapia e radioterapia, sendo adaptado ao doente individual

com o objetivo de suprimir a atividade hormonal, crescimento tumoral e de regressão dos

sinais e sintomas.

Descrição do Caso:

Uma mulher de 46 anos, lactante de uma criança de 5 anos e amenorreica desde o

parto, recorre à consulta por crises de cefaleia há mais de 5 anos, agora cada vez mais

frequentes e incapacitantes. Diagnosticada recentemente com Hipertensão Arterial (HTA)

nas consultas de seguimento e bem controlada. Analiticamente mostrava indícios de

resistência à insulina, sem antecedentes pessoais de Diabetes Mellitus (DM). Por ser

acompanhada de um exame objetivo com facies com características sugestivas e mãos e

pés aumentados, foi colocada a hipótese de acromegalia, tendo motivado o pedido de TACsela

turca que revelou um macroadenoma com 30x29x21mm de dimensões. Foi

encaminhada para consulta de Endocrinologia onde foi feita a medição de GH e IGF-1, tendo

vindo um resultado elevado que permitiu o diagnóstico final de Acromegalia. Iniciou terapia

com Octreotido enquanto aguarda avaliação por Neurocirurgia. Retrospetivamente,

estimamos que, desde a apresentação do primeiro sintoma do quadro, até ao seu

diagnóstico final, tenham decorrido cerca de 6 anos.

Discussão:

A relevância desde caso clínico para o médico geral e familiar (MGF) é fundamentada

por se tratar de uma doença que aumenta francamente a morbimortalidade do doente e é

quase sempre tratável; apesar de ser uma doença relativamente rara, acredita-se que seja

largamente sub-diagnosticada; devido a uma típica instalação insidiosa apresenta uma

média de atraso no diagnóstico estimado de cerca de 10 anos; apresenta-se com

manifestações extremamente comuns na prática diária de um MGF, como por exemplo HTA

ou DM, cuja investigação da causa primária é raramente realizada, nestas faixas etárias. De

facto, também a amenorreia apresentada neste caso clínico estava associada ao

comprometimento dos restantes eixos hipofisários provocada pelo efeito de massa e

erradamente assumida presuntivamente, primeiro como pela supressão provocada pela

lactação em curso, e depois como menopausa. Este caso demonstra como o diagnóstico é

dificultado quando os sintomas isoladamente não sugerem necessidade de investigação, ou

de suspeição de uma causa primária, até muitos anos depois quando surgem sintomas

patognomónicos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!