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histórias<br />
para o ataque. O menino que me marcava se antecipou e furou a<br />
bola heroicamente. Quando vi, a bola parou na poça e eu chutei<br />
de esquerda como quem chuta uma cachoeira. A bola encobriu o<br />
goleiro e morreu na grade que separava a nossa imponente praça<br />
de esportes dos carros dos nossos pais. Em seguida, nossas mães<br />
apareceram. Anoitecia.<br />
Pouco tempo depois, fui morar em Araucária, onde resido<br />
há mais de 30 anos. Tornei-me jornalista, fundei um impresso<br />
de literatura, estou professor. Sigo insistindo nisso de chutar um<br />
objeto esférico, convivendo com dores nas costas e marcadores<br />
com a metade da idade, limitando-me às quadras de futsal. Até<br />
virei técnico de um time amador de futsal feminino. Sempre que<br />
passo perto da via rápida que atravessa o Terminal do Pinheirinho,<br />
geralmente indo trabalhar, ainda vejo um reflexo borrado daquele<br />
menino de 6 anos, comemorando um gol da vitória como quem<br />
resolve a vida.<br />
Foto: divulgação<br />
Por Daniel Zanella<br />
56<br />
setembro 2022<br />
revistavoi.com.br
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