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Jornal das Oficinas 188

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PATROCINADORES ><br />

s alterações técnicas e tecnológicas que estão<br />

a acontecer no nosso setor, a transformação<br />

dos modelos de negócio, a pressão da transformação<br />

digital e as alterações de hábitos de<br />

consumo, obrigam as empresas a uma adaptação<br />

quase constante, e, esta só é possível com<br />

pessoas capacita<strong>das</strong> e motiva<strong>das</strong> para o efeito.<br />

Infelizmente, em Portugal, ainda existem empresários<br />

que consideram a formação dos seus<br />

colaboradores um luxo dispensável. Felizmente,<br />

tal tem vindo a mudar na última década,<br />

por força do grau de exigência do negócio, mas<br />

também pela entrada no mercado de trabalho<br />

de uma geração que está mais instruída, ávida<br />

de conhecimento e informação, mais sensível<br />

aos temas da gestão e muito mais recetiva ao<br />

meio envolvente digital.<br />

O Passado da Formação<br />

Profissional em Portugal<br />

Sem querer mexer muito no passado, convém<br />

contextualizar que Portugal passou um período<br />

de grande abundância de dinheiro para formação<br />

profissional aquando da adesão à CEE<br />

(Comunidade Económica Europeia) e em que<br />

todos ganhavam dinheiro com a formação,<br />

mesmo que a mesma carecesse de objetividade<br />

e/ou de qualidade. Como tal, banalizou-se<br />

e desvalorizou-se um dos maiores ativos para<br />

a capacitação <strong>das</strong> pessoas no nosso país. Esta<br />

desvalorização chegou às Escolas e às Escolas<br />

Profissionais, onde se instalou um novo paradigma,<br />

de que ter uma profissão era um sinal de<br />

menor capacidade intelectual do que ter uma<br />

licenciatura. Desenvolvemos por isso uma geração<br />

de doutores e engenheiros, que por o serem,<br />

consideravam que qualquer trabalho fora de<br />

uma secretária era uma despromoção. Criámos,<br />

assim, um fosso profissional para as empresas<br />

que ainda hoje não está ultrapassado.<br />

Educação e Formação<br />

Muitas vezes a educação e a formação são vistas<br />

de forma separada. Em Portugal, talvez por<br />

razões históricas, a educação é da responsabilidade<br />

do ministério da educação e a formação é<br />

da responsabilidade do ministério do emprego<br />

e formação profissional. No entanto, em países<br />

como a Alemanha, a educação e formação são<br />

vistas numa perspetiva alinhada (normalmente<br />

um só ministério tutela educação e formação) e,<br />

mesmo todos os organismos europeus que tutelam<br />

a formação, fazem-no de forma integrada<br />

com a educação. Algo que também nos separa<br />

do modelo alemão é a forma de desenvolvimento<br />

<strong>das</strong> profissões e dos cursos profissionais. Na<br />

Alemanha, as empresas informam as Câmaras<br />

de Comércio suas associa<strong>das</strong> sobre quais as<br />

necessidades em termos de profissões, e estas<br />

informam o Governo. Referimos o modelo alemão<br />

devido aos seus sucessivos governos assumirem<br />

que a formação é um dos pilares da sua<br />

economia. Em Portugal, o sentido de desenvolvimento<br />

<strong>das</strong> profissões é muitas vezes o oposto.<br />

Os Governos desenvolvem profissões e cursos,<br />

que muitas vezes estão desfasados <strong>das</strong> necessidades<br />

do mercado de emprego ou mesmo da<br />

realidade atual e futura <strong>das</strong> empresas. Algo deveria<br />

mudar neste ponto, a bem do desenvolvimento<br />

dos jovens, <strong>das</strong> pessoas, <strong>das</strong> empresas<br />

e do país. Tendo em conta que já assistimos a<br />

técnicos competentes <strong>das</strong> instituições dos Governos<br />

a entenderem esta problemática, seria<br />

interessante iniciar um processo disruptivo do<br />

tradicional. De qualquer forma, conforme nos<br />

mostra o Quadro I, temos conseguido melhorar<br />

em to<strong>das</strong> as faixas etárias a aprendizagem<br />

ao longo da vida. Apesar do estudo em causa<br />

ter 5 anos, deve-nos preocupar que nos grupos<br />

etários de 35 a 54 anos, apenas 50% (generalizando)<br />

<strong>das</strong> pessoas, tenham participado em<br />

atividades de aprendizagem ao longo da vida.<br />

A Educação e a União Europeia<br />

A Comissão Europeia delineou um “Espaço<br />

Europeu da Educação” que possui seis dimensões:<br />

qualidade da educação e da formação,<br />

inclusão, transições ecológica e digital, professores<br />

e formadores, ensino superior e dimensão<br />

geopolítica. A União Europeia tem vários organismos<br />

que tutelam a educação e a formação,<br />

mas podemos mencionar especificamente dois:<br />

CEDEFOP – Centro Europeu para o Desenvolvimento<br />

da Formação - e a ETF – Fundação<br />

Europeia para a Formação. Apesar de existirem<br />

todos estes organismos para “pensarem” a Educação<br />

e a Formação, está claro que a responsabilidade<br />

<strong>das</strong> políticas de implementação, pertencem<br />

a cada estado-membro. Isto é dizer que<br />

para algo mudar em Portugal relativamente a<br />

este assunto, terá de ser Portugal a fazê-lo porque<br />

não existirão diretivas comunitárias para o<br />

efeito.<br />

A Capacitação<br />

<strong>das</strong> Pessoas nas Empresas<br />

Todos os dias os empresários comentam a dificuldade<br />

em encontrar pessoas qualifica<strong>das</strong><br />

para a grande maioria <strong>das</strong> funções, e isto, não<br />

é uma característica única do nosso setor. Tal,<br />

levou a que as empresas tenham decidido desenvolver<br />

as suas próprias estratégias de formação<br />

dos seus colaboradores, assumindo o risco<br />

de os poderem perder para um concorrente. A<br />

verdade é que tal dinâmica, também leva a que<br />

o empresário considere o desenvolvimento e a<br />

www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Julho/Agosto 2021 31

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