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A Caixa Woman vai<br />
continuar a marcar<br />
as nossas vidas<br />
A capacidade de nos reinventarmos, de cairmos e de nos voltarmos a levantar é,<br />
provavelmente, a maior arma que os nossos pais nos deram (ou não), utilizável em todas<br />
as circunstâncias da vida. Os psicólogos chamam-lhe resiliência, um termo emprestado<br />
da Física que remete para a propriedade de alguns materiais se dobrarem sem quebrar,<br />
e o conceito foi adotado, em primeiro lugar, para referir crianças que, apesar do ambiente<br />
adverso em que cresciam, eram capazes de “dar a volta”, transformando-se em adultos<br />
equilibrados e persistentes. Depois, os psicólogos foram alargando escopo do termo,<br />
para incluir todos aqueles que demonstram uma capacidade acrescida de sobrevivência<br />
psicológica a uma catástrofe pessoal, a uma guerra ou a um tsunami, por exemplo. Ou às<br />
consequências mais dramáticas de uma crise económica e social como aquela que, hoje,<br />
vivemos. Porém, atualmente, aplicamo-lo a todos os que conseguem suportar a adversidade<br />
e tirar partido dela.<br />
Porque ser resiliente não significa que não se sintam e chorem as contrariedades e as perdas,<br />
que não se lancem as mãos à cabeça quando a casa (ou o emprego) vai pelo ar, soprada<br />
por um qualquer lobo mau (como na história d’Os Três Porquinhos), nem que o coração<br />
não se parta aos bocadinhos porque perdermos um amor, enfrentamos um divórcio<br />
ou, mais terrível, a morte de alguém querido. Nem tão-pouco que não passemos por períodos<br />
negros, por dentro e por fora, em que, muito sinceramente, só temos vontade de perguntar<br />
“porquê a mim” e de nos compararmos a patinhos feios, de quem ninguém gosta.<br />
Ser resiliente quer antes dizer que fazemos tudo isso, mas, mesmo assim, continuamos a<br />
acreditar que há caminho para lá do obstáculo e que temos o direito e o dever de encontrá-lo.<br />
E se o direito a parece qualquer coisa de que podemos abrir mão, o dever de implica<br />
uma obrigação que não pode ser iludida, uma obrigação para connosco próprios, mas<br />
também para com a nossa família, o nosso país e o nosso planeta. Por isso, é-nos permitido<br />
mergulhar no luto, concedermo-nos uns momentos em que temos pena de nós próprios,<br />
mas, depois, há uma voz interior que nos diz um “já chega, agora toca a andar para<br />
a frente” e nos impele a continuar.<br />
Foi este o espírito da revista Caixa Woman ao longo dos últimos anos. Chegar às nossas<br />
leitoras e contagiá-las com a energia de um novo projeto, indo ao encontro das suas preocupações,<br />
dando-lhes exemplos de mulheres que conjugaram a palavra resiliência nas<br />
suas vidas pessoais e profissionais, encontrando pistas para nascer de novo. No dia em<br />
que anunciamos que esta edição fecha o ciclo da revista em papel e inicia o reforço da<br />
sua presença on-line, procurando caminhos adaptados aos tempos em que vivemos, queremos<br />
agradecer a quem esteve sempre connosco e pedir-vos que nos procurem em<br />
www.caixawoman.pt Porque o segredo desta alquimia está em continuar.<br />
Isabel Stilwell<br />
EDITORIAL<br />
Caixa Woman 3