53ª Edição_Revista ATRAÇÃO

Por Antônio Saracura
O Itabaianista
O freguês arado
Itabaiana SE BR
Romancista, Contista, Cronista e Poeta, Formado em Administração pela Universidade Federal de SE
Membro da Academia Itanbaianense de Letras e da Academia Sergipana de Letras
Boca de Moenda
...Um molecão desnutrido parou na porta da venda
Farejou e falou alto:
— Vim seguindo
o meu olfato
Em busca duma
merenda!
kkkkkkkkkk
Isaias Marinho
No armário envidraçado
Apenas vinte coxinhas
Já eram mais de dez horas
E a quituteira Zefinha
Só chegaria meio-dia
Com nova mercadoria
Pelo costume que tinha
Nem levantara a vista
Quando Boca de Moenda
Um molecão desnutrido
Parou na porta da venda
Farejou e falou alto:
— Vim seguindo o meu olfato
Em busca duma merenda!
Seu Onofre pressentiu
Que um problema danado
Estava ali se armando
E complicava o seu lado...
Se a fama dele era vera
Para alimentar a fera
Nem com o estoque dobrado.
Quando a décima coxinha
Triturava na Moenda
Seu Onofre se irritou
E passou-lhe a reprimenda:
— Que fome canina é essa?
Você não passa mais dessa
Acabou sua merenda!
Seu Onofre, o bodegueiro,
Que era muito sistemático
Avaliou com os botões
O contexto problemático:
Para poupar as coxinhas
Cobriu c’uma uma toalhinha
Achando ser o mais prático.
Pra começar, me dê uma
Daquelas coxinhas ali
Não me diga que acabaram...
Quando cobriu, eu as vi
Bote um litro de gasosa
E a pimenta venenosa
Para ajudar engolir.
Depois de uma, mais outra
Boca engoliu num estalo
Enquanto comia uma
Os olhos em arregalo
Já cozinhavam a seguinte.
Daqui a pouco, das vinte
Não sobrava nem o talo.
Eu tenho mais freguesia
Que chega aqui toda hora.
O que vou servir a ela
Se tudo você devora?
Limpe essa boca gulosa,
Beba o resto da gozosa
Pague a conta, e vá embora.
48 Atração_ maio de 2022
(Aracaju, 2014. Adaptação livre do caso contado pelo Taurino, em um sábado pela manhã, na sua livraria itinerante na pracinha da sorveteria Kiola, em Itabaiana).