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para livrar o país das forças externas;
o branco representa a permanente
busca pela paz e a beleza
das montanhas cobertas pela
neve; e o cedro, árvore presente
em boa parte do país, é um símbolo
de força e eternidade”, explica
Kobra.
Eduardo Kobra e a Fundação
Tamari, criada por Abdallah W.
Tamari (fundador da Sucafina,
multinacional do ramo de agronegócios
de café) e sua esposa,
Samia Tamari, se uniram para dar
esse apoio às pessoas afetadas.
O valor arrecadado com o leilão
e doações será utilizado para a
compra de alimentos, equipamentos
médicos e materiais de
construção para aqueles cujas casas
foram destruídas.
“Conto com o apoio de todos
nessa Corrente do Bem e mais
uma vez fazer a diferença na
vida de tantas pessoas que estão
hoje necessitadas e precisam do
nosso apoio”, diz Kobra, que recentemente
utilizou seu talento
para uma campanha que ajudava
famílias desassistidas, com situação
de vulnerabilidade ainda
mais agravada pela pandemia do
Covid-19.
Kobra fez o painel “Coexistência”,
onde mostrava crianças de cinco
religiões – budismo, cristianismo,
islamismo judaísmo e hinduísmo
– em oração e vestindo máscaras.
Uma Serigrafia da obra foi sorteada
entre as pessoas que fizeram
doações. Com o valor arrecadado
foram produzidos e distribuídos
16.620 kits.
“Agora, estamos ao lado do povo
libanês neste momento de necessidade.
Quem não quer ou não pode
participar do leilão, mas deseja
ajudar o povo libanês, pode doar
qualquer valor através do link, e,
ao final da campanha, concorrer
para ganhar no sorteio uma das
serigrafias deste trabalho.
Qualquer doação pode fazer a diferença.
Agora, mais do que nunca, os libaneses,
que tanto contribuíram
e seguem contribuindo para o
nosso país, precisam do nosso
apoio”, reforça o artista.
Segundo Kobra, ele já foi convidado
pela Sucafina para no próximo
ano transformar em mural o
painel “Ao Líbano, com carinho”,
em algum prédio de Beirute.
Sobre Eduardo Kobra
Eduardo Kobra, 45 anos, é um
expoente da neo-vanguarda paulistana.
Começou como pichador,
tornou-se grafiteiro e hoje se define
como muralista. Seu talento
brota por volta de 1987, no bairro
do Campo Limpo com o pixo e o
graffiti, caros ao movimento Hip
Hop, e se espalha pela cidade e
pelo mundo.
Com os desdobramentos que a
arte urbana ganhou em São Paulo,
ele derivou – com o Studio
Kobra, criado em 95 – para um
muralismo original – inspirado
em muitos artistas, especialmente
os pintores mexicanos e norte-
-americanos, beneficiando-se das
características de artista experimentador,
bom desenhista e hábil
pintor realista. Suas criações
são ricas em detalhes, que mesclam
realidade e um certo “transformismo”
grafiteiro.
Muitos críticos afirmam que a
característica mais marcante de
Kobra é o domínio do desenho e
das cores.
Mas o que é mais fundamental
para o artista é o olhar. Kobra foi
desde cedo apresentado às adversidades
da vida. Viu amigos
sucumbirem às drogas e à criminalidade.
Alguns foram presos.
Outros tantos perderam a vida.
Foi o olhar que o salvou.
Kobra é autor de projetos como
“Muro das Memórias”, em que
busca transformar a paisagem
urbana através da arte e resgatar
a memória da cidade; Greenpincel,
onde mostra (ou denuncia)
imagens fortes de matança de
animais e destruição da natureza;
e “Olhares da Paz”, onde pinta figuras
icônicas que se destacaram
na temática da paz e na produção
artística, como Nelson Mandela,
Anne Frank, Madre Teresa
de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma
Gandhi, Martin Luther King,
John Lennon, Malala Yousafzai,
Maya Plisetskaya, Salvador Dali e
Frida Kahlo.
Em meio ao caos urbano, buscou
resgatar o patrimônio histórico
que se perdeu. Em um contexto
repleto de desigualdade social e
injustiças, buscou se inspirar em
personagens e cenas que servem
de exemplo para um mundo melhor.
Hoje, os murais de Kobra estão
em cerca de 35 países e em diversas
cidades e estados brasileiros
– como “Etnias – Todos Somos
Um”, no Rio de Janeiro, “Oscar
Niemeyer”, em São Paulo; “The
Times They Are A-Changin” (sobre
Bob Dylan), em Minneapolis;
“Let me be Myself ” (sobre Anne
Frank), em Amsterdã; “A Bailarina”
(Maya Plisetskaia), em Moscou;
“Fight For Street Art” Basquiat
e Andy Warhol), em Nova
York; e “David”, nas montanhas
de Carrara. Em todos os trabalhos,
o artista paulistano busca
democratizar a arte e transformar
as ruas, avenidas, estradas e
até montanhas em galerias a céu
aberto. Inquieto, estudioso e autodidata,
também faz pesquisas
com materiais reciclados e novas
tecnologias, como a pintura em
3D sobre pavimentos. Em 2018,
pintou 20 murais nos Estados
Unidos, 18 deles em Nova York.
Cada vez mais conhecido, Kobra
fica, é claro, orgulhoso quando vê
uma multidão que observa um de
seus murais, mas costuma dizer
que o que o comove de verdade
é descobrir alguém que para no
meio da correria da cidade para
observar, mesmo que por um
minuto, os detalhes dessa obra.
Apesar dos murais monumentais,
Eduardo Kobra faz sua arte
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