18.02.2013 Views

Alberto Kenji Yamabuchi - Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro

Alberto Kenji Yamabuchi - Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro

Alberto Kenji Yamabuchi - Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

acismo, sexismo), continua a ser “grosso mo<strong>do</strong>” tão facilmente aceita, respeitada e<br />

até mesmo tida como natural? Essa submissão, submissão para<strong>do</strong>xal, tem na<br />

<strong>do</strong>minação masculina o seu exemplo por excelência. A <strong>do</strong>minação é resultante da<br />

violência simbólica que, por sua vez, não é facilmente percebida pelas próprias<br />

vítimas e é exercida através das vias simbólicas da comunicação e <strong>do</strong> conhecimento<br />

(também <strong>do</strong> <strong>de</strong>sconhecimento e <strong>do</strong> reconhecimento) ou <strong>do</strong> sentimento. Eis a lógica<br />

da <strong>do</strong>minação: <strong>do</strong>minante e <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> se relacionam através <strong>de</strong> um princípio<br />

simbólico (língua, estilo <strong>de</strong> vida, estigma) conheci<strong>do</strong> e reconheci<strong>do</strong> por ambos, o que<br />

perpetua o sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação.<br />

Bourdieu afirmou que “é característico <strong>do</strong>s <strong>do</strong>minantes estarem prontos a<br />

fazer reconhecer sua maneira <strong>de</strong> ser particular como universal” 36 . A <strong>do</strong>minação<br />

sugere uma espécie <strong>de</strong> nobreza da masculinida<strong>de</strong>. Os homens, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua infância e<br />

no contexto <strong>de</strong> seu ambiente familiar, são ensina<strong>do</strong>s e condiciona<strong>do</strong>s a aceitar as<br />

diferenças entre o universo masculino, público e o mun<strong>do</strong> feminino, priva<strong>do</strong>. Os<br />

lugares <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e não-po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> homem e da mulher já estão <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s pelas<br />

instituições sociais. Crianças são preparadas para profissões “a<strong>de</strong>quadas” aos seus<br />

respectivos sexos. Se um homem assumir uma profissão consi<strong>de</strong>rada feminina (como<br />

a arte culinária ou a moda), sua atuação ten<strong>de</strong> a ser mais respeitada e mais<br />

valorizada. Por isso, Bourdieu comparou a masculinida<strong>de</strong> com a nobreza: o valor <strong>do</strong><br />

masculino é exalta<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o próprio berço <strong>do</strong> homem.<br />

O uso da etnografia, enquanto ferramenta para a abordagem e análise <strong>de</strong>ssas<br />

questões, contribui para a <strong>de</strong>snaturalização, historicizan<strong>do</strong> o eterniza<strong>do</strong> na or<strong>de</strong>m<br />

sexual, mas po<strong>de</strong>, no entanto, produzir um novo para<strong>do</strong>xo: as constantes e<br />

invariáveis que indiscutivelmente se mantêm, apesar <strong>de</strong> todas as mudanças da<br />

condição feminina, não privilegiam os mesmos mecanismos e as mesmas instituições<br />

históricas que não cessam, ainda, <strong>de</strong> tirar da história as constantes e invariáveis que<br />

objetivam a combatida divisão entre os sexos?<br />

A tarefa proposta por Bourdieu, como forma <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às questões<br />

levantadas é composta <strong>de</strong> quatro ações:<br />

1. Reinserir a relação entre os sexos na história – o processo <strong>de</strong> historicização<br />

para revelar a <strong>do</strong>minação;<br />

36 BOURDIEU, Pierre. Op. cit. p. 78.<br />

36

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!