You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
PATROCINADORES ><br />
s alterações técnicas e tecnológicas que estão<br />
a acontecer no nosso setor, a transformação<br />
dos modelos de negócio, a pressão da transformação<br />
digital e as alterações de hábitos de<br />
consumo, obrigam as empresas a uma adaptação<br />
quase constante, e, esta só é possível com<br />
pessoas capacita<strong>das</strong> e motiva<strong>das</strong> para o efeito.<br />
Infelizmente, em Portugal, ainda existem empresários<br />
que consideram a formação dos seus<br />
colaboradores um luxo dispensável. Felizmente,<br />
tal tem vindo a mudar na última década,<br />
por força do grau de exigência do negócio, mas<br />
também pela entrada no mercado de trabalho<br />
de uma geração que está mais instruída, ávida<br />
de conhecimento e informação, mais sensível<br />
aos temas da gestão e muito mais recetiva ao<br />
meio envolvente digital.<br />
O Passado da Formação<br />
Profissional em Portugal<br />
Sem querer mexer muito no passado, convém<br />
contextualizar que Portugal passou um período<br />
de grande abundância de dinheiro para formação<br />
profissional aquando da adesão à CEE<br />
(Comunidade Económica Europeia) e em que<br />
todos ganhavam dinheiro com a formação,<br />
mesmo que a mesma carecesse de objetividade<br />
e/ou de qualidade. Como tal, banalizou-se<br />
e desvalorizou-se um dos maiores ativos para<br />
a capacitação <strong>das</strong> pessoas no nosso país. Esta<br />
desvalorização chegou às Escolas e às Escolas<br />
Profissionais, onde se instalou um novo paradigma,<br />
de que ter uma profissão era um sinal de<br />
menor capacidade intelectual do que ter uma<br />
licenciatura. Desenvolvemos por isso uma geração<br />
de doutores e engenheiros, que por o serem,<br />
consideravam que qualquer trabalho fora de<br />
uma secretária era uma despromoção. Criámos,<br />
assim, um fosso profissional para as empresas<br />
que ainda hoje não está ultrapassado.<br />
Educação e Formação<br />
Muitas vezes a educação e a formação são vistas<br />
de forma separada. Em Portugal, talvez por<br />
razões históricas, a educação é da responsabilidade<br />
do ministério da educação e a formação é<br />
da responsabilidade do ministério do emprego<br />
e formação profissional. No entanto, em países<br />
como a Alemanha, a educação e formação são<br />
vistas numa perspetiva alinhada (normalmente<br />
um só ministério tutela educação e formação) e,<br />
mesmo todos os organismos europeus que tutelam<br />
a formação, fazem-no de forma integrada<br />
com a educação. Algo que também nos separa<br />
do modelo alemão é a forma de desenvolvimento<br />
<strong>das</strong> profissões e dos cursos profissionais. Na<br />
Alemanha, as empresas informam as Câmaras<br />
de Comércio suas associa<strong>das</strong> sobre quais as<br />
necessidades em termos de profissões, e estas<br />
informam o Governo. Referimos o modelo alemão<br />
devido aos seus sucessivos governos assumirem<br />
que a formação é um dos pilares da sua<br />
economia. Em Portugal, o sentido de desenvolvimento<br />
<strong>das</strong> profissões é muitas vezes o oposto.<br />
Os Governos desenvolvem profissões e cursos,<br />
que muitas vezes estão desfasados <strong>das</strong> necessidades<br />
do mercado de emprego ou mesmo da<br />
realidade atual e futura <strong>das</strong> empresas. Algo deveria<br />
mudar neste ponto, a bem do desenvolvimento<br />
dos jovens, <strong>das</strong> pessoas, <strong>das</strong> empresas<br />
e do país. Tendo em conta que já assistimos a<br />
técnicos competentes <strong>das</strong> instituições dos Governos<br />
a entenderem esta problemática, seria<br />
interessante iniciar um processo disruptivo do<br />
tradicional. De qualquer forma, conforme nos<br />
mostra o Quadro I, temos conseguido melhorar<br />
em to<strong>das</strong> as faixas etárias a aprendizagem<br />
ao longo da vida. Apesar do estudo em causa<br />
ter 5 anos, deve-nos preocupar que nos grupos<br />
etários de 35 a 54 anos, apenas 50% (generalizando)<br />
<strong>das</strong> pessoas, tenham participado em<br />
atividades de aprendizagem ao longo da vida.<br />
A Educação e a União Europeia<br />
A Comissão Europeia delineou um “Espaço<br />
Europeu da Educação” que possui seis dimensões:<br />
qualidade da educação e da formação,<br />
inclusão, transições ecológica e digital, professores<br />
e formadores, ensino superior e dimensão<br />
geopolítica. A União Europeia tem vários organismos<br />
que tutelam a educação e a formação,<br />
mas podemos mencionar especificamente dois:<br />
CEDEFOP – Centro Europeu para o Desenvolvimento<br />
da Formação - e a ETF – Fundação<br />
Europeia para a Formação. Apesar de existirem<br />
todos estes organismos para “pensarem” a Educação<br />
e a Formação, está claro que a responsabilidade<br />
<strong>das</strong> políticas de implementação, pertencem<br />
a cada estado-membro. Isto é dizer que<br />
para algo mudar em Portugal relativamente a<br />
este assunto, terá de ser Portugal a fazê-lo porque<br />
não existirão diretivas comunitárias para o<br />
efeito.<br />
A Capacitação<br />
<strong>das</strong> Pessoas nas Empresas<br />
Todos os dias os empresários comentam a dificuldade<br />
em encontrar pessoas qualifica<strong>das</strong><br />
para a grande maioria <strong>das</strong> funções, e isto, não<br />
é uma característica única do nosso setor. Tal,<br />
levou a que as empresas tenham decidido desenvolver<br />
as suas próprias estratégias de formação<br />
dos seus colaboradores, assumindo o risco<br />
de os poderem perder para um concorrente. A<br />
verdade é que tal dinâmica, também leva a que<br />
o empresário considere o desenvolvimento e a<br />
www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Julho/Agosto 2021 31