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Música, Mito e Ritual entre os Wauja do alto Xingu - Universidade ...

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38alteridades, imprimin<strong>do</strong> em si mesmo dinâmica e coesão. Por outro la<strong>do</strong>,Menezes Bast<strong>os</strong> (1988, 1995, 2001) chama a atenção para o profun<strong>do</strong>movimento articulatório-processual que extravasa as fronteiras existentesneste sistema. De acor<strong>do</strong> com esta visão, pode-se entender melhor como quecert<strong>os</strong> grup<strong>os</strong> neste contexto não apenas podem ser absorvid<strong>os</strong>, mas tambémacontece de alguns serem expelid<strong>os</strong>, como <strong>os</strong> Bakairí, que saíram da região noinício <strong>do</strong> séc. XX após terem permaneci<strong>do</strong> por cerca de duzent<strong>os</strong> an<strong>os</strong> asu<strong>do</strong>este <strong>do</strong> que hoje é a TIX.A relevância deste sistema aponta para o Alto <strong>Xingu</strong> como uma áreaculturalmente estável e, em um primeiro olhar, homogênea. De fato, observaseque tanto o discurso da mídia sobre o Alto <strong>Xingu</strong> quanto o de indigenistas(Villas-Boas, 1970:19) e mesmo o de alguns pesquisa<strong>do</strong>res (Galvão, 1979b;Basso, 1985), há muito tempo tem enfatiza<strong>do</strong> a homogeneidade cultural naregião. Contu<strong>do</strong>, neste sistema há uma lógica de diferenciação interna, cujadinâmica passa pela língua, pela etnohistória, pelas especializações técnicas,musicológicas e iconográficas, articulan<strong>do</strong>-se em de um sistema intertribal detrocas. Esta lógica prevê tanto solidariedade e cooperação quanto conflito. Éesta convivência na diferença que chama a atenção <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r xinguanista,especialmente no caso d<strong>os</strong> rituais intertribais. Nas palavras de Franchetto, háno Alto <strong>Xingu</strong>“uma convivência delicada, alimentada pela execução periódica derituais intertribais, n<strong>os</strong> quais <strong>os</strong> representantes de cada aldeia sedefrontam em diálog<strong>os</strong> cerimoniais em que as diferentes línguas sesobrepõem em uníssono polifônico, celebran<strong>do</strong> as identidades d<strong>os</strong>grup<strong>os</strong>, vistas em sua processualidade histórica a partir deancestrais epônim<strong>os</strong>” (2001:146)Desta forma, é através d<strong>os</strong> rituais intertribais, quan<strong>do</strong> vári<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> daregião se encontram, lutam, cantam e dançam, que <strong>os</strong> diferentes grup<strong>os</strong>xinguan<strong>os</strong> dialogam e se relacionam. Por meio destas práticas, <strong>entre</strong>tanto, umaforte tensão é expressa: a tensão que advém da necessidade de haver umaaceitabilidade comunicatória dentro de um quadro que inclui, de formacongênita, a diferença e mesmo a divergência (Menezes Bast<strong>os</strong>, 2001). Durante<strong>os</strong> rituais intertribais, apesar de um povo não falar a língua <strong>do</strong> outro, a maioria

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