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mo todos sabemos, mas o livro, Portugal no Futuro da Europa,<br />
foi publicado com algumas alterações relativamente ao projeto<br />
original. E, a pretexto do livro, a jornalista, com um entusiasmo<br />
que contagiaria qualquer leigo, explica história da União<br />
Europeia, dos ideais do federalismo, em que acredita veementemente,<br />
acabando por confessar que “sou uma grande<br />
entusiasta do projeto da União Europeia e preocupa-me muito<br />
que esteja tão mal entregue a uma geração de dirigentes<br />
políticos que, claramente, não está à altura da ambição que<br />
levou à construção daquilo que acho que é a maior aventura<br />
de engenharia política desde a fundação da federação norte-<br />
-americana. Tenho muita pena, espero que a crise faça emergir<br />
novos líderes e novos valores. Gostaria muito que isto funcionasse<br />
como oportunidade”. E, deste comentário sério, segue<br />
para uma gargalhada, rematando, “eu sei que as pessoas<br />
acham que eu sou maluca, mas a emergência da União é, para<br />
mim, uma história comovente”.<br />
Nada disto é por acaso... Paula Moura Pinheiro não é um<br />
acaso. Assume-se como católica e explica que o seu interesse<br />
pela política e pelo jornalismo são “instrumentais”, no sentido<br />
em que se sente obrigada a servir a comunidade. Assume<br />
que ser católica a obriga a um determinado comportamento<br />
como cidadã e jornalista. E não pretende fugir das suas obrigações,<br />
ainda que esteja consciente de que muitos “acham<br />
que aquilo que faço é irrelevante. Uma coisa é haver quem<br />
não aprecie o meu estilo, mas, quanto ao mérito dos meus<br />
objetivos, aí, a conversa é outra. Por esses objetivos de serviço<br />
à comunidade, eu bato-me, é aí que me inscrevo”.<br />
Depois de dois anos sem fazer televisão e a trabalhar como<br />
freelancer na imprensa e na rádio, recebe um surpreendente<br />
convite de Jorge Wemans para ser subdirectora da RTP2.<br />
Para Paula, a surpresa foi mesmo total. “Eu nem nunca tinha<br />
tomado um café com o Jorge Wemans e achei isso extraordinário,<br />
nunca poderei esquecer-me disso. É muito raro<br />
em Portugal as pessoas dirigirem convites para cargos de<br />
confiança a alguém com quem não têm já uma relação pessoal.”<br />
Para além de tudo isto, afirma que “ser convidada para<br />
a minha estação de televisão favorita, aquela que eu sempre<br />
consumira como espectadora, era um privilégio incrível<br />
e, por isso, aceitei”.<br />
Aceitou um emprego, mas também um desafio. “Eu pertenço<br />
à geração dos que apanharam a privatização das televisões<br />
e entrei nessa onda. Já dentro da televisão, apanhei a<br />
outra revolução, a da emergência da TV Cabo e a da afirmação<br />
da Internet. Tenho consciência de que me foram dados<br />
viver momentos extraordinários no audiovisual.”<br />
Apesar do orçamento pequeno e das dificuldades inerentes,<br />
Paula afirma que o que mais gosta na direção de Jorge<br />
Wemans “é o investimento indiscutível, sem precedentes<br />
(e os números não me deixam mentir), no documentário. Gosto<br />
muito de estar ligada, através desta direção, ao nascimento<br />
de uma nova geração de cineastas, de documentaristas portugueses…<br />
Uma geração cheia de gente muito boa. Todos os<br />
meses, vemos coisas aliciantes. Ainda que as dificuldades sejam<br />
imensas… O dinheiro que há para isto é estupidamente<br />
pouco para o talento que há em Portugal”.<br />
Caixa Woman 19