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BALCAO Ed 173

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44 CADERNO BALCONISTA AUTOMOTIVO<br />

carro, só volante e pneus, foi realmente um desafio”.<br />

Ela aprendeu tudo na Jocar. “Quando me<br />

contrataram, eu achei linda a atitude do gerente, pois<br />

eu não tinha nenhuma experiência. Ensinaram-me<br />

desde o começo, me lapidaram e descobriram um<br />

talento em mim. Acredito que o que me destacou foi<br />

a educação, a simpatia e por querer mudar a visão<br />

(masculina) de autopeças. Vi que eles estavam com<br />

esse intuito de começar a contratar mulheres, pelo<br />

fato de não ter tanta procura por parte delas nesse<br />

ramo”.<br />

O início não foi fácil. “Quando eu comecei a me<br />

destacar como vendedora e os clientes queriam<br />

ser atendidos por mim, pela educação, por eu<br />

ser mulher e dar mais atenção, eu senti um certo<br />

machismo, preconceito, por me destacar no ramo<br />

dos vendedores”. E ela foi recompensada. Chegou a<br />

sair da empresa, voltou em 2015 e um ano depois foi<br />

promovida ao cargo de coordenadora.<br />

“O que para mim é um orgulho, sinto-me honrada,<br />

pois comecei do nada. O fato de eu ter mudado de<br />

cargo também teve certa resistência, uma mulher<br />

mandando em homens, demorou um pouco para<br />

eu conseguir ganhar o meu espaço em relação aos<br />

funcionários. Quantos aos donos, eu fui muito bem<br />

recebida”. E com o mesmo carisma, ela continua<br />

atendendo os clientes.<br />

“O que mudou com o meu cargo foi a autonomia,<br />

sinto-me mais forte, mais autêntica e saber que eu<br />

tive essa oportunidade me dá força para continuar e<br />

mudar essa visão de que autopeças é só para homens”.<br />

E ela diz que está aumentando a presença feminina,<br />

com mais vendedoras no ramo. “Até por causa da<br />

pandemia, acho que as mulheres estão querendo<br />

se desafiar, trabalhar em um ramo que talvez não<br />

trabalharam. De uns tempos para cá, também têm<br />

vindo mais mulheres na loja e tento mostrar que eu<br />

também estou aqui, sou mulher, para elas se sentirem<br />

à vontade conosco”.<br />

Casada e mãe de três filhos, Cátia separa bem a<br />

vida pessoal da profissional. “Quando nós fazemos<br />

o que gostamos, nós fazemos com prazer. Quando<br />

eu chego na Jocar, eu me desligo totalmente da<br />

minha vida pessoal. Eu gosto de cantar, sorrir,<br />

brincar e interagir com os meus clientes. E junto aos<br />

vendedores, eu procuro mostrar uma coisa mais leve,<br />

que é uma característica minha. E mesmo com a<br />

pandemia conseguimos transmitir essa alegria para<br />

os clientes”.<br />

Aprendizado constante<br />

Em Curitiba (PR), Evelyn de Souza Santos,<br />

vendedora na Fasa Autopeças, começou na loja em<br />

2012, após sair de um estágio no setor da indústria.<br />

“Entrei no comércio pela ambição (oportunidade<br />

de melhores salários). Para a mulher o mais difícil é<br />

o tabu que ela não entende de peças, por ser um<br />

ambiente mais masculino, e aprender sobre coisas<br />

que não fazem muito parte de um universo feminino<br />

e ser reconhecida nesse ambiente”.<br />

Em sua opinião, a presença das mulheres em<br />

autopeças não tem aumentado muito. “Acho que<br />

a mulher ainda tem um certo receio por achar que<br />

nunca vai entender sobre os componentes que fazem<br />

parte do veículo”. Sobre os desafios da profissão, ela<br />

destaca a variedade. “Acredito que seja a grande<br />

oferta de peças, porém no cenário atual (pandemia),<br />

a oferta diminui devido à matéria-prima escassa e as<br />

intervenções logísticas e cambiais”.<br />

Reflexo disso, comenta ela, “devido à falta de<br />

peças, acredito que temos que tentar negociar<br />

prazos de entrega diferenciados, oferecendo o<br />

melhor atendimento possível. Está difícil para todo<br />

mundo, mas temos que tentar nos manter otimistas”.<br />

O segredo é gostar do que faz. “Gosto do que faço<br />

e sempre tento fazer da melhor forma possível, para<br />

que possa deixar meus compromissos profissionais<br />

no trabalho apenas no ambiente de trabalho e a<br />

minha vida pessoal da porta para fora da empresa”.<br />

Vocação<br />

Consultora técnica na Lucena Autopeças, em Recife<br />

(PE), Natally Grace Pereira de Lima Oliveira Barros,<br />

conta que há dez anos ela decidiu trabalhar em uma<br />

concessionária Peugeot, por se sentir à vontade com<br />

assuntos de mecânica. “Por gostar de carros, o meu<br />

maior desejo foi o de quebrar paradigmas de que<br />

mulher não entende de peças/mecânica”. Há cinco<br />

anos, ela está na Lucena.<br />

Ao longo desses dez anos, ela avalia que o espaço<br />

vem aumentando para as mulheres. “Inclusive, em<br />

cargos de liderança e tende a continuar crescendo.<br />

Empresas com lideranças femininas podem aumentar<br />

o desempenho financeiro, com mais diversidades,<br />

gerando mais receitas, a partir de inovações”. Porém,<br />

o maior desafio é provar a capacidade.<br />

“O maior desafio, infelizmente, ainda é ter<br />

que provar que somos mulheres entendedoras e<br />

capacitadas para estar ocupando o lugar que na<br />

maioria das visões sempre foram lugares ocupados<br />

por homens. Quebrar esse contexto ainda é<br />

grandemente presente em nossa profissão”.<br />

Em especial no setor de autopeças, Natally diz<br />

que a presença feminina vem tendo um grande<br />

aumento. “Seja trabalhando e atraindo um grande<br />

público feminino para oficinas mecânicas, autopeças<br />

e concessionárias, como também comprando. O<br />

público feminino tem se sentido mais à vontade com<br />

um atendimento feminino e o público masculino tem<br />

se rendido ao tratamento delicado, com eficiência<br />

nas informações e paciência em todas as dúvidas<br />

explicadas. Um verdadeiro diferencial!”.<br />

Para ela, o sucesso profissional é interligado ao<br />

pessoal. “Não misturo os dois lados, mas procuro<br />

positividade e soluções para que os dois consigam<br />

andar para frente. Ambos separados em suas<br />

necessidades de ações, porém ligados numa<br />

intensidade positiva emocional única, em busca de<br />

um crescimento múltiplo contínuo e natural”.

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