BALCAO Ed 173
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
43<br />
ELAS NA LINHA DE FRENTE<br />
TEXTO: KARIN FUCHS | FOTO(S): DIVULGAÇÃO<br />
Mulheres que aprenderam a lidar com um setor ainda<br />
prioritariamente masculino, conquistaram o seu espaço<br />
e posições no varejo de autopeças<br />
No mês das mulheres, a homenagem do<br />
Caderno Balconista é para quem faz a<br />
diferença nas autopeças. De Norte a Sul<br />
do País, são tantas histórias para contar de quem<br />
venceu em um setor prioritariamente masculino,<br />
chegando até a cargos de coordenadoras e de<br />
gerentes comerciais. Nessa matéria, seis delas<br />
compartilham as suas histórias, vivências, desafios e<br />
conquistas.<br />
Na Tropical Peças, em Cuiabá (MT), a mineira<br />
Simone Montiel começou a sua carreira em 1987, um<br />
mês depois que foi morar na cidade. Ela imaginava<br />
que seria uma profissional da área de saúde,<br />
psicóloga ou fisioterapeuta. A psicologia ela acabou<br />
usando na prática. “Todo vendedor é também um<br />
psicólogo, principalmente no atendimento ao<br />
consumidor final para descobrir a necessidade dele<br />
e ser uma boa ouvinte”.<br />
Inicialmente como caixa, Simone passou por<br />
outras áreas na empresa e desde 1990 é vendedora.<br />
“Na época, o proprietário da empresa viu algo em<br />
mim e me deu essa oportunidade. Foi difícil no<br />
começo, eu chorava, não queria, não entendia de<br />
peças. Passei por muitas ofensas, muitos elogios e<br />
por cantadas malcriadas, mas eu soube administrar<br />
tudo isso. Tanto que estou aqui até hoje e sou<br />
muito grata ao Roberto (diretor), que me apoiou e<br />
acreditou em mim, e outros também me ajudaram”.<br />
Daquela época, ela deve ter sido pioneira em<br />
vendas no balcão na linha pesada. “Não sei se alguma<br />
distribuidora tinha vendedora, mas é um ramo bem<br />
masculino, e eu não deixava de ser uma novidade. No<br />
começo tinha muito preconceito de não quererem<br />
comprar comigo, o que mudou, pois a mulher está<br />
entrando nesse mercado, mas ainda são poucas<br />
vendedoras de peças de caminhões no varejo”.<br />
O que em sua opinião deveriam ter mais. “Tem<br />
clientes que só querem comprar comigo, acho<br />
que pelo fato de a mulher ser mais detalhista, mais<br />
caprichosa e até na hora de passar o orçamento. E<br />
sem desmerecer, pois há muitos homens que são<br />
organizados”. Ilustrando como o mundo mudou,<br />
Simone conta que ela é do tempo em que não<br />
existia o catálogo eletrônico. “Eram microfichas, o<br />
que é o mais complicado do mundo”.<br />
Também de 1990 aos dias hoje, quantos<br />
caminhões novos foram lançados? “Eu tive que me<br />
preparar muito, em todos os sentidos: conhecer o<br />
mercado, os produtos, marcas e fornecedores. Tem<br />
que acompanhar tudo isso, senão você para no<br />
tempo. Tem que saber o que tem hoje para poder<br />
vender um produto”.<br />
E se no início Simone levava para casa as suas<br />
inseguranças, “meu marido dizia que eu ficava falando<br />
de peças e que eu ficava preocupada. De fato, eu não<br />
sabia administrar muito bem isso. Com o passar do<br />
tempo, a gente administra bem”. Hoje segura na sua<br />
carreira, ela também é mãe de três filhos.<br />
Autopeças por acaso<br />
Sem nunca ter trabalhado com carteira assinada e<br />
muito menos em autopeças, em uma conversa com<br />
o seu vizinho, Cátia Souza Nogueira, coordenadora<br />
da Jocar, em São Paulo (SP), ouviu falarem muito<br />
bem da Jocar, que já tinha trabalhado lá, que era<br />
uma empresa muito séria e que ele admirava muito.<br />
“Eu pensei que se fosse para eu trabalhar, que seria<br />
em uma empresa assim, quem tem benefícios, paga<br />
direitinho e respeita os funcionários”.<br />
Por coincidência, cerca de cinco anos depois, ao<br />
passar próxima a uma das unidades da Jocar, ela viu<br />
uma placa de precisando de balconista. “Eu lembrei<br />
que era a empresa que o rapaz tinha me dito, eu tinha<br />
saído de um trabalho e decidi tentar. Naquele tempo<br />
(2012) não tinha vendedoras em autopeças. Eu queria<br />
ser desafiada, e para quem não conhecia nada de