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A Filosofia Explica Grandes Que - Clovis de Barros Filho

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Liberdade de agir

O primeiro sentido de liberdade é mesmo este a que nos referimos logo

acima: de fazer o que se quer. Liberdade de agir. De fazer alguma coisa.

Liberdade física. De movimento, de deslocamento. Evidente num animal

selvagem. Como aqueles usados em outros tempos para anunciar cigarros na

televisão. Um animal que age apenas pela sua vontade é livre. Neste sentido

físico da liberdade.

Esta liberdade também é evidente na nossa humana vida. Quando vamos

e voltamos. Decidimos sair de madrugada. Pegar a estrada. Ir de helicóptero.

Descer a escada rolante de dois em dois para conseguir pegar aquele metrô

que anuncia partida. Parar de correr para degustar um pastel de feira e um

copo grande de caldo de cana. E ficar morgando. Liberdade de não se mover,

simplesmente. De coçar por coçar. Liberdade sem dúvidas. Sua realidade é

comprovada o tempo todo. Pela experiência de cada um.

O mesmo diríamos de todo um povo. Que é livre quando pode definir sua

própria trajetória. Sobretudo, quando recebem uma ajudinha de forças

supracelestes para abrir os mares. E permitir uma passagem a seco. Liberdade

de assentamento. De poder ficar. Mas também de ser nômade. De atravessar

fronteiras. Afinal, a liberdade política é, antes de tudo, física.

Esta liberdade para agir é o contrário da obrigação. Ou da escravidão. Ou

ainda, como observa Hobbes, é a ausência de qualquer impedimento que se

oponha ao movimento. A água que se encontra num copo não é livre. Porque

este último impede seu movimento. O exemplo é dele. Fica mais claro quando

o obstáculo é removido. O copo se rompe. E a água recupera sua liberdade.

Também os antigos espartilhos ou as mais recentes meias antivarizes.

Impedimento à expansão das carnes e suas gorduras. Exemplo meu. As

gaiolas, as jaulas, os anestésicos de laboratório tolhem, cerceiam o movimento,

cortam as asas. Da mesma forma, qualquer um de nós será livre para agir

quando nada nem ninguém impedir nosso movimento.

Uma questão de grau

Esta liberdade nunca é nula. Nem absoluta. De um lado, porque algum

movimento é sempre possível. Mesmo com muitos obstáculos. No copo,

líquidos se agitam. Roupas apertadas esgarçam com o tempo. E ainda, na cela,

o prisioneiro simplesmente se levanta, comanda operações de tráfico ou

mesmo uma revolução contra o poder do Estado. De fato, enquanto houver

vida em seres moventes, nunca é nula a liberdade de movimento.

Em contrapartida, esta mesma liberdade também nunca será absoluta.

Afinal, ninguém pode fazer, a todo momento, tudo o que quer. Por sua condição

física. Como voar, sem o auxílio de algum meio propulsor externo ou planador.

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