Educação Museal e Acessibilidade
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EDUCAÇÃO MUSEAL E ACESSIBILIDADE • 2021
esbarrando com personagens curiosos2. O texto também quis apresentar diversidade na
equidade de gênero e raça, além de trazer um personagem representando um menino com
mobilidade reduzida e que usa cadeira de rodas. Com a elaboração do Plano Museológico
do Museu da Vida3, a acessibilidade passa assumir uma dimensão transversal e orgânica,
oportuniza a ampliação do acesso aos diversos públicos e fomenta a necessidade de implementação
de um Programa de Acessibilidade.
A fruição estética e cultural como direito das
pessoas com deficiência
Nessa ação educativa tínhamos um texto com um roteiro que destacava o trabalho colaborativo
e a amizade na interação dos personagens, a proposta de desconstruir a ideia de
que a matemática ‘é muito difícil’ e mostrá-la no cotidiano, com cenas recheadas de humor
e músicas inspiradas em ritmos como o carimbó do Norte e o coco de roda do Nordeste.
Como tornar o texto atraente e interessante para possibilitar a fruição estética e cultural
de público composto por jovens e crianças surdas, cegas e com baixa visão? Um grande
desafio estava posto! Com a organização de um planejamento estratégico iniciamos a primeira
etapa do trabalho que foi a contratação de consultoria especializada. Precisávamos
construir de forma coletiva as estratégias para a tradução e interpretação do texto da Língua
Portuguesa para Libras, viabilizar a audiodescrição ao vivo incluindo o aluguel do equipamento,
organizar ensaios com a participação dos intérpretes de Libras e de consultores
surdos e cegos, convidar profissionais com deficiência para assistir aos ensaios e contribuir
com suas observações, elaborar peças de comunicação e divulgação acessíveis além de planejar
a agenda das apresentações e convidar os públicos.
Foi um trabalho intenso, muito significativo e um marco nos espetáculos teatrais do
MV. Contamos com a experiência de Jadson Abraão e os intérpretes de Libras Tereza Cristina
e Édecio Ambrósio, a consultoria do educador surdo Bruno Ramos e do educador cego
Felipe Monteiro, o trabalho de audiodescrição realizado por Graciela Pozzobon, a confecção
de modelos táteis representando os personagens produzidos por Marina Baffini, profissionais
convidados do Instituto Benjamin Constant e do Projeto de Empregabilidade da
Pessoa Surda/CVI/Fiocruz. Isso só foi possível pelo entendimento de que a dimensão atitudinal
já está intrínseca em nossa atuação e foi plenamente incorporada pela produtora da
peça Letícia Guimarães e elenco.
2 http://museudavida.fiocruz.br/index.php/noticias/1249-temporada-de-ferias-banda-infinita-estreia-no-teatro-
-dulcina.
3 Plano Museológico do Museu da Vida, p.40,2017.
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