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CaixaWoman#13

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de refrigeração que, apesar de ter trabalho, não tinha liquidez.<br />

“Eu não conseguia cobrar. Houve gente que me deu a<br />

palavra de honra em como pagava a tempo e, até hoje, não<br />

vi dinheiro nenhum. Quando a palavra de honra não vale nada…”<br />

Aceitou o convite para ingressar uma equipa de técnicos<br />

de frio e, profissionalmente, não podia estar mais contente.<br />

“Agora, só me falta a família. Onde eu moro, imagino<br />

a minha filha crescer, mas a Rita não quer ir.” Ironia das ironias,<br />

a mulher de Paulo conseguiu finalmente uma colocação<br />

definitiva no ensino público. Com 36 anos, esta professora<br />

do 2.º Ciclo, andou dez anos letivos a mudar de escola.<br />

“Estou a fazer um mestrado em Pedagogia, tenho finalmente<br />

colocação e parece-me absurdo abdicar de tudo isto agora.<br />

Não valorizo mais a profissão do que o amor, do que a<br />

família, mas queria uma vida tranquila há muito tempo. Se<br />

eu for para a Suíça, são mais dez anos à procura de um posto<br />

de trabalho decente, verdade?”<br />

Quando os dois membros do casal têm<br />

carreiras que valorizam, é difícil que um prescinda<br />

do que já conseguiu para começar do zero.<br />

Luísa Andrade também ficou em Portugal, mas por outros<br />

motivos. “O meu marido sentia-se a estagnar e eu sempre<br />

lhe disse que fosse, que continuasse a estudar. Não podemos<br />

sentir que estamos estagnados aos 30 anos.” O até<br />

então médico de Medicina Familiar integrou, em 2011, uma<br />

equipa de pesquisa de Fisiopatologia e Tratamento da Dor<br />

em Madrid, depois de um longo processo de candidatura.<br />

“Eu engravidei durante o processo. E, como não conhecemos<br />

ninguém por lá, preferi ficar junto dos meus pais, para<br />

me ajudarem com o bebé. Estou arrependida de tudo. Não<br />

lhe devia ter dito para ir, não quando pensávamos em engravidar.<br />

Fui leviana. Estar longe do amor da minha vida, ainda<br />

para mais numa altura destas, não é fácil.” Quanto ao futuro,<br />

afirma que “vou deixar o meu filho crescer um pouco.<br />

Depois, vou tentar ir ter com o Rafael, até porque não tenho<br />

um vínculo profissional, sou advogada a recibos verdes, mas<br />

não sei muito bem o que vou fazer profissionalmente. O desemprego<br />

em Espanha está nos 20%.”<br />

Virgínia Lopes, 33 anos, diretora, para Portugal e países<br />

lusófonos, de uma multinacional, também não consegue antever<br />

o futuro. “A minha vida está cheia de ironias. Conheci o<br />

26 Caixa Woman<br />

Rui quando eu vivia em Barcelona e ele, no Porto. Namorámos<br />

anos à distância, com visitas frequentes. Eu consegui trazer a<br />

minha empresa para Lisboa, depois de subir a pulso na hierarquia.<br />

Estabeleci-me aqui para estar perto dele e da minha<br />

mãe. O Rui conseguiu um emprego aqui, começámos a construir<br />

a nossa vida e, agora, foi viver para Barcelona.” O agora<br />

é quatro anos depois de terem começado a viver juntos, é cinco<br />

meses depois de terem comprado um apartamento, é no<br />

momento em que pensavam aumentar a família. Visivelmente<br />

abalada pela nova situação, explica-me que, se pudesse voltar<br />

atrás, voltava e não deixava que Rui Martins, 37 anos, enge-<br />

FOTOGRAFIA: GETTY IMAGES.

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