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CaixaWoman#13

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DESAFIO<br />

Lição de<br />

TANGO<br />

É o título de um filme obrigatório. É o nome da escola criada pelos campeões<br />

europeus de tango, no Porto. E é a nossa proposta para apaixonar-se.<br />

Pela vida. Preparadas para uma lição de tango?<br />

A aula começa em Lisboa. Há uma bailarina de dança<br />

contemporânea que acaba de chegar e faz tempo com<br />

aquecimentos. Anunciam-se mais passos no soalho de<br />

madeira, alguns pela primeira vez. Dois casais assomam<br />

também nas escadas, mas apenas elas passam da porta.<br />

Há quem diga que são precisos dois para se dançar o<br />

tango. Elena Gonzalez diz o contrário. “As mulheres<br />

seguem e os homens lideram. Estes workshops têm precisamente<br />

como objetivo trabalhar a parte feminina e técnica,<br />

explicando às mulheres como ‘seguir’ e acompanhar<br />

bem.” Mas não só. “Em Buenos Aires, o homem está<br />

preocupado em agradar à mulher. Na Europa, esta cultura<br />

foi-se perdendo um pouco e ele acaba por estar sobretudo<br />

concentrado nos passos. O que fazemos aqui é lembrar<br />

o nosso par de que não somos apenas a parte que<br />

falta para completar o passo, mas que também temos algo<br />

a dizer.” Por isso, aos domingos, no Tango LAB, é dia de<br />

tango só para elas. Bem longe vão os tempos em que esta<br />

dança estava apenas reservada aos homens dos subúrbios<br />

de Buenos Aires. Por ser considerada obscena a proximidade<br />

entre homens e mulheres, o tango começou por estar<br />

circunscrito aos bordéis, mas a dança massificou-se,<br />

44 Caixa Woman<br />

TEXTO DE PAULA CRISTÓVÃO SANTOS.<br />

nomeadamente na alta sociedade, quando os emigrantes<br />

argentinos a introduziram em Paris, chegando, assim,<br />

num ápice à Europa. Elena ensina tango há cerca de quatro<br />

anos em Portugal, no Tango LAB, que criou juntamente<br />

com Tom Weber. Conheceram-se em Buenos Aires,<br />

numa dança. Elena, natural da Patagónia, estava na capital<br />

da Argentina a aperfeiçoar a técnica. Tom Weber, físico<br />

de profissão, estava em trabalho. Ela só falava espanhol.<br />

Ele só sabia francês. Nessa noite, só comunicaram “em<br />

tango”. E, ao longo da vida, tem sido este o ponto de equilíbrio<br />

a dois. Tom veio trabalhar para Lisboa, para a área<br />

da Imunologia. Elena seguiu-lhe os passos. “Decidi que<br />

queria partilhar o tango argentino tradicional. Não aquele<br />

que se prende com as grandes exibições, mas o tango<br />

mais social, que privilegia o movimento à rigidez de uma<br />

estrutura.” Elena defende uma escola de tango com mais<br />

enfoque no movimento do que na aprendizagem de passos.<br />

“O passo básico começa com um passo do homem<br />

atrás. Imaginemos que estamos numa sala cheia de pessoas<br />

e que este passo não é exequível. O homem fica perdido<br />

porque está preso a uma sequência. E o tango não<br />

é isso, o tango é improviso.” Daí Tango LAB.

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