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Revista Empresários Edição Novembro Dezembro 2020 Auditada

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para livrar o país das forças externas;

o branco representa a permanente

busca pela paz e a beleza

das montanhas cobertas pela

neve; e o cedro, árvore presente

em boa parte do país, é um símbolo

de força e eternidade”, explica

Kobra.

Eduardo Kobra e a Fundação

Tamari, criada por Abdallah W.

Tamari (fundador da Sucafina,

multinacional do ramo de agronegócios

de café) e sua esposa,

Samia Tamari, se uniram para dar

esse apoio às pessoas afetadas.

O valor arrecadado com o leilão

e doações será utilizado para a

compra de alimentos, equipamentos

médicos e materiais de

construção para aqueles cujas casas

foram destruídas.

“Conto com o apoio de todos

nessa Corrente do Bem e mais

uma vez fazer a diferença na

vida de tantas pessoas que estão

hoje necessitadas e precisam do

nosso apoio”, diz Kobra, que recentemente

utilizou seu talento

para uma campanha que ajudava

famílias desassistidas, com situação

de vulnerabilidade ainda

mais agravada pela pandemia do

Covid-19.

Kobra fez o painel “Coexistência”,

onde mostrava crianças de cinco

religiões – budismo, cristianismo,

islamismo judaísmo e hinduísmo

– em oração e vestindo máscaras.

Uma Serigrafia da obra foi sorteada

entre as pessoas que fizeram

doações. Com o valor arrecadado

foram produzidos e distribuídos

16.620 kits.

“Agora, estamos ao lado do povo

libanês neste momento de necessidade.

Quem não quer ou não pode

participar do leilão, mas deseja

ajudar o povo libanês, pode doar

qualquer valor através do link, e,

ao final da campanha, concorrer

para ganhar no sorteio uma das

serigrafias deste trabalho.

Qualquer doação pode fazer a diferença.

Agora, mais do que nunca, os libaneses,

que tanto contribuíram

e seguem contribuindo para o

nosso país, precisam do nosso

apoio”, reforça o artista.

Segundo Kobra, ele já foi convidado

pela Sucafina para no próximo

ano transformar em mural o

painel “Ao Líbano, com carinho”,

em algum prédio de Beirute.

Sobre Eduardo Kobra

Eduardo Kobra, 45 anos, é um

expoente da neo-vanguarda paulistana.

Começou como pichador,

tornou-se grafiteiro e hoje se define

como muralista. Seu talento

brota por volta de 1987, no bairro

do Campo Limpo com o pixo e o

graffiti, caros ao movimento Hip

Hop, e se espalha pela cidade e

pelo mundo.

Com os desdobramentos que a

arte urbana ganhou em São Paulo,

ele derivou – com o Studio

Kobra, criado em 95 – para um

muralismo original – inspirado

em muitos artistas, especialmente

os pintores mexicanos e norte-

-americanos, beneficiando-se das

características de artista experimentador,

bom desenhista e hábil

pintor realista. Suas criações

são ricas em detalhes, que mesclam

realidade e um certo “transformismo”

grafiteiro.

Muitos críticos afirmam que a

característica mais marcante de

Kobra é o domínio do desenho e

das cores.

Mas o que é mais fundamental

para o artista é o olhar. Kobra foi

desde cedo apresentado às adversidades

da vida. Viu amigos

sucumbirem às drogas e à criminalidade.

Alguns foram presos.

Outros tantos perderam a vida.

Foi o olhar que o salvou.

Kobra é autor de projetos como

“Muro das Memórias”, em que

busca transformar a paisagem

urbana através da arte e resgatar

a memória da cidade; Greenpincel,

onde mostra (ou denuncia)

imagens fortes de matança de

animais e destruição da natureza;

e “Olhares da Paz”, onde pinta figuras

icônicas que se destacaram

na temática da paz e na produção

artística, como Nelson Mandela,

Anne Frank, Madre Teresa

de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma

Gandhi, Martin Luther King,

John Lennon, Malala Yousafzai,

Maya Plisetskaya, Salvador Dali e

Frida Kahlo.

Em meio ao caos urbano, buscou

resgatar o patrimônio histórico

que se perdeu. Em um contexto

repleto de desigualdade social e

injustiças, buscou se inspirar em

personagens e cenas que servem

de exemplo para um mundo melhor.

Hoje, os murais de Kobra estão

em cerca de 35 países e em diversas

cidades e estados brasileiros

– como “Etnias – Todos Somos

Um”, no Rio de Janeiro, “Oscar

Niemeyer”, em São Paulo; “The

Times They Are A-Changin” (sobre

Bob Dylan), em Minneapolis;

“Let me be Myself ” (sobre Anne

Frank), em Amsterdã; “A Bailarina”

(Maya Plisetskaia), em Moscou;

“Fight For Street Art” Basquiat

e Andy Warhol), em Nova

York; e “David”, nas montanhas

de Carrara. Em todos os trabalhos,

o artista paulistano busca

democratizar a arte e transformar

as ruas, avenidas, estradas e

até montanhas em galerias a céu

aberto. Inquieto, estudioso e autodidata,

também faz pesquisas

com materiais reciclados e novas

tecnologias, como a pintura em

3D sobre pavimentos. Em 2018,

pintou 20 murais nos Estados

Unidos, 18 deles em Nova York.

Cada vez mais conhecido, Kobra

fica, é claro, orgulhoso quando vê

uma multidão que observa um de

seus murais, mas costuma dizer

que o que o comove de verdade

é descobrir alguém que para no

meio da correria da cidade para

observar, mesmo que por um

minuto, os detalhes dessa obra.

Apesar dos murais monumentais,

Eduardo Kobra faz sua arte

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