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53ª Edição_Revista ATRAÇÃO

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Por Silvan Aragão

ESPÍRITA POLÍTICO E

CASA ESPÍRITA APOLÍTICA

Aracaju SE BR

Bacharel em Administração, aposentado do Banco do Brasil, membro do NEPE

(Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho) Bittencourt Sampaio.

Iniciado o período eleitoral 2022, é oportuno tecer algumas

considerações sobre o tema em epígrafe.

Na Terra, a economia está dividida em três grandes sistemas:

o comunismo, o capitalismo e a social democracia.

A essência teórica do primeiro é a injustiça, porque visa a

igualdade econômica em detrimento dos méritos. A “alma”

do segundo, por sua vez, é o egoísmo, o individualismo ou o

cada um por si, de forma que podemos resumir seu lema no

“farinha pouca, meu pirão primeiro”. Já o terceiro permite o

liberalismo econômico mas também a interferência do Estado,

por isso considerado um meio termo aos outros dois. Nos

países desse bloco se encontram, por exemplo, a Noruega e

a Suécia, onde não há megaricos nem miseráveis.

Sob o aspecto político-partidário, os militantes costumam

ser divididos em duas grandes posições (mas que podem

ser subdivididas): esquerda, associada aos progressistas,

aos defensores de uma melhor distribuição de renda, aos

socialistas etc; e direita, associada aos conservadores. Assim,

a política e a economia estão intrinsecamente ligadas.

O conceito de política normalmente está associado à

administração pública, mas gostaria de destacar o de Russel

(matemático, filósofo, ensaísta e historiador do século passado):

"O conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos

desejados". Nesse sentido, todos nós fazemos política,

valemo-nos de “meios”. Quando, por exemplo, um cônjuge

deseja pintar a casa de vermelho e o outro de amarelo e, por

meio de acordo/negociação pintam-na de laranja, ambos

estão fazendo política. Portanto, ela está em nosso dia a dia,

ainda que, às vezes, não conscientemente.

Nós espíritas, enquanto cidadãos, podemos e devemos

tomar posição na política partidária econômica uma vez que

a omissão, ou neutralidade, em nada contribui. Aliás, disseram

os Mentores Espirituais a Kardec que “não fazer o bem

já é um mal”¹. E aqui vale lembrar Platão, o filósofo grego

discípulo do grande Sócrates: “Você tem todo direito de não

gostar de política, mas sua vida terá influência e será governada

por aqueles que gostam. Portanto, o castigo dos bons

que não fazem política é ser governado pelos maus que a

fazem”.

Seja qual for a nossa opção, que seja consciente e pautada

pela regra de ouro do cristianismo: “fazer aos outros o

que gostaria que lhe fizessem” (Mt 7:12). Alimentemos, vistamos,

socorramos... mas, sobretudo mudemos, já na raiz,

a direção do tronco.

Já a Instituição Espírita, ou mesmo o Movimento Espírita,

jamais deve se envolver com política partidária, ideológica,

uma vez que existe para todos, independentemente

de filosofia política, cor, sexo, crença etc. Consta² que “em

nenhuma oportunidade, transformar a tribuna espírita em

palanque de propaganda política, nem mesmo com sutilezas

comovedoras em nome da caridade.” Mesmo porque a Casa

Espírita é, dentre outras coisas, uma escola de formação

espiritual e moral, baseada no Espiritismo, e um posto

de atendimento fraternal a todos os que a procuram com

o propósito de obter orientação, esclarecimento, ajuda ou

consolação. Seu objetivo é contribuir com a espiritualização

do homem, afastando-o do materialismo e do egoísmo, tão

nocivos e presentes nas sociedades comunistas e capitalistas.

Assim o fazendo, ela grande serviço prestará à humanidade,

inclusive sob o aspecto político-econômico, formando

cidadãos de bem.

(¹) KARDEC Allan, O Livro dos Espíritos, questão 657.

(²) ANDRÉ LUIZ pela psic. de Waldo Vieira, Conduta Espírita, cap. 10, 10ª ed. Brasília:

FEB, 1960.

34 Atração_ maio de 2022

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