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Por Silvan Aragão
ESPÍRITA POLÍTICO E
CASA ESPÍRITA APOLÍTICA
Aracaju SE BR
Bacharel em Administração, aposentado do Banco do Brasil, membro do NEPE
(Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho) Bittencourt Sampaio.
Iniciado o período eleitoral 2022, é oportuno tecer algumas
considerações sobre o tema em epígrafe.
Na Terra, a economia está dividida em três grandes sistemas:
o comunismo, o capitalismo e a social democracia.
A essência teórica do primeiro é a injustiça, porque visa a
igualdade econômica em detrimento dos méritos. A “alma”
do segundo, por sua vez, é o egoísmo, o individualismo ou o
cada um por si, de forma que podemos resumir seu lema no
“farinha pouca, meu pirão primeiro”. Já o terceiro permite o
liberalismo econômico mas também a interferência do Estado,
por isso considerado um meio termo aos outros dois. Nos
países desse bloco se encontram, por exemplo, a Noruega e
a Suécia, onde não há megaricos nem miseráveis.
Sob o aspecto político-partidário, os militantes costumam
ser divididos em duas grandes posições (mas que podem
ser subdivididas): esquerda, associada aos progressistas,
aos defensores de uma melhor distribuição de renda, aos
socialistas etc; e direita, associada aos conservadores. Assim,
a política e a economia estão intrinsecamente ligadas.
O conceito de política normalmente está associado à
administração pública, mas gostaria de destacar o de Russel
(matemático, filósofo, ensaísta e historiador do século passado):
"O conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos
desejados". Nesse sentido, todos nós fazemos política,
valemo-nos de “meios”. Quando, por exemplo, um cônjuge
deseja pintar a casa de vermelho e o outro de amarelo e, por
meio de acordo/negociação pintam-na de laranja, ambos
estão fazendo política. Portanto, ela está em nosso dia a dia,
ainda que, às vezes, não conscientemente.
Nós espíritas, enquanto cidadãos, podemos e devemos
tomar posição na política partidária econômica uma vez que
a omissão, ou neutralidade, em nada contribui. Aliás, disseram
os Mentores Espirituais a Kardec que “não fazer o bem
já é um mal”¹. E aqui vale lembrar Platão, o filósofo grego
discípulo do grande Sócrates: “Você tem todo direito de não
gostar de política, mas sua vida terá influência e será governada
por aqueles que gostam. Portanto, o castigo dos bons
que não fazem política é ser governado pelos maus que a
fazem”.
Seja qual for a nossa opção, que seja consciente e pautada
pela regra de ouro do cristianismo: “fazer aos outros o
que gostaria que lhe fizessem” (Mt 7:12). Alimentemos, vistamos,
socorramos... mas, sobretudo mudemos, já na raiz,
a direção do tronco.
Já a Instituição Espírita, ou mesmo o Movimento Espírita,
jamais deve se envolver com política partidária, ideológica,
uma vez que existe para todos, independentemente
de filosofia política, cor, sexo, crença etc. Consta² que “em
nenhuma oportunidade, transformar a tribuna espírita em
palanque de propaganda política, nem mesmo com sutilezas
comovedoras em nome da caridade.” Mesmo porque a Casa
Espírita é, dentre outras coisas, uma escola de formação
espiritual e moral, baseada no Espiritismo, e um posto
de atendimento fraternal a todos os que a procuram com
o propósito de obter orientação, esclarecimento, ajuda ou
consolação. Seu objetivo é contribuir com a espiritualização
do homem, afastando-o do materialismo e do egoísmo, tão
nocivos e presentes nas sociedades comunistas e capitalistas.
Assim o fazendo, ela grande serviço prestará à humanidade,
inclusive sob o aspecto político-econômico, formando
cidadãos de bem.
(¹) KARDEC Allan, O Livro dos Espíritos, questão 657.
(²) ANDRÉ LUIZ pela psic. de Waldo Vieira, Conduta Espírita, cap. 10, 10ª ed. Brasília:
FEB, 1960.
34 Atração_ maio de 2022