Por Domingos PascoalA escola de onteme de hojeAracaju SE BRFormado em Filosofia e Ciências Jurídicas e pós-graduado em Gestão de Pessoas, Advogado, Jornalista e ocupanteda cadeira nº 17 da Academia Sergipana de Letras. Membro da Associação Cearense de Escritores - ACERecebi um e-mail que, em apenas duas imagens, retrata,com muita precisão, o que de fato ocorria há quarentaanos, nadécada de 1970, e como acontece hoje, final de2011.No primeiro quadro, representando os anos 1970, umfilho entrega ao pai o boletim escolar, no qual dá para sevislumbrar que suas notas são baixíssimas: dois, três equatro. O pai, olhando para aquele “insucesso” do filho,de dedo em riste, demonstrando muita irritação e autoritarismo,ralha com o menino que, cabisbaixo, triste e contrito,chora.No segundo quadro, mostrando o momento atual,2011, verifica-se a presença de mais uma pessoa na cena:um professor. A situação é a mesma: um garoto entrega aopai o boletim escolar com notas “vermelhas”. Só que aquios dois, pai e filho, ambos com caras de maus, de dedosapontados, esbravejam contra o professor que, humilhado,escuta.Tive a felicidade de viver as duas quadras e possotestemunhar que quem elaborou aquela pequena história,captou muito bem as situações e, pelo visto, tambémvivenciou tais ocasiões: de quarenta anos passados e, assimcomo eu, está assistindo ao que acontece hoje.Os mais anosos vão, facilmente, lembrar as surras, apalmatória, as réguas de madeira, os puxões de orelha,o suplício que era ficar ajoelhado em cima de caroços demilho ou feijão, com a cara grudada na parede e as costasviradas para a plateia, ou ficar durante todo o período deaula por trás de uma porta, sem poder olhar para ninguém.Eram formas, imaginem,“educativas”. Pois incutiam o temor, o medo, o pavor.Estes, para os pais e professores daquela época, eram osmétodos acertados de ensinar e educar.Hoje está tudo mudado e, segundo a interpretaçãodaqueles dois quadrinhos, os papéis estão invertidos. Seo aluno não se sai bem na escola, o culpado pela sua improdutividade,pelas suas notas baixas, pelo seu insucesso,não é mais, como naquele tempo, o aluno. Não. Agora todoo ônus deverá recair sobre a sociedade; o sistema, dominadopelas “elites”, pelo governo, porém incide, principalmente,sobre a escola, e, pasmem, sobre o professor que,miseravelmente remunerado, trabalha sob a pressão dosalunos que se acham no direito de aprender sem estudar.Qual destas atitudes poderíamos qualificar como acertada?Ou melhor dizendo: será que há acerto em algumadelas?Acredito que nenhuma delas representa o procedimentoideal. A primeira carrega em si toda uma culturareinante, onde eram empregados instrumentos e procedimentosmedievais de tortura para que as criançasaprendessem e se educassem. Passei por ela e, sinceramente,não gostei.De igual sorte, não gosto do que está acontecendo nosdias atuais, pois sob a égide da globalização, que nos encharcade costumes, culturas e práticas de povos desenvolvidos,num universo ainda em formação, sem a devidaadequação para absorver, de uma só vez, tantas mudanças;do excesso de informação e da escassez de formação,do uso do direito, sem o equivalente dever, punindo aquem age dentro da lei e premiando os infringentes danorma com a impunidade.Revolta ver que quem faz o certo é tido como bobo,é quem está errado e o desonesto, o “esperto”, quem sedá bem.Qual dos dois sistemas está, pedagogicamente, correto?Agiam com acerto os pais e professores daquele tempoquando, usando a tortura, produziam, segundo afirmavamexcelentes profissionais, bons pais de família e cidadãos?Ou corretos estão os que se eximem da responsabilidadee jogam para os outros a função de formar e educar seusfilhos, culpando o sistema, as “elites”, as escolas e osprofessores?Acreditamos que nem um e nem outro. Se possívelgostaríamos de sugerir uma terceira via, que poderia serum misto dos dois, porém sem os seus extremos. Acreditamosque o correto mesmo é que as orientações estejamsempre amparadas pelo bom-senso, pela compreensão,pela tolerância e, sobretudo, pelo exemplo.50 Atração_ maio de 2022
A cordelista que vem fazendo a diferença no cenário cordelista deSergipe, Maria Salete Nascimento, está lançando o seu mais novoCordel em homenagem ao grande e inesquecível artista estanciano.Trata-se da valorização à quem tem direito e merece.Atração_ maio de 202251