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SAÚDE
Laura
Brum
Dra. Laura Brum
Virologista e Diretora Médica da SYNLAB Portugal
COVID-19:
tudo sobre a nova variante do Reino Unido
Quando tudo parecia estar a enveredar
por um novo rumo, com
a vacinação a trazer uma luz de
esperança, eis que o Sars-CoV-2
nos surpreende, demonstrando a sua resistência
e adaptabilidade ao meio, provando
que é forte, através de uma nova variante:
a Estirpe VUI-202012/01, identificada no
Reino Unido. O vírus sofre mutações desde
que surgiu; isto é, alterações genéticas, que
acumulando ocasionam variantes, como
a atual. Este processo provém de um mecanismo
natural inerente a todos os vírus,
pois à medida que circulam e sobrevivem
no meio, vão criando mecanismos de defesa
e adaptabilidade que os podem tornar
mais resistentes. No SARS-CoV-2 surgem,
em média, duas mutações por mês. No caso
desta variante, esta adaptação teve sucesso,
aumentando a sua taxa de contágio para 40
a 70% por cento. A maior transmissibilidade
está relacionada com mutações que ocorreram
na proteína spike (S) que o Coronavírus
utiliza para infetar as células humanas. A
spike localiza-se no exterior do vírus e, ao
ligar-se aos recetores das células humanas,
penetra e gera infeção. Esta mutação
facilita a adesão e penetração nas células,
tornando-a mais eficaz na sua propagação.
Apesar de ser mais transmissível, esta nova
variante não apresenta quadros clínicos de
maior gravidade nem taxas de mortalidade
mais elevadas, não havendo, por isso, motivos
para alarmismos. Mas deve ser efetuado
um maior reforço das medidas de proteção
já amplamente divulgadas: distanciamento
social, uso de máscara e higiene das mãos.
Se a disseminação do vírus é maior, os cuidados
devem ser redobrados. Nada aponta
para que a vacinação perca eficácia para
esta variante do SARS-CoV-2. O método de
deteção desta nova estirpe é igual ao que
se tem vindo a realizar até ao momento nos
laboratórios SYNLAB: através de testes de
diagnóstico RT-PCR à Covid-19. No momento
do diagnóstico, é possível aferir a existência
desta nova estirpe através da falha de deteção
do gene S, que codifica para a proteína
spike. Quando ocorre esta falha, conseguimos
perceber que o diagnóstico é positivo,
identificando-se esta estirpe. Em Portugal,
a variante VUI-202012/01 foi isolada, pelos
laboratórios SYNLAB, em passageiros no
controlo aeroportuário em Lisboa, Porto,
Algarve e Madeira. Para além de algumas
dezenas de casos de transmissão na comunidade,
pelo que chamamos a atenção para
a possibilidade de maior disseminação. s
20 saber JANEIRO 2021