07.04.2021 Views

BALCAO Ed 173

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

| BALCÃO AUTOMOTIVO | MARÇO DE 2021 | 7 | TENDÊNCIAS<br />

O<br />

Balcão Automotivo deu início à produção de seu<br />

podcast. A estreia teve a participação de Elias<br />

Mufarej, diretor do Sindipeças para o Mercado<br />

de Reposição e Fomento à Exportação. Conduzida<br />

pelo editor-chefe Silvio Rocha, o executivo falou sobre<br />

o panorama do mercado, em meio à falta de peças e<br />

insumos, os impactos da saída da Ford no Brasil e sobre<br />

o calendário das principais feiras presenciais do setor,<br />

previstas para este ano.<br />

“Desde fevereiro (deste ano), vemos claramente que<br />

ainda há muitas deficiências em relação à questão de<br />

abastecimento, há muita necessidade de fazer produção<br />

e a falta de insumos tem causado um problema de<br />

deficiência de entregas. Consequentemente, isso irá<br />

afetar os faturamentos das fábricas e dos distribuidores”,<br />

afirmou.<br />

Ainda que os números de 2020 não estejam<br />

fechados, Mufarej comentou que eles foram positivos.<br />

“Foi muito melhor do que esperávamos, o problema é<br />

que aconteceram certos níveis de demanda que agora<br />

não sabemos se eles serão consolidados no decorrer de<br />

2021 ou se foi uma demanda que ocorreu por falta de<br />

materiais e produtos, que podem ter acarretado uma<br />

demanda fictícia. Isso pode distorcer alguns números,<br />

principalmente no começo deste ano”.<br />

Ele acrescentou que aguarda com ansiedade<br />

o resultado de fevereiro. “Ele irá determinar se nós<br />

continuamos crescendo ou se houve uma estabilização,<br />

e em que nível estamos hoje. Uma pergunta que não<br />

se consegue responder é: qual é o nível de carteiras de<br />

produtos que as fábricas têm?”.<br />

Pedidos pendentes – Mufarej contou que na<br />

reunião do Comitê de Reposição, em fevereiro, um dos<br />

distribuidores da região Norte falou que tinha carteiras<br />

de pedidos desde outubro, seus níveis de estoque não<br />

permitiam fazer qualquer alteração aos pedidos em<br />

carteira e que ele desejava deixar os pedidos pendentes<br />

para receber o máximo possível até quando as fábricas<br />

pudessem entregar.<br />

“Este é um exemplo, mas acho que esta é a toada que<br />

acontecerá nos próximos três meses, cada um tentando<br />

preservar a sua carteira de pedidos, de uma forma ou de<br />

outra, e com a expectativa de poder entregar”, analisou.<br />

E também deixou um conselho: “ter o máximo de<br />

cautela e de atenção, e procurar fazer uma triagem muito<br />

importante daquilo que os fabricantes têm de pedidos<br />

e, principalmente, nos pedidos que os distribuidores<br />

têm nos seus fabricantes. Para que em um determinado<br />

momento não haja um choque de receber um número<br />

enorme de pedidos pendentes e não ter um mercado<br />

receptível para absorver essa quantidade de produtos”.<br />

Preços – A combinação falta de insumos, de matériasprimas<br />

e a questão cambial faz com que não haja como<br />

subir os preços de autopeças. “Tem matérias-primas<br />

faltando no mundo inteiro, o Brasil vai sentir isso e terá a<br />

necessidade de se adaptar a essa situação”.<br />

Para quem se precaveu, o cenário é outro. “O juro do<br />

Banco Central (taxa Selic) é muito inferior ao praticado há<br />

cinco ou oito anos, isso também deu um estímulo muito<br />

grande ao setor, no caminho do investimento do estoque.<br />

Deu condições aos distribuidores de porte médio usarem<br />

o dinheiro em seu próprio negócio, consolidando uma<br />

possibilidade de ganho, porque a demanda continuava<br />

alta. Este ano continuará na mesma toada de 2020”.<br />

Segundo ele, haverá altos e baixos, como a<br />

necessidade por tipos de peças que requerem matériasprimas<br />

especiais, como as eletrônicas. “Elas já são uma<br />

grande incógnita pela dependência de matérias-primas<br />

específicas e também do mercado externo. Isso levará a<br />

uma conjuntura em que valerá administração de cada<br />

um”. Ainda de acordo com ele, o setor venceu o seu<br />

grande desafio. “Você não ouviu falar em nenhum veículo<br />

parado nesse momento de pandemia, por não ter peças<br />

adequadas para poder circular”.<br />

Aumento das vendas dos usados – “Se você não<br />

consegue um carro novo em uma condição favorável, ou<br />

você faz a manutenção (do que já tem), ou tenta comprar<br />

um seminovo, que precisa estar muito bem tratado para<br />

ter um preço bom. Isso ajuda de maneira muito expressiva<br />

o mercado de reposição independente e também na<br />

questão da manutenção preventiva. É fundamental para<br />

que o carro rode corretamente e não dê problemas,<br />

principalmente na questão de segurança”.<br />

Saída da Ford do Brasil – “Não posso fazer nenhuma<br />

referência se ela acertou ou errou, o fato é que ela largou<br />

um mercado que já tinha construído ao longo de 100<br />

anos em que estava no Brasil. Agora, ela pagará um<br />

“preço” por essa saída. Na questão de corrosão na marca,<br />

na opinião pública e a questão trabalhista não será fácil<br />

de ser resolvida, mas ela está encaminhada. A saída da<br />

Ford, de uma forma ou de outra, beneficiou as que estão<br />

no mercado. As grandes companhias, provavelmente,<br />

vão pegar essa fatia da Ford com facilidade”.<br />

Para a reposição, Mufarej comentou que a Ford terá<br />

que garantir pelo menos cinco anos de reposição, a<br />

exemplo das suas peças cativas, feitas por ela mesma,<br />

vendendo através das marcas Motorcraft, das peças<br />

originais e da caixa azul. “Ela deve ter aproveitado esse<br />

momento de incerteza, tentando fazer um estoque e<br />

mantê-lo para quem trabalha com a Ford poder sobreviver.<br />

Em contrapartida, existem os próprios fornecedores que<br />

deixaram o site que podem se aproveitar do mercado<br />

de reposição”. Para ele, o mercado de reposição vai sair<br />

beneficiado com isso, sem dúvida nenhuma.<br />

Feiras presenciais – Contato com a Reed Exhibitions<br />

(responsável pela Automec) dentro do Sindipeças,<br />

principalmente na questão institucional e na realização de<br />

Elias Mufarej,<br />

diretor do Sindipeças para o Mercado<br />

de Reposição e Fomento à Exportação<br />

eventos, e na direção do setor de fomento à exportação,<br />

que tem um programa muito ativo com a Agência<br />

Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos<br />

(Apex-Brasil) e que manteve o calendário de feiras para o<br />

segundo semestre, Mufarej comentou:<br />

“Nós estamos sempre dormindo com o dilema:<br />

acontecerão as feiras? Elas se normalizarão no segundo<br />

semestre conforme programado? Eu não posso dar<br />

uma resposta contundente, mas estamos alertas,<br />

acompanhando o que está acontecendo. Temos a certeza<br />

de que sem uma vacinação mundial com um volume<br />

expressivo, de 50% da população vacinada, será muito<br />

difícil que sejam liberadas principalmente as relações<br />

aeronáuticas entre os países”.<br />

Ainda de acordo com ele, “nesse momento a nossa<br />

resposta é que achamos que devem ser realizados os<br />

eventos previstos no segundo semestre, inclusive, há<br />

uma feira que norteará toda essa situação mundial, que<br />

é a Automechanika, em Frankfurt, que foi transferida<br />

de setembro do ano passado para setembro deste ano.<br />

Nós tivemos uma reunião com eles recentemente e eles<br />

afirmaram que realizarão a feira. Mas acho quase que<br />

impossível garantir uma situação sanitária saudável do<br />

jeito que é a feira de Frankfurt”.<br />

Sobre a Automec, transferida de abril deste ano para<br />

este segundo semestre, em novembro, há também uma<br />

grande preocupação em oferecer condições sanitárias<br />

adequadas. “Quando fizemos a transferência da Automec,<br />

conversei bastante com quase todas as multinacionais<br />

que participam do Sindipeças e que têm participação<br />

expressiva na Automec. A resposta de todas foi positiva,<br />

mas sempre pairando uma preocupação, a de dar<br />

condições sanitárias aos participantes e visitantes. É ter a<br />

certeza de que ao visitar um estande o visitante não terá<br />

risco de contaminação. Essa é a nuvem negra que paira<br />

ainda em toda a situação”.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!