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ARTIGO<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
O mercado industrial tem passado por grandes mudanças<br />
de crescimento, trazendo consigo uma concorrência<br />
acirrada, que o torna cada vez mais competitivo. De<br />
acordo com esse cenário as empresas são estimuladas a<br />
procurar novos métodos que ajudem na redução de desperdícios.<br />
Um dos pontos que as empresas buscam melhorar<br />
é tempo de preparação das máquinas (setup times)<br />
(Vieira Junior et al., 2011).<br />
A redução dos setups está relacionada a possibilitar<br />
maior flexibilidade aos sistemas produtivos, isso nos<br />
remete a necessidade de realizar o nivelamento da produção,<br />
que implica em produzir, normalmente, grande variedade<br />
de itens durante um certo período (por exemplo,<br />
mensal), o que leva a uma produção em pequenos lotes,<br />
isso exige o balanceamento de linha e maior rapidez nos<br />
tempos de preparação das máquinas (setup).<br />
Voltando à questão de redução de desperdícios, necessariamente<br />
tem-se que abordar a produção enxuta<br />
(lean), pois o Single Minute Exchange of Die (SMED), é<br />
uma das ferramentas de suporte à produção enxuta e foi<br />
desenvolvida por Shigeo Shingo, com o objetivo de redução<br />
dos tempos de preparação das máquinas. Conforme<br />
Ferreira e Renata (2018), o SMED visa diminuir o tempo<br />
de setup das linhas de produção, para tempos de um<br />
dígito e se popularizou no Brasil como Troca Rápida de<br />
Ferramenta (TRF) e tem sido empregado para aumento<br />
de produtividade e da flexibilidade da manufatura.<br />
Conforme Palomino e Lucato (2016), a ferramenta<br />
SMED mostra-se eficaz com a ampliação da lucratividade,<br />
qualidade e produtividade. A redução de desperdícios e<br />
a diminuição do tempo da operação de setup é fundamental<br />
para as organizações obterem competitividade<br />
e flexibilidade no cenário atual. Os resultados da implementação<br />
do SMED são alcançados por meio da padronização<br />
dos processos, com baixo investimento e retorno<br />
expressivo para a organização.<br />
O ambiente em que essa pesquisa se desenvolveu foi<br />
uma empresa que atua na confecção de máquinas para<br />
o processamento de madeira, sendo os principais produtos:<br />
coladeiras, desengrossadeiras, exaustores, serra<br />
COMO LIMITAÇÕES DO<br />
ESTUDO DESTACA-SE QUE A<br />
MELHORIA FOI IMPLANTADA EM UM<br />
SETOR, E COMO SUGESTÃO PARA<br />
de fitas. A empresa está localizada no interior do estado<br />
de São Paulo e, por volta de 2020, sentiu a necessidade<br />
de implantar melhorias em seu processo produtivo, pois<br />
observou que com o aumento da demanda o processo<br />
produtivo não estava preparado, ocasionando assim,<br />
problemas como atraso de entrega, excessivo número<br />
de horas extras, ou mesmo impossibilidade em atender<br />
alguns pedidos.<br />
Nesse cenário, a questão que norteia essa pesquisa é:<br />
como implantar e quais são os impactos do uso da ferramenta<br />
SMED nos processos de fabricação de peças para<br />
máquinas destinadas ao setor de marcenaria?<br />
Com essa questão norteadora foi possível identificar<br />
uma oportunidade de atuar na melhoria dos tempos de<br />
setup do setor de produção de usinagem de roldana na<br />
preparação do torno CNC (Comando Numérico Computadorizado)<br />
horizontal com torre de 14 posições. Esse<br />
setor foi escolhido por ser um dos que mais demandava<br />
preparação em suas operações e a redução desses tempos<br />
traria benefícios para toda a produção. Como se<br />
trata de uma empresa que está iniciando esse processo<br />
de Troca Rápida de Ferramentas, houve a necessidade<br />
de aprofundamento no tema, de forma a sistematizar a<br />
implantação de um programa de Troca Rápida de Ferramentas,<br />
em um primeiro momento no setor citado com<br />
possibilidade de ampliação para os demais setores.<br />
Portanto, o objetivo dessa pesquisa é descrever a aplicação<br />
e impactos da ferramenta SMED em uma empresa<br />
que fabrica máquinas para marcenaria, mais especificamente,<br />
o foco é atuar no processo de setup de um torno<br />
CNC utilizado na usinagem de roldanas.<br />
Essa pesquisa se classifica como aplicada de natureza<br />
qualitativa e descritiva, teve como base preliminar a<br />
pesquisa bibliográfica, seguida do desenvolvimento do<br />
estudo de caso que se apoiou na coleta dos dados do<br />
processo produtivo da empresa, para posterior análise.<br />
Ressalta-se que a pesquisa se apoiou na base documental<br />
da empresa estudada, que concedeu informações sobre<br />
os tempos de setup do referido processo, antes e depois<br />
da aplicação das melhorias apontadas pela ferramenta<br />
SMED.<br />
O trabalho está organizado em cinco seções, mais as<br />
referências. A seção 1 – introdução – apresenta o trabalho,<br />
com destaque para o contexto, questão de pesquisa<br />
e objetivo. Na seção 2 apresenta-se o referencial teórico<br />
seguido de estudos correlatos sobre o assunto. A seção<br />
3 apresenta as características metodológicas e os procedimentos<br />
operacionais da pesquisa, já a seção 4 traz a<br />
análise dos dados e resultados; a seção 5 expõe as considerações<br />
finais e as conclusões e, ao final, encontram-se<br />
as referências utilizadas.<br />
ao analisar as atividades de troca de matrizes de uma<br />
prensa identificou e classificou como setup interno o conjunto<br />
de atividades realizadas com a máquina parada, e<br />
setup externo como o conjunto de operações realizadas<br />
com máquina em funcionamento. Considera-se setup o<br />
trabalho realizado durante um certo tempo em um equipamento<br />
para deixá-lo em condições normais de funcionamento<br />
até o momento em que a produção é liberada.<br />
Este tempo é visto como uma atividade acíclica inserida<br />
no processo de produção, ou seja, ocorre a cada lote<br />
produzido (Martins; Laugeni, 2016). Segundo Harmon e<br />
Peterson (1991), a diminuição do tempo de setup é essencial<br />
para redução do custo. De acordo com Shingo (2000,<br />
apud Sugai, 2007, p. 07), setup é a sequência de atividades<br />
que antecipam qualquer tipo de operação, podendo<br />
ser o preparo, regulagem, a troca de ferramentas e entre<br />
outras atividades no local ou em equipamento. Já em um<br />
processo industrial, significa o tempo decorrido entre o<br />
momento final e o início de outra produção, desta forma,<br />
considera-se o tempo transcorrido de toda a preparação<br />
para reiniciar o ciclo. Fernandes e Godinho Filho (2010,<br />
apud Back, 2019, p. 15), o tempo de setup, sem ter passado<br />
ainda por procedimentos de melhorias, abrange atividades<br />
tais como troca de ferramentas de equipamentos<br />
gerais, transporte de ferramentas, produção e inspeção<br />
de peças de novo lote, além de ajustes das máquinas,<br />
tantas vezes necessários até que peças de qualidade aceitável<br />
sejam produzidas.<br />
2.2 SMED (SINGLE MINUTE EXCHANGE OF DIE)<br />
Segundo Bodek (1985), Shigeo Shingo foi considerado<br />
um gênio da engenharia e revolucionou as práticas de<br />
produção devido às diversas contribuições nessa área.<br />
Uma das mais importantes contribuições foi o desenvolvimento<br />
da ferramenta SMED, que foi publicada pela<br />
primeira vez no Ocidente em 1985, e é referência principal<br />
quando se trata de redução dos tempos de setup de<br />
máquinas.<br />
O SMED cuja tradução para português significa TRF<br />
(Troca Rápida de Ferramenta), é uma metodologia que<br />
tem como meta diminuir o tempo para execução da<br />
operação de setup, para que o tempo seja inferior a dez<br />
minutos, ou seja, a troca deve ser efetivada em menos de<br />
dois dígitos (no limite máximo de 9 minutos e 59 segundos)<br />
(Cakmakci, 2009).<br />
Shingo (2000, apud Silva, 2015), expõe o SMED sendo<br />
executado por meio da execução de quatro estágios, são<br />
eles:<br />
• Estágio zero ou estágio preliminar: dividindo as atividades:<br />
esse estágio marca o começo, nessa etapa ainda<br />
não existe um mapeamento das atividades que devem<br />
ser realizadas, sendo assim, todo o procedimento de<br />
TRABALHOS FUTUROS, ESSA<br />
MELHORIA DEVERÁ SER ESTENDIDA À<br />
OUTRAS CÉLULAS DA EMPRESA<br />
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />
2.1 SETUP TIME<br />
O estudo de tempos de troca de ferramentas é marcado<br />
pelo trabalho do engenheiro Shigeo Shingo, que<br />
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referenciaindustrial.com.br MARÇO 2022<br />
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