Outubro_2020 - nº 269
Órgão informativo do Centro Lusitano de Zurique Edição de Outubro 2020
Órgão informativo do Centro Lusitano de Zurique
Edição de Outubro 2020
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[ OUTUBRO 2020 | Edição Nº. 269 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]
Covid-19: o direito laboral a partir de 1 de Setembro
Menos
protecção
para os
trabalhadores
Página 06
Atenção!
Quarentena
obrigatória
para quem vem
de Portugal
Página 40
WWW.CLDZ.EU
EDITORIAL
ESTATUTO
EDITORIAL
PÁGINA 3
SAÚDE
DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
PÁGINA 10
ESPECTÁCULO
JOÃO GRANDE
DO GRUPO TAXI
PÁGINA 24
2
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Centro Lusitano de Zurique
Risweg, 1
8041 Zürich
Tel.: 044 241 52 60 - Fax: 044 241 53 59
Web: www.cldz.eu - E-mail: info@cldz.eu
Bufete, reserva de refeições 077 403 72 55
Cursos de alemão 076 332 08 34
Consulado Geral de Portugal em Zurique
Zeltweg 13 - 8032 Zurique
Tel. Geral: 044 200 30 40
Serviços de ensino: 044 200 30 55
Serviços sociais: 044 261 33 32
Abertura de segunda a sexta-feira das
08:30 às 14:30 horas
Embaixada de Portugal
Weitpoststr. 20 - 3000 Bern 15
Secção consular: 031 351 17 73
Serviçoa sociais: 031 351 17 42
Serviços de ensino: 031 352 73 49
Edição anterior
[ SETEMBRO 2020 | Edição Nº. 268 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]
A SUBIDA AO TRIFHÜTTE
BRANCO
AZUL
BRANCO
Direcção
044 241 52 60 / info@cldz.eu
Futebol armindo.alves@garage-mutschellen.ch / 079 222 09 14
Publicidade
079 913 00 30/pub.lusitano@gmail.com
Rancho folclórico
079/549 99 10 / rancho@cldz.ch
Vamos contar uma história 079 647 01 46
Serviços municipais de informação para
imigrantes - Zurique (Welcome Desk)
Stadthausquai 17 - Postfach 8022 Zurique
Tel.: 044 412 37 37
Polícia 117
Bombeiros 118
Ambulância 144
Intoxicações 145
Rega 1414
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EDITORIAL
OS SUÍÇOS E
AS MÁSCARAS
PÁGINA 3
SAÚDE
OMS. DEFINIÇÕES
IMPORTANTES.
PÁGINA 14
COMUNIDADE
”QUELLEN
STEUER“ EM 2021
PÁGINA 31
Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH
Katholische Mission der Portugiesischsprechenden
Fellenbergstrasse 291, Postfach 217 - 8047 Zürich
Tel.: 044 242 06 40 7 044 242 06 45 - Email: mclp.zh@gmail.com
Horário de atendimento:
- segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h
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Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
EDITORIAL
3
ESTATUTO EDITORIAL
ARMINDO
SANDRA FERREIRA
Directora - jornalista CC12 A
ALVES
Sub-Director - jornalista nº 31 - CCPJ
1 — O “Lusitano de Zurique” é um jornal/revista de
informação geral e é propriedade do Centro Lusitano
de Zurique, com sede na Risweg, 1 - 8041 Zürich -
Suíça.
2 — O “Lusitano de Zurique” está essencialmente ao
serviço das Comunidades Lusófonas.
3 — O “Lusitano de Zurique” coloca o bem comum
acima dos interesses particulares e não privilegia
ninguém, procurando, no entanto, ser a voz dos sem
voz.
4 — O “Lusitano de Zurique” rejeita quaisquer totalitarismos,
quer de direita quer de esquerda. Rejeita
todas as formas de violência e preconiza o diálogo
como forma normal de resolver os diferendos.
5 — Como instrumento ao serviço da pessoa humana,
o “Lusitano de Zurique” considera condenável
tudo quanto se opõe à vida humana, como seja toda
a espécie de homicídio, genocídio, pena de morte e
tudo o que viola a integridade da pessoa humana,
como as mutilações, os tormentos corporais e mentais
e as tentativas para violentar as próprias consciências;
tudo quanto ofende a dignidade da pessoa,
como as condições de vida infra-humanas, as
prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão, a
prostituição, o tráfico de mulheres e jovens; as condições
degradantes de trabalho, em que os operários
são tratados como meros instrumentos de lucro e
não como pessoas livres e responsáveis.
6 — Como publicação periódica de informação geral
destinada às Comunidades Lusófonas, o “Lusitano
de Zurique” está ao serviço de uma informação verdadeira
e objectiva, diversificada e completa e está
aberta ao pluralismo e à diversidade de opiniões.
7 — O “Lusitano de Zurique” é uma publicação, onde
se procura distinguir a informação da opinião e actua
de acordo com o princípio, segundo o qual os factos
são sagrados e os comentários são livres. Vincula-
-se ao respeito pelos princípios deontológicos e pela
ética profissional dos jornalistas, assim como pela
boa-fé dos leitores.
8 — O “Lusitano de Zurique” é uma publicação independente
de qualquer poder político, religioso, desportivo,
ou económico.
9 — Os artigos assinados no “Lusitano de Zurique”
reflectem tão-somente a opinião dos seus autores e
não vinculam necessariamente a direcção desta revista
10 — Por discordância, o “Lusitano de Zurique” não
adopta nem respeita as normas do novo Acordo Ortográfico.
EQUIPA REDACTORIAL
EMAIL: LUSITANOZURIQUE@GMAIL.COM
Sandra Ferreira
Armindo Alves
DIRECTOR A CC12 A
SUB-DIRECTOR CC15 A
Natascha D´Amore
Maria dos Santos
Lúcia Sousa
Zuila Messmer
Joana Araújo
CC11 A
Cristina F. Alves
CC 16 A
Jorge Macieira
CC28 A
Pedro Nogueira
Nuno Brandão
Domingos Pereira
Carmindo de Carvalho
Euclides Cavaco
Nelson Lima
Carlos Matos Gomes
Manuel Araújo
jornalista 3000 A
EDIÇÃO,
COMPOSIÇÃO
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Manuel Araújo
Jornalista 3000 A
araujo@manuelaraujo.org
Tel.:(+351) 912 410 333
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Diário do Minho
Tiragem: 2000 exemplares
Periodicidade: Mensal
Distribuição gratuita
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& ADMINISTRAÇÃO:
Centro Lusitano de Zurique
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8041 Zürich
Tel.: 044 241 52 60 -
Fax: 044 241 53 59
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Por discordância,
esta publicação não
adopta nem respeita as
normas do novo inútil
Acordo Ortográfico.
Apoios:
Daniel Bohren
Jurista
Pedro Nabais
CC14 A
Aragonez
Marquez
Ivo Margarido
Jeremy da Costa
NOTA: Os artigos assinados reflectem tão-somente a opinião dos seus
autores e não vinculam necessariamente a direcção desta revista
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
4
COMUNIDADE
O nosso grupo tem o apoio de várias
instituições helvéticas
José Pereira
- presidente do Rancho Folclórico danças e Cantares
da nossa terra de Arbon
José António Pereira, nasceu em Herisau
(AR), no ano de 1995. Com as suas
raízes nos concelhos de Castro Daire
e S. Pedro do Sul é no futebol como
árbitro, no folclore como dançarino
e presidente do Rancho Folclórico
danças e Cantares da nossa terra
(DCDNT) de Arbon, que encontra a
sua essência como ser humano.
Aprecia um bom prato de comida
portuguesa da mesma forma que um
bom convívio entre as gente da sua
terra. Juntamente com uma direcção,
constituída por cinco jovens, tenta
fazer o melhor em prol da cultura
portuguesa.
Nesta fase mais complicada tentam
manter o grupo activo com variadas
actividades, tais como a realização
de vídeos ou visitas e viagens pela
região da Suíça Este.
MARIA DOS SANTOS
Lusitano Zurique - Quem é o José Pereira?
José Pereira - Um jovem rapaz honesto
que trabalha para alcançar as suas metas,
respeitando as pessoa que o rodeiam. A
personalidade e o seu ser é uma mistura
entre duas culturas que o viram nascer e
crescer.
L.Z.- Abraçaste este projecto cultural
porquê?
J.P. - A convite do meu amigo Christian
Amorim que já andava neste grupo. Juntei-me
a ele pouco depois da fundação do
grupo como dançarino. Depois de um bom
início houve algumas turbulências pelo caminho.
Mas juntamente com um grupo de
amigos que acreditávamos que este projecto
tinha pernas para andar; arregaçamos
as mangas e metemos as mãos na massa.
Desde ai formamos uma direcção onde tentamos,
com muita humildade e trabalho, tirar
o melhor de um grupo de folclore. Aproveito
para agradecer a todos os membros e
amigos que estão ou estiveram ligados a
este grupo e que deram o seu melhor para
a evolução do mesmo.
L.Z.- O folclore foi uma herança familiar,
ou apenas uma casualidade de preferência?
J.P. - Graças aos meus pais sempre tive
uma ligação forte ao nosso Portugal, com
a sua cultura e história. Herança familiar
também, visto que os meus pais andaram
em Portugal no grupo da terra, o Rancho
Folclórico as Morenitas de Alva, um grupo
bem conhecido na zona da Beira Alta.
Juntando estes factores mais um bichinho
que já tinha há muitos anos de me querer
juntar a um grupo de folclore, daí a minha
entrada no folclore. De momento andam
mais familiares meus neste grupo folclórico
e a minha prima Sabrina Vilela pertence
também a direcção actual.
L.Z.- O vosso rancho pertence à comissão
de Pais de Arbon. Como é trabalhar
em parceria com este órgão de apoio?
J.P. - Desde que a nossa direcção está
nos comandos deste grupo que só posso
dizer bem da Comissão de Pais de Arbon.
Podemos contar com o apoio constante
das direcções que tem estado em cargo.
Os nossos ensaios, que se realizam nas
instalações da Comissão de Pais, trazem
muita vida às sextas-feiras à noite e ajuda
aos exploradores do restaurante / bar a ter
mais movimento. Trabalhando em conjunto
tentamos fazer o melhor para esta região.
L.Z.- Consideras que os ranchos de folclore
têm a divulgação e apoio suficiente
em terras helvéticas?
J.P. -Posso dizer que o nosso grupo tem
o apoio de várias instituições helvéticas.
Trabalhamos principalmente com os departamentos
de cultura das cidades de
Amriswil e St. Gallen. Mas também somos
convidados constantes de outras localidades
onde o povo suíço nos quer e gosta de
ver. Aproveito para sublinhar um projecto em
que estamos envolvidos desde os primeiros
dias, o Festival SOPA, o qual junta vários
grupos de diferentes países para juntos
celebrar a variedade de tradições e sopas
dos respectivos países.
L.Z.- A representatividade dos vossos
trajes, danças e cantares vem de Norte a
Sul de Portugal. Quem está no conselho
técnico a dar-vos apoio para chegarem
mais perto dos trajes originais?
J.P. -Este projecto tem desde o seu início
uma clara ideia de querer triunfar pela diversidade
de um pais rico em belas maravilhas,
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
COMUNIDADE
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únicas por este mundo fora. Dependente da
região nem sempre é fácil conseguir arranjar
literatura, fotos ou relatos de antepassados
que nos ajudem a reconstruir o nosso trajar.
Tenho a sorte de ter duas colegas Tatiana
Cardoso e Tamara Leal da Silva bastante
aplicadas que tem passado muito tempo a
rever e melhorar o nosso trajar. A direcção
com o apoio do ensaiador Henrique Badim,
responsável de música Beto Cardoso e o
nosso apresentador Marco Gomes, tentamos
ir á procura de novas ideias, para
podermos irem busca do mais tradicional
e especial que cada região nos oferece.
L.Z.- Sois um rancho ainda muito jovem,
mas com garra em vencer. Como vivem
este distanciamento social e não poderem
ensaiar?
J.P. -Como será para todos os grupos, preferíamos
estar sem distanciamento social
e no nosso passado considerado normal.
Mas agora penso que temos que nos adaptar
a esta nova realidade. Para mim o mais
importante é respeitar as regras impostas
pelo governo, o bem de todos os nossos
membros e a saúde em geral. Voltamos á
pouco tempo aos ensaios. De duas em duas
semanas ensaiamos e tentamos manter
o grupo activo e motivado para o futuro.
Nos ensaios são respeitadas as regras do
governo helvético para grupos deste formato.
Mas deixamos em claro que quem não
se sentisse em segurança ou com medo
poderia ficar de fora até tudo se acalmar.
L.Z.- Dia 24 de Outubro è o vosso festival.
Como vives emocionalmente e culturalmente
esta negação aos eventos
culturais?
J.P. - Seria o nosso festival. Penso que para
a nossa direcção esta terá sido a decisão
mais complicada a tomar desde que assumimos
as responsabilidades deste grupo.
O nosso festival era sempre o ponto alto do
ano, onde se sentia o empenho de todos
os membros deste grupo. Este ano vai- nos
faltar muita coisa, desde as preparações
da decoração para surpreender os nossos
visitantes até ao stress das últimas horas
antes de se abrir as portas ao público. Agora
é confiar e acreditar que para o ano será
de novo possível voltarmos a ter os eventos
culturais. Não acredito que para o ano
já seja possível fazer daquela forma que
gostaríamos e estávamos habituados mas
que pelo menos seja possível realizar. E
que assim se volte a conviver com outros
grupos por este mundo fora.
L.Z.- És um jovem, responsável e com
ideias muito claras. Como geres a tua
viva pessoal, desportiva e cultural, numa
sociedade stressada e algo egoísta?
J.P. - Quero acreditar que o Covid trouxe
também coisas boas e uma delas foi tirar
algum stress a nossa sociedade que bem
era preciso. Mais contente ficava ainda se as
pessoas começassem a ser menos egoístas
e a pensar mais num bem comum. Desde
muito cedo que me foram dado valores importantes
para poder viver de uma forma
responsável, trabalhadora e aplicada. Juntando
a isto experiências que vim a fazer no
decorrer da minha vida. Dou constantemente
o meu melhor, respeitando ao máximo as
pessoas à minha volta. Tenho ideias claras
de onde quero chegar e do que tenho que
fazer para chegar lá e que só com trabalho lá
chegarei. Para conseguir meter todos estes
factores a funcionar eficientemente preciso
de um planeamento clara, determinado e
organizado com tempo.
L.Z.- Para finalizar: que sonho gostarias
de realizar como presidente deste grupo
de Arbon?
J.P. - Manter um grupo unido com vontade
de querer melhorar pouco a pouco
no decorrer dos próximos anos. O tempo
que nos espera vai ser de muita luta para
manter a actividade dos folcloristas. Já tivemos
a oportunidade de ir ao estrangeiro
mas não posso esconder que seria algo
especial poder um dia levar este grupo ao
nosso país par podermos mostrar o nosso
trabalho desenvolvido em terras Helvéticas
e em memória dos nossos antepassados.
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Escritório de Representação da CGD - Suíça
Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève
Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465
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A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
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SINDICALISMO
Covid-19: o direito laboral a partir de 1 de Setembro
Menos
protecção
para os
trabalhadores
A situação no mercado de trabalho continua precária.
Apesar disso, o conselho federal reduz a protecção
dos trabalhadores: no final de Agosto muitas
das medidas de protecção ligadas à pandemia
desaparecem.
Subsídio para horário de trabalho reduzido
• A partir de 31 de Agosto desaparecem as disposições especiais
relativas ao subsídio para horário de trabalho reduzido
e voltam a vigorar leis e decretos anteriores ao coronavírus.
O período máximo de recepção deste subsídio mantém-se,
no entanto, até finais de 2021. O que é válido a partir de 1 de
Setembro:
• Todos os trabalhadores para os quais a empresa requeira
subsídio para horário de trabalho reduzido têm de confirmar
com a sua assinatura que o aceitam.
• As horas extraordinárias têm de ser compensadas.
• Aprendizes, trabalhadores temporários e com contrato a termo,
bem como trabalhadores por chamada com horários de
trabalho altamente variáveis não têm direito a subsídio para
horário de trabalho reduzido. O risco de não voltarem a ter
trabalho aumenta consideravelmente.
Desemprego
As disposições relativas ao subsídio de desemprego e às obrigações
das pessoas desempregadas mudam no final de Agosto.
Isto significa:
• Quem ficar desempregado depois de 1 de Setembro não recebe
dias suplementares de subsídio. Mas o direito a dias
suplementares mantém-se para o período de 1 de Março a
31 de Agosto 2020. Ex.: Quem tem direito a subsídio diário
de desemprego desde 1 de Agosto, recebe 21 dias suplementares
de subsídio. Quem recebe subsídio de desemprego
desde 1 de Março, tem direito a, no máximo, 120 dias suplementares.
• As provas de procura de emprego têm de voltar a ser apresentadas
mensalmente.
Protecção de pessoas do grupo de risco
As medidas especiais de protecção das pessoas do grupo de
risco já foram revogadas no dia 22 de Junho. Pessoas idosas,
com doenças e agora também grávidas não podem exigir fazer
teletrabalho ou tarefas onde o risco seja menor. Mas se faz parte
do grupo de risco, fale com o seu chefe. A empresa tem de providenciar
maior protecção no local de trabalho.
Protecção para todos
Legalmente, o empregador é obrigado a garantir a protecção da
saúde dos trabalhadores. Por isso, tem de aplicar as medidas
de higiene e de protecção indicadas pela Direcção Federal de
Saúde (BAG/OFSP). Se a sua empresa não garante estas medidas,
chame a atenção do seu empregador por escrito para este
facto. Se a situação não melhorar, tem direito a recusar fazer o
trabalho. Mas recomendamos que, neste caso, contacte antes a
inspecção cantonal do trabalho e/ou o sindicato.
Quarentena e salário
As disposições relativas à quarentena levantam muitas questões
jurídicas ainda não esclarecidas. Há que distinguir diferentes situações:
• Se passar as férias numa região de risco, tem de fazer
quarentena ao chegar à Suíça. Se a região já tinha sido
declarada região de risco quando partiu, não tem direito
ao seu salário. Se a região ainda não era considerada
região de risco, teoricamente não há motivo para que
não tenha direito ao salário. Se tiver dúvidas, dirija-se ao
seu secretariado Unia.
• Esteve num clube, houve lá infecções e mandaram-no
ficar de quarentena. Correu um certo risco, mas dentro
de um âmbito legal – os clubes podem abrir, desde que
cumpram com as regras de higiene. Teoricamente tem
o direito de continuar a receber o salário. Informe-se no
seu secretariado Unia.
Só tem direito ao seu salário se um médico ou as autoridades de
saúde lhe ordenarem quarentena. Se puder fazer teletrabalho,
tem direito a receber o seu salário na totalidade.
Martin Jakob, work no. 13, 21.08.2020 (adaptado)
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
ACTUALIDADE
Suspeito de assassinar português
teria cometido o ato por
“vingança contra o Estado”
7
Suspeito de assassinar português teria cometido
o ato por “vingança contra o Estado”
- SWI swissinfo.ch.jpg ¬Imagem simbólica: um
agente policial armado participando de um
controle em uma rua no cantão de Vaud, em 23
de dezembro de 2014. Keystone
KEYSTONE-SDA/RTS/TS (*)
O suspeito de ter assassinado um
cidadão português em Morges no
sábado passado (12.09) teria confessado
o crime. De acordo com a
televisão pública RTS, o jovem turco-suíço
de 26 anos teria agido por
“vingança contra o Estado”.
Os jornalistas da RTS basearam o noticiário
em fontes próximas aos investigadores.
Segundo eles, o motivo do crime teria sido
“ vingança contra o Estado suíço”. A pedido
da agência de notícias Keystone-S-
DA, a Procuradoria-Geral (BA, na sigla em
alemão) não quis confirmar ou negar as
informações divulgadasNo sábado passado
(12 de setembro), o suspeito esfaqueou
um português de 29 anos em uma lanchonete
turca em Morges. Um dia depois,
policiais capturaram a pessoa que estava
escondida em Renens, um vilarejo próximo.Sob
observação desde 2017
O suspeito estava na mira das autoridades
federais desde 2017. O Serviço Federal
de Inteligência (FIS, na sigla em alemão)
começou a monitorá-lo após consumo e
divulgação da propaganda jihadista, escreveu
o Ministério Público (BA, na sigla
em alemão) na quarta-feira.O turco-suíço
ficou preso em abril de 2019, após ter
cometido um ataque incendiário contra
um posto de gasolina em Prilly, também
no cantão de Vaud. Foi durante as investigações
caso que os policiais de Vaud
encontraram “indicações de possíveis
ligações com o jihadismo”, escreveu o
BA.Os investigadores se depararam com
um possível passado jihadista, que coincidiu
com as descobertas do NDB. Em
outubro de 2019, o BA, responsável pelas
investigações sobre o terrorismo, pediu às
autoridades cantonais para assumir o inquéritoAo
mesmo tempo, o BA expandiu
as alegações para incluir violações nas
leis que proíbem atividades de grupos
terroristas como o Al-Qaeda e do Estado
Islâmico, bem como a exibição de atos
violentos.Solto em julho
As autoridades judiciais prorrogaram a
detenção do acusado a pedido da Justiça
de Vaud e depois do BA. Em julho, o tribunal
deu liberdade condicional ao suspeito
a pedido BA, mas sob condições. O BA
baseou seu pedido, em particular, em um
relatório psiquiátrico. As condições impostas
incluíam a proibição de sair à noite,
a proibição de portar armas e de se apresentar
regulamente às autoridades.
Até o homicídio de sábado passado, o
acusado cumpriu todas as condições. Por
isso, explicam, não havia motivo para uma
nova prisão, escreveu o BA.
Deputada-federal “chocada”
“É chocante”, disse Jacqueline de Quattro,
deputada-federal do Partido Liberal
(FDP) no programa “Fórum” do canal RTS.
Ela comparou o incidente com os casos
“Adeline” e “Marie”, duas mulheres que
foram vítimas de criminosos reincidentes.
Quattro ressaltou não compreender como
pessoas perigosas à sociedade podiam
estar em liberdade.Um endurecimento
das medidas antiterroristas está sendo
atualmente no Parlamento federal, incluindo
a prisão domiciliar. Quattro lamentou
que alguns dos políticos sejam contra as
medidas propostas, pois as consideram
como “privação de liberdade”. “Agora temos
provas de que existem ameaças terroristas
reais em nosso território”, disse
a deputada-federal.O BA inclui no caso
suspeitas de assassinato premeditado e
homicídio. E não exclui um fundo terrorista
para o assassinato. O BA realiza as
investigações junto com as autoridades
de Vaud, a Polícia Federal Suíça e (Fedpol)
e o Serviço Federal de Inteligência (NDB)
Fuga após crime
O ataque a faca ocorreu no sábado à noite
por volta das 21:20 em uma lanchonete
turca perto da estação ferroviária de Morges.
A vítima, que morreu no local, é um
cidadão português de 29 anos. Ele estava
acompanhado pela namorada quando o
atacante veio até os dois com uma faca
nas mãos e o golpeou.
Após uma noite de fuga, o agressor foi
preso no domingo em Renens pela polícia
de Vaud. No dia seguinte, a investigação
foi assumida pelas autoridades federais
por causa do possível fundo terrorista do
caso.
Em Morges, cerca de cem pessoas prestaram
homenagem à vítima na segunda-
-feira à noite, no local da tragédia. O homem
falecido vivia no vilarejo e trabalhava
para uma empresa de transporte.
(*) autor escreve em portugês do Brasil
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
8
COMUNIDADES
Abertura do
concurso de
apoio ao movimento
associativo
da Diáspora
O Ministério dos Negócios Estrangeiros abre o
concurso de apoio ao movimento associativo das
comunidades portuguesas que decorre de 1 de
Outubro a 31 de Dezembro de 2020.
Este apoio, atribuído pela Direção-Geral dos Assuntos
Consulares e das Comunidades Portuguesas
(DGACCP), é dirigido a associações e
federações das comunidades portuguesas, bem
como a outras pessoas coletivas, nacionais ou
estrangeiras, legalmente constituídas há mais
de um ano, sem fins lucrativos ou partidários,
que visem o benefício sociocultural da Diáspora
e estejam credenciadas na DGACCP.
O apoio a conceder terá o limite máximo de 80%
ou de 50% do valor considerado elegível do orçamento
apresentado, consoante as entidades
tenham sede no estrangeiro ou em Portugal.
Consideram-se prioritárias as acções do movimento
associativo que privilegiem a promoção
da língua e da cultura portuguesas, os jovens,
a inclusão social, a capacitação e a valorização
profissional, a participação cívica e política, o
combate à xenofobia e o diálogo com as micro e
pequenas empresas dos portugueses residentes
no estrangeiro que queiram investir em Portugal.
As candidaturas terão de ser apresentadas exclusivamente
junto do posto consular ou da secção
consular da embaixada territorialmente competente,
para os quais devem igualmente ser remetidas
eventuais dúvidas.
É obrigatório o uso do formulário de candidatura,
aprovado pela Portaria n.o 305/2017, de 17 de
Outubro, disponível no Portal das Comunidades
(https://www.portaldascomunidades.mne.pt/pt/
apoios/area-cultural- e-movimento-associativo/
atribuicao-de-apoios-pela-dgaccp)
“Vieira do Minho com
nova escola de bombeiros
PAULO MAGALHÃES (*)
No âmbito do seu plano de ação e não
obstante as dificuldades financeiras
que a Associação Humanitária atravessa,
os Bombeiros Voluntários de
Vieira do Minho iniciaram oficialmente,
no passado dia 25 de Agosto, uma
nova escola de bombeiros, constituída
por 24 formandos que após terem
cumprido as formalidades do processo
de seleção, compareceram no quartel
local, para apresentação e Inicio dos
trabalhos. O ato de apresentação presidido
pelo chefe do executivo, eng.
António Cardoso, teve lugar, 3 dias
antes, dia 22 de Agosto, na parada
do quartel dos Bombeiros Voluntários,
contando ainda com a presença de
vários elementos da direçao , comando,
corpo ativo, quadro de honra e orgãos
de comunicação social.
Os formandos ao longo de 12 meses
vão frequentar um total de seis módulos
ministrados por formadores internos e
externos a título gratuito da Escola Nacional
de Bombeiros, sendo que cada
módulo contém uma parte teórica e
prática com uma carga horária de 50
horas . Os conteúdos programáticos
serão diversificados, e abordarão temáticas
específicas que vão desde a
área da formação Inicial de bombeiro
organizaçao de serviço de bombeiro,
tripulante de ambulância, salvamento
rodoviário e desencarceramento até à
extinção de incêndios rurais e extinção
de incêndios urbanos.
Apesar dos vários equipamentos doados
por outras associações, ainda assim
é necessário ao longo da formação
proporcionar aos formandos o equipamento
necessário e adequado para que
tenham as condições indispensáveis
para enfrentarem os cenários reais de
intervenção. Para o efeito, constam do
equipamento um conjunto de 4 fardas
necessários para a segurança e boa
execução das tarefas. O investimento
global representa cerca de 2500€, por
cada formando.
Segundo Carlos Branco, presidente
da AHBVVM recentemente empossado,
"a formação de novos quadros de
bombeiros para além de crucial é estratégica
porque assenta numa visão
de compromisso de voluntariado das
novas gerações em relação ao futuro
e elas são sem dúvida o garante
da nossa proteção e socorro . Vamos
fazer um esforço sobrehumano mas
estamos cientes que a nossa comunidade
comungará deste tão nobre
desafio e ajudar-nos-à a encontrar as
formas de financiamento adequadas,
pois trata-se de um ativo fundamental"
, adiantou.
Finalizando agradecendo aos novos
formandos, "Aos Jovens promissores
bombeiros um bem haja pelo seu espírito
de voluntariado e pela forma abenegada
com que se entregam ao outro e
ao bem comum. Muitos sucessos para
a nova carreira. Parabéns !"
(*) autor escreve de acordo as normas do AO
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
FORMAÇÃO
9
Construção civil:
Cursos do Projecto Portugal e Operación España
Formação que vale a pena!
Hélder Castro chegou à Suíça em
2012. Terminou o curso em engenharia
civil em 2009, em plena
crise financeira. A construção em
Portugal estava quase parada,
cerca de 80% dos trabalhadores
perderam o emprego. Não havia
trabalho no ramo. Veio para a Suíça,
como muitos outros, à procura
de trabalho e de uma vida melhor.
Hoje trabalha no departamento de
segurança de uma empresa de
construção. O curso do Projecto
Portugal foi um passo importante
no seu percurso profissional.
MARÍLIA MENDES
— Hélder, é responsável pela segurança
ferroviária numa obra dos caminhos de
ferro dos Grisões. Como chegou aí?
— Fiz muita formação. Quando cheguei à
Suíça, comecei a trabalhar na cozinha de
um hotel. Foi o que consegui arranjar. Depois
passei para a construção como trabalhador
não qualificado. Mas comecei logo
a frequentar cursos de alemão. Porque
não saber o alemão era o primeiro grande
entrave a uma posição laboral melhor.
E depois fui fazendo formações, por último
para poder coordenar a segurança das
máquinas nas obras, que é o que faço agora.
Não é fácil. Tem de se investir tempo,
dinheiro e energia na formação. E às vezes
falta tempo para a família. Mas é o único
caminho para conseguirmos uma boa posição
profissional.
— Como foi para um engenheiro civil
trabalhar como trabalhador não qualificado?
— Nas obras sou um trabalhador como outro
qualquer. Tenho mais conhecimentos
teóricos, mas os meus colegas, sobretudo
os mais velhos, sabem muito mais da prática
do que eu. Não nego que no princípio
foi algo frustrante. Sobretudo por notar que
há um certo estigma de se ser português.
Aprendi muito nas obras. Não só a trabalhar,
mas também sobre a importância de
sermos reconhecidos como pessoas e trabalhadores.
—Fez o curso do Projecto Portugal.
Porque o fez?
—Quando cheguei à empresa da construção
onde trabalhava, ouvi colegas dizerem
que tinham feito o curso e que isso tinha
sido importante para eles. Todos falavam
bem do curso. Quando o chefe me propôs
fazê-lo, não hesitei. Era uma oportunidade
de aprender mais, de conhecer melhor algumas
técnicas de trabalho suíças.
— E valeu a pena?
— Valeu. Aprendi muito. O ambiente no
meu grupo era excelente, havia muito intercâmbio
e entreajuda. Claro que isso tem a
ver com as pessoas do grupo. Mas depende
também dos instrutores, se eles sabem
favorecer as trocas e apoiar os formandos.
Ali isso era possível, até fiz lá amizades.
Profissionalmente o curso ajudou-me muito.
Havia coisas práticas de que não tinha
noção. Fiquei com boas ferramentas para
utilizar no mundo do trabalho. É isso que
se espera de um curso: não saímos de lá
a saber tudo, mas temos ferramentas úteis
para o trabalho.
— Recomendaria o curso a outros colegas?
— Sem dúvida. Aprendemos as formas de
trabalhar na Suíça e isso é importante para
sermos bons profissionais. E a formação
valoriza-nos. Eu vejo que os portugueses
trabalham no duro nas obras, mas nem
sempre são devidamente valorizados. Dependemos
da boa vontade dos chefes e
muitos abusam. Alguns trabalhadores têm
receio e não se defendem. Claro, a situação
é complexa, a lei laboral protege-nos
pouco. Mas conhecer a língua local e fazer
formação contribuem para que nos sintamos
mais seguros e tenhamos mais autoconfiança.
Também por isso o curso é
importante.
— E agora, quais são os seus planos
para o futuro?
— Tenho planos para formações relacionadas
com a ferrovia, uma velha paixão minha.
Gosto de aprender. E sinto que com
mais formação sou mais respeitado. Além
de obter melhores condições de trabalho,
claro. Recomendo a todos os colegas, sobretudo
aos mais jovens, que não parem.
Temos muitas oportunidades de formação,
há que aproveitá-las. É difícil, sobretudo
por causa da língua. Mas é gratificante e
vantajoso quando conseguimos.
Estão abertas as inscrições para
os cursos do Projecto Portugal e
Operación España
Nestes cursos profissionais da construção
civil, os trabalhadores portugueses e
espanhóis a trabalhar na Suíça aprendem
a conhecer melhor os métodos de trabalho
e materiais suíços. É uma boa oportunidade
de aperfeiçoamento e valorização
profissional. Depois da aprovação do fundo
paritário, os cursos são gratuitos para
o trabalhador.
Data e locais dos cursos
4 de Janeiro a 26 de Fevereiro 2021
Centros de formação em Portugal:
• CICCOPN em Avioso, perto do
Porto (http://www.ciccopn.pt/)
• CENFIC no Prior Velho, perto de
Lisboa (http://www.cenfic.pt/)
Centro de formação em Espanha:
• Fundación Laboral de la Construcción
em Santiago de Compostela
(http://galicia.fundacionlaboral.org/formacion/centro/
santiago-de-compostela)
Inscrições
As inscrições são feitas pelo
empregador.
Prazo: quarta-feira, 4 de Novembro
de 2020
Fichas de inscrição em: https://bit.ly/3hstmDM.
Informe-se sobre os cursos
e como se inscrever no seu
secretariado Unia ou através
de migration@unia.ch.
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
10
SAÚDE
Dificuldades de
aprendizagem:
Mito ou
Realidade?
KARLA KÍSSIA ALMEIDA MAIA
O processo de aquisição da habilidade
leitora e escrita é complexo
e exige formações neurais
que desenvolvemos no decorrer
da vida, mais especificamente no
final da primeira infância, quando
a criança inicia o processo de alfabetização.
Ao contrário da oralidade
(habilidade de fala), a qual
desenvolvemos instintivamente
para nos comunicarmos, ler e escrever
precisa ser estimulado e
desenvolvido gradativamente, de
acordo com o crescimento do indivíduo
e fase em que se encontra.
Na Epistemologia Genética de Piaget, o
autor faz uma análise geral da vida e do
desenvolvimento humano, dividindo-o em
etapas. Em sua teoria propõe que se evite
excesso de estímulo quando a criança ainda
não tem amadurecimento neural suficiente
para responder positivamente.
Nesse processo fica fácil identificar as dificuldades
ou transtornos de aprendizagem,
visto que impactam nas capacidades leitoras
e de escrita. Nesses casos, algumas
pessoas, principalmente pais e professores,
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
começam a questionar a capacidade de
aprender das crianças e perguntam – Mas
será que uma criança com transtornos ou
dificuldades de aprendizagem não seja capaz
de aprender?
Para obter essa resposta é necessário compreender
a Neuroplasticidade Cerebral.
Neuroplasticidade cerebral
O cérebro humano é formado por bilhões de
neurônios, células cerebrais responsáveis
por todo o funcionamento do organismo,
nos quais também envolvem sentimentos,
emoções, pensamentos e aprendizagem.
Imaginemos então esse conjunto de células
funcionando como uma orquestra. Caso
um dos músicos apresente falhas ou não
saiba tocar seu instrumento, a melodia não
sairá como esperado. Verdade? No cérebro
acontece de forma semelhante, ou seja,
não haverá desenvolvimento das funções
cerebrais como deveriam caso alguma de
suas partes não desempenhe sua função
corretamente.
No entanto, se for ensinado a esse músico,
às técnicas de como dominar seu intrumento,
logo estará emitindo as notas músicais
esperadas e que se encaixam na melodia e
no tom da orquestra. Concorda com essa
afirmativa? Então, a Neuroplasticidade cerebral
nos permite aprender, adaptar e readaptar
em qualquer situação na qual formos
expostos, socialmente ou biologicamente.
Apesar das estruturas cerebrais das pessoas
serem semelhantes, há sutis diferenças no
funcionamento neurológico de cada uma
delas. Isso significa que, cada um irá aprender
de modo diferente as mesmas coisas.
Por exemplo, você pode aprender fazendo
uma simples leitura, enquanto seu filho
precisa assistir algo para entender melhor
o conteúdo; o marido ou a esposa, além de
assistir, necessita escrever para apreender
algo. Como se vê, a única diferença nesse
processo foi o método, mas o resultado, que
é a aprendizagem, é o mesmo.
Para concluir, a Plasticidade cerebral
garante a capacidade de aprendizagem
contínua dos seres humanos, desde a
vida intrauterina até o último dia de vida,
maspara ocorrer essa aprendizagem é
necessário estímulo e acompanhamento
sistemático, com intencionalidade,
objetivo.
Mito
Deixamos a idéia então, de que crianças que
apresentam transtornos ou dificuldades de
aprendizagem não aprendem. De fato é mito
essa afirmação, pois todos somos capazes
de aprender, desde que sejamos estimulados
do modo correto, e de acordo com nossas
habilidades de aprendizagem.
Nesse contexto, cabe ao grupo formado pela
família, escola e profissionais envolvidos no
processo, identificar a forma como a pessoa
aprende melhor, recorrendo a estímulos,
pesquisas, entrevistas, observações e
aplicação de atividades que ajudem na
promoção de autoconhecimento, e consequentemente,
construa caminhos para
o alcance do conhecimento.
Mas isso não quer dizer que, uma criança
com paralisia cerebral vai aprender a resolver
uma equação de segundo grau, porém
significa que ela pode adquirir muito mais
conhecimentos, se estimulada adequadamente,
se acompanhada por uma equipe
multidisciplinar que a direcione.
As famílias muitas vezes fragilizada pela
situação ou desinformadas do caso, tendem
a não acredita nessa possibilidade.
Devemos considerar que, quando se trata
de desenvolvimento infantil, todo pequeno
avanço é uma grande conquista que merece
ser comemorada.
Realidade
A realidade dos fatos, muitas vezes desestimula
tanto à família como ao profissional,
visto que, nenhum processo que envolve
aprendizagem e cérebro são fáceis e simples.
Porém podemos crer, na capacidade
que o sistema neuronal possui em se
renovar. Quando falamos em renovação,
nos referimos a novos modos de operar,
nos novos caminhos para a construção de
sinapses que possam se tornar duradouras,
para assim serem consideradas como
aprendizagem.
Lembre-se que, nem todas as crianças
aprendem com os mesmos métodos, no
mesmo tempo ou com a mesma intensidade,
mas todas são capazes de aprender
aquilo que lhe for passado de modo intencional
e consciente.
Conforme Piaget, toda a criança consegue,
e classifica esse processo em etapas, denominadas
- Assimilação, acomodação
e equilibração.
Na assimilação, a pessoa consegue captar
novas informações e unir com as que
já tem conhecimento.
A acomodação ocorre quando a criança
consegue concluir a junção dos novos
conhecimentos com o que já sabe.
A equilibração caracteriza-se pela
aprendizagem consolidada, ou seja, depois
que o conhecimento é acomodado,
a criança chega ao ponto de equilíbrio.
Atente que, dificuldade de aprendizagem
existe sim, embora não seja um problema
neurológico, uma doença, como é o caso
dos transtornos de aprendizagem.
As dificuldades devem ser encaradas pela
famiília como algo a ser cuidado, pois surgem
no decorrer do desenvolvimento da
criança. Ao ser tratada a causa geradorado
distúrbio, a criança volta a aprender
normalmente, por essa razão é relevante o
olhar profissional diante de qualquer suspeita
de problema para aprender.
Vale ressaltar que, mesmo que tratando-se
de problemas mais complexo, como os
SAÚDE
11
transtornos de aprendizagem por exemplo,
onde está incluso a dislexia (doença
caracterizada pelo transtorno no neurodesenvolvimento
que afeta a habilidade
de leitura, escrita, reconhecimento de
símbolos, letras , números e noções espaciais),
com as devidas adaptações,
essas crianças também, podem adquirir
conhecimentos.
Sim, essas crianças são capazes de
aprender a ler e escrever. Algumas delas
inclusive, possuem super habilidades, que
crianças não-disléxicas não apresentam.
A exemplo disso temos grandes nomes na
história mundial, como Leonardo da Vinci,
Walt Disney, Albert Einstein e outros, que
mesmo disléxicos conseguiram superar,
mostrar e deixar grandes feitos e legados
para a humanidade.
Lembre-se que, um olhar sensível dos
pais, profissionais da educação e saúde
aos aspectos individuais de cada criança,
é ponto crucial para qualquer tipo de
intervenção ou procura de intervenção, a
fim de colaborar com a aprendizagem e
aquisição de conhecimento. O ponto de
pesquisa será sempre procurar entender
por onde começar à ajudar, e o começo
será incondicionalmente a busca por conhecer,
pois conhecendo, entendemos
como prosseguir.
(*) Neuropsicopedagoga Clínica pela Faculdade
Unyleya Pedagoga pela Universidade Federal
do Ceará Fortaleza/Ce – Brasil. 2020
DA SUÍÇA PARA PORTUGAL
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(preferencialmente no PostFinance) para concretizar
o pagamento.
Boletim vermelho
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de Genebra ou Zurique)
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(fornecido pelo seu banco suíço ou Postfinance)
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Envelope
(fornecido pelo seu banco suíço ou Postfinance)
Envio por correio para o seu banco suíço
ou Postfinance
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do beneficiário realizando-se a transferência para débito em conta. Interdita
a utilização de numerários (cash).
A utilização do ST (Serviço Transferências) apesar de permitir custos reduzidos não
dispensa a consulta do preçário em santandertotta.pt, com as condições de cada
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Escritório de Representação de Genebra
Rue de Genève 134, C.P. 156 | 1226 Thônex - Genève | Tel. 022 348 47 64
Escritório de Representação de Zurique
Badenerstrasse 382, Postfach 687 | 8040 Zürich | Tel. 043 243 81 21
Baslerstrasse, 117 - 8048
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
12
CRÓNICA
Do nosso cantinho para o vosso cantão
O Missionário
ARAGONEZ MARQUES
"Nascer no Alentejo, ao pé de
uma estação de caminho de
ferro, crescer com o hábito
dos sons dos comboios, sentir
o carrossel das luzes rápidas
rompendo o silêncio das noites
quentes de verão, e ficar.
Ficar sempre, sem ir nem vir,
preso no cais de embarque, na
planície pintada de sobreiros,
sem nunca embarcar.
Ver a luz da máquina, farol minúsculo
ao longe, aumentando
cada vez mais até passar veloz,
como cometa que arrasta a cauda
luminosa e desaparece com
ela no infinito dos carris de ferro.
A passagem por ele do comboio
era sempre uma estrela
cadente.”
Fechou o caderno e pensou.
Não tinha nascido perto de qualquer
estação de comboios. No
Alentejo sim, naquela imensa
terra de horizontes que se não
atingem, por mais que se ande,
se ande e se ande...
A passagem rápida das janelas
iluminadas vira-as nalgum filme,
talvez.
Andado de comboio, uma vez,
quando foi "às sortes", inspecção
militar, com uma guia
de marcha onde o exército lhe
ofereceu um passeio de ida e
volta ao Centro de Recrutamento
Militar de Leiria, para se
despir, todo em pelota, na frente
de camuflados gigantescos
que avaliavam as capacidades
físicas para uma outra viagem,
um outro bilhete, de barco, para
outras terras e outros mares.
Mas entendia o pedaço de texto
que acabara de escrever.
Entendia essa angústia de ter
que ficar quando os empurrões
para a partida eram tantos, e
neste caso, ali, mesmo à mão,
só que distante da coragem de
enfrentar o novo.
Não tinha um espírito de aventureiro,
no sentido da adrenalina.
Tinha-o escondido na desculpa
inconsciente do auxílio do outro,
como forma de se auxiliar a si
mesmo.
De pequeno fascinava-o a revista
"Audácia", que um amigo do
pai, acabado de fazer um curso
de cristandade, desses que com
três dias mudam radicalmente
os comportamentos por serem
capazes de modificar os objectivos
de vidas sem sentido, com
afectos "de colores", lhe oferecera
com uma assinatura anual.
Era uma revista feita por missionários
para jovens.
Aquele trabalho de missão fascinava-o,
não tanto por questões
de fé, ou pelas heroicidades
dos padres Josués que
construíam igrejas no meio do
mato. Agora a construção de
hospitais sim, a multiplicação
de escolas também, as lutas
para conseguir alimentos ou
mesmo os pequenos afagos aos
negritos de enormes barrigas e
pernas franzinas, de cujos rostos
magros sobressaíam olhos
grandes... era mesmo o que o
impressionava.
Depois viver lá, calções e barba
comprida, com tarefas diárias
que tinham sempre resultados
palpáveis.
Que se viam.
Trabalhar em função dos outros.
Sem riquezas, longe de
televisões, discotecas, bancos
e repartições de finanças, apenas
ali, perdido na descoberta,
pores de sol como travesseiros,
onde encostar a cabeça
e dormir.
Casou no entanto, tirou um
curso e se ambas as coisas
não eram incompatíveis para
que tal fosse possível, já os
filhos nascidos desse casamento
passaram a ter peso
na decisão, peso porque teriam
que decidir também e
para eles, África, por toda
uma informação colonial que
lhes era distribuída por meios
de comunicação ou filmes da
moda não inocentes, era um
paraíso a desfrutar. Um paraíso
de prazer, com cocos e palhinhas,
marisco, festas e hotéis,
românticos, que madrugavam
em frutas tropicais e águas límpidas
de praias em topless com
bandeiras portuguesas ondulando
nos edifícios públicos.
A guerra, a fome, essas não
ficavam por ali, era lá para o
interior, porque o continente
africano é enorme e de uma
ponta, não se vê a desgraça
da outra.
Se a família fosse para África,
tomariam lá, certamente, rumos
diferentes.
Ficaram.
Ele no entanto com aquele sonho
reprimido, a família sem
nunca mais se lembrar de tal
coisa.
Passaram os anos.
Os filhos cresceram à velocidade
da luz.
Com os filhos criados, o casal
deixou de sentir a necessidade
de o ser.
No tempo dos seus pais, o casamento
era "até que a morte os
separasse" e quando entrava a
velhice, mais necessidade sentiam
de se protegerem uns aos
outros, dois a dois, agora que
os filhos já não estavam.
Hoje é diferente.
Os casais recusam-se a envelhecer,
descobrem no outro o
reflexo do tempo, como num espelho,
e porque a imagem lhes
é ingrata, recusam-se a olhá-la.
Separam-se.
Elas puxam em plásticas as
peles do rosto e esticam-nas,
forçando sorrisos de quem já
não consegue fechar a boca e
começam a vestir mini-saias.
Eles, calvos à frente, deixam
crescer os cabelos que sobram,
atam com elástico um
rolinho atrás, cravam um brinco
tímido e pequeno na orelha,
vestem camisas de marca, compram
óculos escuros que lhes
disfarcem os papos dos olhos,
vestem calções e bebem nas
discotecas, onde deixam à
porta, bem visíveis, os carros
desportivos.
Não se necessitam uns e outros,
no fundo temem encontrar-se
evitando um diálogo entre si,
para não terem que recordar
um passado que os envelhece.
Procuram misturar-se com gente
mais nova, e esta, sem instrução
e formação onde tenham
estado presentes os cavaleiros
andantes ou os príncipes encantados,
alinham com estas
meias-idades portadoras de
cartões de crédito.
Também neste casal tal se passou,
e a distância entre ambos
era cultivada, para resultar o
mais duradoura possível.
Apesar dos filhos terem mais de
vinte anos (hoje fazendo parte
de uma nova classe de adolescência
devido à dependência
paterna), o que lhes daria uma
proximidade vertiginosa aos
cinquenta anos, negavam-se
determinantemente a envelhecer,
e ambos queriam começar
tudo de novo. Como se tivessem
vivido e terminado uma vida já,
e houvesse tempo de viver uma
segunda. Tudo de novo, a adolescência,
as roupas, a música,
até novos namorados, porque
não?
Separam-se.
Os filhos, rodados nestas experiências
pelas experiências
múltiplas da maior parte dos
seus colegas, aceitaram bem.
Para eles até foi melhor.
Mais liberdade, se não deixava
o pai, autorizava a mãe.
Dinheiro tinham sempre, pois
os pais disputavam-se para ver
quem dava mais, a custo sei lá
de quê, trocando moedas em
tentativas de substituir o amor
que sabiam não dar conscientemente.
Tinham até duas casas,
duas portas sempre abertas em
dois lugares distintos da cidade,
e com essas duas portas abriram-se
dezenas de mais. Durmo
em casa do pai. Durmo em casa
da mãe.
Depois por telefone:
- Dormiram aí em casa?
- Não, eu pensei que estivessem
contigo.
Tinham dormido por aí.
A separação dos pais tinha sido
para eles uma liberdade precoce,
uma autonomia para que não
tinham sido preparados.
Custava-lhes às vezes encontrar
os namorados dos pais nas
suas casas. Por mais que estes
se esforçassem, nos jantares
ou no cinema, não conseguiam
nunca substituir a mãe se fosse
a namorada do pai ou o pai se
fosse o namorado da mãe.
Tinham até manifestações de
ciúmes que traduziam em co-
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
CRÓNICA
13
municações ao outro lado.
Como a mãe ficava furiosa
quando lhe diziam que no dia
anterior ao jantar a namorada
do pai estava lá...
Como o pai ficava furioso
quando lhe diziam que no dia
anterior, depois de jantar, o namorado
da mãe os foi levar à
discoteca e passou a buscá-los
às seis horas da manhã…
Os filhos gostavam de ver os
pais reagirem como crianças:
- Ele levou-os a ver o Benfica?
Vocês sabem que ao Estádio
da Luz só vão comigo. Sempre
foram só comigo. Esse “gajo”
é tanto do Benfica como eu do
Clube de Freixo-de-Espada-à-
-Cinta. E ela foi? Comigo nunca
queria ir.
- Ela é que vos cortou o cabelo?
Quem autorizou? Olhem para a
tua cabeça, estás horrível, deve
ter aprendido na espelunca da
cabeleireira onde costuma ir.
O teu pai varreu os cabelos do
chão? Comigo nunca pegou
numa vassoura…
Haveria neste ciúme alguma
réstia de amor?
E foi num desses dias em que
a autoridade estava diminuída,
que algo muito grave aconteceu.
- São duas da manhã, devem
estar com a mãe.
- São quatro da manhã, devem
estar com o pai.
Ambos pensaram que deveriam
telefonar um ao outro, mas não,
pensaria o outro que se estava
dando parte fraca, depois da
última discussão em que, entre
gritos, insultos e ameaças, se
afirmou que nada mais havia
para dizer, tendo-se a partir
daí transformado os filhos em
mensageiros?
- Deviam lá estar certamente
– pensaram ambos acerca da
casa um do outro.
Dormiram.
A única coisa comum que tiveram
nessa noite em cada uma
das suas casas foi, sem o saberem,
terem visto o mesmo filme
na televisão, e o ciúme de que
os filhos tivessem preferido dormir
na casa do outro.
O relógio avançava, dia dentro,
e a manhã de domingo surgiu,
ao mesmo tempo que o telefone
tocou em casa dele.
Ouviu-o tocar lá ao longe, como
a manhã, depois olhou o relógio
de cabeceira e ergueu-se de um
salto, era mesmo o telefone.
- Diga?
- Estou a falar com o Senhor
Raul dos Santos Costa Brás?
Aquele seu nome completo dito
assim do outro lado por voz desconhecida,
deixou-o intranquilo.
Houve um acidente. Falo do
hospital. Deveria vir…
- A minha mulher?
- Não…
Deixou cair o auscultador, enfiou
as calças, a camisa, desceu
a escadaria do prédio, meteu-
-se no carro e partiu como um
sonâmbulo.
A mulher já estava no átrio do
hospital, quando o viu chegar,
correu para ele e embrulhou-se
em pranto e dor.
Foi a primeira vez que sentiram
a nítida necessidade de se abraçarem.
Viram-se pela última vez no
funeral.
Dela, ninguém mais ouviu falar.
Ele é hoje um missionário triste e
barbudo, amando cada criança
de Timor, com a dor de ver em
cada um deles, os filhos que
ajudou a vida a roubar.
Há gentes que deveriam seguir
logo os seus destinos, para que
os seus caminhos não tivessem
que ser livros com folhas
arrancadas a meio. Livros com
capítulos em branco, só com
dor e vazio.
Só que, no fundo, é isto que nos
define como seres humanos,
cabe aos deuses determinar
os carris.
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
14
COMUNIDADE
“Bifes à Romaria“ no CLZ
JORGE MACIEIRA
Os “Bifes à Romaria” teve a segunda edição
no passado dia 5 de Setembro, à noite, já
nas novas instalações do CLZ.
A primeira edição teve lugar em Dietikon
em 2018, evento também organizado pelo
Centro Lusitano de Zurique.
Os “Bifes à Romaria e dos Melões” é uma
tradição da freguesia de Taíde - Póvoa de
Lanhoso. Trata-se de uma Romaria em honra
de Nossa Senhora de Porto d´Ave que consiste
comer bifes de cebolada e melões,
que devido à situação actual do Covid-19,
a romaria não se realizou em Taíde, mas sim
no Centro Lusitano de Zurique, que recriou
a tradição dos “Bifes à Romaria”.
O evento foi um autêntico sucesso. Contou
com cerca de cem pessoas que puderam
manter uma tradição antiga e típica do Minho.
Muitos tiveram a oportunidade de pela
primeira vez apreciarem a especialidade dos
“Bifes à Romaria”.
Este ano a Romaria, que é uma das maiores
romarias da região Minho, como já referido
não se realizou em Taíde, por isso o Centro
Lusitano de Zurique decidiu trazer a tradição
da romaria para a casa mais portuguesa de
Zurique, como já fez em 2018.
A Romaria de N.ª Sra. de Porto d’Ave é uma
das maiores e mais típicas romarias do Minho.
Referem que as origens da romaria
sejam contemporâneas à edificação do
Santuário, mas o registo mais antigo que é
conhecido é de 1835 num Livro de Contas da
Romaria exposto no Museu de Arte Sacra.
G
https://www.facebook.com/transportes.fernandes
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
RECANTOS HELVÉTICOS
15
Cabana de “Tierewis“
MARIA DOS SANTOS
Falar da Cabana de Tierewis a 2.084 metros
de altitude, é falar também do “Säntis“ a
2.502 metros de altura, ou “Rotsteipass" e
toda a zona de Alpstein.
Um quadro, onde o silêncio e a beleza dos
Alpes tem o poder de nos mostrar o que
é, o amor angelical pela natureza. Ela que
serve tantas vezes de refúgio, fornece-nos
o oxigénio puro de que tanto precisamos,
justo agora que nos debatemos estupidamente
contra uma doença e algo invisível,
mas presente.
Para quem gosta de ficar por terras helvéticas
e quer passar as suas férias, num
ambiente de cura física e espiritual, nada
melhor que longas caminhadas e maravilhosas
descobertas.
Hoje convido-vos a descobrir esta cabana
que veem na fotografia. A cabana
„Tierewis“. Acolhedora, gente simpática,
protegida do COVID e que nos oferece
uma paisagem entre o mundo animal e
uma natureza selvagem. Ao final da tarde
e de manhã bem cedo, lá temos os Ibex a
desejar-nos um triunfante dia.
O parque de estacionamento de Wildhaus,
custa apenas cinco francos. Os painéis
indicam o caminho, sem possibilidade de
enganos.
A altitude é bastante elevada mas acessível
a qualquer um.
Quando o entardecer chega, deixem-se
encantar pelas longínquas luzes das cidades,
vilas e aldeias das províncias Ai /Ar/
SG. Parecem pequenas pistas de aterragem,
onde todos um dia gostaríamos de
chegar com destino ao paraíso.
Uma vez em “Tierewis“, onde podemos
pernoitar, degustar a cozinha helvética,
podem e deve combinar este passeio com
a ida a Säntis.
Para lá chegar devem estar bem equipados,
com botas, bastões e ausente de vertigens.
O Lisengrad é sumptuoso e altivo. Cores
vivas e atrativas, precioso e perfeito aos
nossos olhos.
Uma vez no pico do famoso Säntis, temos
uma paisagem, que faz as delícias dos turistas.
São 380 graus onde o nosso olhar
se perde.
O pôr do sol é o cartão postal procurado
por todos. Um pássaro que passa, uma
nuvem que marca presença e enfeita o céu,
um sorriso doce e ternurento que chega do
nada. Um sonho que vem á memória, uma
imagem que não queremos esquecer e o
desejo de deixar a alma voar. É o rei astro
a despedir-se com todos os sonhos dentro
dele. Descobrimos cores deslumbrantes,
as estrelas que brilham, o sono que chega
nostálgico e sem avisar, só por estes motivos
merece a pena viver estas emoções.
Mas deixem-me dizer-vos, para mim o mais
significativo, romântico e marcante é aquele
vivido com quem amamos, ao pé do meu
monumento favorito: A Torre de Belém,
em Lisboa.
Se me disserem que as férias na Suíça
são caras, digo-vos que não. Se merece a
pena conhecer este cantinho do mundo,
digo sim. Utilizem as ferramentas virtuais
e vejam os preços e locais de sonho a preços
acessíveis para todos. Há sempre uma
montanha, um pôr ou nascer do sol que
espera para ser visto.
Hoje permito-me terminar com um pensamento
que faz todo o sentido de Arthur
Schopenhauer: “A tarde é a velhice do dia.
Cada dia é uma pequena vida e cada pôr
do sol uma pequena morte.“
Vamos refletir e pensar em construir um
mundo melhor. Será bom começarmos a
perguntar-nos: Quem seremos quando tudo
isto acabar?.
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
16
DESPORTO
“O nosso clube tem sempre esta obrigação
de regressar à primeira divisão”
João Carlos Pereira, de 55 anos,
natural de São Pedro de Moel,
Marinha Grande, distrito de Leiria,
iniciou-se no futebol no Marinhense
e depois de dez anos, regressou
para terminar a carreira,
onde se tornou técnico da equipa
principal, onde hoje tem uma longa
experiência por todo o mundo.
O técnico assumiu agora o Grasshoppers,
na sua segunda passagem
por terras helvéticas, com o
objectivo de devolver ao clube o
lugar na primeira liga Suíça.
JORGE MACIEIRA
Lusitano Zurique – Como se iniciou no
mundo do futebol?
João Pereira - Comecei a jogar na escola
primaria com os meus colegas. O meu pai
gastava de futebol e já ele e o meu avô tinham
jogado. No ciclo olharam para mim e
foi para o Marinhense onde fiz toda a minha
formação até chegar a equipa sénior com
17 anos. Fiz um ano na segunda B, onde foi
contratado pela Académica, e fiz um percurso
de jogador profissional curto, pois aos
25 anos tive uma lesão, com a qual dei conta
que já não iria chegar ao ponto que queria
e continuei a jogar mas como amador.
Voltei a estudar e continuei a jogar com
muitas dores, acabei o meu curso de relações
empresariais aos 33 anos, e pensava
que iria seguir trabalho nessa área. Mas na
altura o treinador do Marinhense convidou-
-me a ser coordenar da formação, passado
um mês ele adoeceu e a direção juntamente
com ele me convidam para assumir o
lugar durante um tempo onde acabei por
ficar e onde ainda hoje estou sentado no
banco como treinador.
L.Z. - Estreou-se na 1ª Liga portuguesa
com a camisola do Académica,
logo frente ao Benfica. Qual foi
o ponto mais alto como jogador?
J.P. - Sim foi um ponto mais alto ao estrear-me
pela Académica na primeira Liga portuguesa
L.Z. - Foi jogador e duas vezes treinador
da Académica em alturas diferentes, foi
um clube que o marcou?
J.P. - A Académica teve uma influência
muito grande em mim, pois da zona que eu
venho é uma zona muito fechada. Quando
tive a oportunidade de ir para a Académica,
apesar de muitos convites, o que me
fez ir foi a cultura que ainda hoje tentam
mantem, a relação entre futebol e a escola,
pois sempre gostei de estudar e aprender
cada vez mais e quando lá cheguei vi que
era um clube diferente com enquadramento
socialmente bastante grande onde promovem
a formação académica.
L.Z. - Como surgiu a oportunidade de
ser coordenador geral no Aspire Qatar?
J.P. - Tive um trajecto de treinador até a
primeira liga portuguesa, e dei por mim
que não era fácil e ainda era muito jovem,
e na minha opinião é cada vez melhor se o
treinador tiver várias experiências para aumentar
conhecimentos. Ao chegar ao determinado
nível é mais difícil e surgiu oportunidade
de sair para fora e experimentar
outras culturas e outras ligas como a liga
do Koweit, Chipre, Suíça e depois o convite
do projecto do Qatar que procuravam
um treinador do meu perfil para desenvolver
os jogadores para estarem preparados
para o Mundial de 2022, onde ainda hoje
poderia estar, mas o projecto ficou sem
ter muito sentido pois nem todos os jogadores
com quem tínhamos trabalhado
iriam estar presentes no mundial de 2020.
Também começou a faltar aquela competitividade
diária de um clube no campeonato
e taças.
L.Z. - Mas esta é a sua segunda passagem
na Suíça, depois de em 2011/2012
estar ao serviço do Servette, como correu
essa sua primeira passagem na Suíça?
J.P. - Nunca chegou a ser bom. Logo
quando cheguei no primeiro mês começou
a faltar o ordenado, até chegou a serem
4 ou 5 meses de atraso, não foi fácil para
mim e muito menos para os jogadores.
A nível de resultados foi bom trabalho,
a equipa estava um lugar acima da linha
de água e saímos a lutar pela liga europa,
e quando foi dispensado pelo novo
dono do clube que teve controlar as dívidas
do clube e prescindiu dos meus
serviços pois já só tinha mais 1 mês de
contrato e tinha 1 ano de contrato com
a equipa técnica que tinha substituído.
As dificuldades financeiras complicaram
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
DESPORTO/SAÚDE
17
bastante o nosso trabalho no Servette
onde faltou vários apoios em tudo, até em
material.
L.Z. - Como estão a correr as coisas no
GCZ?
J.P. - Com dificuldades normais do inicio
de cada projecto. Um clube com novo
dono, um clube que toda a gente sabe que
é enorme, não esta a ser tão fácil como
esperamos onde temos que completar o
plantel em algumas posições, o campeonato
acabou e logo começou passado 10
dias com o covid-19 e selecções complicou
bastante o nosso trabalho onde tivemos
que recorrer às equipas sub-21 para
completar a equipa nos treinos. Só agora,
nesta semana a meio de Setembro, temos
o plantel em condições de preparar para o
campeonato.
L.Z. - O GCZ é então uma equipa topo
na Suíça, com 28 Ligas e 19 Taças Suíças.
Será capaz de, já esta época, voltar
à Super League Suíça?
J.P. - Sim nós sabemos que não vamos
competir sozinhos, e que há equipas muitos
boas que vão lutar connosco pela
subida, como por exemplo o Winterthur
que ficou em quinto lugar, tem um trabalho
de continuidade da época passada,
e ainda as equipas que desceram.
Mas o nosso clube tem sempre esta obrigação
de assumir a candidatura de subida
de campeão e regressar a primeira divisão.
L.Z. - A equipa principal do GCZ treina
todos os dias? Quantos treinos?
J.P. - Sim estamos a treinar actualmente
diariamente, muitas vezes duas vezes ao
dia, mas depende sempre dos micro-ciclos
e da agenda dos jogos do clube. Estamos
a tentar preparar o próximo jogo e preparar
a equipa para o resto do campeonato com
a nossa ideia de jogo, organização tática e
de jogo para a nossa equipa
L.Z. - Estreou-se oficialmente no jogo a
contar para a taça contra o Stade-Lausanne
com uma victòria a 2 bolas a 1,
era a estreia que esperava?
J.P. - Foi um jogo difícil, onde entramos
com uma equipa com a media de idades
inferior 21 anos, só um dos reforços é que
podia jogar, não jogamos com a qualidade
que queríamos, mas é normal quando
não se trabalha com a equipa toda.
Mas estamos de parabéns pela conquista
da vitória num campo muito difícil, contra
uma equipa do nosso escalão, os nossos
jovens jogadores demonstraram que estão
prontos para nos ajudar quando for preciso.
L.Z. - Desde da sua chegada, foram
contratados vários jogadores portugueses,
por sua indicação ao clube?
J.P. - Maior parte dos jogadores foi
me proposto, quando cheguei ao clube
tentei me informar quais os recursos
do clube e ver o projecto do clube e
da formação e qual o projecto de futuro.
Fomos formando a equipa com o nosso
departamento desportivo, tem vindo jogadores
português mas foram nos proposto
pela direcção.
L.Z. - O que tem sido mais difícil apesar
de estar habituado a ser emigrante?
J.P. - Tenho uma coisa boa, já tenho uns
anos disto e que se adapta ao mundo árabe
rapidamente se adapta a sociedade
Suíça com bastante organização, como
trouxe a família tornar-se ainda mais fácil,
nestes primeiros tempos entro as 7 horas
da manhã e saio às 20 horas e a concentração
neste momento está unicamente e
exclusivamente neste trabalho.
L.Z. - Tem visto o tamanho da comunidade
portuguesa aqui na Suíça?
J.P. - Espero que sim, o que une as
pessoas à volta do clube é a história
e cultura do clube, e se a minha vinda
fizer a comunidade portuguesa se
aproximar ao clube será melhor ainda.
Infelizmente estamos em uma altura difícil,
que temos o numero de adeptos limitado,
e quando mais rapidamente podermos ter
adeptos no estádio será melhor para equipa.
L.Z. - Mesmo a distância vai acompanhando
o futebol português?
J.P. - Sempre acompanhei a nossa liga
portuguesa mesmo quando estava no Qatar,
as transferências e os jogos do fim-de-
-semana. Acho que os treinadores devem
estar sempre informados sobre várias ligas.
Consoante passamos nas equipas fazemos
sempre amizades com os clubes e
com jogadores que continuamos a acompanhar
durante a sua carreira.
L.Z. - Para terminar a entrevista, qual a
mensagem que deixa aos nossos leitores?
J.P. - A mensagem que gostava de deixar
é que a massa de leitores da revista viesse
aproximar-se ao clube e nos apoiar para
conseguir este objectivo da subida na nossa
casa.
Envelhecer com saúde!
EVITAR O DECLÍNIO
COGNITIVO
NELSON S. LIMA (*)
Com o avançar do
tempo, o envelhecimento
torna-se
inevitável. O cérebro
também não escapa
a esta regra da vida.
Para atrasar o envelhecimento
do cérebro, sabemos
actualmente que há
algumas condições básicas
que podem fazer toda
a diferença.
Veja a lista de algumas
acções que podem ajudar
e que são sugeridos
pelos mais conceituados
centros de pesquisa do
cérebro.
- Não fume.- Mantenha
um peso saudável.- Faça
bastante exercício.- Alimente-se
com comida
saudável.- Durma bem.-
Controle problemas de
saúde, incluindo diabetes,
pressão alta e colesterol
alto.- Mantenha-se mentalmente
alerta aprendendo
novos hobbies, lendo
ou resolvendo palavras
cruzadas.- Sociabilize-
-se (evite o isolamento
social).- Participe em
actividades comunitárias,
igreja ou grupos de
apoio.- Se o seu médico
recomendar, tome aspirina
(pode ser uma aliada
muito importante da
irrigação sanguínea que
leva nutrientes a todas as
células do cérebro, não
apenas os neurónios).
Acções aparentemente
simples, nem sempre
são fáceis de aplicar. Se
necessário, consulte um
médico especialista em
envelhecimento (Geriatria
e Gerontologia).
ILUSTRAÇÃO: Lado esquerdo aspecto normal de um
cérebro envelhecido (visão parcial).
Lado direito aspecto de um cérebro com Alzheimer (visão
parcial).
OBSERVE a diferença de volume.
(*) https://www.facebook.com/nelson.s.lima
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
18
ACTUALIDADE
Suíça rejeitou restrições à
imigração proposta pelos
conservadores
MANUEL ARAÚJO (*)
As projecções indicam que a restrição
à entrada de cidadãos da
União Europeia na Suíça, proposta
pelo Partido do Povo Suíço
(SVP) que pedia uma rescisão do
acordo com objectivo de diminuir
a imigração para a Suíça foi rejeitada
pela maioria.
Esta iniciativa popular que pretendia pôr
fim à livre circulação de pessoas com a
União Europeia (UE), à qual o Governo suíço
manifestou oposição, deveria ter sido
votada em Maio, mas o referendo teve de
ser anulado devido à pandemia provocada
pelo novo coronavírus.
AF E C H A R…
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
Segundo avançam as agências de notícias
Swissinfo, AP e AFP, as primeiras
projecções do instituto de sondagens gfs-
-Bern, baseadas numa contagem parcial
dos votos, sugerem que a maioria dos suíços
votou contra a iniciativa popular dos
nacionalistas que sugeria uma restrição
ao número de cidadãos europeus com
permissão para trabalhar e viver no país.
O acordo firmado com a União Europeia
para regular a livre-circulação de trabalhadores,
foi uma da grandes contribuições
e uma conquista deixada pelo conselheiro
das Comunidades Manuel Beja já
falecido. Este acordo está em vigor desde
2002.
Assim, tudo continuará igual, permitindo o
actual acordo, a livre circulação de ambos
os lados, o livre acesso aos mercados de
trabalho e o direito de escolher o local de
residência. A livre-circulação continua.
Outro projecto que foi a escrutínio foi o
da aquisição de novos caças para a Força
Aérea suíça, que o Parlamento e o governo
querem renovar. O custo para a compra
das aeronaves seria de cerca de seis
biliões de dólares. Sobre o resultado desta
votação, à hora do fecho desta edição,
as projecções ainda não apontam um resultado
claro.
Foi ainda a votação um projecto-de-lei
prevê a introdução de uma licença-paternidade
com duas semanas de duração.
Neste caso as contagens preliminares
indicam que 60% dos eleitores disseram
“sim” à licença do trabalho, que pode ser
pedida no prazo de seis meses após o
nascimento da criança.
Além da iniciativa de limitação à imigração,
da aquisição de novos caças para a
Força Aérea e da licença-paternidade, os
suíços votaram ainda sobre dois outros
temas: alteração à lei sobre a caça e o aumento
das deduções infantis nos Impostos
Federais Directos, sendo o resultado
ainda desconhecido.
(*) com agências
RESULTADOS finais: Livre Circulação - rejeitada - Aviões - aprovada - Lei da caça - rejeitada - Licença de paternidade - aprovada
COMUNIDADE
19
ique
n
l
e
Saúde
l
biz
50185974
000001
Integras –
Sessões informativas
para imigrantes
Escolha de profissão, procura de postos
de aprendizagem, sistema de ensino
Kanton Zürich
Bildungsdirektion
Amt für Jugend und Berufsberatung
Fachbereich Berufsberatung
Dörflistrasse 120
8090 Zürich
www.berufsberatung.zh.ch
www.berufsberatung.ch
Os seus Centros de Informação
Profissional (biz) no Cantão de Zurique
biz Horgen
Região Horgen
Lindenstrasse 4
8810 Horgen
Tel. 043 259 92 60
biz.horgen@ajb.zh.ch
www.bizhorgen.zh.ch
biz Kloten
Região Bülach
Hamelirainstrasse 4
8302 Kloten
Tel. 043 259 82 00
biz.kloten@ajb.zh.ch
www.bizkloten.zh.ch
biz Meilen
Região Meilen
Obere Kirchgasse 18
8706 Meilen
Tel. 043 258 49 49
biz.meilen@ajb.zh.ch
www.bizmeilen.zh.ch
biz Urdorf
Regiões Affoltern
e Dietikon
In der Luberzen 42
8902 Urdorf
Tel. 043 259 91 80
biz.urdorf@ajb.zh.ch
www.bizurdorf.zh.ch
biz Uster
Regiões Hinwil, Pfäffikon
e Uster
Brunnenstrasse 1
8610 Uster
Tel. 043 258 49 00
biz.uster@ajb.zh.ch
www.bizuster.zh.ch
biz Winterthur
Regiões Andelfingen
e Winterthur
Zürcherstrasse 12
8400 Winterthur
Tel. 043 259 82 82
biz.winterthur@ajb.zh.ch
www.bizwinterthur.zh.ch
biz Oerlikon
Região Dielsdorf:
– Orientação profissional
e de carreira
Para todas as regiões:
– Orientação de cursos e
carreira
– Orientação de cursos Saúde
– Orientação de cursos
Desporto
– Formação profissional
para adultos
Dörflistrasse 120
8050 Zürich
Tel. 043 259 97 00
biz.oerlikon@ajb.zh.ch
www.bizoerlikon.zh.ch
www.stadt-zuerich.ch/lbz
Laufbahnzentrum (LBZ)
Stadt Zürich
Konradstrasse 58
8005 Zürich
Tel. 044 412 78 78
laufbahnzentrum@zuerich.ch
06/2020
Portugiesisch | Português
biz
Anmeldung | Registration
Integras 2020/2021
06/2020
Conteúdo
Grupo alvo
Objectivos
Integras Sessões
informativas
Para pais e jovens oriundos da imigração
– Os pais oriundos da imigração são informados acerca do sistema
de ensino suíço, escolha da profissão e aconselhamento
profissional, na sua própria língua (com mediadores culturais).
– Alunos do respetivo grupo linguístico partilham as suas experiências
sobre a escolha da profissão e procura de postos de
aprendizagem.
– Pais de jovens em idade de escolha de profissão
(1.º–3.º ano do ensino secundário)
– Jovens que frequentam o ensino secundário
– Outros membros da família e interessados
– Os jovens e os seus pais ficam a conhecer o roteiro da escolha
de profissão, o sistema de ensino suíço e a importância da
formação profissional básica (estágio com ou sem ensino médio
profissional BM).
– Os pais tomam conhecimento das ofertas do Centro de Informação
Profissional (biz) e ficam a saber onde podem encontrar
apoio, caso seja necessário.
Registo Através do formulário de inscrição ou em
www.berufsberatung.zh.ch/integras
A participação é gratuita.
biz
Anmeldung | Registration
Arabisch
☐ 31 اكتوبر biz Winterthur 14:00 ،2020
اللغة العربية English ☐ 13 January 2021, 18.30, biz Oerlikon
Español
Integras
☐ 28 de noviembre
2020/2021
2020, 10:00 horas, en biz Urdorf
Italiano ☐ 28 novembre 2020, ore 09.30, biz Uster
Português ☐ 31 de outubro de 2020, 10:00 horas, biz Winterthur
☐ 28 de novembro de 2020, 14:00 horas, biz Urdorf
Srpski bitte ☐ 27. ankreuzen januar 2021, | please 18.30 mark časova, with biz Oerlikon a cross
Arabisch
English
Español
Italiano
Português
Srpski
اللغة العربية ☐ 31 اكتوبر biz Winterthur 14:00 ،2020
☐ 13 January 2021, 18.30, biz Oerlikon
☐ 28 de noviembre 2020, 10:00 horas, en biz Urdorf
☐ 28 novembre 2020, ore 09.30, biz Uster
☐ 31 de outubro de 2020, 10:00 horas, biz Winterthur
☐ 28 de novembro de 2020, 14:00 horas, biz Urdorf
☐ 27. januar 2021, 18.30 časova, biz Oerlikon
Name | Last Name
Vorname | First Name
Geschlecht | Gender ☐ männlich | male ☐ weiblich | female
Adresse | Address
Name | Last Name
Tel. | Phone | Mobile
Vorname | First Name
@
bitte ankreuzen | please mark with a cross
Geschlecht | Gender ☐ männlich | male ☐ weiblich | female
50185974
000001
Anzahl Teilnehmende | Number of Participants
Adresse | Address
Integras Sessões em português no ano letivo de
2020/2021
Sábado, 31 de outubro de 2020, 10:00–12.00 horas,
no biz Winterthur
Sábado, 28 de novembro de 2020, 14:00–16.00 horas,
no biz Urdorf
@
Tel. | Phone | Mobile
Kanton Zürich
Bildungsdirektion
Amt für Jugend und Berufsberatung
Fachbereich Berufsberatung
Anzahl Teilnehmende | Number of Participants Dörflistrasse 120
8090 Zürich
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
20
AGENDA
MAPS 341 (Oktober 2020)
04.10.2020 (Sonntag)
Performance de dança
A dançarina e coreógrafa francesa Betty
Tchomanga apresenta seu projeto solo
„Mascarades“ no „Theaterhaus Gessnerallee“.
Ela cria uma dança de saltos poderosos
e elegantes. 18:00-18:45. O escritório
da MAPS sorteia 2×2 entradas grátis. Basta
ligar para: 044 415 65 89 ou escrever um
e-mail: maps@aoz.ch.
Gessnerallee Zürich. Gessnerallee 8.
Tram 3/14 oder Bus 31 bis „Sihlpost“.
http://www.gessnerallee.ch
http://www.gessnerallee.ch/de/event/189/
Betty_Tchomanga_MASCARADES
05.10.2020 (Montag)
Exposição sobre o tema mudanças
climáticas (até 18.10.)
A coleção de cactos e outras suculentas
de Zurique é uma das maiores do mundo.
Numa exposição da «Sukkulentensammlung»
você poderá saber mais sobre
as alterações climáticas no reino vegetal.
Seg-dom 12:00-16:30. Entrada livre.
Sukkulentensammlung. Mythenquai 88.
Bus 161/165 bis „Sukkulentensammlung“.
http://www.stadt-zuerich.ch/sukkulenten
http://www.stadt-zuerich.ch/ted/de/index/
gsz/natur-erleben/sukkulenten-sammlung-
-zuerich/Veranstaltungen.html
06.10.2020 (Dienstag)
Ler juntos
Você gosta de ler histórias e poemas? A
„Pestalozzi Bibliothek Zürich“ convida todos
os interessados a lerem juntos às terças-feiras.
Você pode fazer perguntas e
discutir as narrativas. 11:15-12:45. Participação
gratuita, contribuição espontânea.
PBZ Oerlikon. Hofwiesenstr. 379.
Tram 10/11 oder Bus 61/62 oder S-Bahn bis
„Bahnhof Oerlikon“.
http://www.pbz.ch/angebot/events/miteinander-lesen-shared-reading90/
07.10.2020 (Mittwoch)
Exposição de futebol feminino
A primeira liga de futebol feminino foi fundada
há 50 anos. Desde então, o interesse
pelo futebol feminino na Suíça aumentou
fortemente. No «FCZ Museum» você pode
ver vídeos e fotos sobre o desenvolvimento
histórico do «FCZ Frauen» e do futebol
feminino na Suíça. Qua 12:00-18:30. Sáb
10:00-17:00. Entrada livre.
FCZ-Museum. Werdstr. 21.
Tram 2/3/8/9/14 bis „Stauffacher“ oder S4/
S10 bis „Zürich Selnau“.
http://www.fcz.ch
http://www.fcz.ch/de/ueber-uns/
news/2020/sonderausstellung-50-jahre-
-frauenfussball-in-ch/
08.10.2020 (Donnerstag)
Noite de cinema
Hoje você pode ver o filme «La Haine» de
Mathieu Kassovitz no «Völkerkundemuseum».
O filme conta a vida de três jovens
na França e seu mundo de violência, drogas
e problemas com a polícia. Em francês com
legendas em alemão. 19:00. Inscrições em
musethno@vmz.uzh.ch ou 044 643 90 11.
Entrada livre.
Völkerkundemuseum. Pelikanstr. 40.
Tram 2/9 bis „Sihlstrasse“.
http://www.musethno.uzh.ch
http://www.agenda.uzh.ch/record.php?id=46339&group=24
09.10.2020 (Freitag)
Exposição de árvores na cidade
Descubra mais sobre as especificidades e
significados de dez árvores urbanas típicas.
A exposição mostra o futuro das árvores
urbanas e com elas a nossa qualidade
de vida na cidade. 17:30-19:00. Inscrições
em www.stadt-zuerich.ch/stadtgaertnerei.
Entrada livre.
Stadtgärtnerei, Zentrum für Pflanzen und
Bildung. Sackzelg 27.
Tram 3 oder Bus 33/83/89 bis „Hubertus“.
http://www.stadt-zuerich.ch/gsz
http://www.stadt-zuerich.ch/ted/de/index/
gsz/aktuell/gruenagenda/2020/september-
-dezember/201009-1115-fuehrungen-ausstellung-baeume.html
10.10.2020 (Samstag)
Caminhada „Züri z‘Fuess“
Cerca de 24 passeios o convidam a conhecer
a cidade de Zurique. Há informações
de áudio com histórias sobre a cidade em
sete passeios. Os planos e histórias podem
ser baixados gratuitamente em www.stadt-zuerich.ch.
Em alemão e parcialmente em
inglês.
http://www.stadt-zuerich.ch/ted/de/index/
stadtverkehr2025/routen.html
11.10.2020 (Sonntag)
Concerto
Os alunos da «PreCollege Orchestra» da
Escola Superior de Belas Artes de Zurique
(«ZHdK») tocam hoje peças de Max Bruch e
Antonín Dvořák. Aproveite este concerto de
jovens talentos. 17:00-18:30. Entrada livre.
Toni-Areal, Konzertsaal 3, Ebene 7. Pfingstweidstr.
96.
Tram 4 bis „Toni-Areal“ oder Tram 6/8 bis
„Fischerweg“.
http://www.zhdk.ch/veranstaltung/42616
12.10.2020 (Montag)
Tingimento de camisetas (até 16.10.)
Jovens adultos de até 25 anos podem tingir,
costurar e imprimir em camisetas, tecidos
e bolsas. A semana inteira é gratuita, incluindo
despesas de material, alimentação
e transporte. 14:00-17:00. Inscrições até
10.10. em victoria.siegl@srk-zuerich.ch, 044
360 28 28 ou por WhatsApp 079 825 09 11.
Atelierhaus Zürich. Plattenstr. 77.
Tram 3 bis „Hottingerplatz“.
http://www.srk-zuerich.ch/kreativwerkstatt
13.10.2020 (Dienstag)
Fazer música juntos
Músicos se encontram no «Oerliker Jam» e
cantam ou tocam músicas juntos. Venha e
traga suas músicas favoritas. Para iniciantes
e avançados. 19:30-21:00. Inscrições
em hersche@galotti.ch. Participação gratuita.
GZ Oerlikon. Gubelstr.10.
Tram 10/14 bis «Salersteig».
http://gz-zh.ch/gz-oerlikon/
14.10.2020 (Mittwoch)
Exposição sobre paisagens
Na «Kunsthaus» você pode ver várias pinturas
com paisagens da Holanda, Itália ou
França. Ter/sex-dom 10:00-18:00. Qua/qui
10:00-20:00. Entrada gratuita às quartas-
-feiras e com KulturLegi sempre gratuita
(em vez de CHF 16.-).
Kunsthaus Zürich. Rämistr. 45.
Tram 3/5/9 oder Bus 31 bis „Kunsthaus“.
http://www.kunsthaus.ch
http://www.kunsthaus.ch/besuch-planen/
ausstellungen/landschaften/
15.10.2020 (Donnerstag)
Conversa sobre o tema viver em
cooperativas
Como vivemos? Como podemos viver juntos
e solidários? Especialistas falam sobre
projetos habitacionais atuais e comunidades
solidárias. 18:30. Inscrições em www.
karldergrosse.ch. Entrada gratuita, contribuição
espontânea.
Karl der Grosse. Kirchgasse 14.
Tram 4/15 bis „Helmhaus“.
http://www.karldergrosse.ch
http://www.karldergrosse.ch/veranstaltungen/veranstaltung/solidarisch-wohnen/
16.10.2020 (Freitag)
Concerto de música popular
Com acordeão, violino e três clarinetes a
banda „Zugluft“ toca uma mistura de „klezmer“,
jazz, rock e tango, que resulta numa
alegre música popular. 20:00. O escritório
da MAPS oferece 3×2 bilhetes. Basta ligar
044 415 65 89 ou enviar um mail para:
maps@aoz.ch.
GZ Buchegg. Bucheggstr. 93.
Tram 11/15 oder Bus 32/72 bis „Bucheggplatz“.
http://www.folkclub.ch/zugluft/
Festival de Cinema Etnográfico (até
18.10.)
Começa hoje o 14º «Regard Bleu Film Festival»
etnográfico. Estudantes universitários
apresentam os filmes que eles próprios
fizeram e disponibilizam uma plataforma
para debates. A inauguração do festival
arranca hoje com um discurso de boas-
-vindas e duas curtas-metragens. 18:00.
Programa completo em www.regardbleu.
ch. Participação gratuita com N/F-Ausweis,
senão CHF 5.-.
Völkerkundemuseum. Pelikanstr. 40.
Tram 2/9 oder Bus 66 bis „Sihlstrasse“.
http://www.musethno.uzh.ch/en/veranstal-
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
AGENDA
21
tungen/Regardbleu.html
17.10.2020 (Samstag)
Concertos de jazz (até
20.10.)
Desfrute de um serão de música
jazz no „Mehrspur“. Alunos de
jazz de diversas escolas superiores
mostram as suas capacidades
ao longo de várias noites.
20:00. Entrada livre.
Musikklub Mehrspur. Förrlibuckstr.
109.
Tram 4 bis „Toni-Areal“ oder
Tram 6/8 bis „Fischerweg“.
http://www.mehrspur.ch/veranstaltungen
18.10.2020 (Sonntag)
19.10.2020 (Montag)
Sala de diversão para
crianças
Este é o local ideal quando lá
fora o tempo está frio e chuvoso.
As crianças podem fazer
construções, escorregar, escalar
e brincar. Apareça com os
seus filhos (0-5 anos), aproveite
para tomar um café e trocar
ideias com outros pais. A partir
de 05.10. a actividade decorre
à seg, ter, qui e dom das 13:00-
17:00. Participação gratuita.
GZ Wollishofen. Bachstr. 7.
Tram 7 bis „Post Wollishofen“
oder Bus 161/165 bis „Rote Fabrik“.
http://www.gz-zh.ch/gz-wollishofen
20.10.2020 (Dienstag)
Costurar em conjunto
No «Nähcafé» à terça-feira pode
aprender a costurar e a concretizar
os seus próprios projectos
de costura com o apoio
de costureiras experientes. À
disposição tem máquinas de
costura, tecidos e utensílios.
10:15-12:30. Para pessoas com
poucos recursos financeiros ou
com cartão KulturLegi, custo de
CHF 1., senão CHF 4.-, incluindo
materiais.
GZ Bachwiesen. Bachwiesenstr.
40.
Bus 67/80 bis „Untermoosstrasse“.
http://www.gz-zh.ch/
gz-bachwiesen
21.10.2020 (Mittwoch)
Festival do Livro
e de Literatura (até
25.10.)
Pela 10ª vez, decorre
o Festival do Livro
e de Literatura «Zürich
liest». Em variados
locais em Zurique
realizam-se eventos
relacionados com a
escrita, a leitura e a
audição. Hoje o autor
Stephan Sigg e jovens
escritores apresentam
histórias sobre o tema
da coragem. 19:00. Programa
completo em www.zuerich-liest.
ch/programm. Alguns eventos
são gratuitos.
Event Space Bogen D, Viadukt.
Viaduktstr. 93.
Tram 4/8 oder Bus 33/72/83 bis
«Schiffbau» oder S-Bahn bis
«Hardbrücke».
http://www.zuerich-liest.ch/
http://www.zuerich-liest.ch/programm
22.10.2020 (Donnerstag)
Apoio no serviço de escrita
Precisa de apoio na redação
da candidatura a um emprego,
cartas ou preenchimento de impressos?
No centro comunitário
«GZ Hirzenbach» podem ajudá-
-lo com questões administrativas.
14:00-16:00. Inscrição até
quarta-feira pelo 077 426 99 70.
GZ Hirzenbach. Grosswiesenstr.
176.
Tram 9 oder Bus 94 bis „Altried“
oder Tram 7 bis „Probstei“.
http://www.gz-zh.ch/gz-hirzenbach
Noite de cinema infantil
Hoje à noite o centro comunitário
«GZ Hottingen» apresenta
o filme «Robin Hood» (em
alemão) para crianças a partir
dos 5 anos. Todos trazem uma
sanduíche e comem juntos. No
intervalo há xarope e barras
de chocolate gratuitos. 19:00-
20:30. CHF 5.-.
GZ Hottingen. Gemeindestr. 54.
Tram 3 bis „Hottingerplatz“.
http://gz-zh.ch/gz-hottingen
Mercado de fruta e festa
do sumo de maçã
Neste mercado, compre fruta e
sumo de maçã da região. Encontra
o programa e a lista das
variedades de fruta disponíveis
em: www.bg.uzh.ch/de/veranstaltung/Obstsortenmarkt.
11:00-
17:00. Entrada livre.
Botanischer Garten. Zollikerstr.
107.
Bus 33/77 bis „Botanischer Garten“,
Tram 11 oder Bus 31 bis
„Hegibachplatz“, Tram 2/4 bis
„Höschgasse“.
www.bg.uzh.ch/de/veranstaltung/Obstsortenmarkt
25.10.2020 (Sonntag)
Exposição sobre arqueologia
da Suíça
No „Landesmuseum“ aprecie
imagens, utensílios e outros
objectos ligados à história do
Homem na Suíça. A exposição
«Archäologie Schweiz» apresenta
ainda a domesticação de
animais selvagens e de plantas
pelo Homem na área da actual
Suíça. Ter-qua/sex-dom 10:00-
17:00. Qui 10:00-19:00. Entrada
com cartão KulturLegi CHF 5.-
(em vez de CHF 10.-).
Landesmuseum. Museumstr. 2.
S-Bahn bis „Zürich Hauptbahnhof“,
Tram 4/11/13/14 oder Bus
46 bis „Bahnhofquai/HB“.
http://www.landesmuseum.ch/
archaeologie-schweiz
26.10.2020 (Montag)
Curso de dança para senhoras
No centro comunitário «GZ Wipkingen»
à segunda-feira realiza-se
um curso de dança para
mulheres refugiadas e suíças.
Apareça e dance «Zumba» e
«Oriental Fusion». 17:00-18:15.
Participação gratuita com N/F-
-Ausweis, senão CHF 10.- por
aula.
GZ Wipkingen. Duttweilerstr. 11.
Tram 4 bis „Toni-Areal“.
http://gz-zh.ch/gz-wipkingen
27.10.2020 (Dienstag)
Dia de levar e trazer
Tem em casa objectos em bom
estado de que já não precisa?
Traga hoje essas coisas ao «Lichthof»
da «Universität Zürich»
e pode levar objectos de outras
pessoas. Recepção de objectos
apenas até às 14:00. 09:00-
16:00. Entrada livre.
Universität Zürich, Lichthof. Rämistr.
71.
Tram 6/9/10 bis „ETH/Universitätsspital“
oder Tram 5/9 bis
„Kantonsschule“.
http://www.agenda.uzh.ch/record.php?id=44527
28.10.2020 (Mittwoch)
Cursos criativos para
crianças (até 16.12.)
Ao longo de oito tardes, a «Kinderkulturakademie
Zürich» oferece
um curso para crianças
dos 7 aos 13 anos. As crianças
visitam museus e a «Schauspielhaus»,
produzem as suas próprias
obras de arte e imagen e
escrevem histórias e textos. À
qua 14:00-17:00. Inscrições até
21.10. em kkaz@hauskonstruktiv.ch
ou 044 217 70 80. Participação
gratuita com KulturLegi
(em vez de CHF 150.-).
Museum Haus Konstruktiv. Selnaustr.
25.
S4/S10 bis „Bahnhof Selnau“
oder Tram 2/9 bis „Sihlstrasse“.
http://www.hauskonstruktiv.ch/
deCH/vermittlung/kinderkulturakademie-zuerich/herbst-2020.
htm
29.10.2020 (Donnerstag)
Histórias e trabalhos manuais
Crianças a partir dos 2 anos e
meio ouvem uma história de
um livro ilustrado. De seguida,
usando diversos materiais
(por exemplo, madeira, papel
ou cordel), fazem uma obra de
arte inspirada na história. 09:30-
11:00. CHF 5.-.
GZ Hirzenbach. Grosswiesenstr.
176.
Tram 9 oder Bus 94 bis „Altried“
oder Tram 7 bis „Probstei“.
http://www.gz-zh.ch/gz-hirzenbach
30.10.2020 (Freitag)
Concerto
O baterista Andi Pupato e o tocador
de corneta alpina Enrico
Lenzin dão hoje pela primeira
vez um concerto em Zurique.
Uma oportunidade perfeita para
terminar bem a semana e entrar
no fim-de-semana. Bar aberto
a partir das 18:00. Concerto
às 20:00. Gratuito com N/F-
-Ausweis, com cartão Kultur-
Legi CHF 15.- (em vez de CHF
30.-).
Kulturmarkt. Aemtlerstr. 23.
Tram 9/14 bis „Goldbrunnenplatz“
oder Bus 32/72 bis
„Zwinglihaus“.
http://www.kulturmarkt.ch/ve-
ranstaltungen/lenzin-pupato-
-erstmals-in-zuerich/
31.10.2020 (Samstag)
Concerto de universitários
Aproveite o último dia de Outubro
desfrutando de um concerto.
A orquestra «Arc-en-Ciel»
da Escola Superior de Artes
(«ZHdK») interpreta música contemporânea.
19:30. Entrada livre,
contribuição espontânea.
Toni-Areal, Konzertsaal 3, Ebene
7. Pfingstweidstr. 96.
Tram 4 bis „Toni-Areal“ oder
Tram 6/8 bis „Fischerweg“.
http://www.zhdk.ch/veranstaltung/42075
Fonte:Maps Züri Agenda
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
22
ACTUALIDADE
GLOBALIZAÇÃO... será que compr
IVO MARGARIDO
Apesar de muito recorrente
(e talvez também por isso)
a noção de globalização
nem sempre é clara, prestando-se
a usos e sentidos
muito diversos. Consultando
a bibliografia disponível,
rapidamente se verifica
que a forma de definir
Globalização varia de autor
para autor. Deveríamos entender
a Globalização não
apenas como um fenómeno
puramente económico e
tecnológico, mas como um
processo multidimensional,
complexo é certo, que
envolve diferentes actores
e toca diversos âmbitos da
vida dos homens e mulheres
contemporâneos. Neste
contexto, o conhecimento
constitui um instrumento
fundamental para a intervenção
social, e este artigo
visa suscitar a reflexão
através de uma iniciação
fundamentada às principais
questões que a Globalização
suscita. Sem respostas
milagrosas, nem receitas
acabadas, procurarei contrariar
visões derrotistas,
ajudando a trilhar e a consolidar
caminhos e alternativas.
Quando analiso o mundo de
hoje, até entendo que as pessoas
estejam tão viciadas neste
sistema altamente corrompido e
que as escraviza. Foram treinadas
para este resultado através
da cultura familiar e essencialmente
através do sistema de ensino,
que formata pessoas para
servir um sistema capitalista. Na
verdade, o actual modelo impulsiona
a competição, o individualismo,
o egoísmo, …, gerando
uma sociedade desequilibrada e
materialista, que consome desmesuradamente
os recursos do
planeta. Vem destruindo tudo,
inclusive a si mesma. As escolas
criam “robots”, máquinas sem
alma, sem espírito. Nenhum curso
aborda a alma, a consciência,
a essência do Ser Humano,
da vida no seu todo. O sistema
de ensino não quer saber se
és feliz ou não e não te ensina
a lidar com as tuas emoções;
apenas te forma para arranjares
um emprego, para trabalhares
numa empresa, ganhares dinheiro
e entrares no mercado de
consumo. Terás então a ilusão
de que o dinheiro é sucesso e o
sucesso é felicidade. Surge então
o stress e a frustração, que
não são mais do que o resultado
de uma corrida por algo que
nunca alcançarás. E O SISTEMA
ENSINA ISTO COMO UMA FI-
LOSOFIA DE VIDA. Mas essa é
uma mentira capitalista.
Observando o estado actual do
mundo, podemos afirmar que
este modelo valoriza a vida?
Que produz paz, equilíbrio, harmonia
e felicidade? Obviamente
que não. Somos testemunhas
da destruição global através
da competição com o próximo,
a destruição do próximo,
as guerras, competição pela
existência material que arrasa o
planeta ... Percebemos então a
gravidade da problemática com
que a sociedade se confronta.
Não existe sociedade mais reprimida
e atormentada que a
nossa. É simplesmente impossível
conseguirmos uma humanidade
feliz num modelo onde
a competição é a palavra de
ordem, num modelo em que os
de cima controlam todos os outros,
reservando-se privilégios
que poucos alcançam. Temos
uma população essencialmente
preocupada com uma globalização
fundamentalmente financeira
e especulativa, contaminada
pelo vírus da ganância que
deturpa as relações humanas
e nos conduz para um choque
social sem cabimento e sem esperança,
causador de tanto sofrimento
e morte. Surge um número
crescente de oprimidos do
qual resultam movimentos “terroristas”.
Todavia, a guerra contra
o terrorismo está enferma
de inutilidade e morte porque
manifestamente desadequada
e incompleta: apenas feita de
tiros, torturas, prisões arbitrárias
e cárceres fora das normas
jurídicas, humilhações e mortes.
Isto não nos leva a parte nenhuma
a não ser a mais terror. Se
não mudarmos rapidamente a
nossa forma de estar no mundo,
todos experimentaremos uma
espiral infernal, mesmo aqueles,
os do “ter”, que pensam ter-se
posto ao abrigo em condomínios
fechados e outras torres
de marfim ... Eis o resultado
que a aposta estéril no “TER”
produziu no nosso planeta:
um crescimento económico
sem desenvolvimento social
integrado e global. Deste ponto
de vista, TODOS SOMOS TER-
RORISTAS ...
Apesar de não ser o sentimento
dominante neste século, fica
patente que o “SER” deve sobrepor-se
ao “TER”. Quando o
dinheiro é sinónimo de amor, a
vida torna-se uma grande confusão.
O dinheiro seduz porque
alimenta a ilusão de suprir as
faltas e as necessidades emocionais,
de estar a salvo de contratempos
da vida, de ser possível
aumentar verdadeiramente
a nossa auto-estima e de tentar
cobrir um grande vazio afectivo.
Sabemos, porém, que nada
substitui o afecto. A maneira de
dar, receber, gastar ou acumular
dinheiro revela frustrações emocionais
que se arrastam desde a
nossa infância. O dinheiro assume
uma função de expressão de
força, de poder, para compensar
a nossa fragilidade interna e
as nossas inseguranças. É necessário
que valorizemos tudo
aquilo que possuímos, e não só
e apenas os bens materiais.
O “TER” é ilusão, pura aparência,
efemeridade, indiferença,
intolerância, é enfermidade, é
solidão. O “TER” não tem esperança
porque se esgota nele
próprio, alimenta-se dele próprio
exigindo “TER” sempre
mais! Espera-nos muita frustração
(tanto maior quanto menos
“SER” houver...). “SER” é humanidade,
consciência social, livre
arbítrio, liberdade, igualdade,
fraternidade, solidariedade, cultura,
preocupação ambiental,
ecumenismo, tolerância, aceitação
e preocupação
do outro ... Na realidade,
precisamos
de redescobrir
outros
valores, que tragam
mais autoconfiança, segurança
e satisfação interior,
sobretudo aquela de sabermos
que, no mais íntimo do nosso
Ser, estamos no caminho certo,
na única via para a criação
da Paz e da Harmonia entre os
Seres Humanos e tudo o que
existe.
É com a nossa saúde psíquica
e física, bons relacionamentos
familiares e sociais, qualidade
de trabalho, uma tranquilidade
financeira (sem necessidade de
luxo e riqueza), que podemos
conquistar uma vida mais plena
e mais feliz. Administremos melhor
o nosso tempo, procurando
utilizá-lo da forma mais saudável
sem nos esquecermos das nossas
prioridades reais, com o objectivo
de alcançar qualidade de
vida e uma vida mais prazerosa.
Quando SOMOS, ficamos mais
felizes do que quando TEMOS
... o SER não acaba com o tempo,
é eterno, mas o TER pode
terminar a qualquer momento.
E se tentássemos todos? Só e
apenas isso. Tentar “SER” gente,
SER íntegro(a), SER amigo(a),
amar e ser amado(a), ser solidário(a)
… pois assim se alcança a
paz e a felicidade.
Mas o desafio é gigantesco. A
população, na sua generalidade
e de uma forma transversal,
não possui literacia suficiente
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
CIDADANIA
23
eendemos todo o seu potencial?
para perceber todo o potencial
da globalização, do quão este
cenário nos poderá catapultar
para um patamar de consciência
nunca antes alcançado, um
mundo socialmente justo e ecologicamente
equilibrado. Não
tenho dúvidas que esta (r)evolução
exige que aconteça uma sequência
de choques sistémicos
e civilizacionais que confrontem
as consciências mais primitivas.
Também não tenho dúvidas
que os atuais
interesses instalados
tudo fazem
p a r a
m a n t e r
os seus privilégios,
gerando confusão
designadamente através
da difusão de conteúdos, nas
redes sociais, que promovem o
alarmismo, cenários catastróficos
e de totalitarismo, de controlo
global, etc., convencendo
as mentes menos atentas e influenciáveis,
tornando-as defensoras
dos seus próprios carrascos.
No que me concerne, não quero
mais guerras, não quero mais
sentir a opressão dos sistemas
que me rodeiam, não quero sentir-me
escravo de sistemas altamente
corrompidos, não quero
estar circundado de competição
desenfreada ... Simplesmente,
não quero pagar para existir; somos
a única espécie que o faz!
Não é a globalização que está a
criar estes cenários. Este sempre
foi o modus operandi das
sociedades alienadas por interesses.
Não nos esqueçamos
do nosso passado classificado
por alguns como “glorioso”;
muito sangue foi derramado
para “termos” esta fama de navegadores,
descobridores ... exploradores
do mundo. Para que
isto acontecesse, outros povos
foram dominados.
O entendimento que se faz da
globalização e dos seus impactos
tem fortes implicações sobre
as leituras possíveis do mundo
contemporâneo, assim como
sobre o papel dos homens e
mulheres na sua construção e
as suas possibilidades de actuação
neste abrangente e complexo
processo de integração
social, económica e política num
modelo de união mundial.
É natural que o processo de
globalização origine colapsos
que possam gerar algum caos
durante o período de transição.
Será um tempo de purga de
tudo o que não serve a essência
da vida. Numa primeira reflexão
todos concordaríamos que viver
em função do “SER” é mais
importante. Porém, num mundo
cada vez mais competitivo onde
o dinheiro foi elevado à condição
de “Deus”, o sistema empurra-nos
para a valorização
do aspecto material, apoiado
pelos meios de comunicação
que estimulam massivamente
e absurdamente ao consumo,
com imagens e propagandas a
tempo inteiro. Os valores foram
invertidos, e o TER passou a ser
a prioridade para a população.
Teremos nós, terráqueos, capacidade
para criar um mundo
novo? Imaginemos …
• E se os monopólios e interesses
individualistas deixassem
de existir?
• E se a escravatura das dívidas
fosse abolida pelo simples
colapso do actual sistema
monetário, que impõe
crescimento perpétuo num
mundo francamente degradado
por estas más práticas?
• E se cada cidadão recebesse
uma quantia (rendimento
básico incondicional) que
lhe permitisse assegurar as
necessidades básicas para
uma vida digna? Como seria
financiado? Poderia ser tão
simples quanto isto; bastaria
imprimir moeda digital (quantia
genérica igual para cada
cidadão com escalões de diferenciação
de idade).
• E se o avanço tecnológico,
que dispensa cada vez mais
mão de obra humana, fosse
o mote para criar um paradigma
em que a tecnologia
estaria ao serviço da humanidade,
assumindo um papel
determinante na execução
de tarefas, devolvendo às
pessoas o bem mais precioso
de que dispõem; TEMPO
PARA VIVER! E se com esta
nova realidade cada cidadão
se libertasse da actual carga
laboral em larga escala
mal remunerada, alocando o
tempo a actividades de que
realmente gosta, investindo
no desenvolvimento dos seus
dons naturais, dedicando-se
à família, aos amigos, a causas
colectivas?
• E se o trabalho passasse a
ser opcional?
• E se as fronteiras fossem
abolidas, permitindo a livre
circulação de pessoas e mercadorias?
• E se a sociedade se tornasse
transparente, através de
mecanismos de supervisão
que identificassem imediatamente
qualquer tentativa ou
ação que pudesse quebrar o
equilíbrio e harmonia colectivos?
• E se as escolas treinassem
para uma existência orientada
para o SER e o AMOR IN-
CONDICIONAL, abandonando
os atuais padrões do Ter e
do egoísmo egocêntrico?
• E se a competição fosse
substituída pela COOPERA-
ÇÃO?
Quando nos decidiremos a mudar
a nossa forma de ser e estar
na vida? São tantas as possibilidades
que nos permitiriam
usufruir plenamente de uma
existência e experiência terrena
prazerosa e enriquecedora,
que me questiono onde estará
focada a mente/energia de cada
indivíduo; no negativismo ou na
positividade? Nos eventos que
cada um desejaria ver acontecer
ou nas catástrofes que os
manipuladores espalham por aí
para capturarem as mentes mais
frágeis? Se somente as pessoas
tivessem consciência do seu
poder de criação ...
Vejo a globalização enquanto
motor de um processo civilizacional
evolutivo, deixando implícita
a sua naturalidade e inevitabilidade.
Somente um processo
à escala mundial (ou seja, transversal
ao conjunto dos Estados-
-Nação que compõem o mundo)
conseguirá, a prazo, harmonizar
a existência humana, não só na
esfera das relações económicas,
mas também ao nível da
interacção social e política. Uma
característica da Globalização
é a desterritorialização, ou seja,
as relações entre os homens e
entre instituições, sejam elas
de natureza económica, política
ou cultural, tendem a desvincular-se
das contingências do
espaço. Os desenvolvimentos
tecnológicos que facilitam a comunicação
entre pessoas e entre
instituições e que facilitam a
circulação de pessoas, bens e
serviços, constituem um importante
centro nevrálgico da Globalização.
Alimento e direcciono a esperança
para um mundo solidário
que amplie o intercâmbio pacífico
entre os povos e elimine
a belicosidade do processo
competitivo. É possível pensar
na realização de um mundo de
bem-estar, onde os homens serão
mais felizes, um outro tipo
de globalização baseada na
COOPERAÇÃO. Estamos no
início de uma nova era que traz
consigo uma nova consciência,
uma nova dinâmica, uma nova
organização ... É uma nova era
de Amor e Cooperação onde somente
o ‘nós” e o “todo” têm espaço.
Uns chamam-lhe de Nova
Ordem Mundial … a designação
é irrelevante, apenas os resultados
contam.
Que cada um de nós reflicta, decida
em que direcção quer evoluir
e aja em conformidade.
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
24
ESPECTÁCULO
João
Grande
A talentosa banda de rock TAXI, formada em 1979, era inicialmente composta por João Grande, Rui Taborda, Henrique
Oliveira e Rodrigo Freitas, passados 40 anos, apenas João Grande (vocalista) e Rui Taborda (baixo), são os
membros fundadores que continuam a dar vida à mítica banda do Porto.
Numa série de entrevistas, a músicos/bandas que marcaram a chamada era do ‘boom’ do Rock português, nos longínquos
anos 80, a FOCUSMSN foi até ao Porto conversar com João Grande, falou-se do passado, da actualidade e,
naturalmente, de projectos futuros.
JOAQUIM GALANTE/FOCUSMSN
FOCUSMSN: João, muito obrigado pela
disponibilidade e simpatia com que
me estás a receber. Antes de entrar
no tema TAXI, gostaria de saber como
viveste aquele período pós-revolucionário
e se essa sensação de liberdade,
principalmente a de expressão, te viria a
influenciar nas tuas músicas?
João Grande: Olha, eu tive um avô que
esteve muito tempo preso por ser contra o
Salazar, e descobrimos há pouco uma coisa
muito interessante, quando fomos tirar
a certidão de nascimento do meu pai, que
já faleceu, nela vinha a morada onde o meu
avô ‘morava’ na altura em que o meu pai
nasceu, que era o Tarrafal, onde ele esteve
preso.
De maneira, que embora muito jovem, ouvia
as histórias dele a dizer mal do Salazar
e da ditadura, aliás ele esteve preso bastante
tempo com João Soares, pai do Mário
Soares.
Só estas histórias é que eram diferentes
porque para mim e para os meus amigos
não se passava nada, era tudo absolutamente
normal, o nosso hobby era a música
e a política passava-nos completamente
ao lado.
Curiosamente, tínhamos um concerto marcado
para o dia 25 de Abril de 1974, no Liceu
D. Manuel, onde estudávamos. Eu, o
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
Rui Taborda e mais dois amigos, criamos
uma banda em 1972, chamada Sticky Fingers,
inspirado num disco dos Rolling Stones,
na altura só tocávamos músicas deste
grupo, e íamos tocar ao anfiteatro daquela
escola.
Logo pela manhã, o meu pai avisou-me
da revolução e disse para não sairmos de
casa, mas nós tínhamos aquele compromisso
marcado e lá fomos. É claro que nos
disseram logo que não podia haver concerto,
ligamos então o rádio às colunas e
ficámos a ouvir os desenvolvimentos revolucionários.
Uma coisa que achei absolutamente incrível,
é que logo no dia seguinte, aquele
anfiteatro ficou lotado de gente para um
comício, não sei como é que de repente
apareceu tanta gente de barba, com o punho
ao alto e muita bandeira vermelha, a
gritar palavras de ordem, foi absolutamente
incrível.
Respondendo agora à tua pergunta, não,
não teve influência nenhuma, foi absolutamente
igual ao ‘litro’, o nosso interesse
era musical, nunca andamos metidos em
política e mesmo mais tarde, quando começamos
a escrever, apenas as músicas
‘Queda dos Anjos’ (Rosete) e ‘TVWC’ é que
tiveram alguma censura, mas pelos canais
da igreja.
F: Como te surgiu o gosto pela música
e a necessidade de formar uma banda?
JG: A minha meta sempre foi formar um
grupo de pessoas que tivessem ideias comuns
para evoluirmos enquanto músicos e
alcançar eventualmente o sucesso.
Na altura aqui no Porto não se passava
nada, o único convívio que tínhamos era no
café Orfeu, que estava aberto até às 2 da
manhã. Neste café havia três grupos fundamentais,
o grupo político de esquerda,
que era o maior, o do futebol, onde estavam
Pinto da Costa, Hernâni Gonçalves,
Pedroto e Nuno Brás, que era locutor da
RTP, e o musical, onde eu me incluía.
O espantoso é que nós estávamos todos
os dias, até a hora de fecho do Orfeu, a
falar de música, a que passava nas rádios,
dos discos que iam sendo editados, etc,
tudo aquilo nos empolgava de tal forma
que não nos cansávamos de falar sobre
música.
Mas há um momento, que nunca mais esqueço,
foi quando ouvi pela primeira vez
música ao vivo. Um dia fomos assistir a
um ensaio, numa garagem de um vizinho
nosso, que tinha piano, bateria, baixo e
guitarra, e ficamos tão doidos com aquilo,
com aquele som, que quando saí disse
logo, ‘epá temos que formar um conjunto’,
até porque já havia bastantes raparigas à
volta a ver (risos). Este foi o momento marcante,
aquele som ao vivo ainda hoje me
ecoa quando penso nisso. Só que nenhum
destes meus amigos quis enveredar pela
música.
Um dia a minha mãe comprou-me uma gui-
ESPECTÁCULO
25
tarra Hofner, modelo Telecaster, para aí em
décima mão, e quem me ensinou a tocar
foi o Edmundo, que era guitarrista, irmão
mais velho do Kalu, baterista do Xutos &
Pontapés, eles eram doze irmãos e eu passava
a maior parte do tempo em casa dos
pais deles.
Entretanto soube que na Rotunda da Boavista
morava um tipo que tinha uma bateria
em casa, que era o Rui Taborda, fui à
procura dele e desde aí nunca mais nos
largamos. Vi logo que o Rui era a pessoa
indicada para uma parceria, queria muito
vingar na música e impressionou-me nele a
imaginação e a criatividade. Passou a ir comigo
para o Orfeu e a partir daí pensamos
em formar um grupo, nasceram os Sticky
Fingers. Eu era vocalista e guitarrista mas
cedo percebi que tinha que trabalhar muito
para ser um guitarrista mediano, mais tarde
desisti da guitarra.
F: Um tempo depois juntas-te a uma outra
banda ainda mais a sério….
JG: Sim, havia um grupo rival que era o
Pesquisa, com o Henrique Oliveira (guitarra),
um viola baixo, um baterista e um vocalista,
que era o João Pequeno, um vizinho
meu, como eu era mais alto que ele, eu era
o João Grande (risos), o João Pequeno era
fraco de voz, e como eu tinha algum jeito
para cantar, um dia o Henrique convidou-
-me para ser a voz principal do grupo.
O Rui Taborda tinha jeito para teclados,
convenci então o Henrique a integra-lo
também na banda e assim foi, na altura
tínhamos um técnico de som, que era
o Rodrigo, que nos tempos livres tocava
bateria, e nós vimos logo que tinha jeito
para a coisa e como o nosso baterista se
entregou aos estudos, o Rodrigo entrou na
banda. Acabaram os Sticky Fingers e integramo-nos
no Pesquisa.
Entretanto o Rui deixa os teclados, passa
para viola baixo e entra o Luís Ruvina, filho
do dono da melhor casa de música do
Porto, e aí foi realmente o grande salto da
banda, passamos a ter bastante material à
disposição.
Atingimos alguma notoriedade e o Avelino
Tavares, que foi o criador do ‘Mundo
da Canção’, ficou nosso manager e arranjava-nos
concertos por todo o país. Começámos
então a ser conhecidos, com a
evolução do grupo, surgiu a necessidade
de sermos criativos, de compor e escrever
as nossas próprias letras e músicas, ter a
nossa identidade e deixarmos de ser uma
banda de covers.
F: Em 1977 editam o vosso primeiro single...
JG: Sim, fomos a Lisboa gravar à Rádio
Triunfo, despesas todas do nosso bolso,
saíram para aí uns mil discos, mas não
adiantou nada (risos), foi só para dizer que
tínhamos um disco na mão.
F: Quando nasce a banda TAXI?
JG: Em 1979, sai o Luís Ruvina e entendemos
que devíamos mudar o nome da banda,
deixou de ser Pesquisa, até porque eu
não gostava nada daquele nome, e escolhemos
TAXI. A escolha deveu-se ao facto
de ser uma palavra dita/conhecida em
muitos países e como nós cantávamos em
inglês, e tínhamos a ambição de ter uma
carreira internacional, achamos a escolha
acertada.
F: Entretanto acontece uma oportunidade
de darem um salto na carreira...
JG: Sim, fomos tocar ao Colégio Alemão,
que era frequentado por muitas raparigas
(risos), mas sem nós imaginarmos, o Tózé
Brito e o António Pinho foram lá ver-nos
actuar, na altura eram os caça-talentos
da Polygram (Universal). Eles adoraram o
concerto, onde intercalávamos músicas
nossas, com covers de Genesis, Rolling
Stones, etc. No final apresentam-se no
nosso camarim, ficamos empolgados com
tamanha surpresa, e perguntaram-nos se
queríamos gravar um disco. Nós caímos
de costas logo (risos), o coração disparou,
indescritível, estávamos em 1980.
Fomos a Lisboa gravar o disco, com o António
Pinho como produtor, gravamos durante
cinco dias, nós tínhamos tudo muito
bem ensaiado e as coisas correram muito
bem, mas antes, aquando do convite,
o António Pinho disse-nos que tínhamos
que cantar em português, não há bela sem
senão, eu nunca tinha cantado em português,
tivemos que refazer as letras todas, o
Pinho deu-nos uma ajuda preciosa na produção
do disco, na forma de cantar certas
palavras e frases, e acabou por correr tudo
bem.
Na época a Polygram era uma multinacional
com muita força nas rádios, na promoção
e divulgação das músicas dos seus
cantores. Entretanto também aparecem
programas de divulgação musical, como a
Febre de Sábado de Manhã, do Júlio Isidro,
onde fomos apresentar, em primeira
mão, a música ‘Chiclete’, e ficamos impressionados
com o imenso público a saltar
e a vibrar com uma música nossa, foi
absolutamente fantástico.
F: Saíram do anonimato...
JG: Exactamente de um momento para o
outro deixamos de ser quatro parolos aqui
do Porto, para sermos conhecidos no país
inteiro.
F: Achas que a banda contribuiu para o alavancar
do rock português e para o aparecimento
de novas bandas?
JG: Sem dúvida, há um momento chave,
que deu origem ao boom do rock cantado
em português, são os anos 1980/81,
com os álbuns ‘Ar de Rock’ de Rui Veloso,
‘À Flor da Pele’ dos UHF e o nosso disco
‘TAXI’, acho que a partir daqui a juventude
acordou para o que de bom se fazia em
Portugal.
F: 1981 editas o álbum ‘TAXI’, imaginavas
que irias obter um sucesso estrondoso
com este disco?
JG: Como eu te disse, nós tínhamos a
crença inabalável que iríamos obter sucesso
mas uma coisa é nós termos essa
crença outra era consegui-lo, por vezes é
estarmos na hora certa no local certo, há
pessoas que se esforçam toda a vida, têm
qualidade no que fazem mas nada acontece
de extraordinário.
F: Tiveram sorte...
JG: Nós tivemos sorte mas a sorte dá
muito trabalho, passamos todos os anos
70 a aplicar-nos, a tentar ser perfeitos, a
dedicar-nos por inteiro à música, não queríamos
ser outra coisa que não músicos.
Faltava alguém reparar em nós, faltava o
clique para podermos disparar. Estávamos
cientes do nosso valor mas com os pés
bem assentes na terra.
F: Foi o primeiro disco de ouro do rock
português, tendo vendido mais de
60.000 cópias em poucos dias. Nos teus
melhores sonhos, pensaste numa coisa
destas?
JG: Claro que não, de repente vendemos
mais de 60.000 cópias, dois discos de
ouro, nem pouco mais ou menos, nem tão
pouco a editora, ia sempre uma comitiva
connosco assistir aos concertos, por vezes
até o presidente, não sabiam o que
nos haviam de fazer. Eu sabia (risos), o que
nos pagavam era uma vergonha, o que nos
valeu foram os royalties, mas pronto, era
assim que estava assinado, nada a fazer,
se calhar sem eles nunca teríamos obtido
tanto sucesso.
F: Outro momento marcante na vossa
carreira foi 1981, no Dramático de Cascais,
na primeira parte do concerto dos
Clash, achas que este acontecimento
ajudou ao ‘boom’ da banda?
JG: Muito! Sabes na altura as rádios eram
um instrumento muito valioso na divulgação
do trabalho de um artista, não passavam
apenas uma música, aos poucos passavam
o álbum inteiro, diferente de agora
em que passam apenas uma música de
determinado cantor até à exaustão.
O disco tinha saído há muito pouco tempo,
ainda não sabíamos qual seria a reação do
público, como tu sabes, naquela época,
os grupos que faziam as primeiras partes
das grandes bandas eram quase corridos
a pontapé, embora com aquele nervoso
miudinho, entrámos com confiança e a coisa
correu muito bem.
F: O público ficou impressionado com
vocês....
JG: E eu com eles (risos), o que mais me
impressionou, foi que o disco tinha saído
há pouco tempo e o público sabia de cor as
letras de todas as canções que cantámos
naqueles 20 minutos, curiosamente naquele
dia de manhã tínhamos gravado em Cascais,
o videoclipe da canção ‘TVWC’, que
nos tinha corrido também muito bem.
Acabamos a actuação e o público pediu
encore, saímos do palco, e ainda lembro
da nossa cara, olharmos uns para os outros,
alucinados por ouvir o público gritar
por nós, voltamos ao palco e ‘desfizemos’
literalmente o pavilhão com a música ‘Chiclete’,
foi muito, muito bom. Foi das melhores
noites de toda a nossa carreira.
F: Durante aqueles momentos em que
conviveste de perto com os Clash,
aprendeste algo que pudesse ter sido
útil na vossa carreira musical?
JG: Nós convivemos pouco com eles, tiramos
umas fotografias juntos, mas repara,
no início dos anos 80, as coisas eram muito
diferentes de agora, os palcos eram muito
simples, sem ecrãs luminosos atrás, luzes,
etc.
Eles estavam a fazer uma tournée mundial,
estavam noutra dimensão em termos de
projecção internacional, tinham muita força
de guitarras, tal como nós, mas no que
respeita ao som, estavam muito a frente, tu
sabes que é muito importante para qualquer
conjunto a qualidade do som, ainda
hoje quando o assunto vem à memória,
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
26
ESPECTÁCULO
costumo dizer ao Rui, que não me lembro
de ter um tão bom som de palco como
aquele que tivemos com os Clash, e isso
foi fundamental, e é fundamental em qualquer
concerto.
O António Pinho foi connosco ao concerto,
nós íamos tocar com a aparelhagem deles,
e ofereceu uma garrafa de vinho do Porto
ao técnico de som dos Clash, se calhar por
isso, fez-nos um sound check fabuloso,
ficou brutal, ainda hoje nos lembramos o
paraíso que foi sentir no palco tudo a bater,
fantástico, foram muito simpáticos e profissionais
connosco. Respondendo a tua
pergunta, não aprendemos mais daquilo
que já sabíamos, eles tinham era outras
posses que nós não tínhamos para poder
adquirir material de ponta.
F: No álbum (TAXI) traças uma imagem
da época, desde os viciados no jogo
dos flippers (em voga na altura), criticas
os programas televisivos, em como as
pessoas eram usadas e descartadas, a
um país sem lei (pós-revolucionário) e à
sexualidade, que era um assunto tabu,
até ao início da década de 80. Este disco
é o espelho da vossa irreverência, usam
a conquistada liberdade de expressão
para criticar o ‘sistema’?
JG: É como te digo, na altura quando escrevemos
as letras, não foi a pensar ‘bora
lá escrever isto porque agora já podemos
dizer tudo’, não. Até como te disse mais
atrás, as cenas políticas passaram-nos
completamente ao lado, quisemos retratar
sim, os acontecimentos sociais da época,
principalmente o que se passava com a
malta da nossa idade, os seus anseios, a
adaptação às novas formas de entretenimento
e de vida, que se abriram depois de
74.
O disco teve essa virtude, conseguiu passar
a mensagem, as músicas eram todas
muito boas e ainda hoje nos concertos
temos que as tocar, o público exige que
as toquemos. É engraçado que, 40 anos
depois, as pessoas ainda saibam as letras
de cor e as cantem connosco, impressionante,
ainda se reveem naquelas canções.
F: Há uma música no álbum que pouca
gente se refere a ela pelo nome correcto,
para uns ‘A casa da Rosete’, para outros
apenas ‘Rosete’; ‘Queda dos Anjos’
é uma ‘história’ baseada num caso real
ou do vosso imaginário?
JG: Eu tive um amigo de mais idade, que
vivia em Amarante, um certo dia estávamos
a conversar e de repente ele diz-me
‘epá, oh João, eu todos os meses vou às
meninas, o meu carro até já sabe o caminho’
(risos). A casa das meninas, era uma
moradia antiga, no Alto da Maia, onde a
Rosete era a matriarca, e tinha um grupo
de umas dez ou doze meninas….
Antes de mais quero fazer-te um reparo, tu
estás a olhar para uma pessoa que nunca
gastou um tostão em meninas, nunca,
mas tenho pena de nunca lá ter ido, ao menos
ficava a saber in loco como as coisas
funcionavam e se processavam (risos). Algumas
vezes pensava nisso, mas a minha
maneira de ser impediu-me sempre de dar
o passo em frente.
Ele contava que a Rosete vinha recebê-lo à
porta, entrava para a sala, ela mandava vir
as meninas, dessas meninas ele escolhia
uma e lá ía para o quarto com a escolhida,
e mais uns detalhes que não vou aqui
mencionar (risos), pegámos naquela história
e conseguimos retratar na perfeição,
em cerca de três minutos de música, o que
se passava naquela casa. Há uns tempos
atrás foram-me mostrar o local onde se situava
a casa da Rosete, mas já foi demolida,
portanto a letra da música foi baseada
naquilo que esse meu amigo me contava.
F: Mudando um pouco de assunto...
F: Como foi a tua convivência com o Rui
Veloso aqui no Porto, havia rivalidade entre
vós ou nem por isso?
JG: Nenhuma rivalidade, era uma óptima
convivência, tocámos muitas vezes com
ele, por acaso, ainda ontem, estive a ver o
programa Alta Fidelidade, em que ele esteve
presente.
A música do Rui não tinha nadinha a ver
connosco, para já tocava sozinho, a editora
é que depois lhe arranjou o Zé Nabo e
o Ramon Galarza para tocarem com ele, o
Rui era muito reservado e não teve aquilo
que nós tivemos, que foi quatro amigos,
que se juntaram num objectivo comum,
num clube como o da bolinha, aqui menina
não entra, muito restrito, nunca deixámos
ninguém assistir aos nossos ensaios e que
tinha um sentido de união muito forte.
F: Em Lisboa os UHF lutavam com os
TAXI pela liderança dos tops nacionais.
Vias os UHF como o vosso grande adversário
musical/comercial, havia muita
rivalidade, como lidavam com isso?
JG: Com os UHF sim (risos), havia uma
grande rivalidade, enquanto que com os
Heróis do Mar, Rádio Macau, Rock & Varius,
e tantos outros, nos cumprimentávamos
e falávamos, com os UHF, nada, apenas
os víamos de longe. Ao fim e ao cabo o
que isso era, não era nada mais nada menos
que o respeito, tínhamos um grande
respeito pelos UHF.
Então, quando acontecia termos que partilhar
o palco havia sempre problemas com
os técnicos, saber quem começava primeiro,
quem fechava o espectáculo, quem
ficava com a maior parte do palco, antes
disto, a guerra começava logo nos cartazes
dos eventos, quem ficava com o nome
por cima, com mais destaque, etc. Havia
sempre problemas entre a nossa equipa de
produção e técnicos e os deles (risos).
Ainda há pouco tempo falei com o António
Manuel Ribeiro e contei-lhe uma peripécia
que aconteceu num festival que houve em
Vila Real de S. António, a praça de touros
completamente cheia, uma daquelas noites
incríveis, e que nós chegamos tardíssimo,
e os UHF eram para fechar o festival.
Tivemos uns problemas na viagem e chegamos
já tarde de táxi, nem trazíamos
material, já tínhamos telefonado a avisar e
perguntar se os UHF nos deixavam usar o
material. Eles disseram que sim.
Fomos fechar o festival e agora imagina
o som que eles nos puseram (risos), não
imaginas, devem ter posto só os tweeters
a funcionar (gargalhadas), uma iluminação
miserável, tanto que à segunda música interrompi
o concerto e disse, ‘queria pedir
aos técnicos de som para abrirem um bocadinho,
senão ninguém ouve, parece uma
igreja’.
Curiosamente, a primeira vez que nos falamos
foi numa festa de lançamento de uma
revista, de um jornal, que era do Carlos
Cruz, que juntou muitas bandas e cantores,
Lena D’Água, Heróis do Mar, Rádio
Macau, Rui Veloso, UHF, TAXI, etc, e então
foi tirada uma fotografia de grupo, nunca
mais encontrei essa fotografia, gostava de
a ter no meu arquivo, em que estão todos
os convidados, eu e o António ao centro de
mão dada ao alto, foi a primeira vez que falámos
um com o outro. Para mim foi muito
giro e marcante, um momento inesquecível
e que guardo na memória. A partir daqui a
rivalidade passou a ser também uma grande
amizade.
F: Com todo este sucesso a vossa vida
mudou completamente…
JG: Totalmente, viagens, concertos pelo
país, não havia autoestradas, demorávamos
horas a chegar aos locais, neste
particular fomos mais massacrados que
os UHF porque nós quase todos os fins-
-de-semana íamos a Lisboa. As coisas não
eram tão planeadas como agora, às vezes
tínhamos um concerto em Chaves e outro
no dia seguinte em Albufeira.
F: Em 1982 editas o álbum Cairo, mais
um disco de ouro. Noto um disco mais
introspectivo, concordas?
JG: O Cairo ainda há pouco tempo foi referenciado
num livro como um dos 100 melhores
discos da música portuguesa, não
concordo nem de perto nem de longe. O
álbum TAXI foi o nosso melhor disco.
Nem me vou atrever a dizer que o Cairo foi
feito com o que sobrou do disco TAXI, até
porque fizemos canções novas, mas houve
umas duas ou três que tinham sobrado
do primeiro álbum. Tem grandes músicas,
‘Cairo’, ‘Hipertensão’, ‘Fio da Navalha’ que
para mim é uma das minhas favoritas. Na
altura não éramos introspectivos, malta
nova, muita alegria, queríamos era curtir.
O álbum foi feito no rescaldo do sucesso
do anterior, tem uma boa capa mas não foi
tão pensado, o álbum TAXI esteve anos a
ser elaborado e o Cairo não. Por pressão
da editora tínhamos que lançar qualquer
coisa e assim nasceu, tem boas músicas
mas ficou aquém do anterior.
F: Em 1983 gravam ‘Salutz’, um álbum
que foi apresentado na abertura do concerto
de Rod Stewart, o que tens a dizer
sobre este álbum e como foi o contacto
com uma lenda da música pop/rock?
JG: A apresentação do álbum foi um fiasco,
nós estávamos na altura a gravar o ‘Salutz’,
um disco onde eu tive pouca participação,
andava cansado, de modo que apareci só
para a gravação. Se queres que te diga,
eu nem gostava do disco, muito sintético,
usamos bateria electrónica… enfim.
De repente aparece alguém da editora a dizer,
‘epá, conseguimos que vocês fossem
fazer a primeira parte do concerto do Rod
Stewart’, é esta a grande força das editoras,
o Rod deveria ser da Polygram, e nós
fomos os escolhidos.
E cometemos um erro de palmatória que
foi ir para um concerto tocar para milhares
de pessoas, músicas que elas nunca
tinham ouvido. Elas queriam lá saber de
músicas novas, estavam lá para ouvir o
Rod Stewart e nós tocamos na íntegra o
álbum. Foi muito chato, batiam palmas por
simpatia.
F: Tiveste uma boa experiência com o
Rod Stewart?
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
ESPECTÁCULO
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JG: Foi óptimo, ele é espectacular, adoro
o Rod Stewart, lembro-me que ele começa
a cantar e eu pensei, ‘isto vai ser um fiasco,
ele está afónico’, mas depois da terceira
música, a voz aqueceu (risos) e foi um
espectáculo, nunca mais parou, sempre
a abrir até final. Na altura o guitarrista do
Rod era muito amigo do Zé Nabo, tinham
tocado juntos no grupo Objectivo, o Zé veio
assistir ao concerto e no final ainda conversamos.
Foi uma experiência muito boa.
F: Em 1985, editam a balada ‘Sozinho’,
sentias mágoa, nostalgia, ingratidão,
que sentimentos tinhas naquela altura,
querias estar sozinho?
JG: Não, esta música nunca foi autobiográfica,
o que aconteceu foi o seguinte, nós
estávamos a atravessar um problema existencial,
estávamos cansados, passámos os
anos 70 todos sempre a tocar e a ensaiar,
e continuou pelos anos 80, mas agora com
muito mais pressão, e não nos saía nada.
Acontece que o Marinho, presidente da Polygram,
veio-nos pedir por favor para gravar um
quarto disco, dissemos que não tínhamos
material para um álbum mas tínhamos duas
músicas prontas, então fomos para Hamburgo
para gravar um single.
As músicas eram ‘Sozinho’ e ‘O Céu Pode Esperar’,
só que esta ficou muito fraquinha, então
foi resolvido gravar duas versões do ‘Sozinho’,
lado A em Português e o B em Inglês.
F: Em 1986 o grupo, para enorme tristeza
dos fãs, anuncia o fim, a que se deveu
esta inesperada decisão?
JG: Antes da gravação do nosso último álbum
‘The Night’ já tinha começado a haver
alguns atritos entre nós. Aquelas cenas de
ciúmes em que um sente que está a ter menos
protagonismo que o outro, etc.
Na altura também houve um problema com
o Rodrigo, o nosso baterista, teve problemas
complicados com a droga mas que felizmente
conseguiu superar por ele mesmo,
foi espectacular, inclusivamente escreveu
um livro sobre isso, e actualmente ajuda
pessoas que estão a passar por problemas
idênticos. No entanto as coisas ainda estavam
suficientemente bem para conseguirmos
compor aquele que eu considero um
dos nossos melhores discos.
Após a edição do disco, convoquei uma
reunião e disse ao Henrique, contigo não
toco mais. Não estava em questão a qualidade
musical do Henrique que era muita,
só que já não havia sintonia, ideias diferentes,
estávamos quase sempre em desacordo
e como estou, e estava, na música para
me divertir e não para me chatear, decidi
assim. Os TAXI pararam nessa altura.
F: Editam o álbum ‘The Night’ exclusivamente
cantado em inglês. Porquê o
regresso às origens, depois do sucesso
alcançado cantando em português?
JG: Olha, foi mais uma tentativa de alcançar
o mercado internacional, só que a
Polygram não promoveu o disco, tiveram
muitas despesas na gravação mas depois
sabe-se lá porquê não investiram na promoção
e um disco que não é promovido
não existe.
F: Mas mesmo depois de se terem separado
e até 2009 vocês ainda se juntavam
esporadicamente para tocar…
JG: Nos juntávamos para tocar quando nos
convidavam para algum evento especial ou
comemorativo de alguma situação, mas o
ambiente agudizou-se de tal forma que não
havia qualquer hipótese de voltarmos a tocar
juntos, com a idade também nos tornámos
menos tolerantes.
Por vezes nos encontrávamos aqui e ali
mas nunca falávamos dos TAXI, parecia um
assunto tabu, sabíamos que era assunto
que nos trazia uma grande mágoa, tivemos
na mão uma grande oportunidade de nos
divertirmos, de fazermos o que gostamos e
desperdiçamos essa oportunidade.
F: Em 2009 regressam com a formação
original e editam o álbum ‘Amanhã’, parecia
que os TAXI estavam relançados, o
que correu mal depois disso?
JG: Quando regressamos em 2009 e editamos
o álbum ‘Amanhã’, foi com o pressuposto
que as divergências estavam ultrapassadas
e que íamos continuar juntos
enquanto grupo, só que após a edição do
álbum, os problemas vieram a tona.
F: Em 2012 formas com o Rui Taborda
a banda Porto, e editas o álbum de originais
‘Persícula Cingulata’, com temas
como ‘Para Sempre’, De Mão em Mão’,
‘Onda do Meu Mar’, que tiveram algum
sucesso. Em 2017 voltam como TAXI,
porquê esta indefinição, no nome da
banda, para prosseguirem a carreira?
JG: A explicação é muito simples, começámos
a compor as nossa músicas mas
a sonoridade não tinha nada a ver com os
TAXI, era mais à base de piano e teclas,
então para não confundir os fãs, formamos
a banda Porto, um projecto autónomo. Foi
um disco totalmente gravado pelo Rui, na
sua casa, masterizado nos EUA, e lançado
como um projecto de autor. Depois disso
começámos a gravar mais à base de guitarras,
uma sonoridade muito mais TAXI.
F: Desse regresso à sonoridade dos
TAXI, nasce a música ‘Reality Show’
que foi um sucesso, é a versão dois, do
TVWC, 40 anos depois?
JG: (risos) De certa forma sim, é a história
de um padeiro do Seixal, que de repente
ficou famoso, teve os seus momentos de
fama, mas rapidamente viu que para ter
paz de espírito o melhor era voltar a ser
padeiro.
F: Ainda durante 2017 acontece novo revés,
os ex-colegas de banda interpõem
uma providência cautelar que vos impede
de usar o nome TAXI, e escolhem
T4X1, sentiste que era o fim de um sonho,
de recuperar um nome e um projecto
musical que está gravado na história
do rock em Portugal?
JG: É verdade, vamos para tribunal e na
primeira audiência o juiz deu-nos razão,
eles recorreram e na segunda audiência
foi-lhes dada razão, vamos então para a
acção principal e conseguimos chegar a
acordo, prevaleceu o bom senso e a situação
ficou resolvida, em Junho deste ano.
O T4X1 foi uma denominação transitória
porque já estávamos com concertos marcados
e como não podíamos usar o nome
TAXI, arranjamos um que foneticamente é
diferente, mas visualmente tem semelhanças.
F: Desde a formação, os TAXI tiveram o
nome no jornal, foram caso nacional, ficaram
bem conhecidos e acabaram no
tribunal. Foi uma vida de cão?
JG: Estes últimos 3 anos foram, de resto os
TAXI foram muito além dos meus melhores
sonhos, tudo o que se passou connosco
superou completamente todas as nossas
expectativas. Tivemos uma vida muito boa,
fazíamos o que gostávamos e ainda nos
pagavam por isso.
Agora estes últimos 3 anos, garanto-te que
foi muito, muito, complicado mas felizmente
acabou bem que é o que interessa.
F: Depois desta decisão em tribunal e
por tudo o que passaste nestes últimos
anos, achas que é a nova vida dos TAXI?
JG: Totalmente, é uma nova vida, já temos
cerca de 15 músicas originais gravadas
prontas a editar em álbum, mortinhos para
o pôr cá fora, esta situação pandémica
atrasou tudo, mas estamos com muitos
projectos.
F: A vontade de fazer coisas novas, de
seres irreverente em palco é a mesma
de há 40 anos atrás?
JG: Completamente, quando estou em palco
parece que sou outra pessoa, estou no
meu mundo de fantasia mas que ao mesmo
tempo é real. Quando canto músicas de
há 40 anos atrás, aquele tempo passa-me
pelo meu imaginário como um flash e sinto-
-me um eterno adolescente. Ver o público
cantar, pular e dançar músicas feitas por
nós é a realização de um sonho, de criança,
tornado realidade.
F: Fala-me dos teus novos projectos, do
que tens na calha e do teu entusiasmo
para dares uma nova vida à banda?
JG: Temos muitos concertos reagendados,
estamos a pensar numa digressão completamente
diferente, que é o tal segredo que
não te posso revelar, mas acima de tudo
quero que tudo corra bem.
Enquanto me sentir bem a tocar, cantar, ensaiar,
gravar, etc, e isso me der prazer, com
profissionalismo é claro, mas ao mesmo
tempo com muita diversão, os TAXI continuarão
a tocar para os fãs.
F: Como estás a sentir esta pandemia,
tem-te prejudicado em termos profissionais?
JG: Imagina, quando um dos dias mais
felizes da minha vida recente, o dia 1 de
Junho, chegámos a acordo sobre o futuro
dos TAXI, parecia que se abria uma autoestrada
à nossa frente, com um disco pronto
a ser editado, concertos pelo país, logo
tudo se começou a afunilar até que fechou.
Veio prejudicar imensamente, é um ano
que está a ir completamente à vida, é um
ano completamente apagado.
O que temos feito é compor, o nosso disco
já estava fechado mas não impresso, então
nada nos impedia de continuar a compor,
por acaso duas das melhores músicas
compusemo-las agora e irão substituir outras
do alinhamento inicial, por isso sem
stresse, nas calmas, temos estado a trabalhar
com vista à continuidade dos TAXI.
texto e foto:
FOCUSMSN - cultura, desporto, música
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Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
28
ACTUALIDADE
A Festa do Avante
deixou de ser tema
JOÃO MENDES
Num ápice, a Festa do Avante
deixou de ser tema. E só voltará
a sê-lo, apenas e só, caso
seja identificada alguma cadeia
de contágio que possa ser
comprovadamente associada
à festa comunista. E porque
deixou a Festa do Avante de
ser tema, assim, num ápice,
depois de meses a fazer manchetes
atrás de manchetes, a
alimentar indignações de Rui
Rio e outros notáveis militantes
do PSD e do CDS-PP, para
não falar na fachosfera, para
gáudio de uma certa turba embrutecida?
Porque o Santuário
de Fátima conseguiu fazer incomparavelmente
pior que o
PCP, que, apesar de tudo – e
estou perfeitamente à vontade
para o dizer, visto que me
opus à realização da Festa do
Avante – foi exímio a organizar
a sua festa. Já o Santuário
de Fátima meteu tanta água,
no passado 13 de Setembro,
que, a meio das cerimónias,
viu-se obrigado a impedir a
entrada de fiéis no recinto do
Santuário, que se acumularam
no exterior, gerando mais um
foco de confusão e de potencial
contágio.
Ao PCP bastaria que a Festa do
Avante tivesse a mínima falha
para ser crucificado e queimado
no fogo do Inferno. Em Fátima, as
imagens falaram por si. Milhares
de pessoas, grupos de peregrinos
de França, Itália e Espanha,
zonas de ajuntamentos que não
respeitavam minimamente as regras
de distanciamento social,
repletas de idosos e de outros
integrantes de grupos de risco,
zonas envolventes sobrelotadas,
em particular a partir do momento
em que a gestão do Santuário
determinou que não poderiam
entrar mais fiéis no recinto, o
que, como poderão imaginar,
não os fez desaparecer, e inúmeras
pessoas que optaram por
não usar máscara, o que não admira,
ou não estivessem naquele
espaço centenas ou milhares de
pessoas que acreditam, convictamente,
que a sua fé funciona
como vacina para a covid-19, um
dos aspectos mais assustadores
de todo este triste espectáculo.
Com excepção de alguns cronistas
mais corajosos, e houve-os
à esquerda e à direita, a reacção
da imprensa e do comentário político
nacional ao que aconteceu
em Fátima, no passado 13 de
Setembro, foi um belo festival
de hipocrisia, que acabou por
ser extremamente útil para perceber
o que moveu os hardliners
da direita portuguesa, a opinião
publicada e o comentário televisivo,
globalmente críticos da
realização do Avante, a optar
pelo silêncio cúmplice, cobarde
e politicamente correcto sobre o
que se passou em Fátima: tratou-se,
única e exclusivamente,
de um ataque político ao PCP,
sem ponta de preocupação com
questões sanitárias, por parte de
pessoas que, repito, se estão nas
tintas para o problema sanitário.
O que também ficou muito claro,
foi a questão do poder. Afinal, a
secular Igreja Católica continua a
ocupar uma posição de privilégio,
incomparável com a de qualquer
partido, que lhe permitiu passar
por entre os pingos da chuva nesta
situação, como de resto lhe vai
permitindo influenciar e doutrinar
muitos aspectos da vida pública
portuguesa, sem grandes indignações
ou abaixo-assinados. Ao
contrário de qualquer instituição,
a Igreja Católica continua a viver
numa bolha de privilégio e
opacidade, não paga impostos,
poucas contas presta, influencia
e intromete-se na vida política e
de várias instituições públicas e
privadas, tem um forte ascendente
sobre todas as forças vivas de
concelhos mais pequenos e conservadores
e ainda está protegida
pela Concordata, um acordo
incompreensível num Estado dito
laico. Chama-se poder.
Que fique bem claro que isto não
é um ataque à fé de ninguém.
Tal como criticar a realização
do Avante não é uma forma de
anticomunismo ou criticar Luís
Filipe Vieira não é um ataque ao
SL Benfica. E nunca é demais
sublinhar este aspecto, que as
religiões tendem a toldar o discernimento
a muito boa gente,
principalmente nestes tempos
em que um sacerdote que pede
mais justiça social é apelidado
de comunista, ao passo que
um outro, que parte pão com
fascistas ou escreve crónicas
a apelar ao regresso do Index
– sim, aconteceu em Portugal
– são destemidos paladinos
numa batalha desigual contra
o politicamente correcto e mais
não sei o quê. Todo o cuidado é
pouco. Principalmente num país
onde a instituição religiosa – não
confundir com a fé dos Homens
– tem histórico de conluio com
autocratas e torturadores.
Agora é esperar para ver como
se desenrolará o 13 de Outubro.
Conhecendo a Igreja Católica
como conheço, estou convencido
de que não a veremos cometer
o mesmo erro duas vezes
seguidas. Fico a aguardar para
saber se Marcelo irá exigir conhecer
em detalhe o plano de
contingência do Santuário e as
medidas impostas pela DGS, se
os furiosos anticomunistas voltarão
a rasgar as vestes, para depois
nos brindarem com pérolas
alucinadas do estilo “estamos
protegidos por Nossa Senhora,
o vírus não entra aqui” (sim,
houve gente com responsabilidades
políticas a dizer barbaridades
destas), e o que dirão a
imprensa e os analistas, todos
eles dominados pela esquerda,
claro está, tão lestos que eles
foram a esmiuçar e trucidar a
Festa do Avante. Uma coisa é
certa: sabemos hoje, objectivamente,
quem são aqueles que
se estão literalmente nas tintas
para a saúde dos portugueses,
privilegiando a chicana política
em detrimento da razoabilidade.
Lembrem-se disso, quando os
ouvirem, muito moralistas, falar
de responsabilidade e sentido
de Estado.
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
ACTUALIDADE/ESPECTÁCULO
29
Remoção
dos ovários
a mulheres
que abortem
A fidelidade
do infiel
JOÃO MENDES
Enquanto a discussão sobre o congresso do Chega
se vai debruçando sobre a encenação das listas, a
intervenção da GNR por incumprimento das regras
sanitárias ou a enésima quase-demissão do seu líder,
a suprema obscenidade passou quase despercebida,
perante a indiferença de uma sociedade dominada
pelo pânico pandémico, em processo acelerado de
normalização do autoritarismo, que já não se choca
com o regresso de um horror que julgávamos morto
e enterrado.
O momento é absolutamente abjecto: um militante do
Chega, com um longo percurso político que passou
pelo PNR e pelo Aliança, apresentou uma moção,
onde, entre outras ideias, defende que qualquer
mulher que decida abortar, excepto em casos de
violação, malformação ou perigo imediato para a sua
saúde, deverá submeter-se à remoção compulsiva
dos seus ovários, “como forma de retirar ao Estado
o dever de matar recorrentemente portugueses por
nascer, que não têm quem os defenda no quadro
actual”.
Isto é assustador. É a total negação dos mais elementares
valores democráticos. De uma violência e
brutalidade atroz. E é certo que a moção foi rejeitada,
mas o simples facto de ter sido elaborada e discutida,
e previamente analisada pelos órgãos partidários
competentes, ilustra bem o que podemos esperar
de um partido que alberga neo-nazis e fundamentalistas
religiosos. Se com um deputado já querem
remover ovários à força, apresentando argumentos
dignos de um fanático islâmico, imaginem o que seria
se esta gente chegasse ao poder. Não, o fascismo
não pode passar.
ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO
Quando escrevi, a meio da década
de 1980, a canção “Completamente
Infiel” (álbum “Noites Negras de
Azul”, 1988), estava a atravessar
um deserto escaldante, descortinava
a praia e o mar, mas ainda
faltavam uns longos passos até à
frescura da água. É uma bela canção
mas com o tempo deixou de
me representar. Foi escrita como
vingança, e a vingança, o acto de
dirigir a nossa energia, física e
espiritual, para um acto vingativo
é um desperdício absoluto do
melhor que há em nós. No amor,
ou no resto.
Vem isto a propósito da incerteza
que vamos antevendo nos passinhos
de dança dos comunicados oficiais.
Uma coisa me parece certa: afastem
o medo; desliguem as notícias;
os números dos relatórios diários
servem para novas interrogações
sem resposta; há mais mundo que
o universo Covid-19; transparece uma
revolta surda por tanta incerteza, um
pânico calado que não descola. Os
populismos, por falta de consistência,
servem-se de qualquer gritaria
para ganhar espaço – a depressão
de um grupo, ou a colectiva, promove
estes desencontros com a sanidade.
Cuidem-se, a protecção de cada um
evita o contágio.
Voltemos a infidelidade. Continuo um
infiel, logo um homem estruturalmente
livre de escolher – ninguém nasce
para viver em prisões ou coletes de
força. Tenho escrito mais do que
leio, mas ler faz-me bem à alma. E
aqui sou mesmo infiel, porque respiro
a minha liberdade e dou largas
à curiosidade, factor primordial para
o conhecimento.
Acabei de ler “Sinais”, da Laura Lynne
Anderson (a minha canção “Sinais –
presentes do Tempo”, de 2013, fala
destes ‘sinais’); peguei no “Buraco
da Agulha”, do Ken Follett (escrito
no mesmo ano em que os UHF nasceram,
e agora reeditado), depois de
ter lido os últimos do António Barreto,
Luís Sepúlveda, Neal Donald Walsh
ou Domingos Lopes. Ou seja, as minhas
leituras vão por diversos trilhos
na floresta das ideias, não me limito,
sou livre, infiel a qualquer doutrina
ideológica ou capelinha organizada.
Da política à espiritualidade, da
novela de espionagem às crónicas,
leio para conhecer, gostar ou rejeitar.
Guardem um tempo para vós, saiam
do trilho das obrigações, façam uma
pausa, sejam infiéis à vulgaridade. O
medo afastar-se-á por si, sem parceiro
para lhe saltar para as costas. Que
triste é tantos queixarem-se ‘deles’,
os da política, mas só se falar de futebol
por cá. Miseravelmente triste.
Deixo-vos com outro texto para esse
livro prometido.
No próximo sábado, às 22h00, iremos
gravar ao vivo um momento inédito
nas nossas vidas de músicos. O último,
o XXVII Momento Musical Caseiro
dos UHF.
Compras da semana:
Livros: Arturo Pérez-Reverte – “Uma
História de Espanha” (2020)
ECM – CD John Scofield/Bill Stewart/
Steve Swallow – “Swallow tales”
(2020); CD Domink Wania – “Lonely
shadows” (2020); CD – Terje Rypdal
– “Conspiracy” (2020)
Pop/rock – CD – Chrissie Hynde
w/ The Valve Bone Woe Ensemble
– “Valve bone woe” (2019); CD – Rufus
Wainright – “Unfollow the rules”
(2020); CD – Love – “Reel to real”
(1974/2015 – deluxe edition
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
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Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
CRÓNICA
31
O Torquemada português
LUÍS OSÓRIO
1.
Um amigo mostrou-me esta pérola que
foi escrita, com toda a solenidade, por
um padre que não é um padre qualquer.
Ricardo Cristóvão é pároco de Alcobaça.
É um símbolo de uma geração de novos
sacerdotes, de “jovens turcos”, capaz
de elevar a igreja portuguesa a um outro
patamar de preparação teológica e
até comunicacional.
2.
Mas estes tempos são estes tempos.
Já não há volta a dar.
Todos os extremistas de direita – uns
mais maluquinhos do que outros – começaram
a sentir-se respaldados para
dizer o que pensam sobre o mundo.
Não é por acaso que, ao mesmo tempo,
lemos, ouvimos e vemos tantos ao
mesmo tempo proclamarem as coisas
mais bizarras ou trogloditas.
Uns querem castrar.
Outros querem a pena de morte.
Outros querem tirar os ovários às mulheres
que abortam.
Outros querem abolir o crime de violência
doméstica.
Outros querem ver os ciganos confinados.
Outros assinam manifestos contra uma
disciplina que nos diz que não há raças
inferiores e que todos somos iguais.
E depois há este senhor, este padre,
que nos escreve esta maravilha sobre
os livros que são bons e os livros que
são maus.
Diz… adaptando Afonso de Ligório, um
santo italiano do século XVIII.
«Por isso, querido leitor, se chegar às
tuas mãos um tal livro, lança-o imediatamente
no fogo, para que não apareça
mais; e, se és pai de família, faze o que
estiver em tuas forças para afastar da
tua casa uma tal peste, se não quiseres
dar um dia rigorosas contas a Deus».
3.
Não é mentira, é mesmo verdade.
O pároco de Alcobaça, que continua a
ser pároco de Alcobaça depois de o ter
escrito, escreveu esta frase sobre o que
ele julga ser o mal, o diabo, o inferno.
O padre Ricardo Cristóvão, que leio
ser especialista em exorcismos, não
desconhece o papel da Igreja Católica
na legitimação de vários regimes
totalitários.
E não desconhece a história da Santa
Inquisição.
Para mim é claro que aquilo que escreve
não é inocente ou pueril... o pároco
de Alcobaça deseja relevar esses períodos
da Igreja Católica, deseja exaltar
o tempo em que a Igreja Católica zelava
pela moral e decidia o que devia ou não
ser dito, lido, falado.
O Padre Ricardo, sem o dizer, diaboliza
o Papa Francisco e os padres que certamente
na sua douta opinião estarão
a capitular na luta contra a supremacia
cultural marxista.
O Padre Ricardo é uma bandeira entre
os que desejam regressar ao antigamente
e contra a podridão deste tempo
de corrupção da carne e de diabo.
O Padre Ricardo é simplesmente um
fascista.
Um Torquemada.
E orgulha-se disso.
Mas continua a ser pároco numa cidade importante.
Não podia continuar a sê-lo se não tivesse o respaldo
de alguns bispos influentes. Simplesmente não lhe seria
possível.
E isso é deveras assustador.
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
32
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Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
CULTURA
33
Paira um espectro sobre os
amigos do acordo ortográfico
— o espectro da fonética
NUNO PACHECO (*)
Há dias, o jornal Voz Portucalense, semanário
da diocese do Porto, trazia um curioso artigo
intitulado “Vamos aprender a pronunciar a
língua portuguesa?”. M. Correia Fernandes,
o seu autor, partindo de um facto antigo (“as
palavras não se escrevem como se pronunciam”)
e de uma conclusão sensata (sendo
uma convenção, a ortografia “deve servir
para se distinguirem as palavras e não para
as confundir”), sugere que passemos a pronunciar
melhor as palavras e que dispensemos
muitos dos anglicismos que para aí
andam a despropósito. Mas não se fica por
aí. Escreve, a dado passo, o seguinte: “Há
palavras em que o acordo ortográfico deveria
ter servido para valorizar a distinção de muitos
vocábulos em que a grafia fosse orientada
para ajudar a pronunciar as consoantes, tornando-as
de mudas em pronunciadas.” E dá
como exemplos “contrato” (elemento jurídico)
e “contracto” (de contraído, devendo ler-se o
c), “ótico” e “óptico” (lendo-se o p), “repto”
e “recto” (sugerindo que se leia o p e também
o c), dizendo que as ditas consoantes
mudas deveriam ser também pronunciadas
em “facto” (já o são), “factor”, “acto”, “actor”,
“concepção” e “percepção”, etc. Tudo isto
parece contrariar o acordo ortográfico de
1990, o tal que decepou consoantes a eito.
Mas o autor escreve com o acordo de 1990…
Sem desmerecer as boas intenções implícitas
no texto, dir-se-á que andamos como
o bicho que corre atrás da própria cauda a
tentar mordê-la sem estranhar que ela se
afaste quando se move. O acordo ortográfico,
mexendo na escrita, mexeu também
na fonética. Isto já foi dito mil vezes, mas
nunca é demais repetir. Escrever “fator” e
pretender que se leia “fàtôr” (factor) é ilusório.
Daqui a uns anos, diremos “âtor”, “dir’ção”,
“obj’tivo” e disparates do género. Sim, estamos
a mudar a nossa fala por causa de uma
escrita aberrante que, sendo diferente da
brasileira (e nunca é excessivo insistir nisto),
não respeita o nosso sistema vocálico e as
suas idiossincrasias.
O autor estranha que se diga “xesso” em
vez de excesso, ou “xêntrico” em vez de
excêntrico, só que a erosão das palavras
na fala é um fenómeno antigo, persistente
e é não apenas português. Estranho era
que escrevêssemos “xesso” e “xêntrico”.
Coisa que, a seu modo, o acordo faz. Há
um interessante teste, que qualquer leitor
poderá fazer por si, e que consiste em dar à
“máquina” do Word, programa de texto (aqui,
uns lerão “tâichtu” e outros “têchtu”, sem
que a escrita se altere), um lote de palavras
para “ler” em voz alta. A máquina usa um
algoritmo introduzido por mão humana e
esse algoritmo está adaptado ao português
de Portugal, como logo se percebe.
O processo é simples: copiem as palavras
indicadas para uma folha do Word
em branco, escolham a opção “Rever” no
menu, coloquem o cursor do rato no início
da primeira palavra e carreguem em “Ler
em voz alta”, que a máquina lerá tudo numa
voz feminina sintetizada. Para parar, basta
carregar de novo no mesmo botão. Numa
série de palavras, o som da escrita segundo
o acordo de 1945 e o de 1990 soará igual.
Exemplos (copiem-nos e ouçam): Acção,
Ação; Acepção, Aceção; Activo, Ativo; Actual,
Atual; Baptista, Batista; Cacto, Cato;
Coacção, coação; Espectáculo, Espetáculo;
Exactamente, Exatamente; Factura, Fatura;
Percepção, Perceção; Reactor, Reator;
Recto, Reto; Recepção, Receção; Selecção,
Seleção; Tractor, Trator.
Porém, noutras, o contraste entre fonéticas
é chocante. E esta lista é bem maior
(experimentem copiá-la e depois ouvi-la):
Adjectivo, Adjetivo; Adopção, Adoção; Arquitecto,
Arquiteto; Aspecto, Aspeto; Acto,
Ato; Actor, Ator; Actores, Atores; Baptismo,
Batismo; Baptizado, Batizado; Bóia, Boia;
Correcção, Correção; Correcto, Correto;
Detecção, Deteção; Detectar, Detetar; Dialecto,
Dialeto; Direcção, Direção; Directa,
Direta; Efectivamente, Efetivamente; Efectivo,
Efetivo; Electivo, Eletivo; Efectuar, Efetuar;
Electricidade, Eletricidade; Electrónica, Eletrónica;
Espectador, Espetador; Expectativa,
Expetativa; Exacto, Exato; Excepto, Exceto;
Exceptuando, Excetuando; Factor, Fator;
Fracção, Fração; Indefectível, Indefetível;
Infectado, Infetado; Infecção, Infeção; Injecção,
Injeção; Insecto, Inseto; Inspecção,
Inspeção; Inspector, Inspetor; Interactivo,
Interativo; Jóia, Joia; Lectivo, Letivo; Nocturno,
Noturno; Objectiva, Objetiva; Objecto,
Objeto; Perceptível, Percetível; Perspectiva,
Perspetiva; Projecção, Projeção; Projecto,
Projeto; Prospecção, Prospeção; Protecção,
Proteção; Protector, Protetor; Reacção, Reação;
Receptor, Recetor; Redacção, Redação;
Retrospectiva, Retrospetiva; Selectivo, Seletivo;
Sector, Setor; Sectores, Setores; Tecto,
Teto; Tracção, Tração; Vêem, Veem.
Burrice da máquina? Erro no algoritmo? Não,
erro no acordo. Não se pode torcer a barra e
querer que ela fique direita ao mesmo tempo.
Claro que a máquina tem falhas: abre indistintamente
as vogais em “coação” (de coar)
e “coacção” (coagir); e lê “acordam” como
“acurdam”. Mas ainda assim tem suficiente
“entendimento” para abrir o u em “equitativo”
ou “equidade” e fechá-lo em “equilibrado” ou
“equinócio”; e dá o devido som às vogais em
contexto, abrindo o o em “quando eu acordo”
(ò) e fechando-o na frase “assinaram o
acordo” (ô). Por isso, este teste é elucidativo:
a grafia que nos impingiram em Portugal não
é tragável, nem mesmo por uma máquina.
(*) in Jornal Público
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
34 HUMOR “Quem não sabe rir, não sabe viver”
TESTE
“Foi descoberto que o nosso cérebro tem
um Bug.
Aqui vai um pequeno exercício de calculo
mental !!!!
Este cálculo deve fazer-se mentalmente (e
rapidamente), SEM utilizar calculadora, nem
papel e caneta!!!
Seja honesto...
Tens 1000, acrescenta-lhe 40.
Acrescenta mais 1000.
Acrescenta mais 30
e novamente mais 1000.
Acrescenta mais 20.
Acrescenta mais 1000
e ainda mais 10.
Qual e o total? “
Z Se precisar, veja o resultado nesta página
No Brasil o ditador bolsocoiso dirige-se
incógnito a um cinema.
Senta-se no meio da multidão e, na obscuridade,
ninguém o reconhece.
No écran passam as actualidades. De repente,
aparece ele próprio no filme,
na varanda da Alvorada, a falar ao povo.
Imediatamente a sala inteira levanta-se e
aplaude.
Só o ditador bolsocoiso permanece sentado,
saboreando a sua glória. Então o vizinho
do lado inclina-se para ele e segreda:
-Levanta ai, oh otário!! A sala ta assim de
caguetes e tu não vai querer ser queimado
por aquele meganha!!
Em França, um guarda nocturno depara
com um indivíduo que sai de um Bar
cambaleando e cantarolando coisas que
ninguém entende.
Aproxima-se dele e diz-lhe amigavelmente:
- O senhor não devia embriagar-se assim...
Não lhe fica bem e, além disso faz mal à
saúde. Todos os anos morrem milhares de
franceses por causa do álcool.
- Ah! Não importa... eu sou português ! ...
Criança de 6 anos :
- Papá, papa todos os contos de fadas
começam com era uma vez ?
Pai :
- Nem todos minha filha, alguns começam
com “Se eu for eleito...”
A resposta certa: 4100
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Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
04 DOM Dia Mundial do Animal
04 DOM Dia do Médico Veterinário
05 SEG Implantação da República
05 SEG Dia Mundial do Professor
06 TER Dia Mundial da Paralisia Cerebral
07 QUA Dia Nacional dos Castelos
08 QUI Dia Mundial da Visão
08 QUI Dia Mundial do Polvo
09 SEX Dia Mundial dos Correios
09 SEX Dia Mundial do Ovo
10 SÁB Dia Mundial da Saúde Mental
10 SÁB Dia Mundial Contra a Pena de Morte
10 SÁB Dia Mundial dos Cuidados Paliativos
11 DOM Dia Internacional da Rapariga
11 DOM Dia Mundial do Combate à Obesidade
12 SEG Dia Mundial das Doenças Reumáticas
14 QUA Dia Mundial do Careca
15 QUI Dia Mundial de Resolução de Conflitos
15 QUI Dia Mundial da Lavagem das Mãos
16 SEX Dia Mundial da Alimentação
16 SEX Dia Mundial do Pão
17 SÁB Dia Int.para a Erradicação da Pobreza
17 SÁB Dia Internacional do Preguiça
OUTUBRO 2020
Feriados e Datas Comemorativas
PASSATEMPO
18 DOM Dia Mundial da Menopausa
20 TER Dia Mundial da Estatística
20 TER Dia Mundial da Osteoporose
20 TER Dia Nacional da Paralisia Cerebral
21 QUA Dia Internacional da Maçã
22 QUI Dia Internacional da Gaguez
23 SEX Dia de São João de Capistrano
24 SÁB Dia do Exército Português
24 SÁB Signo Escorpião
25 DOM Mudança de hora
25 DOM Dia Mundial das Massas
26 SEG Dia da Biblioteca Escolar
27 TER Dia Mundial da Terapia Ocupacional
27 TER Dia Mundial do Património Audiovisual
27 TER Dia dos Jornalistas Pela Paz
28 QUA Dia Mundial da Terceira Idade
28 QUA Dia Internacional da Animação
28 QUA Dia Mundial do Judô
29 QUI Dia Mundial da Psoríase
29 QUI Dia Mundial do AVC
30 SEX Dia Naci. de Prevenção do Cancro da Mama
31 SÁB Dia das Bruxas - Halloween
31 SÁB Dia Mundial da Poupança
35
Sabia que...
— Há algumas medidas
que poderá tomar para
prevenir o surgimento da
tosse seca?
Evitar ambientes e
situações potencialmente
propícias a infeções respiratórias
por contágio
—As necessidades de
cálcio variam consoante a
idade?
O Institute of Medicine
of the National
Academy of Science estabeleceu
recomendações
oficiais de cálcio para os
diversos grupos etários
— A azia é um sintoma e
não uma doença?
Embora seja possível
aliviar o desconforto
que origina a azia, é sempre
recomendável identificar
e tratar o problema
que a causou
—A groselha, o kiwi, a laranja
e a salsa são fontes
ricas em vitamina C?
—A cebola, maçã, nozes,
chá, vinho tinto, uvas vermelhas,
morango, framboesa,
mirtilo, arando e
cereja são ricos em polifenóis?
—A hipertensão é o principal
factor de risco para
o AVC?
—O magnésio é um mineral
presente em todas as
células vivas?
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LITERATURA
VCARMINDO
DE CARVALHO
Ghttps://www.fa-
cebook.com/carmindo.
carvalho
Emigração
Emigrar é um acto de coragem!
Emigrar é deixar para trás tanta coisa, de
nós, dos amigos, dos familiares.
Amigos e familiares que ao longo de anos
se vão perdendo, pela morte, pela falta
de contacto, e até por quezílias estúpidas,
mesquinhas, sem razões que as justifique.
Mas é assim mesmo porque tal como diz
o refrão da canção: “ Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades. “
Mudam-se coisas, os nomes das ruas
das Vilas e Cidades.
E mudam as formas de pensar. E até as
de não querer pensar - porque isso dá
muito trabalho!
É ter de adaptar a um idioma diferente, a
outros costumes, culturas e clima.
E quando pensamos que está tudo bem,
não está.
O regresso torna tudo à estaca zero.
Se voltarmos aos mesmos lugares, há
diferenças na paisagem (antes um cruzamento,
agora uma rotunda!), diferenças
nas pessoas, nos costumes, na originalidade
sã das vivências de outrora, agora
perdida ou adulterada por modernices! ...
Se optarmos por nos instalarmos noutros
lugares onde não conhecemos ninguém,
onde não temos raízes, é como tornar a
emigrar.
Obriga a tentar encontrar uma grande
força que nos estabilize. Que nos aproxime
à compreensão e aceitação.
Antes foram os de cá, agora são os de lá.
Tanta gente que conhecemos, com quem
lidámos tanto tempo!
Gente oriunda de outras paragens, com
tantas diferenças que aprendemos a
estimar, a quem abraçámos, com quem
rimos, bebemos uns valentes copos, tornámo-nos
cúmplices de segredos, de
marotices em aventuras antes nunca tentadas.
E a grande maioria nunca mais vamos
voltar a encontrar.
Na altura fica a promessa de visitas.
Mas o tempo passa!
E no que se esquece, no que se muda,
ficam as promessas por cumprir.
Foto e palavras minhas.
Se esse momento chegar
Quando já tiver desistidoDe quase
tudoQuando já tiver abdicadoDo meu querer
dizer sim ou dizer nãoDo direito à minha
indignação
Quando concordarCom tudo a cem por
centoQuando já resignadoTiver deitado a
toalha ao chãoE aceitar a subjugação:
Então o melhor é suicidar-me.
Se esse momento chegarJá não andarei
por cá a fazer nadaJá terei chegado ao
estadoDe quase abaixo de cão!
Entretanto e enquantoConseguir
resistirRecusarei esse estado
lastimosoContinuarei a remarNeste mar
encrespadoAinda que seja contra a maré! ...
É preferível ser o cão raivosoQue ladra
mas fala!E esse falar é protestarÉ
desabafarComo água que teimosamenteOra
aos trambolhões ora simplesmenteFluindo
teima e galgaOs entulhos que atrasaO seu
desaguar!Atrasa mas chega!
À sua desejada foz.
VEUCLIDES
CAVACO
Ghttps://www.face-
book.com/euclides.cavaco
Outono da Vida
Tal como a mãe Natureza
Temos também com certeza
O nosso Outono da vida
Que vemos lesto chegar
E podemos comparar
A cada folha caída.
O tempo sempre avançando
Vai-nos enfim transformando
Revelando a nossa idade
Diminuindo o vigor
E a grande força interior
Que havia na mocidade.
Se não for interrompida
Antes do Outono, a vida
Nele viveremos mais
Duma forma inteligente
Muito mais intensamente
Nossos dias outonais.
Os dias são mais doirados
E por nós apreciados
Duma forma enternecida
Depois serão sempre assim
Até chegarmos ao fim
Do nosso Outono da vida.
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
CULTURA
37
Palavras Cruzadas
Por
PAULO FREIXINHO
HORIZONTAIS
1. Referente à estação das colheitas,
das vindimas e das castanhas.
8. Ver com antecipação.
9. A minha pessoa.
10. Autores (abrev.).
11. Antes do meio-dia.
12. Imposto sobre o rendimento das
pessoas singulares.
13. Prefixo que exprime a ideia de privação.
14. Antiga armadura para a cabeça.
15. Outono (Mirandês).
16. Mencione.
17. Rádio (s.q.).
19. Argola.
20. Partícula apassivante.
21. Alternativa.
22. Símbolo de miliampere.
23. Diz-se da folha que cai.
25. Guiar.
VERTICAIS:
1. Tornar volumoso ou balofo.
2. Larva que se cria nas feridas
dos animais (Bras.).
3. A ti.
4. Triunfante.
5. Também não.
6. Atmosfera.
7. Português.
9. Deserto.
12. Ínsula.
13. Composição dramática.
14. Urdidura de uma obra
literária.
15. Tontura.
16. Leito.
18. Transpirar.
20. Cloreto de sódio.
21. Vazia.
23. Cento e um em numeração
romana.
24. Antigo nome da nota
musical dó.
Soluções, na página 30 c
Um site que é uma referência
Adepto das Redes Sociais e dos
blogues, Paulo Freixinho, juntamente
com um amigo de infância,
admirador do seu trabalho, relançou
este ano o seu site onde é possível fazer
Palavras Cruzadas online.
Juntos, pretendem criar um site que seja
cada vez mais uma referência, já apelidado
como “Um Paraíso para Cruzadistas”.
Experimente:
WWW.PALAVRASCRUZADAS.PT
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38
HORÓSCOPO
Outubro
RV - JOANA ARAÚJO (*)
CARNEIRO
Muita energia durante todo o mês. A única
coisa a que deve prestar mais atenção
é à ingestão de água, que deve ser abundante.
No amor terá muita necessidade de demonstrar
os seus sentimentos, podendo
chegar ao exagero.
Não encontrará a resposta que procura
na pessoa que ama.
No trabalho demonstrará muita actividade
e capacidade de improvisação para
solucionar alguns problemas.
TOURO
Marte em oposição à Lua representa um
momento de emoções intensas e conflitos
emocionais. Neste momento poderá
ser difícil lidar com o sexo oposto, embora
fosse bom nesta altura desse mais
importância aos aspectos positivos de
qualquer relação.
GÉMEOS
Haverá uma preocupação exagerada com
a saúde e com a estética corporal, podendo
chegar à obsessão.
Continuará a pensar em alguém do seu
passado que deixou marcas profundas na
sua vida e a pessoa que está actualmente
consigo notá-lo-á.
A chegada de novos companheiros de
trabalho serão a desculpa para um rendimento
mais alto do que o habitual e também
para quebrar a rotina.
Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
CARANGUEJO
Esta altura constitui já a passagem a um
momento mais tranquilo, mais interiorizado.
A passagem da Lua será responsável
por esta gradual transformação do seu
diálogo com o mundo. Pode trazer-lhe,
por um lado, uma súbita falta de confiança,
mas, por outro, um diálogo esclarecedor
e construtivo.
LEÃO
Se necessita tomar medicamentos, opte
pela via natural, e melhorará a sua qualidade
de vida.
Sairá com a pessoa que ama mais vezes
do que o habitual e procurarão locais diferentes
para os momentos de mais intimidade.
Um trabalho que dava por terminado, reaparecerá
para sofrer pequenas alterações
e ser melhorado na sua totalidade.
VIRGEM
Como está com uma certa falta de concentração
nesta fase deve evitar tomar
decisões importantes tanto nos negócios
como na sua vida pessoal. Poderá sentir-se
enervado sem saber a causa. Este
é uma boa altura para se auto examinar.
BALANÇA
Necessitará dormir mais horas do que
tem dormido até aqui e o seu organismo
agradecerá se fizer alguma dieta depurativa.
A sua relação não passa por dos seus
melhores momentos e a pessoa que ama
estará em baixo de forma e necessitando
estar sozinha. Façam uma pausa no caminho!
Sentirá o apoio dos seus companheiros
de trabalho para realizar uma tarefa que é
da sua responsabilidade.
ESCORPIÃO
Está a entrar num momento de grande
descontracção, sobretudo devido à sua
paz interior. Terá uma real sensação de
segurança, tranquilidade, sem a preocupação
de assuntos pendentes que noutras
alturas, embora nem sejam significativos,
o deixam insatisfeito.
SAGITÁRIO
As costas e os órgãos sexuais poderão
dar-lhe algum problema que será de fácil
solução se consultar o médico a tempo.
Uma ligeira indisposição deixará a pessoa
que ama em baixo de forma, mas saberá
como levantar-lhe a moral e o ânimo.
Assumirá responsabilidades que não são
suas e saberá ultrapassar as dificuldades
que surgirem.
CAPRICÓRNIO
Embora possa sentir uma maior vontade
de tirar mais partido da casa e da família,
vai ser aí onde as coisas se poderão mostrar
um pouco mais atabalhoadas, menos
harmoniosas ou menos controladas.
AQUÁRIO
Respire mais ar puro e melhorará grandemente
a sua saúde. Corrija posições
incorrectas no trabalho.
A pessoa que comparte a sua vida, comparte
também os seus gostos e juntos
poderão viver momentos de muita cumplicidade.
Começa uma nova etapa profissional que
estimulará a sua competitividade e dará a
conhecer as suas capacidades.
PEIXES
Durante este trânsito de Mercúrio pode
tomar iniciativas, mas prepare-se para
defender as suas ideias com unhas e
dentes. Da sua convicção e determinação
poderá nascer a vitória. A insatisfação e
intranquilidade que agora sente é passageira,
ainda assim, no entanto, preferirá o
isolamento e a reflexão ao convívio.
(*) COORDENAÇÃO, RECOLHA E ADAPTAÇÃO
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Outubro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
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COVID-19
COVID-19 / GRIPE
IDENTIFICAR OS SINTOMAS
QUARENTENA
OBRIGATÓRIA
PARA QUEM CHEGA DE PORTUGAL
O governo suíço incluiu também
Portugal na lista de países
de risco face à pandemia de
Covid-19, forçando os viajantes
do nosso país a cumprirem uma
quarentena obrigatória de
dez dias à chegada à Suíça,
mesmo que os viajantes tenham
um teste negativo são
obrigados a ficar isolados
quando chegam.
Quem não cumprir a quarentena
arrisca-se a pagar uma
multa que pode chegar aos 10
mil francos suíços (cerca de
9.250 euros).
A lista dos países que terão
de cumprir a Quarentena, que
entrou em vigor no passado
dia 28 de Setembro de 2020,
abrange para além de Portugal,
a Bélgica, Dinamarca, Ecuador,
Grã-Bretanha, Hungria, Irlanda,
Islândia, Jamaica, Luxemburgo,
Marrocos, Nepal, Omã, Holanda
e Eslovénia. A lista integra
ainda duas partes da Austria
assim como a Bretanha (França)
e a região da Liguria (Itália).
O Escritório federal de saúde
pública BAG recomenda a renunciar
a viagens ao exterior
que não sejam necessárias. Antes
de empreender uma viagem
ao exterior, você deve verificar
com as representações na
Suíça (embaixadas e consulados)
sobre as regras de entrada
de aplicar e para limitar a propagação
do novo coronavírus.
Por favor, tome nota das recomendações
do Conselho federal
e de outras informações em:
WWW.ENCURTADOR.
COM.BR/WY169
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