18.02.2013 Views

Alberto Kenji Yamabuchi - Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro

Alberto Kenji Yamabuchi - Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro

Alberto Kenji Yamabuchi - Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A violência simbólica não po<strong>de</strong> ser vencida apenas “converten<strong>do</strong>” a consciência<br />

e a vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s participantes <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação e submissão. Isso é ilusório,<br />

pois o seu po<strong>de</strong>r está profundamente inscrito “no mais íntimo <strong>do</strong>s corpos sob a forma<br />

<strong>de</strong> predisposições (aptidões, inclinações)”. 39 Bourdieu propõe “uma transformação<br />

radical das condições sociais <strong>de</strong> produção das tendências”. 40<br />

Mas essa violência po<strong>de</strong> também se voltar contra o próprio homem. Sua<br />

virilida<strong>de</strong>, que é “entendida como capacida<strong>de</strong> reprodutiva, sexual e social, mas<br />

também como aptidão ao combate e ao exercício da violência (sobretu<strong>do</strong> em caso <strong>de</strong><br />

vingança)” 41 , torna-se um peso para o homem, porque a própria socieda<strong>de</strong> impõe<br />

sobre ele pressões e cobranças para que ele sempre aja como homem viril.<br />

8.4 Ivone Gebara.<br />

Esta pesquisa também aproveitou os insights teológicos <strong>de</strong> Ivone Gebara,<br />

feminista brasileira, <strong>do</strong>utora em Filosofia e Ciências Religiosas, na análise das<br />

relações e conflitos <strong>de</strong> gênero e po<strong>de</strong>r observa<strong>do</strong>s no <strong>de</strong>bate sobre as origens <strong>do</strong><br />

trabalho batista no Brasil, ocorri<strong>do</strong> no contexto das assembléias da Convenção<br />

<strong>Batista</strong> Brasileira, durante os anos 1960-1980.<br />

Gebara (1944-) é católica e pertence à Congregação das Irmãs <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora, Cônegas <strong>de</strong> Santo Agostinho. Ela se consi<strong>de</strong>ra uma teóloga feminista da<br />

libertação 42 e elabora sua teologia a partir das experiências das mulheres,<br />

principalmente das mulheres brasileiras pobres.<br />

Seus pensamentos revelam a importância que confere à mediação da<br />

categoria <strong>de</strong> gênero na análise das estruturas e <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> opressão e<br />

<strong>do</strong>minação das mulheres no campo religioso. Assim, critica e <strong>de</strong>sconstrói a teologia<br />

patriarcal que elabora o conceito <strong>de</strong> Deus a partir <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista masculino e<br />

androcêntrico, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que a imagem <strong>de</strong> Deus, tal qual nos é imposta por essa<br />

ótica pretensamente universalizante, é também uma construção social e cultural:<br />

39<br />

BOURDIEU, Pierre. Op. cit. p. 51.<br />

40<br />

Ibid. p. 51.<br />

41<br />

Ibid. p. 64.<br />

42<br />

GEBARA, Ivone. Rompen<strong>do</strong> o silêncio, p. 91.<br />

38<br />

[...] isto quer dizer que to<strong>do</strong>s nossos conceitos sobre Deus, são marca<strong>do</strong>s<br />

pela dinâmica cultural e social <strong>do</strong> Gênero. O conceito GÊNERO –<br />

convém lembrar – é utiliza<strong>do</strong> por alguns feminismos e por mim mesma<br />

precisamente para mostrar que a sexualida<strong>de</strong> humana é marcada pela<br />

realida<strong>de</strong> das dinâmicas sociais e culturais. Conseqüentemente, as

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!