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Jornal Cocamar Abril 2023

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BOIA FRIA - Nascido em 18 de<br />

março de 1965 em Bom Sucesso<br />

(PR), é o sexto filho de uma família<br />

de nove irmãos, trabalhadores<br />

rurais que prestavam seus serviços<br />

em terras dos outros. O pai<br />

Augusto foi porcenteiro de café<br />

na região de Terra Boa e Malu e,<br />

com o declínio da cultura, passaram<br />

a trabalhar como “boias frias”.<br />

PRIMEIRO EMPREGO - Sua passagem<br />

pela cooperativa se deu<br />

em 1984 e 1985, quando a família<br />

se mudou para Maringá. “A <strong>Cocamar</strong><br />

foi o meu primeiro emprego<br />

com carteira assinada”, lembra<br />

D. Eduardo, que foi admitido como<br />

horista na Máquina de Algodão,<br />

no recebimento da safra. “A<br />

gente organizava o pátio para receber<br />

o algodão que ia para as<br />

tulhas e depois era beneficiado”,<br />

conta, lembrando que havia ali<br />

grandes estrados de madeira,<br />

nos quais o produto era descarregado<br />

dos caminhões que vinham<br />

da roça.<br />

CLASSIFICAÇÃO - “Em poucos<br />

dias fui chamado para trabalhar<br />

junto às tulhas, como marcador”.<br />

Com uma prancheta nas mãos,<br />

sua função era anotar o tipo do<br />

algodão. “Como eu tinha a oitava<br />

série e sabia ler e escrever, fui designado<br />

para trabalhar junto ao<br />

classificador nas tulhas. E, como<br />

passei a entender de classificação,<br />

fui classificar algodão no<br />

pátio. A safra era muito grande e<br />

havia longas filas de caminhões”.<br />

CRESCIMENTO - Terminando a<br />

safra, os trabalhadores sazonais<br />

eram desligados, mas ele, por sua<br />

dedicação e a facilidade em realizar<br />

os trabalhos, permanecia, sendo<br />

conduzido para outras estruturas.<br />

“Ajudei no bicho da seda, na Máquina<br />

de Café, passei por diversos<br />

setores, e trabalhava na manutenção.<br />

Fui até lá no IBC onde recebia<br />

o algodão já beneficiado,<br />

para armazenar os fardos”. Depois,<br />

começava a safra de algodão novamente.<br />

Para D. Eduardo, esse<br />

era o período mais marcante, devido<br />

ao grande número de empregados.<br />

“Era muito divertida e bonita<br />

aquela convivência”.<br />

FAMÍLIA - A família residiu no<br />

Maringá Velho e ele seguia de bicicleta<br />

para o trabalho, enquanto<br />

o pai Augusto, que também foi<br />

horista na <strong>Cocamar</strong>, preferia caminhar<br />

ou ir de ônibus. Sua função<br />

era varrer o pátio, cuidar das<br />

vias do parque industrial e manter<br />

tudo limpo. Outro irmão de D.<br />

Eduardo, Manuel, foi ensacador<br />

na cooperativa, ligado ao sindicato<br />

da categoria.<br />

AMIGOS - Ele se recorda que um<br />

dos classificadores era o Jacob,<br />

“muito conhecido, mas, bravo”. E<br />

entre outros, havia o Juca, jogador<br />

de truco, o Brito, o Zenardino, o Zé<br />

Bassan, “pessoas já de certa<br />

idade, que me ajudaram muito.<br />

Eu era um guri, tinha apenas uns<br />

20 anos na época”. João Santinho,<br />

um dos responsáveis pela parte<br />

operacional, gostava de conversar<br />

com seu pai. No escritório<br />

tinha o responsável, o Tetsuo<br />

Noda, a dona Eliza, o Wilson, motorista<br />

da kombi, o José Magossi,<br />

o Natalino, o Gaúcho da balança.<br />

Ele se lembra do Rubens da Máquina<br />

de Café, e do pessoal do<br />

sindicato dos ensacadores, principalmente<br />

do Imbuzeiro e do Catité.<br />

Entre os dirigentes da <strong>Cocamar</strong>,<br />

conheceu o Dr. Constâncio<br />

Pereira Dias, presidente, e ouvia<br />

falar muito de Luiz Lourenço.<br />

SAÍDA - Em 1985, quando a região<br />

foi afetada por uma seca, a<br />

<strong>Cocamar</strong> realizou ajustes estruturais<br />

e precisou demitir um<br />

grande número de colaboradores.<br />

Ao saber, junto a João Santinho,<br />

que seu nome não estava na lista,<br />

Eduardo pediu que fosse incluído,<br />

pois durante a safra não conseguia<br />

estudar e seu sonho era dedicar-se<br />

à vida religiosa. “Eu já<br />

havia me matriculado duas vezes<br />

para fazer o colegial no Instituto<br />

de Educação, mas não conseguia<br />

estudar porque na época da safra<br />

tinha que trabalhar à noite também”.<br />

Foi uma demissão voluntária.<br />

Então, ele achou outro emprego<br />

e completou os estudos<br />

com o supletivo no Colégio Paraná.<br />

VOCAÇÃO - D. Eduardo conta que<br />

desde os 10 anos, já cultivava o<br />

desejo de ser padre, uma vocação<br />

natural que o fazia “celebrar” missas<br />

em casa para os irmãos. Segundo<br />

ele, “ficaram lembranças<br />

maravilhosas da <strong>Cocamar</strong>”, onde<br />

fez muitos amigos, em um tempo<br />

bom e de muito trabalho, “e foi<br />

uma época que me ajudou a realizar<br />

o meu sonho, com a minha<br />

família”.<br />

ALEGRE E FELIZ - Ao deixar a <strong>Cocamar</strong>,<br />

seu pai foi trabalhar como<br />

segurança na casa do Dr. Constâncio.<br />

“Ele era de dentro da casa<br />

do Dr. Constâncio”. Seu pai, aliás,<br />

gostava de contar causos, o que,<br />

nos finais de semana, mantinha a<br />

casa repleta de amigos e vizinhos,<br />

enquanto os irmãos se divertiam<br />

tocando violão e, no quintal, a<br />

criançada brincava tranquila.<br />

“Meu ambiente familiar sempre<br />

foi alegre e feliz”.<br />

SAUDADES – Quando passa por<br />

Maringá para visitar parentes em<br />

Paiçandu, D. Eduardo conta que<br />

só por estar perto da <strong>Cocamar</strong> “dá<br />

uma alegria muito grande e ao<br />

mesmo tempo um aperto no coração.<br />

Vêm lembranças boas,<br />

passa um filme na minha cabeça<br />

de tudo que passei. Foram dois<br />

anos intensos e sinto que ajudei<br />

a construir um pouco da cooperativa”.<br />

FÉ - Com sua fé, logo que chegou<br />

a Maringá o jovem foi participar<br />

de missas na Catedral e se recorda<br />

da voz vigorosa do então<br />

bispo, D Jaime Luiz Coelho. Na paróquia<br />

Cristo Ressuscitado, se<br />

lembra de padre Geraldo Schneider,<br />

e na Santa Maria Goretti,<br />

onde frequentava grupos de jovens,<br />

conviveu com os padres<br />

Geraldo Trabuco e Júlio Antônio da<br />

Silva. Foi o padre Julinho quem lhe<br />

deu a carta de apresentação para<br />

estudar na Congregação de Santa<br />

Cruz, em São Paulo.<br />

ORDENAÇÃO - Ordenado padre<br />

em 15 de dezembro de 2000,<br />

trabalhou na Arquidiocese de São<br />

Paulo e, já em 10 de dezembro de<br />

2014, foi nomeado bispo-auxiliar.<br />

Em 7 de julho de 2021, D.<br />

Eduardo tomou posse como<br />

bispo diocesano de Ourinhos, em<br />

substituição a D. Salvador Paruzzo,<br />

que renunciou por atingir a<br />

idade limite de 75 anos.<br />

D. Eduardo recebe presente da <strong>Cocamar</strong>,<br />

das mãos do jornalista Rogério Recco<br />

A História da <strong>Cocamar</strong> continua nas próximas edições<br />

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