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Empresas do Vale_104_Fevereiro_Março (4)

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A CULTURA DO DESAPEGO<br />

Por: Stephen Kanitz<br />

“Passei a trabalhar meio perío<strong>do</strong><br />

após os 55 anos de idade, em vez de<br />

riqueza preferi curtir a vida enquanto<br />

tivesse a energia necessária. “<br />

Uns 20 anos atrás, o meu amigo e presidente<br />

da Alcoa, Alain Belda, me mostrava à fábrica no<br />

Maranhão. Inspecionan<strong>do</strong> as instalações, Belda<br />

me apresenta o José “nosso melhor torneiro”.<br />

“Agora pergunta ao Zé por que ele só trabalha<br />

as segundas e terças, e falta as quartas, quintas e<br />

sextas?”. Perguntei. “Ah Doutor, pelo salário que<br />

me pagam aqui na Alcoa, não dá para trabalhar<br />

somente às segundas-feiras”. Outro caso é de um<br />

empresário alemão trabalhan<strong>do</strong> na Bahia, que<br />

simplesmente decidiu <strong>do</strong>brar os salários de seus<br />

funcionários. (Henry Ford fez a mesma coisa). Três<br />

meses depois, seus funcionários convocaram uma<br />

reunião, e perguntaram se não podiam trabalhar<br />

meio perío<strong>do</strong>. Essa questão nunca foi discutida,<br />

e tem a ver com produtividade. Anglo-saxões,<br />

quan<strong>do</strong> alguma máquina <strong>do</strong>bra a produtividade,<br />

em vez de trabalharem menos, ou até 50% menos,<br />

preferem trabalhar tanto quanto e ganhar o <strong>do</strong>bro.<br />

Latinos, mais humanos e liga<strong>do</strong>s na vida, com o<br />

aumento da produtividade preferem trocar salário<br />

por mais tempo disponível. E curtir a família, o Sol, as<br />

praias, a música e os amigos. Pela pesquisa abaixo,<br />

os nordestinos têm o maior índice de desapego<br />

desse país, e quem diz que não são eles os mais<br />

certos? Essa é a conclusão <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> “Dinheiro no<br />

Brasil: um estu<strong>do</strong> comparativo <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

dinheiro entre as regiões geográficas”, de Alice da<br />

Silva Moreira. Com o clima e a natureza que temos<br />

faz senti<strong>do</strong> não sermos workaholics (vicia<strong>do</strong>s em<br />

trabalho). Não temos invernos que nos mantêm<br />

em casa, temos praias maravilhosas. Eu mesmo<br />

passei a trabalhar meio perío<strong>do</strong> após os 55 anos<br />

de idade, em vez de riqueza preferi curtir a vida<br />

enquanto tivesse a energia necessária. Curtir a vida<br />

numa cadeira de rodas não fazia senti<strong>do</strong> para mim.<br />

Pelo jeito o Brasil vai continuar não crescen<strong>do</strong> nos<br />

próximos oito anos, mas isso não será um problema<br />

tão sério como os economistas acreditam. Sempre<br />

fomos um povo desapega<strong>do</strong> a bens materiais. E<br />

isso não é sinal de pobreza, e sim de riqueza.<br />

Matsuda Corretora de Seguros Ltda<br />

Rua Eduar<strong>do</strong> José Pereira, 345<br />

Jardim Eulália - Taubaté/SP<br />

12.010 - 590<br />

Fone/fax: (12) 3625 - 5500<br />

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