PUBLICIDADESilva AutomobileSilva António FilipeHeinrich Stutz-Strasse 28902 UrdorfTel: 043 817 34 60Natel: 076 396 65 77silva.automobile@bluewin.chSilva AutomobileSilva António FilipeHeinrich Stutz-Strasse 28902 UrdorfTel: 043 817 34 60Natel: 076 396 65 77silva.automobile@bluewin.chSilva AutomobileScanned with CamScannerSilva António FilipeHeinrich Stutz-Strasse 28902 UrdorfTel: 043 817 34 60Natel: 076 396 65 77silva.automobile@bluewin.chSilva AutomobileSilva António FilipeHeinrich Stutz-Strasse 28902 UrdorfTel: 043 817 34 60Natel: 076 396 65 77silva.automobile@bluewin.ch30Lusitano de Zurique - Janeiro 2021 | www.cldz.eu
OPINIÃOSerá que 2021 trará umanova ordem mundial?IMOGEN FOULKES (*)Este inverno de Covid estáapenas começando e já estáparecendo longo, frio e sombrio.Os países da Europa estãovoltando ao confinamento ea Suíça pode muito bem ser apróxima, se os casos de víruscontinuarem a aumentar.No entanto, apesar deste ano sísmico eda perturbação antes inimaginável emtodas as nossas vidas, o mundo continuafuncionando. A comida, para amaioria de nós, está sendo enviada echegando em nossos supermercadosa tempo. Os trens estão funcionandoe, principalmente, as crianças estão naescola.Existem outras continuidades menospositivas; guerra na Síria e no Iêmen,secas relacionadas às mudanças climáticase fome potencial na região doSahel na África, crises de refugiadoscausadas por conflitos e instabilidadeda Venezuela à Etiópia.À medida que a noite se transformaem dia, as Nações Unidas lançam seuapelo humanitário todos os anos, batendoo tambor pedindo doações paraapoiar suas operações de ajuda nospróximos doze meses. Meu colegaDaniel Warner escreveu um artigointeressante sobre isso, examinando odilema enfrentado por governos doadoresgeralmente bem-intencionadosque agora lutam para pagar seuspróprios enormes custos de mitigaçãoda Covid-19. Como eles vão pagar aconta recorde da ONU de US $ 35bilhões (CHF31 bilhões)? Alguns,notadamente o Reino Unido, já decidiramnão doar tanto.Saltando de crise em criseUma pergunta-chave é: estamos mesmoabordando a ajuda humanitária damaneira certa? Claro, isso é algo quetem sido discutido há décadas e umtópico que as agências humanitáriasolham o tempo todo.Mas para Julie Billaud, professora deantropologia e sociologia no Institutode Pós-Graduação de Genebra, é precisoir mais fundo. Todos os governos,incluindo aqueles em países doadores,ela sugere, estão perpetuamente no‘modo de emergência’, reagindo àscrises como e quando elas aparecem.Mas, ela aponta, “isso implica que ascoisas normalmente funcionam bem,mas ocasionalmente podem dar errado”.Julie não concorda. Ela afirmaque a ordem global está realmente errada,em particular a enorme divisãoda riqueza norte-sul, o que inevitavelmentegera crises.Muitos na ONU podem concordarcom essa avaliação. Mas há muitopoucos que pensam que a ordem globalpode ser mudada a tempo de beneficiaros 235 milhões de pessoas queprecisarão de assistência humanitáriaem 2021.Rein Paulsen, do Escritório das NaçõesUnidas para a Coordenação deAssuntos Humanitários (OCHA),identifica alguns novos desenvolvimentospositivos no trabalho humanitário.Na Somália, por exemplo, aONU adotou uma estratégia de ‘respostaantecipatória’. Com previsõesde inundações e infestações de gafanhotos,a ONU reagiu para apoiar ascomunidades e, ele diz, “cerca de ummilhão e meio de pessoas receberamsuporte antes da crise estourar”. Emvez de esperar que vidas e meios desubsistência fossem completamentedestruídos, as famílias foram ajudadascom antecedência para enfrentara crise. Menos devastadora para elas emais econômico para a ONU, essa foiuma estratégia que as agências de ajudaesperam usar com mais frequência.Reconstrua melhorEssas opiniões me lembram de umafrase que ouvi várias vezes este ano:‘reconstrua melhor’. Do Secretário--Geral da ONU em discursos motivacionaisaos Estados membros, aosmeus próprios amigos enquanto tomamosum café, ouvimos apelos e desejosde que possamos usar essa crisepandêmica para criar um mundo quefuncione melhor para todos nós.Então, o que isso significa exatamente?Para a especialista em saúde globalIlona Kickbusch, uma mudançaradical já está acontecendo. “Estamosconstantemente falando em voltar aonormal, devemos parar com esse tipode pensamento. Nossas sociedades, aforma como vivemos, nossas economias,estão sendo reestruturadas enquantofalamos ”, disse ela.Em abril, o médico de Médicos SemFronteiras (MSF) e vice-diretor doCentro de Saúde Global do Institutode Pós-Graduação de Genebra, Vinh--Kim Nguyen, disse que a pandemiaexigiria “coragem de imaginação” denós e avisou que deveríamos nos prepararpara “Um novo normal”.Portanto, talvez, embora muitos denós anseiem por nossas vidas de volta,devamos considerar ativamente algodiferente. Talvez Julie Billaud estejacerta, nossa ordem global não estárealmente funcionando. A pandemiae suas consequências não são um raiodo nada para o qual ninguém poderiater se preparado, mas um sinal de quenosso modo de vida está desajustado.Para os humanitários, e na verdademilhões de pessoas em nosso planeta,já há prova disso nos danos causados pelas mudanças climáticas, ou nosconflitos prolongados que ninguémparece querer resolver.Em 2021, teremos que enfrentar ocusto econômico da pandemia. Recuaremosainda mais, apostando nonacionalismo, puxando as pontes levadiçasfinanceiras e nos concentrandoapenas em nosso bem-estar pessoalimediato? Ou vamos aproveitar aoportunidade e mostrar uma coragemde imaginação? O tranquilo períodode festas que todos esperamos devedar-nos tempo para pensar a respeito.Adaptação: Clarissa Levy/SwissinfoEscreve em português do Brasil(*) - trabalha como jornalista em Genebrae escreve artigos para a SWI swissinfo.che também a BBC.Lusitano de Zurique - Janeiro 2021 | www.cldz.eu31