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CaixaWoman#13

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esticar demasiado este processo.<br />

As pessoas estão ansiosas<br />

e precisam de respostas<br />

logo no início... E, depois, o<br />

fator financeiro também pesa.<br />

A terapia demora seis ou sete<br />

sessões e a ideia é dar compe -<br />

tências ao casal para que possa<br />

enfrentar as diferentes situações<br />

com as quais vai de -<br />

parar-se ao longo da vida.<br />

É importante que ambos estejam comprometidos com a terapia,<br />

que acreditem nela. Por exemplo, há casos em que, no<br />

início da terapia, proíbo que avancem para sexo, para passar<br />

para mim essa responsabilidade de não acontecimento sexual,<br />

mas também para baixar a ansiedade, porque sou eu<br />

que não permito. Por outro lado, recomendo outras experiências:<br />

o voltar à carícia, o redescobrir o corpo, o redescobrir<br />

o outro. O objetivo é que a pessoa se sinta bem nas mãos<br />

do outro, porque, se isso não acontecer, não pode haver desejo<br />

sexual.<br />

Isso é recuperável?<br />

Sim. As pessoas entram em ciclos viciosos, é muito comum.<br />

Vejo essa repetição nos casais que acompanho. Em muitos<br />

casos, as mulheres deixam de ter gestos carinhosos para<br />

não alimentar a ideia de que vai haver sexo. E, quanto mais<br />

elas se afastam, mais eles as procuram. Isto era o mais comum<br />

no passado; hoje, já há muitos casos de homens que<br />

não têm desejo sexual pelas mulheres e há mulheres para<br />

quem o sexo é realmente importante. São mulheres que se<br />

sentem bem com o corpo, para quem a sexualidade é uma<br />

coisa descontraída, que até encaram o sexo como uma forma<br />

de alimentar outras áreas, porque lhes traz satisfação,<br />

prazer e energia. Claro que a intensidade do desejo pode diminuir,<br />

há fatores externos que podem interferir com a disponibilidade,<br />

como o trabalho, os filhos. De facto, no início,<br />

a excitação pode ser maior. Conheço muitos casos de mulheres<br />

que nunca tinham tido um orgasmo e que investiram<br />

muito no início de novas relações. Há o fator novidade, estão<br />

num processo de sedução, de descoberta do corpo do<br />

outro... Claro que não é preciso ter sempre um orgasmo,<br />

mas nunca ter também não é bom.<br />

BILHETE DE IDENTIDADE<br />

Licenciada em Psicologia, na área de Clínica,<br />

pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada,<br />

Marta Crawford é especializada em Sexologia<br />

Clínica. Apresentou os programas televisivos<br />

AB Sexo (na TVI, em 2005 e 2006) e Aqui Há<br />

Sexo (na TVI 24, em 2009), e publicou os<br />

livros Sexo sem Tabus (2006), Viver o Sexo<br />

com Prazer. Guia da Sexualidade Feminina<br />

(2008) e Diário Sexual e Conjugal de um Casal<br />

(2011), todos publicados pela Esfera dos Livros.<br />

É terapeuta sexual na Clínica do Homem<br />

e da Mulher, em Lisboa.<br />

Porque é que isso acontece?<br />

Pode ter a ver com situações<br />

anteriores, com o facto de serem<br />

muito contidas ou incapazes<br />

de se deixarem ir na relação,<br />

por nunca se terem<br />

masturbado durante a adolescência<br />

e não conhecerem<br />

bem ou não se sentirem bem<br />

com o seu corpo. Ou seja, há<br />

várias situações que podem<br />

fazer com que a mulher não se deixe ir, não se entregue<br />

e fique quase como uma espectadora do que está a acontecer.<br />

O orgasmo é precisamente o contrário, é o deixar-<br />

-se ir, o não controlar. Aquelas mulheres que são muito<br />

organizadas e controladoras sofrem frequentemente desta<br />

situação, ainda que não haja uma obrigatoriedade em<br />

que assim seja. Outras vezes, têm vergonha do corpo e,<br />

quando isso acontece, não se podem entregar, com medo<br />

de sentirem ridículas.<br />

O ridículo não existe nestas situações?<br />

Não, mas há muita gente a sentir-se ridícula e a preocupar-<br />

-se com outras questões, mais acessórias, como se estão gordas,<br />

se têm pelos, e não com a envolvência da própria relação.<br />

Também pode ter havido uma situação anterior, uma relação,<br />

uma desconfiança que explique uma maior contenção<br />

e a dificuldade em ter orgasmos. Há aqui vários condimentos<br />

que podem dificultar o orgasmo e o desconhecimento do próprio<br />

corpo é um dos principais. Por isso é que recomendamos<br />

a masturbação, é uma coisa importante.<br />

Ao longo de toda a vida?<br />

Sim. A necessidade de masturbação, mesmo quando existe<br />

uma relação sexual satisfatória, é perfeitamente normal e<br />

positiva. Masturbar alivia a tensão. Só é negativa quando se<br />

substituiu uma coisa pela outra. A dificuldade no relacionamento<br />

pode explicar que a pessoa recorra à masturbação,<br />

porque está sozinha, não é avaliada, não tem de debater-se<br />

com ansiedade. Quando as relações dão prazer, a procura<br />

de intimidade pode ser o maior antidepressivo, a grande vitamina.<br />

Intimidade significa poder viver livremente numa relação<br />

íntima, deixar de estar oprimido pelos pensamentos,<br />

ser capaz de libertar-me, de orientar o outro naquilo que me<br />

Caixa Woman 31

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