16 | CAPA O QUE ESPERAR DE 2021 Estagnação ou crise econômica, mas com pontos que favorecem o setor de autopeças m 2020, o PIB sofreu uma queda de 4,1%, agravada pela pandemia. Nas palavras de Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP, o maior problema em si não é a pandemia, pois o último ano em que o Brasil cresceu foi em 2013. “Nós fomos pegos em uma situação bastante fragilizada, o Brasil tinha as contas públicas frágeis, as empresas fragilizadas e crescendo muito pouco. É uma baita onda que pegou dois surfistas: um Eque estava morto de cansado e outro que tinha acabado de entrar no mar”.
17 CAPA | BALCÃO AUTOMOTIVO | MARÇO DE 2021 | Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP Como em qualquer recessão, Pina diz que a perda maior é de conforto e do bem-estar, reflexo da perda dos empregos e nas reduções dos rendimentos. “Portanto, as pessoas consomem menos serviços e bens e tem o problema social, o estar desempregado ou ter receio de ficar desempregado. A falta de perspectivas é sempre ruim”. E mesmo que o PIB cresça 3,1%, conforme projetado pelo Boletim Focus, do Banco Central, vivemos na chamada década perdida, explica Pina. “Se o PIB crescer 3% neste ano e pelo menos 2%, em média, em 2022 e 2023, no final de 2023 nós voltaremos ao patamar de 2013. Já faz sete ou oito anos que não chegamos em um pico de crescimento, essa é a verdadeira década perdida. Também já foram consideradas outras épocas ruins, pela perda da renda per capita. Desde 2013, o brasileiro está mais pobre”. Para o professor docente em diversas disciplinas das áreas de Macroeconomia, Economia e Finanças Corporativas, da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), Walter Franco, o cenário poderia ser pior. “Comparativamente às principais economias centrais do capitalismo, até que nos saímos muito bem, com uma queda de apenas 4,1% do PIB em um ano de pandemia, em função basicamente das ações do governo e do Banco Central com o auxílio emergencial, linhas de crédito e no aumento significativo do crédito dado pelo sistema financeiro às empresas”. Segundo ele, 2021 será também um ano complexo. “Podemos viver em um momento de crise econômica ou de recessão, tecnicamente falando, causada pela pandemia da Covid-19. Antes dela, foram três anos com crescimento econômico, mas vínhamos em um processo ruim, muito aquém do potencial do Brasil, com enormes problemas na questão do desemprego, da incapacidade de gerar riqueza na velocidade que o País precisa e com uma renda média ainda muito ruim. Tem uma série de restrições que vínhamos tendo, mas era crescimento. Essa reversão se deu pela pandemia”. E por diversos fatores, o Brasil perdeu três posições no ranking global entre as maiores economias mundiais. Agora, ocupa a 12ª colocação. “Nós caímos por uma série de razões, entre elas, pelo período de quase dez anos com crescimentos muito baixos ou quedas do PIB. Infelizmente, as quedas têm sido maiores do que os crescimentos. E também porque o ranking é medido em dólar e tivemos uma grande desvalorização cambial em 2020”. O professor comenta também sobre a vacinação e medidas governamentais. “Nós temos um histórico positivo de vacinação no Brasil, o que é uma característica da nossa sociedade, e eu estou confiante na capacidade da nossa logística de resolvermos isso. Claro que com todas as dificuldades para imunizar 213 milhões de habitantes. O segundo é a aprovação da PEC Emergencial para dar pelo menos uma ajuda financeira a quem precisa, um pouco mais selecionado do que foi em 2020, para atacar a pobreza extrema”. A PEC Emergencial foi aprovada pelo Senado no início de março e permite ao governo federal pagar um novo auxílio emergencial aos mais vulneráveis, com R$44 bilhões por fora do teto de gastos. Estagnação Na avaliação de Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, com a queda do PIB em 2020, nós ficamos mais pobres como País. “O que significa menos emprego, menos produção e menos renda”. Para ele, o cenário é de estagnação. “Se projetarmos o ritmo de produção até o final do ano, se não produzirmos nada ou a mesma quantidade de bens e serviços, o PIB crescerá 3%. Na margem não cresceremos nada neste ano, a economia está estagnada”. Walter Franco, professor das áreas de Macroeconomia, Economia e Finanças Corporativas, da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) Ele explica que em 2020 houve um tombo do PIB com a pandemia. “Ele afundou no segundo trimestre e