21.09.2020 Views

Revista Apólice #258

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

indústria de seguros, com as seguradoras sendo forçadas

a desenvolver produtos que atendam essa nova

realidade. Não vou dizer que é um ‘novo normal’, é uma

coisa um pouco mais ampla, mais subjetiva dentro

dessas múltiplas personas que existem”, avaliou Porte.

‘NOVA ORDEM’ URBANA E RUMO AO INTERIOR

O executivo da Argo lembrou que a descentralização

das grandes cidades vem se intensificando, sobretudo

por conta da pandemia, com muitas pessoas

transferindo-se para cidades-satélites ou mesmo para

o interior, locomovendo-se através de fretados, utilizando

o veículo particular apenas no final de semana e,

consequentemente, deixando de fazer o seguro. Eis aí

o desafio. Mas um novo estilo de vida, como asseverou

Porte, já começa a se configurar no pós-pandemia: “As

pessoas estão mudando o hábito de consumo. Isso vai

ajudar muito na disseminação dessa cultura de produtos

por utilização (on demand). Não é só o público jovem.

A gente vai mirar nas pessoas que são mais antenadas,

que têm novos hábitos de consumo ao mesmo

tempo em que têm necessidade de ter a sensação de

custo benefício e justiça entre a otimização e o pagamento

do produto ou do serviço”, afirmou Porte.

Os jovens — potenciais consumidores e foco

estratégico para o ramo de seguros de automóveis —

ainda mantêm o desejo de um dia terem um carro na

garagem. É no que aposta Pires. O otimismo baseia-se

em uma pesquisa de 2019, da Associação Nacional dos

Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que

apontou um elevado interesse de jovens na faixa dos 25

anos interessados em comprar um carro. O percentual

(70%) dos que responderam “sim” realmente empolgou

a indústria de seguros, que embarcou nessa. Mas a pergunta

ainda incomodava: com a expansão de aplicativos

para concorrerem com o táxi tradicional, além da

crônica crise do setor automotivo, será que esse anseio

dos jovens sustentou-se? “A gente aposta que sim. Tem

dados recorrentes que mostram que o carro ainda é um

desejo do brasileiro. Para isso, vamos ter que adaptar

nossas ofertas e customizá-las para cada tipo de pessoa,

o quanto ela pode pagar”, sinalizou Pires.

PERFIL DO CONSUMIDOR ESTÁ MUDANDO

E qual seria o perfil do consumidor que busca

um produto mais customizado? Será ele o jovem da

pesquisa da Anfavea, de dez anos atrás? É notório que

a indústria de seguros convive com a resistência de

consumidores mais antigos em migrarem para novos

modelos de cobertura. Paralelamente a esse desafio,

há o de atrair jovens consumidores para o universo

BRUNO PORTE,

da Argo Seguros

das apólices para carros.

Será mesmo que produtos

que envolvam mais

customização mantêm o

foco preciso neste público

mais jovem? “Para nós,

tem sido um aprendizado

interessante. A gente

sabe que no mercado

são poucas as companhias

que têm aceitação

para veículos mais antigos

e isso dificulta quando

existe a aceitação, mas o preço do seguro é muito

caro. Não é difícil falarmos do seguro e focarmos só na

pessoa nova. A jornada de lançamento do Argo Instant

tem sido para nós um aprendizado ímpar”, contou

Porte, referindo-se ao produto on demand da Argo Seguros.

“Ele nasceu direcionado para a frota um pouco

mais antiga, para os veículos segurados com valores

um pouco mais baixos, mas a gente foi aprendendo

que existem outros tipos de consumidor”, completou.

AFINAL, SERÁ MESMO O FIM DE ALGUNS MITOS?

A pandemia pode ter derrubado muitos mitos

em torno da indústria automotiva, como o de que

muitos deixariam o carro de lado e de que as gerações

mais novas relegariam a segundo plano um sonho

que não era o deles, mas o dos pais: o de ter um carro

zero quilômetro quando completasse a maioridade

ou mesmo traduzido em um presente de formatura.

Como o setor de seguros encara esses possíveis novos

contornos culturais no mercado? Para Pires, o momento

não é de certezas, mas de observação e estratégias.

“Esses processos fizeram com que nós passássemos a

entender um pouco mais a necessidade do corretor

naquele momento. As companhias vêm trabalhando,

o próprio grupo Porto Seguro e a Azul também focamos

muito com relação à eficiência operacional justamente

para trazer para o consumidor que não tem

seguros um ticket médio muito mais baixo, ter uma

acessibilidade”, explicou o executivo da Azul.

A alternativa para as seguradoras reterem os

clientes foi negociar preços mais baixos durante as

renovações das apólices. “De março até maio, o mercado

sentiu, em junho teve uma pequena retomada

e em julho vimos o mercado de automóveis renascer

em termos de vendas e emplacamento. Obviamente

que não cresceram em relação ao ano passado, a gente

está ainda num vale, mas de todo modo já tivemos

uma pequena retomada”, assinalou Pires.

27

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!