07.04.2013 Views

Da Geometria Euclidiana aos Vectores Livres - Arquivo Escolar

Da Geometria Euclidiana aos Vectores Livres - Arquivo Escolar

Da Geometria Euclidiana aos Vectores Livres - Arquivo Escolar

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Da</strong> <strong>Geometria</strong> <strong>Euclidiana</strong> <strong>aos</strong> <strong>Vectores</strong> <strong>Livres</strong><br />

Armando Machado<br />

Índice<br />

Introdução 2<br />

1. Primeiras no ções básicas e primeiros axiomas<br />

5<br />

2. Axioma de separação do plano 14<br />

3. Ângulos 20<br />

4. Triângulos 36<br />

5. Isometrias e Aplicações 64<br />

6. Quadriláteros e Paralelogramos 77<br />

7. Paralelismo e o Axioma das Paralelas 85<br />

8. Teorema de Thales e semelhança 96<br />

9. Outros resultados sobre isometrias; Translações e vectores 105<br />

10. Ângulo de vectores, ortogonalidade, produto interno 133<br />

11. <strong>Geometria</strong> da Circunferência 150<br />

Apêndice 1. As funções trigonométricas dos Analistas 161<br />

Novembro de 2005<br />

–1–


Introdução<br />

Este texto é um ensaio de desenvolvimento da <strong>Geometria</strong> <strong>Euclidiana</strong>,<br />

do ponto de vista axiomático, tendo em vista chegar a uma definição dos<br />

vectores livres e ao estudo das suas propriedades algébricas. A via axiomática<br />

seguida é a introduzida por Moïse, E. E., Elementary Geometry from an<br />

Advanced Standpoint, Addison-Wesley, 1990, e que se caracteriza pela<br />

introdução de axiomas métricos para os comprimentos e os ângulos (o axioma da<br />

régua e o do transferidor), baseados no preconhecimento das propriedades dos<br />

números reais.<br />

Também baseados na via seguida por Moïse, existem pelo menos mais<br />

dois textos em língua portuguesa, o livro de Paulo Ventura Araújo, Curso de<br />

<strong>Geometria</strong>, publicado pela Gradiva em 1998, e o de A. J. Franco Oliveira,<br />

<strong>Geometria</strong> <strong>Euclidiana</strong>, publicado pela Universidade Aberta em 1995. O nosso<br />

texto difere destes em vários pontos. Em primeiro lugar é bastante menos<br />

ambicioso, tendo como objectivo essencial chegar à noção de vector livre e a<br />

algumas aplicações dos vectores livres à <strong>Geometria</strong>. Em segundo lugar é<br />

bastante mais detalhado nas demonstrações e nas referências a resultados<br />

anteriores. Esta segunda característica torna-o mais pesado e, eventualmente,<br />

aborrecido, se for estudado na forma tradicional de um texto impresso, mas<br />

poderá ser útil se, como temos em vista, ele for utilizado no monitor do<br />

computador, como ficheiro pdf, com as referências associadas a “links” que<br />

enviam, com possibilidade de retorno à origem, para os resultados citados.<br />

Destacamos a seguir alguns pontos em que a nossa opção foi diferente<br />

da tomada por Moïse e pelos autores portugueses atrás referidos.<br />

Relativamente <strong>aos</strong> axiomas métricos, pareceu-nos pouco natural<br />

(apesar de perfeitamente legítimo do ponto de vista formal) ser dada como noção<br />

primitiva uma função distância que associa a cada par de pontos do espaço um<br />

número real. A existência de uma tal função distância privilegiada corresponde à<br />

ideia de uma unidade de medida dada a priori, quando é certo que a nossa<br />

experiência geométrica nos diz que uma tal unidade não existe. Preferimos assim<br />

tomar, em vez disso, como noção primitiva um conjunto “completo” de funções<br />

distância, cada uma múltipla de qualquer outra, correspondendo às diferentes<br />

unidades de medida que é possível escolher. Se é verdade que disso resultou<br />

uma ligeira complicação para alguns enunciados, pareceu-nos ter ganho alguma<br />

coisa na compreensão geométrica do espaço e, mais geralmente com o<br />

estabelecimento de relações com a problemática dos diferentes tipos de grandeza<br />

em Física. Em particular um comprimento não é um número real mas uma<br />

família de números reais indexada no conjunto das funções distância, família que<br />

deve verificar uma condição de homogeneidade natural, e torna-se evidente que<br />

nunca pode ter significado geométrico, por exemplo, um resultado que afirme a<br />

–2–


igualdade de um comprimento com um produto de dois comprimentos. A partir<br />

de certa altura torna-se naturalmente conveniente, para não cair em exageros de<br />

formalismo, pressupor a fixação de uma função distância, por exemplo quando<br />

se discute o produto interno de dois vectores, mas pensamos que nessa altura já<br />

será claro para o leitor como se poderia proceder se se fizesse questão de não<br />

fixar uma tal unidade de medida.<br />

Escolhemos enunciar o axioma de separação do plano através da<br />

exigência de que uma certa relação no complementar duma recta num plano é de<br />

equivalência e tem duas classes de equivalência, que vão ser os semiplanos<br />

abertos. Esse enunciado pareceu-nos preferível àquele que afirma que o<br />

complementar referido é união de dois convexos verificando uma certa condição<br />

e que são então os semiplanos abertos, por este último escamotear a necessidade<br />

de justificar que uma tal decomposição é única. Também constatámos que o<br />

resultado correspondente para a separação do espaço por um plano é um teorema<br />

e não necessita assim de ser tomado como um novo axioma.<br />

Preferimos definir ângulo como um conjunto de duas semirrectas com<br />

a mesma origem, contidas em rectas distintas, em vez da união dessas<br />

semirrectas. Evitámos assim a necessidade de mostrar que os lados dum ângulo<br />

são semirrectas bem definidas. Dentro do mesmo espírito, preferimos definir<br />

triângulo como um triplo ordenado de três pontos não colineares, o que nos<br />

permite simplificar o enunciado dos resultados envolvendo a congruência de<br />

triângulos.<br />

Relativamente <strong>aos</strong> axiomas de medida dos ângulos, preferimos utilizar<br />

como unidade de medida o ângulo recto, em vez do grau. Se é verdade que o<br />

mais cómodo a prazo seria utilizar desdo o início o radiano, partindo do número<br />

1 definido de forma analítica, isso pareceu-nos pouco natural, tal como nos<br />

pareceu a utilização do grau. Constatámos também que um dos axiomas sobre a<br />

medição dos ângulos, aquele que afirma que a soma das medidas de dois ângulos<br />

adjacentes é igual a dois rectos, é de facto um teorema.<br />

Apresentamos um estudo elementar das isometrias, definidas numa<br />

recta, num plano ou no espaço, e de algumas das suas propriedades, sem<br />

preocupações de fazer a classificação destas. Como exemplos fundamentais,<br />

começamos por apresentar as inversões, relativamente a um ponto, a uma recta<br />

ou a um plano, e utilizamo-las no estudo da perpendicularidade entre uma recta e<br />

um plano.<br />

As translações são definidas como as isometrias que se podem obter<br />

como compostas de duas inversões pontuais e as suas propriedades fundamentais<br />

são estabelecidas, em particular a de uma translação ficar bem definida quando<br />

se dá arbitrariamente a imagem de um ponto do espaço e o facto de o conjunto<br />

das translações ser um grupo comutativo relativamente à operação de<br />

composição. Os vectores livres são identificados com as translações e não<br />

definidos como classes de equivalência de segmentos orientados, embora a<br />

posteriori a relação entre os dois modos de aproximação a esta noção fique clara<br />

–3–


e seja o espírito da segunda aproximação aquele que está presente quando se<br />

define o produto de um vector por um núero real. Em particular o vector EF é<br />

Ä<br />

definido como a única translação que aplica E em F,<br />

nomeadamente a composta<br />

da inversão relativamente a E seguida da inversão relativamente ao ponto médio<br />

do par ÐEß FÑ.<br />

São estudadas as propriedades de espaço vectorial nos vectores<br />

livres e os subespaços vectoriais próprios e diferentes de Ö!× são identificados<br />

como as rectas e os planos vectoriais. O prodto interno de vectores é definido,<br />

primeiro para vectores colineares e depois para vectores arbitrários, utilizando<br />

nesse caso a projecção ortogonal do segundo vector sobre a recta vectorial<br />

definida pelo primeiro, sendo provada a comutatividade e as propriedades de<br />

bilinearidade.<br />

O cosseno, primeiro de um par de vectores não nulos, e depois de um<br />

ângulo, é definido a partir do produto interno, o que leva a alguma simplificação<br />

na discussão da questão do sinal. O seno é definido a partir do cosseno e são<br />

estabelecidas as fórmulas para o cosseno da soma de dois ângulos e, a partir<br />

desta, para o cosseno da metade de um ângulo. Essa fórmulas são utilizadas, em<br />

particular para relacionar as funções trigonométricas assim definidas com as<br />

definidas de modo analítico. Uma das definições analíticas das funções<br />

trigonométricas é apresentada num apêndice.<br />

Referimos enfim que este trabalho necessitaria de uma revisão mais<br />

cuidada se o objectivo fosse o de uma publicação mais formal. Em particular<br />

temos a consciência de que algumas notações alternativas são introduzidas, sem<br />

que venham a ser utilizadas no seguimento, e que alguma propriedades técnicas<br />

são estabelecidas sem que a sua utilidade se viesse a confirmar posteriormente.<br />

–4–


1. Primeiras noções básicas e primeiros axiomas.<br />

1.1 (Primeiras noções primitivas) Supomos dados, como noções<br />

primitivas, um<br />

conjunto X, cujos elementos T são chamados pontos,<br />

um conjunto e de<br />

partes de X, cujos elementos < são chamados rectas,<br />

um conjunto c de partes<br />

de X , cujos elementos ! são chamados planos,<br />

e um conjunto Y de aplicações<br />

.À X ‚ X Ä Ò!ß_Ò, cujos elementos são chamados funções distância,<br />

supondo-se verificados os axiomas que iremos descrevendo a seguir:<br />

1.2 (Definições) Um conjunto (ou família) de pontos diz-se colinear<br />

(respectivamente complanar ) se existir uma recta


1.6 (Resultados de existência)<br />

a) Para cada T− X, existe uma recta §!. Mais uma vez pelo axioma b) em 1.3,<br />

podemos considerar a única<br />

recta


que contém T e U, segue-se que TßUßV são não colineares e portanto, pelo<br />

axioma d) em 1.3 , vinha ! œ " .<br />

1.8 (Outras formas de “definir” um plano)<br />

a) Se


1.12 (Mudança de sistema de coordenadas I) Sejam 0À< Ä ‘ um . -sistema<br />

de coordenadas. Tem-se então:<br />

a) Se - − ‘ Ï Ö!× , então a bijecção 1À < Ä ‘ definida por 1ÐT Ñ œ -0ÐT Ñ é<br />

um Ðl-l .Ñ-sistema<br />

de coordenadas com a mesma origem. Em particular, para<br />

cada s.− Y,<br />

a recta < admite um s.<br />

-sistema de coordenadas.<br />

b) Se + − ‘ , então a bijecção 2À < Ä ‘ definida por 2ÐTÑ œ 0ÐTÑ + é um<br />

"<br />

. -sistema de coordenadas com origem 0 Ð+Ñ.<br />

Dem: a) De ser 0ÐSÑ œ ! , sai ainda 1ÐSÑ œ ! e vemos que<br />

l1ÐUÑ 1ÐT Ñl œ l-Ð0ÐUÑ 0ÐT Ñl l-ll0ÐUÑ 0ÐT Ñl œ l-l .ÐT ß UÑ.<br />

A última afirmação resulta de que qualquer s.−Y é da forma -. , para algum<br />

-!.<br />

" "<br />

b) Tem-se 2Ð0 Ð+ÑÑ œ 0Ð0 Ð+ÑÑ + œ ! e<br />

l2ÐUÑ2ÐTÑlœl0ÐUÑ+0ÐTÑ+lœl0ÐUÑ0ÐTÑlœ.ÐTßUÑ. <br />

1.13 (Lema) Seja :‘ À Ä ‘ uma aplicação tal que : Ð!Ñ œ ! e que, quaisquer<br />

que sejam Bß C − ‘ , l: ÐBÑ : ÐCÑl œ lB Cl. Tem-se então que ou : œ M. ‘<br />

ou : œM.‘ .<br />

Dem: Para cada B−‘ , vem<br />

l: ÐBÑlœl: ÐBÑ: Ð!ÑlœlB!lœlBl,<br />

e portanto, ou : ÐBÑœB ou : ÐBÑœB. É claro que, para Bœ! tem-se<br />

simultaneamente : ÐBÑ œ B e : ÐBÑ œ B, pelo que, se não fosse : œ M.‘<br />

nem : œM. ‘ , existiam BÁ! e CÁ! tais que : ÐBÑœB e : ÐCÑœC.<br />

Podíamos então escrever<br />

lBClœl: ÐBÑ: ÐCÑlœlBCl,<br />

portanto, ou BCœBCou BCœCB; no primeiro caso vinha Cœ!<br />

e no segundo vinha Bœ! , pelo que, em ambos os casos, chegámos a um<br />

absurdo. <br />

1.14 (Mudança de sistema de coordenadas II) Sejam


Tem-se :Ð!Ñ œ ! e<br />

l ÐBÑ ÐCÑl œ l0Ð0 s " B<br />

Ð ÑÑ + s " C<br />

: :<br />

0Ð0 Ð ÑÑ +l œ<br />

-w -w<br />

œ l0Ð0 s " B<br />

Ð ÑÑ s " C B C<br />

0Ð0 Ð ÑÑl œ s " "<br />

.Ð0 Ð Ñß 0 Ð ÑÑ œ<br />

-w -w -w -w<br />

w " B " C w B C<br />

œ - .Ð0 Ð Ñß0 Ð ÑÑ œ - l <br />

-w -w -w -w<br />

lœlBCl.<br />

Podemos assim concluir, pelo lema precedente, que, ou : œM.‘ , ou<br />

w<br />

: œM. ‘. No primeiro caso, pondo -œ-, vem, para cada T −< ,<br />

w<br />

considerando Bœ-0ÐTÑ,<br />

-0ÐTÑœBœ: ÐBÑœ0ÐTÑ+ s ,<br />

isto é, s<br />

w<br />

0ÐTÑœ -0ÐTÑ+ . No segundo caso, pondo - œ - , vem, para cada<br />

w<br />

T−< , considerando Bœ-0ÐTÑ,<br />

-0ÐT Ñ œ B œ : ÐBÑ œ s0ÐT<br />

Ñ + ,<br />

isto é, s0ÐTÑœ -0ÐTÑ+ . Tem-se assim, em ambos os casos, s0ÐTÑœ<br />

w<br />

-0ÐTÑ + , com l-l œ - , e portanto s.<br />

œ l-l . . Quanto à unicidade, se for<br />

s0ÐTÑœ-0ÐTÑ + T + œ s "<br />

, para todo o , tem-se necessariamente 0Ð0 Ð!ÑÑ<br />

e, escolhendo T tal que 0ÐTÑ Á ! , tem-se necessariamente - œ .<br />

0ÐTÑ+ s<br />

<br />

1.15 Sejam


de coordenadas 0À< Ä ‘ , vem, para cada TßU − < , T Ÿ U Í<br />

0ÐTÑŸ 0ÐUÑ.<br />

Existem então em < duas, e só duas, ordens lineares Ÿ e Ÿ , uma oposta da<br />

w<br />

w<br />

outra, isto é, com T Ÿ UÍUŸT.<br />

Dem: Fixado um sistema de coordenadas 0À< Ä ‘ , podemos definir uma<br />

ordem total Ÿ em < por transporte da ordem total usual de ‘ , isto é, pondo<br />

TŸUÍ0ÐTÑŸ0ÐUÑ. Considerando o novo sistema de coordenadas<br />

w<br />

0À < Ä ‘ (cf. 1.12),<br />

obtemos, a partir dele uma nova ordem linear Ÿ ,<br />

para a qual se tem<br />

w<br />

T Ÿ U Í 0ÐT Ñ Ÿ 0ÐUÑ Í 0ÐUÑ Ÿ 0ÐT Ñ Í U Ÿ T ,<br />

sendo assim a ordem inversa da primeira. Sendo agora s 0À< Ä ‘ um sistema<br />

de coordenadas arbitrário, sabemos, por 1.14, que existe - − ‘ Ï Ö!× e + − ‘<br />

tais que s0ÐTÑœ<br />

-0ÐTÑ+ . Tem-se então, se - ! ,<br />

s0ÐTÑŸs0ÐUÑÍ0ÐTÑŸ 0ÐUÑÍT Ÿ U<br />

e, se -! ,<br />

s0ÐTÑŸs 0ÐUÑÍ0ÐUÑŸ0ÐTÑÍ U Ÿ T,<br />

pelo que, em qualquer caso, a ordem linear associada a s0<br />

é a ordem Ÿ ou a<br />

sua oposta. <br />

1.17 (Propriedades das ordens lineares) Por definição,<br />

uma ordem linear de<br />

uma recta < é isomorfa à ordem usual de ‘ e, consequentemente, goza das<br />

propriedades que aquela tem. Por exemplo, fixada uma ordem linear de < :<br />

a) Para cada T−< , existe UßV−< com UTe TV;<br />

b) <strong>Da</strong>dos TßU−< , com T ÁU, existe V−< tal que T VU.<br />

1.18 (Definições) a) <strong>Da</strong>dos TßU − com T Á U, notamos TU, ou TUa única<br />

Ç<br />

X<br />

recta < tal que TßU − < .<br />

b) <strong>Da</strong>dos TßU − X com T Á U,<br />

podemos considerar a única ordem linear na<br />

recta


V−< tais que TŸV e o conjunto < dos V−< tais que VŸT(a<br />

primeira<br />

é a associada a essa ordem linear e a segunda a associada à ordem linear<br />

oposta) 2. <strong>Da</strong>do U−< com T ÁU, a semi-recta TU<br />

Û é a única semirrecta de<br />

< que contém U.<br />

b) <strong>Da</strong>da uma recta < e um ponto T − < , a intersecção das duas semirrectas de<br />

< de origem T é o conjunto ÖT× e a sua união é < .<br />

c) Um mesmo conjunto não pode ser semirrecta de mais que uma recta e a<br />

origem de uma semirrecta é um elemento bem definido.<br />

d) Se < é uma semirrecta de origem S e se . − Y é uma função<br />

distância,<br />

então, para cada + ! em ‘ , existe um, e um só, T −< tal que<br />

.ÐSßTÑ œ + . Além disso, dados TßU −< ,<br />

tem-se T −ÒSßUÓse,<br />

e só se<br />

.ÐSßTÑ Ÿ .ÐSßUÑ. Dem: As conclusões de a) e de b) resultam imediatamente das definições. O<br />

facto de um mesmo conjunto não poder ser semirrecta de mais que uma recta<br />

resulta de que uma semirrecta tem pelo menos dois pontos. O facto de a<br />

origem de uma semirrecta ser um elemento bem definido vem de que, fixada<br />

uma ordem linear na recta correspondente, ou a origem é um elemento<br />

mínimo da semirrecta e esta não tem máximo, ou a origem é um elemento<br />

máximo da semirrecta e esta não tem mínimo. Quanto a d), tendo em conta a<br />

alínea a) de 1.12 , podemos fixar um . -sistema de coordenadas 0À< Ä ‘ da<br />

recta < que contém < e então, substituindo eventualmente 0 por 0 , < é<br />

formado pelos pontos U−< tais que 0ÐUÑ 0ÐSÑ . Considerando em < a<br />

ordem linear determinada por 0 (cf. 1.16),<br />

o único ponto T nas condições<br />

"<br />

pedidas é 0 Ð0ÐSÑ +Ñ e tem-se T − ÒSß UÓ se, e só se, 0ÐT Ñ Ÿ 0ÐUÑ se,<br />

e só se, .ÐSß T Ñ œ 0ÐT Ñ 0ÐSÑ Ÿ 0ÐUÑ 0ÐSÑ œ .ÐSß UÑ. <br />

1.20 (Propriedades dos segmentos de recta) a) <strong>Da</strong>da uma recta < e TßU − <<br />

com TÁU,<br />

tem-se<br />

Û Û<br />

ÒT ß UÓ œ ÒUß T Ó œ T U UT .<br />

b) Tem-se TßU −ÒTßUÓ,<br />

em particular um segmento de recta está contido<br />

numa única recta.<br />

c) Fixada uma ordem linear da recta TU, tem-se que, ou T é o mínimo do<br />

segmento ÒT ß UÓ e U é o seu máximo, ou T é o máximo do segmento ÒT ß UÓ<br />

e U é o seu mínimo. Em particular, as extremidades dum segmento de recta<br />

são pontos bem definidos, embora não esteja bem definido qual a<br />

“extremidade esquerda” e qual a “extremidade direita”.<br />

d) <strong>Da</strong>da uma recta


f) <strong>Da</strong>dos Vß W − ÒTß UÓ, tem-se ÒVß WÓ § ÒTß UÓ.<br />

Û Û Û<br />

g) Se V−TU, com VÁT, então TU= TV.<br />

Û Û<br />

h) <strong>Da</strong>dos T Á Ue V −ÒTßUÓ, com V Á U, tem-se VU § TU.<br />

i) <strong>Da</strong>do V − ÒT ß UÓ, tem-se ÒT ß UÓ œ ÒT ß VÓ ÒVß UÓ, com ÒT ß VÓ ÒVß UÓ<br />

œÖV×Þ<br />

Dem: Trata-se de consequências imediatas das definições. <br />

1.21 <strong>Da</strong>dos T ß Uß Vß W − X,<br />

tem-se lT Ul œ lVWl se, e só se, existe uma<br />

fun ção-distância s.− Y tal que s.ÐTßUÑœ.ÐVßWÑ s . Mais geralmente, tem-se<br />

lTUl Ÿ lVWl (no sentido de ser .ÐTß UÑ Ÿ .ÐVß WÑ , para cada . ) se, e só se,<br />

existe uma fun ção-distância s.− Y tal que s.ÐTßUÑŸ.ÐVßWÑ s e, dado<br />

+ ! , tem-se lTUlœ+lVWl (no sentido de ser .ÐTßUÑœ+.ÐVßWÑ,<br />

para<br />

cada . ) se, e só se, existe uma fun ção-distância s. − Y tal que s.ÐTßUÑ<br />

œ +<br />

s .ÐVß WÑ.<br />

Dem: Trata-se de consequências imediatas de, dadas duas funções-distância<br />

.ß s. − Y, existir uma constante - ! tal que s.<br />

œ -. . <br />

1.22 (Congruência de pares de pontos) <strong>Da</strong>dos TßUßVßW− X,<br />

diz-se que os<br />

pares ordenados ÐTß UÑ e ÐVß WÑ são congruentes se se tem lTUl œ lVWl.<br />

1.23 Tendo em conta a definição de congruência e a propriedade 1.11,<br />

é<br />

imediato que a relação de congruência entre pares ordenados de pontos de X<br />

é uma relação de equivalência e que ÐT ß UÑ e ÐUß T Ñ são sempre<br />

congruentes. Tendo em conta o mesmo axioma, vemos também que se tem<br />

lTTlœ ! (no sentido de se tratar da família constante com todos os termos<br />

! ) 3 e que ÐTßUÑ é congruente a ÐVßVÑ se, e só se, T œ U.<br />

1.24 Diz-se que dois segmentos de recta ÒT ß UÓ e ÒUß VÓ são congruentes se os<br />

pares de pontos ÐT ß UÑ e ÐUß VÑ forem congruentes.<br />

Repare-se que esta definição faz sentido uma vez que, como vimos, um<br />

segmento de recta determina o conjunto das suas extremidades e que ÐT ß UÑ<br />

e ÐUß T Ñ são congruentes.<br />

1.25 (As funções-distância restritas a uma recta) Sejam .− Y e


a) em 1.9, tal como o facto de se ter lT Ul lT Vl lVUl se for<br />

.ÐTß UÑ .ÐTß VÑ .ÐVß UÑ , para algum . − Y. Consideremos então,<br />

para fixar ideias, um . -sistema de coordenadas de < , 0À< Ä ‘ tal que<br />

0ÐTÑœ! e 0ÐUÑœ" (cf. 1.15).<br />

Se V−ÒTßUÓ , tem-se !Ÿ0ÐVÑŸ" , e<br />

então<br />

.ÐT ß UÑ œ " œ 0ÐVÑ Ð" 0ÐVÑÑ œ .ÐT ß VÑ .ÐVß UÑ.<br />

Por outro lado, se V Â ÒT ß UÓ, ou 0ÐVÑ " , ou 0ÐVÑ ! . No primeiro caso<br />

tem-se<br />

.ÐTßUÑœ"0ÐVÑœ.ÐTßVÑŸ.ÐTßVÑ.ÐVßUÑ,<br />

e, no segundo caso, tem-se<br />

.ÐTßUÑœ""0ÐVÑœ.ÐVßUÑŸ.ÐTßVÑ.ÐVßUÑ. <br />

1.26 (O ponto médio de um segmento) Sejam


tem-se Q−ÒTßUÓ.<br />

Em particular, pelo resultado precedente, tem-se<br />

lT Ul œ lT Ql lQUl œ #lQT l,<br />

"<br />

#<br />

portanto lQTlœ lTUl.<br />

2. Axioma de separação do plano.<br />

2.1 (A relação segmental) Seja V um subconjunto de X.<br />

Definimos então uma<br />

relação µ em V (a que damos o nome de relação segmental em V)<br />

4,<br />

pondo<br />

TµUÍÒTßUÓ§V (cf. a alínea c) de 1.18).<br />

Esta relação é trivialmente reflexiva e simétrica (lembrar que ÒT ß T Ó œ ÖT × e<br />

que ÒT ß UÓ œ ÒUß T Ó)<br />

mas só em casos particulares será uma relação de<br />

equivalência.<br />

2.2 Dizemos que um conjunto V § X é convexo se a relação segmental em V for<br />

a relação universal, isto é, se, quaisquer que sejam TßU − V,<br />

tem-se<br />

ÒT ß UÓ § V.<br />

Repare-se que, para verificar que um conjunto V é convexo basta trivialmente<br />

verificar que, para TÁUem V, tem-se ÒTßUÓ§ V.<br />

2.3 (Propriedades dos conjuntos convexos)<br />

a) O espaço todo X, o vazio g e um conjunto unitário ÖT× são conjuntos<br />

convexos.<br />

b) Uma intersecção arbitrária de conjuntos convexos é um conjunto convexo.<br />

c) Um plano ! − c é um conjunto convexo.<br />

d) Uma recta


tem-se ÒT ß UÓ § < . As alíneas e) e f) resultam das alíneas homónimas da<br />

propriedade 1.20. <br />

2.4 Dizemos que um conjunto V § X é cónico relativamente a um ponto T − X<br />

Û<br />

se se tem T −V e, para todo o U−V com UÁT, TU§ V.<br />

2.5 (Propriedades dos conjuntos cónicos)<br />

a) <strong>Da</strong>do T−X, o espaço todo X e o conjunto unitário ÖT× são cónicos<br />

relativamente a T .<br />

b) Uma intersecção arbitrária de conjuntos cónicos relativamente a T é um<br />

conjunto cónico relativamente a T .<br />

c) Um plano ! é um conjunto cónico relativamente a qualquer ponto T−!<br />

.<br />

d) Uma recta < é um conjunto cónico relativamente a qualquer ponto T − < .<br />

Û<br />

e) Uma semirrecta TUé um conjunto cónico relativamente a T.<br />

Dem: Trata-se de consequências imediatas das definições se recordarmos,<br />

para a alínea c), que dado UÁTem ! , a recta TUestá<br />

contida em ! .<br />

2.6 (Quando a relação segmental é de equivalência) Seja V § X um conjunto<br />

cuja relação segmental associada seja de equivalência. Tem-se então que as<br />

correspondentes classes de equivalência são conjuntos convexos.<br />

Dem: Basta atender a que, se TßU − V estão numa mesma classe de<br />

equivalência, tem-se T µ U, portanto ÒTßUÓ§ V e então ÒTßUÓtambém<br />

está<br />

contido na classe de equivalência, visto que, para cada V−ÒTßUÓ,<br />

tem-se<br />

ÒT ß VÓ § ÒT ß UÓ § V (cf. a alínea f) de 1.20), e portanto T µ V.<br />

<br />

2.7 (Teorema de separação da recta) Sejam


Chamamos semiplanos de ! com bordo < <strong>aos</strong> subconjuntos de !<br />

! œÐ! Ï


ÒGß EÓ contenha um ponto T − ! , então existe um plano " § X,<br />

contendo os<br />

três pontos e tal que " ! seja uma recta < . Para justificar esta afirmação,<br />

separamos os casos em que Eß Fß G não são colineares e em que o são. No<br />

primeiro caso tomamos para " o único plano que contém os pontos Eß Fß G,<br />

reparando que " Á ! e que " ! contém o ponto T (cf. a alínea d) de 1.7).<br />

No segundo caso consideramos a única recta = que contém os três pontos<br />

(uma tal recta contém necessariamente T, que é distinto de EßFßG),<br />

tomamos uma recta arbirária < de ! tal que T − < e tomamos para " o único<br />

plano que contém as rectas < e = (cf. a alínea b) de 1.8).<br />

3) Mostremos agora que a relação segmental µ é uma relação de equivalência<br />

em X Ï! . Sejam então EßFßG −X Ï! tais que EµF e F µG e<br />

tentemos provar que EµG.<br />

Suponhamos, por absurdo, que isso não<br />

acontecia, e portanto que existia T−ÒEßGÓ! . Como vimos em 2), existe<br />

um plano " contendo os três pontos e tal que " ! seja uma recta < e, tendo<br />

em conta o que vimos em " ) vem, para a relação segmental em " Ï< , E µ F,<br />

FµGe EµÎG,<br />

o que é absurdo, tendo em conta 2.8.<br />

4) Mostremos agora que µ admite pelo menos duas classes de equivalência.<br />

Consideremos então E−X Ï! arbitrário e T − ! arbitrário. Sendo = a recta<br />

que contém E e T , fixemos a ordem linear de = para a qual E T e<br />

reparemos que =! œÖT× . Seja enfim F−= tal que T F.<br />

Tem-se assim<br />

F−X Ï! e T−! ÒEßFÓ, o que mostra que não se tem EµF.<br />

5) Mostremos enfim que µ não pode ter mais que duas classes de<br />

equivalência, isto é, que, se Eß Fß G − X Ï ! são tais que E µ / F e F µ / G,<br />

então EµG.<br />

Para isso, tendo em conta o que vimos em 2), consideramos<br />

um plano " contendo os três pontos e tal que " ! seja uma recta < e, tendo<br />

em conta o que vimos em " ) vemos que, para a relação segmental em " Ï< ,<br />

tem-se ainda EµF / e FµG / donde, por 2.8,<br />

EµG e portanto também<br />

EµG para a relação segmental em X Ï!<br />

, tendo em conta o que vimos em<br />

1). <br />

2.12 (Semiplanos e semirrectas) Sejam ! um plano e


TW, tem-se ÒVßWÓ§ ! Î ! Ï< , uma vez que T−ÒVßWÓ ! , portanto V ! µÎW,<br />

o que implica que W−Ð! Ï


ser o outro semiplano de ! de bordo < resulta de que, também pela alínea a)<br />

de 2.12, os pontos de = distintos de T estão em ! Ï< œ Ð! Ï


Ð! Ï


origem ou vértice do ângulo e que as semirrectas < e = são as suas<br />

extremidades.<br />

3.2 <strong>Da</strong>do um ângulo Ö< ß = × , existe um único plano ! que contém < e = (a<br />

que damos o nome de plano do ângulo)<br />

e esse plano contém mesmo as rectas<br />

< e = correspondentes às semirrectas.<br />

Dem: Uma vez que uma semirrecta contém sempre mais que um ponto,<br />

resulta de 1.4 que qualquer plano que contenha < e = contém também < e<br />

= . Mas < e = são rectas concorrentes e portanto, pela alínea b) de 1.8,<br />

existe<br />

um único plano ! contendo < e = , esse plano contendo, em particular,


acontece com cada um dos semiplanos considerados. O facto de o sector<br />

angular ter intersecção vazia com, por exemplo, o conjunto < ÏÖS× vem de<br />

que, por 2.12,<br />

este conjunto está contido no semiplano aberto distinto do que<br />

contém U , e portanto não intersecta =U. Û<br />

<br />

3.5 (Intersecção de um sector angular com uma recta) Nas condições<br />

anteriores, notando ! o plano que contém o sector angular nÖ< ß = ×<br />

:<br />

a) Sejam T −= , com T ÁS, e U−< , com UÁS . Sendo >œTU§ ! ,<br />

tem-se que >nÖ< ß= לÒTßUÓ , >< œÖU× e >= œÖT× . Em<br />

particular, >nÖ< ß= × tem pontos que não estão em < nem em = Þ<br />

b) Seja >§ ! uma recta com S−> . Tem-se então que ou >nÖ< ß= ל<br />

ÖS× , ou > nÖ< ß = ×<br />

é uma semirrecta de > com origem S.<br />

c) Seja V−nÖ< ß= × tal que VÂ< e VÂ= .<br />

Quaisquer que sejam a<br />

recta >§ ! com V−> e a ordem linear de > , existem EßF−>nÖ< ß= ×<br />

tais que EVF.<br />

Û Û Û Û<br />

Dem: a) Tendo em conta a alínea a) de 2.12 , >=UœTU, tal como >=œÖT× , pelo que podemos concluir que<br />

Û Û Û Û<br />

>nÖ< ß= ל>ÐnÖ< ß= ×ÁÖS×<br />

e escolhamos VÁS em<br />

>nÖ< ß= × . Se V−< ou V−= ,<br />

tem-se >œ< ou >œ= , respectivamente,<br />

pelo que resulta de 3.4 que >nÖ< ß= × é < ou = ,<br />

respectivamente,<br />

portanto uma semirrecta de > de origem S.<br />

Vejamos enfim o que<br />

sucede VÂ< e VÂ= . Mais uma vez por 3.4,<br />

VÂ< e VÂ= , pelo que<br />

resulta da alínea a) de 2.12 que, com T e U escolhidos nas condições da a),<br />

Û Û Û<br />

>=Usão ambos iguais à semirrecta SV de > , e portanto também<br />

Û Û Û<br />

>nÖ< ß= ל>Ð=U. Sejam Eo maior dos pontos E e E e F o menor dos pontos F e<br />

ww F . Tem-se assim que EßF − > são tais que E V F e o facto de se ter<br />

w ww w ww<br />

Û Û<br />

E − ÒE ß VÓ ÒE ß VÓ e F − ÒVß F Ó ÒVß F Ó e de os semiplanos


Em primeiro lugar o vértice S,<br />

origem comum das semirrectas, fica<br />

determinado pelo conjunto nÖ< ß = ×<br />

. De facto S é o único ponto<br />

V−nÖ< ß= × que tem a propriedade de qualquer recta >§ ! contendo V<br />

intersectar nÖ< ß = ×<br />

em ÖV× ou numa semirecta de > de origem V.<br />

Com<br />

efeito, pela alínea b), o ponto S tem essa propriedade, pela alínea a) qualquer<br />

ponto V de < ou de = distinto de S não a verifica, por existir uma recta<br />

>§ ! contendo Vque intersectada com nÖ< ß= ×<br />

é igual a um segmento de<br />

recta, tendo V como uma das extremidades, e, pela alínea c), qualquer ponto<br />

V de nÖ< ß= × que não pertença a < nem a = também não a verifica, visto<br />

que, para qualquer recta >§ ! , com V−> , VnÖ< ß= ×<br />

não é uma semirrecta<br />

de origem V, por conter pontos menores e pontos maiores que V.<br />

O raciocínio feito atrás mostra também que os pontos de V de < = <br />

distintos de S ficam determinados pelo conjunto nÖ< ß= ×<br />

: São,<br />

nomeadamente, os pontos V−nÖ< ß= ×<br />

com a propriedade de, para<br />

alguma recta >§ ! com V−> , o conjunto >nÖ< ß= ×<br />

ser um segmento<br />

de recta com V como uma das extermidades.<br />

Por fim, as próprias semirrectas < e = que constituem o ângulo, ficam<br />

determinadas pelo conjunto nÖ< ß = ×<br />

, por se tratar das duas semirrectas de<br />

origem S que contêm algum ponto de < = distinto de S.<br />

<br />

3.7 (Ângulos adjacentes e verticalmente opostos) Sejam ! um plano e<br />

Ö< ß = × um ângulo de vértice S contido em ! . Sendo < e = as rectas que<br />

contêm as semirrectas < e = , respectivamente, e sendo < e = as<br />

semirrectas opostas, chamamos ângulos adjacentes do ângulo Ö< ß = ×<br />

<strong>aos</strong><br />

ângulos Ö< ß = × e Ö< ß = ×<br />

, que têm uma semirrecta comum e a outra<br />

semirrecta oposta, e ângulo verticalmente oposto do ângulo Ö< ß = ×<br />

ao<br />

ângulo Ö< ß = × , definido pelas duas semirrectas opostas.<br />

<br />

3.8 (O plano em quatro partes) Nas condições<br />

anteriores:<br />

a) O plano ! é a união dos quatro sectores angulares nÖ< ß = × , nÖ< ß = ×<br />

,<br />

nÖ< ß = × e nÖ< ß = ×<br />

.<br />

b) A intersecção nÖ< ß = × nÖ< ß = ×<br />

dos sectores angulares correspon-<br />

dentes a ângulos adjacentes é a semirrecta comum


× nÖ> ß = ×<br />

nÖ< ß > × nÖ> ß = × œ ><br />

.<br />

d) tem-se < § nÖ> ß = × e = § nÖ< ß > ×<br />

.<br />

Dem: a) Tendo em conta 3.4, tem-se mesmo VÂ< e VÂ= e daqui resulta<br />

que a recta > é distinta de < e de = . O facto de ser > œ >nÖ< ß= ×<br />

resulta<br />

da alínea b) de 3.5. Fixemos pontos T−= ÏÖS× e U−< ÏÖS× . Consi-<br />

deremos em < , = e > as ordens lineares para as quais S U, S T e<br />

w w w<br />

SV, respectivamente e fixemos pontos U −< , T −= e V −> tais que<br />

w w w<br />

U S, T S e V S.<br />

R'<br />

P'<br />

Q'<br />

O<br />

– 24–<br />

Q<br />

P<br />

r+<br />

R<br />

s<br />

+<br />

t +


Ûw<br />

Tendo em conta a alínea a) de 2.12 , , pelo que podemos concluir que T e U pertencem a semiplanos<br />

abertos distintos de ! de bordo > . Mais uma vez pelo mesmo resultado que<br />

Û<br />

temos vindo a aplicar, a semirrecta < œ SU está contida num dos<br />

Û<br />

semiplanos de ! de bordo > e a semirrecta = œ ST no outro semiplano de !<br />

com o mesmo bordo.<br />

ww ww<br />

b) Uma vez que T e U são elementos de = e de < ,<br />

respectivamente, que<br />

ww ww<br />

não pertencem a > , o que vimos em a) implica que T e U pertencem a<br />

ww ww<br />

semiplanos abertos de ! de bordo > distintos, pelo que ÒT ßU Ó intersecta ><br />

num ponto V . O facto os sectores angulares serem convexos implica que<br />

ww<br />

ww ww<br />

V − >nÖ< ß= × que, pela alínea b) de 3.5,<br />

uma vez que contém V Á S,<br />

Û<br />

é uma semirrecta de > de origem S, e portanto é a semirrecta SV œ > .<br />

O<br />

ww ww ww<br />

facto de se ter > ÒT ßU Ó œ ÖV × vem de que se tem mesmo<br />

ww ww ww ww ww<br />

>T U œ ÖV × por as rectas >/T U serem distintas (por exemplo,<br />

ww T Â > porque > Á = ).<br />

c) Fixemos pontos T−= ÏÖS× e U−< ÏÖS× . Tendo em conta b),<br />

podemos considerar W−> ÒTßUÓ. Vem WÁS (senão TßSßUeram<br />

colineares e seria uma das rectas < e = , ao<br />

contrário do que vimos em a)).<br />

O<br />

– 25–<br />

Q<br />

S<br />

P<br />

R<br />

r+<br />

s+<br />

t+


Suponhamos agora que \−nÖ< ß> ×<br />

, com \ÁS.<br />

Tem-se então que a<br />

Û w<br />

semirrecta S\ intersecta ÒUß WÓ num ponto \ , que não é mais do que a<br />

intersecção das rectas S\ e UT;<br />

com efeito, isso é evidente nos casos em<br />

w w<br />

que \−< (então \ œU ) e em que \−> (então \ œW)<br />

e, caso<br />

contrário, temos uma consequência de b). Resulta daqui que se tem<br />

w \ −ÒUßTÓœUT nÖ< ß= × (cf. a alínea a) de 3.5)<br />

e daqui resulta que<br />

Û w<br />

\−nÖ< ß= × , uma vez que \−S\ e nÖ< ß= ×<br />

é cónico relativamente<br />

a S.<br />

Û<br />

Por simetria dos papéis de < e = , se \−nÖ= ß> ×<br />

, com \ÁS, então S\<br />

intersecta ÒT ß WÓ num ponto \ , que não é mais do que a intersecção das<br />

w<br />

rectas S\ e UT , e tem-se também \ − nÖ< ß = ×<br />

.<br />

O que vimos nos dois parágrafos anteriores, mostra que se \ÁS e<br />

w<br />

\−nÖ< ß> ×nÖ= ß> ×<br />

, então a intersecção \ das rectas S\ e UTé<br />

Û<br />

simultaneamente a intersecção de S\ com ÒUß WÓ e com ÒTß WÓ,<br />

sendo assim<br />

w<br />

Û<br />

\ œ W , portanto \ − SW œ > .<br />

Uma vez que S pertence a todos os sectores angulares envolvidos e à<br />

semirrecta > , o que vimos até agora mostra que nÖ< ß> × § nÖ< ß= ×<br />

,<br />

que nÖ= ß > × § nÖ< ß = × , donde<br />

<br />

nÖ< ß > × nÖ> ß = × § nÖ< ß = ×<br />

<br />

e que nÖ< ß > × nÖ> ß = × § > ,<br />

e podemos dizer que se tem mesmo<br />

nÖ< ß > × nÖ> ß = × œ > , uma vez que > está contido nos dois sectores<br />

angulares nÖ< ß > × e nÖ> ß = ×<br />

.<br />

Resta-nos mostrar que nÖ< ß = × § nÖ< ß > × nÖ> ß = ×<br />

, para o que<br />

consideramos \−nÖ< ß= ×<br />

, que podemos já supor distinto de S.<br />

Tem-se<br />

Û w<br />

então que a semirrecta S\ intersecta ÒUß T Ó num ponto \ , que não é mais<br />

do que a intersecção das rectas S\ e UT;<br />

com efeito, isso é evidente nos<br />

w w<br />

casos em que \−< (então \ œU ) e em que \−= (então \ œT)<br />

e,<br />

caso contrário, temos uma consequência de b). Uma vez que ÒUß T Ó œ<br />

w w<br />

ÒUß WÓ ÒWß T Ó , tem-se \ − ÒUß WÓ œ UW nÖ< ß > ×<br />

ou \ − ÒWß T Ó œ<br />

w w<br />

WT nÖ> ß = × , em particular \ − nÖ< ß > × ou \ − nÖ> ß = ×<br />

(cf. a<br />

alínea a) de 3.5 ) e daqui resulta que \−nÖ< ß> × ou \−nÖ> ß= ×<br />

, uma<br />

Û w<br />

vez que \−S\ e os sectores angulares são cónicos relativamente a S.<br />

d) Uma vez que a semirrecta < está contida num dos semiplanos de ! tendo<br />

> como bordo e a semirrecta = está contida no outro semiplano de ! com o<br />

mesmo bordo e uma vez que, por 2.12 , a semirrecta = está contida no<br />

semiplano de ! de bordo > distinto do que contém a semirrecta =,<br />

segue-se<br />

que < § >=<br />

Û<br />

. Por outro lado o facto de se ter > § nÖ< ß= × § =< Û<br />

<br />

implica que =< Û œ=><br />

Û<br />

, e portanto < §=><br />

Û<br />

.<br />

Tem-se assim<br />

< § >=<br />

Û<br />

=><br />

Û<br />

œ nÖ> ß= ×<br />

e a outra inclusão resulta da simetria dos papéis de < e = .<br />

<br />

– 26–


3.10 (Corolário) Seja Ö< ß = × um ângulo de vértice S contido no plano ! . Seja<br />

V−nÖ< ß= × com VÂ< e VÂ= e consideremos a recta >œSV§ ! e<br />

Û<br />

a semirrecta > œ SV de > . Tem-se então que a recta > é distinta de < e = e:<br />

a) as semirrectas < e = estão contidas no mesmo semiplano de ! de bordo<br />

>.<br />

b) Se U − < Ï ÖS× , então U − nÖ= ß > × e U Â = > , e portanto<br />

<br />

nÖ= ß > × œ nÖ= ß < × nÖ< ß > ×<br />

nÖ= ß < × nÖ< ß < × œ <<br />

.<br />

P'<br />

Q'<br />

R<br />

t +<br />

O<br />

Dem: a) Aplicando a alínea a) de 3.9 às semirrectas < e = ,<br />

concluímos que<br />

a recta > é distinta das rectas < e = , que a semirrecta como bordo e a semirrecta =está<br />

contida no outro<br />

semiplano de ! com o mesmo bordo. Basta agora reparamos que, pala alínea<br />

a) de 2.12, a semirecta = está contida no semiplano de ! de bordo > distinto<br />

daquele que contém = , e portanto no mesmo que contém a semirrecta < .<br />

b) Pela conclusão de a), tem-se ><<br />

Û<br />

œ >=<br />

Û<br />

, e portanto, por ser U − ><<br />

Û<br />

,<br />

vem<br />

também U−>=<br />

Û<br />

. Por outro lado, por hipótese, V−nÖ< ß= ק=< Û<br />

,<br />

pelo<br />

que =< Û œ=><br />

Û<br />

, donde, por ser U−=< Û<br />

, vem também U−=><br />

Û<br />

.<br />

Tem-se<br />

assim U−>=<br />

Û<br />

=><br />

Û<br />

œnÖ= ß> × e o facto de ser UÂ= > vem de que<br />

UÂ= e UÂ> , por a recta < ser distinta das rectas = e > . O resto da conclusão<br />

de b) resulta agora da alínea c) de 3.9. <br />

3.11 (Relação de ordem total nas semirrectas) Seja = uma semirrecta de<br />

origem S e contida num plano ! e escolhamos um dos semiplanos ! de !<br />

cujo bordo é a recta = que contém =.<br />

Fica então definida uma ordem total no<br />

conjunto das semirrectas < de origem S contidas em ! e com recta<br />

continente


£ < Í nÖ= ß> × § nÖ= ß< × Í > § nÖ= ß< × Í > § קnÖ= ß< × , então > §nÖ= ß< ×<br />

e, recipro-<br />

camente, se > § nÖ= ß< × , ou > œ < ,<br />

caso em que se tem trivialmente<br />

nÖ= ß> קnÖ= ß< × , ou > Á< e então, aplicando 3.9 depois de<br />

escolher V em > ÏÖS× , concluímos que<br />

<br />

nÖ< ß = × œ nÖ< ß > × nÖ> ß = × ,<br />

em particular nÖ= ß > × § nÖ= ß < ×<br />

. Ficou assim provada a segunda<br />

equivalência no enunciado. A terceira equivalência do enunciado é uma<br />

consequência de que nÖ= ß < × œ § ! œ =< Û<br />

.<br />

A definição da relação £ implica trivialmente que ela é transitiva e que<br />

verifica < £ < , para cada < . Por outro lado, se > £ < e < £ > ,<br />

podemos concluir que nÖ= ß> קnÖ= ß< × e portanto, por 3.6,<br />

< œ> .<br />

Consideremos enfim < e > tais que não se tenha > £ < .<br />

Tem-se assim<br />

> § Î § § Á< (porque > § Á= (porque >Á= ). Podemos então<br />

aplicar 3.10, depois de escolher V em > ÏÖS× , para deduzir que<br />

nÖ= ß > × œ nÖ= ß < × nÖ< ß > × ,<br />

em particular nÖ= ß< קnÖ= ß> × , ou seja, < £> . <br />

3.12 (Corolário) Nas condições<br />

anteriores, se notarmos £ a relação de ordem<br />

w<br />

total que se obtém no mesmo conjunto de semirrectas de origem S quando se<br />

utiliza a semirrecta = no lugar de = , tem-se<br />

<br />

<br />

w<br />

> £ < Í < £ > <br />

(as ordens totais são opostas uma da outra).<br />

Dem: Por simetria dos papéis das semirrectas = e = ,<br />

basta mostrarmos que,<br />

w se > £ < , então < £ > . Ora, isso é evidente se > œ < e caso contrário,<br />

vem > § § Î § œ < )<br />

e<br />

portanto não é > £ < , sendo assim < £ > . <br />

3.13 (Os intervalos para a relação £ ) Seja = uma semirrecta de origem S e<br />

contida num plano ! e escolhamos um dos semiplanos ! de ! cujo bordo é<br />

a recta = que contém =e<br />

consideremos a correspondente ordem total<br />

definida em 3.11 no conjunto das semirrectas de origem S contidas em ! e<br />

de recta continente distinta de = . Sejam, no referido conjunto, > £ < ,<br />

com<br />

> Á < . Seja ? uma semirrecta de origem S contida em ! e de recta<br />

continente distinta de = . Tem-se então que ? § nÖ> ß< ×<br />

se, e só se,<br />

> £ ? £ < .<br />

– 28–


O<br />

Dem: Tem-se > § nÖ= ß< × , com > distinto de = e de < pelo que,<br />

tendo em conta a alínea c) de 3.9,<br />

nÖ= ß < × œ nÖ= ß > × nÖ> ß < ×<br />

nÖ= ß > × nÖ> ß < × œ ><br />

.<br />

Resulta daqui que, se ? £ > e ? Á > , tem-se ? § nÖ= ß> ×<br />

e portanto<br />

? § Î nÖ> ß< × e que, se > £ ? £ < , tem-se ? § nÖ= ß< ×<br />

e, por<br />

outro lado, ? œ> ou ? §nÖ= Î ß> × , donde ? §nÖ> ß< ×<br />

. Por fim, se<br />

w<br />

< £ ? e < Á ? ,<br />

tem-se, para a ordem oposta £ que, por 312 Þ é a assow<br />

w<br />

ciada à semirrecta = , ? £ < £ > donde, como vimos atrás,<br />

? § Î nÖ< ß> × . <br />

3.14 (Os sectores angulares são “angularmente convexos”) Consideremos um<br />

ângulo Ö< ß = × de vértice S contido no plano ! e sejam > Á ? duas<br />

semirrectas de origem S contidas no sector angular nÖ< ß= × . Tem-se então<br />

– 29–<br />

u+<br />

s<br />

+<br />

nÖ> ß ? × § nÖ< ß = × .<br />

r<br />

+<br />

t+<br />

<br />

Dem: Examinemos os diferentes casos possíveis:<br />

1) Suponhamos que cada uma das semirrectas > e ? é igual a alguma das<br />

semirrectas < e = .<br />

Uma vez que, em cada caso, temos pares de semirrectas<br />

distintas, tem-se então mesmo nÖ> ß ? × œ nÖ< ß = × .<br />

O<br />

<br />

2) Suponhamos que uma das semirrectas e é igual a alguma das<br />

> ?<br />

<br />

u+<br />

s<br />

+<br />

t+<br />

r<br />

+


semirrectas < e = e a outra não é. Por simetria dos papéis de > e ? e por<br />

simetria dos papéis de < e = , podemos já supor que > œ < e que ? é<br />

distinto de < e de = . Resulta então de 3.9 que<br />

nÖ< ß = × œ nÖ< ß ? × nÖ? ß = × ,<br />

em particular, nÖ> ß ? × œ nÖ< ß ? × § nÖ< ß = ×Þ<br />

3) Suponhamos que ambas as semirrectas > e ? são distintas das<br />

semirrectas < e = . Consideremos no plano ! que contém Ö< ß= ×<br />

o<br />

semiplano ! Û<br />

œ=< e a correspondente ordem total £ associada à<br />

semirrecta = (cf. 3.11).<br />

Por simetria dos papéis das semirrectas > e ? ,<br />

podemos já supor que se tem > £ ? . Tem-se então > § nÖ= ß? ×<br />

pelo<br />

que, aplicando duas vezes 3.9,<br />

obtemos<br />

nÖ= ß < × œ nÖ= ß ? × nÖ? ß < ×<br />

œ<br />

œ nÖ= ß > × nÖ> ß ? × nÖ? ß < ×<br />

,<br />

em particular nÖ> ß ? × § nÖ< ß = × .<br />

<br />

3.15 (O plano em três partes) Seja Ö< ß = × um ângulo de vértice S contido no<br />

plano ! . Seja V−nÖ< ß= × com VÂ< e VÂ= e consideremos a recta<br />

Û<br />

>œSV§ ! e a semirrecta > œSV de > . Tem-se então que a recta > é<br />

distinta de < e = e:<br />

a) Escolhendo T−= ÏÖS× e U−< ÏÖS× , tem-se T−nÖ> ß< ×<br />

,<br />

U−nÖ= ß> × , com T e U não pertencentes a nenhuma das semirrectas < ,<br />

= e > .<br />

t+<br />

R O<br />

– 30–<br />

Q<br />

P<br />

r+<br />

s+<br />

b) A semirrecta < está contida num dos semiplanos de ! de bordo > e a<br />

semirrecta = está contida no outro semi-plano de ! com o mesmo bordo.<br />

c) Tem-se<br />

! œ nÖ< ß = × nÖ= ß > × nÖ> ß < ×<br />

,<br />

nÖ< ß = × nÖ= ß > × œ = ,<br />

nÖ= ß > × nÖ> ß < × œ > ,<br />

nÖ> ß < × nÖ< ß = × œ < .<br />

<br />

Dem: a) e b) O facto de a recta > ser distinta de < e = resulta de aplicar 3.9<br />

às


semirrectas < e = . Tendo em conta 3.9,<br />

para as semirrectas < e = ,<br />

a<br />

semirrecta < está contida num dos semiplanos de ! de bordo > e a<br />

semirrecta = está contida no outro semiplano de ! com o mesmo bordo.<br />

<strong>Da</strong>qui resulta, tendo em conta a alínea a) de 2.12 , que a semirrecta < está<br />

contida no mesmo semiplano de ! de bordo > que a semirrecta =e<br />

a<br />

semirrecta = está contida no mesmo semiplano de ! de bordo > que a<br />

semirrecta < . Em particular U−>=<br />

Û<br />

e T −><<br />

Û<br />

.<br />

Por outro lado, como<br />

V−nÖ< ß= ק § ,<br />

uma vez que, por as rectas serem distintas, T Â < e<br />

TÂ>. Analogamente (ou por simetria dos papéis) se verifica que<br />

U−nÖ= ß> × e U não pertence a nenhuma das semirrectas < , = e > .<br />

c) Aplicando 3.10 , primeiro a < e a = , e depois a < e a = ,<br />

deduzimos que<br />

nÖ= ß > × œ nÖ= ß < × nÖ< ß > ×<br />

,<br />

nÖ< ß > × œ nÖ< ß = × nÖ= ß > × ,<br />

<br />

com nÖ= ß < × nÖ< ß > × œ < e nÖ< ß = × nÖ= ß > × œ = .<br />

Aplican-<br />

do 3.9 a < e a = , vem<br />

<br />

nÖ< ß = × œ nÖ< ß > × nÖ> ß = × ,<br />

com nÖ< ß > × nÖ> ß = × œ > . Tendo agora em conta 3.8,<br />

vem<br />

! œ nÖ< ß = × nÖ< ß = × nÖ< ß = × nÖ< ß = ×<br />

œ<br />

œ nÖ< ß = × nÖ< ß = × nÖ< ß = × nÖ< ß > × nÖ> ß = ×<br />

œ<br />

œ nÖ< ß = × nÖ< ß = × nÖ> ß = × nÖ< ß = × nÖ< ß > ל<br />

œ nÖ< ß = × nÖ< ß > × nÖ= ß > × .<br />

Podemos agora escrever<br />

(*) nÖ= ß > × nÖ> ß < ×<br />

œ<br />

œ ÐnÖ= ß < × nÖ< ß > ×Ñ ÐnÖ< ß = × nÖ= ß > ×Ñ<br />

œ<br />

œ ÐnÖ= ß < × nÖ< ß = ×Ñ ÐnÖ= ß < × nÖ= ß > ×Ñ<br />

<br />

ÐnÖ< ß> ×nÖ< ß= ×ÑÐnÖ< ß> ×nÖ= ß> ×Ñ.<br />

<br />

Tendo em conta 3.8, tem-se nÖ= ß < × nÖ< ß = ×<br />

œ ÖS× e, aplicando 3.9<br />

a < e a = , vem nÖ< ß> ×nÖ= ß> × œ > . Tendo em conta 3.9,<br />

aplicado<br />

a < e a = , e 3.8,<br />

vem<br />

nÖ= ß < × nÖ= ß > × § nÖ= ß < × nÖ< ß = × œ < ,<br />

onde nÖ= ß > × < § nÖ= ß > × nÖ< ß > × œ > ,<br />

o que, por ser<br />

< > œ ÖS× , implica que nÖ= ß < × nÖ= ß > ×<br />

œ ÖS× . Analogamente (ou<br />

por simetria dos papéis de < e = ), nÖ< ß > × nÖ< ß = ×<br />

œ ÖS× . <strong>Da</strong><br />

igualdade (*) acima deduzimos assim que nÖ= ß > × nÖ> ß < × œ > .<br />

As<br />

outras igualdades na alínea c) do enunciado, envolvendo intersecções,<br />

– 31–


esultam da simetria dos papéis de < , = e > ,<br />

tendo em conta o que vimos<br />

em a). <br />

3.16 (Nova noção primitiva) Supomos dada uma aplicação<br />

do conjunto dos<br />

ângulos no conjunto Ó!ß#Ò§ ‘ , que a cada ângulo Ö< ß= ×<br />

associa um<br />

número real do intervalo Ó!ß #Ò, chamado amplitude do ângulo e notado<br />

8<br />

.( Ö< ß = × ). Dizemos que dois ângulos são congruentes quando têm a<br />

mesma amplitude.<br />

3.17 (Axiomas angulares)<br />

a) Sejam ! um plano, < uma semirrecta de ! de origem S e ! um dos<br />

semiplanos de ! cujo bordo é a recta < que contém < .<br />

Para cada ) − Ó!ß #Ò,<br />

existe uma, e uma só, semirrecta = de ! , de origem S e com recta = distinta<br />

de < , tal que = § ! e que . ÐÖ< ß = ×Ñ œ ) .<br />

<br />

s +<br />

s' +<br />

O<br />

b) Seja Ö< ß = × um ângulo de vértice S dum plano ! e seja > uma<br />

semirrecta de origem S contida no sector angular nÖ< ß= × e distinta de < <br />

e de =.<br />

Tem-se então que<br />

O<br />

θ<br />

θ' θ+θ'<br />

8 A escolha do intervalo tem algo de arbitário e corresponde, intuitivamente, a dizer<br />

Ó!ß #Ò<br />

que estamos a tomar o ângulo recto como unidade de medida.<br />

– 32–<br />

3/2<br />

3/2<br />

r<br />

+<br />

α<br />

α<br />

+<br />

-<br />

s+<br />

t<br />

+<br />

r<br />

+


. ÐÖ< ß = ×Ñœ. ÐÖ< ß > ×Ñ. ÐÖ> ß = ×Ñ,<br />

em particular . ÐÖ< ß > ×Ñ . ÐÖ< ß = ×Ñ e . ÐÖ> ß = ×Ñ . ÐÖ< ß = ×Ñ.<br />

<br />

3.18 (Ordem e amplitude) Sejam ! um plano, < uma semirrecta de ! de<br />

origem S e ! um dos semiplanos de ! cujo bordo é a recta < que contém<br />

< . Sejam = e > duas semirrectas de ! de origem S,<br />

ambas contidas em ! <br />

e cujas rectas associadas = e > são ambas diferentes de < . Tem-se então que<br />

> § nÖ< ß= × (ou seja, > £ = ,<br />

para a relação de ordem definida em 3.11,<br />

a partir da semirrecta < ) se, e só se, . ÐÖ< ß > ×Ñ Ÿ . ÐÖ< ß = ×Ñ.<br />

Dem: O axioma b) em 3.17 garante que, se > § nÖ< ß= × e > Á = ,<br />

então<br />

. ÐÖ< ß> ×Ñ . ÐÖ< ß= ×Ñ (tem-se > Á < uma vez que, por hipótese,<br />

>Á< ). Por outro lado, se > œ= , tem-se, evidentemente, . ÐÖ< ß> ×Ñœ<br />

.ÐÖ< ß = ×Ñ . Resta-nos mostrar que, supondo > § Î nÖ< ß = ×<br />

, tem-se<br />

. ÐÖ< ß> ×Ñ . ÐÖ< ß= ×Ñ.<br />

Ora isso resulta do que vimos no início, uma vez<br />

que, não sendo > £ = , tem-se, por 3.11, = £ > e = Á > .<br />

<br />

3.19 (Teorema dos ângulos adjacentes) <strong>Da</strong>dos dois ângulos adjacentes<br />

Ö< ß = × e Ö< ß = ×<br />

, de origem S e contidos no plano ! , tem-se<br />

. ÐÖ< ß= ×Ñ. ÐÖ< ß= ×Ñ œ # .<br />

Dem: Seja ! o semiplano de ! de bordo < que contém = e notemos £ a<br />

relação de ordem total definida em 3.11 , a partir da semirecta e ? de origem S,<br />

contidas em ! e de<br />

rectas associadas distintas de < , tais que . ÐÖ< ß > ×Ñ œ & e . ÐÖ< ß ? ×Ñ<br />

œ<br />

#&.<br />

u+<br />

r-<br />

– 33–<br />

s+<br />

t+<br />

O r<br />

+<br />

Tendo em conta 318 Þ , tem-se > £ = £ ? , com > distinto de = e = <br />

distinto de ? , em particular > §nÖ< ß= × e = §nÖ< ß? ×<br />

e, tendo em<br />

conta 3.13, = § nÖ> ß? ×<br />

. Vem, para a ordem total oposta, que, por 3.12,<br />

w w<br />

é a definida pela semirrecta < , ? £ = £ > , portanto ? § nÖ< ß= × e


? § nÖ< ß> × , em que ? além de ser distinto de = e de > ,<br />

é também<br />

distinto de < (por ter recta associada distinta de < ). Podemos assim aplicar o<br />

axioma b) em 3.17 para garantir que<br />

. ÐÖ< ß = ×Ñœ. ÐÖ< ß > ×Ñ. ÐÖ> ß = ×Ñœ& . ÐÖ> ß = ×Ñ,<br />

. ÐÖ< ß = ×Ñœ. ÐÖ< ß ? ×Ñ. ÐÖ? ß = ×Ñ,<br />

. ÐÖ< ß > ×Ñœ. ÐÖ< ß ? ×Ñ. ÐÖ? ß > ×Ñ,<br />

# & œ . ÐÖ< ß ? ×Ñ<br />

œ . ÐÖ< ß = ×Ñ. ÐÖ= ß ? ×Ñ,<br />

. ÐÖ> ß? ×Ñ œ . ÐÖ> ß= ×Ñ. ÐÖ= ß? ×Ñ.<br />

<br />

Resulta daqui que<br />

. ÐÖ< ß= ×Ñ. ÐÖ< ß= ×Ñ . ÐÖ< ß= ×Ñ. ÐÖ? ß= ×Ñ<br />

œ #&<br />

e, por outro lado,<br />

. ÐÖ< ß = ×Ñ. ÐÖ< ß = ×Ñœ<br />

œ& . ÐÖ> ß= ×Ñ. ÐÖ< ß? ×Ñ. ÐÖ? ß= ×Ñœ<br />

œ & . ÐÖ> ß ? ×Ñ. ÐÖ< ß ? ×Ñœ<br />

œ & . ÐÖ< ß> ×Ñ Ÿ #&<br />

.<br />

<strong>Da</strong>s desigualdades<br />

# & Ÿ . ÐÖ< ß = ×Ñ . ÐÖ< ß = ×Ñ<br />

Ÿ # &<br />

e da arbitrariedade de & deduzimos finalmente que<br />

. ÐÖ< ß= ×Ñ. ÐÖ< ß= ×Ñ œ # . <br />

3.20 (Corolário) Dois ângulos verticalmente opostos têm a mesma amplitude.<br />

Dem: Sendo Ö< ß = × e Ö< ß = ×<br />

os ângulos verticalmente opostos, eles vão<br />

ser ambos adjacentes do ângulo Ö< ß = × pelo que, pelo axioma b) em 3.17,<br />

tem-se<br />

. ÐÖ< ß= ×Ñ. ÐÖ< ß= ×Ñ<br />

œ #<br />

. ÐÖ< ß= ×Ñ. ÐÖ< ß= ×Ñ œ #<br />

,<br />

o que implica que . ÐÖ< ß= ×Ñ œ . ÐÖ< ß= ×Ñ. <br />

3.21 (O ângulo recto) <strong>Da</strong>do um ângulo Ö< ß = × de vértice S num plano !,<br />

diz-se que ele é recto se .ÐÖ< ß = ×Ñœ<br />

" , que ele é agudo se<br />

. ÐÖ< ß = ×Ñ " e que ele é obtuso se . ÐÖ< ß = ×Ñ<br />

"Þ<br />

3.22 <strong>Da</strong>dos dois ângulos adjacentes Ö< ß = × e Ö< ß = ×<br />

, tem-se que eles são<br />

congruentes se, e só se, Ö< ß = × (e portanto Ö< ß = ×<br />

) é recto. Caso<br />

contrário, um é agudo e o outro é obtuso.<br />

Dem: Trata-de de uma consequência imediata da igualdade<br />

Ö< ß = × Ö< ß = × œ # . <br />

– 34–


3.23 Sejam < e = duas rectas concorrentes. Sendo œSV§ ! e a semirrecta > œSV de > . Tem-se então que a recta > é<br />

distinta de < e = e<br />

. ÐÖ< ß = ×Ñ. ÐÖ= ß > ×Ñ. ÐÖ> ß < ×Ñ œ % .<br />

Dem: Tem-se > § nÖ< ß= × œ ß = × œ >=<br />

Û<br />

=><br />

Û<br />

e = § nÖ< ß > ×<br />

œ<br />

<br />

Û<br />

><<br />

Û<br />

,<br />

com as rectas todas distintas.<br />

t+<br />

R O<br />

– 35–<br />

Q<br />

P<br />

r+<br />

s+<br />

Deduzimos daqui, lembrando 2.12 , que > § =<br />

Û<br />

=><br />

Û<br />

œnÖ> ß= × e que = §<br />

Û<br />

><<br />

Û<br />

œnÖ< ß> ×<br />

. Tendo em<br />

conta o axioma b) em 3.17,<br />

podemos escrever<br />

. ÐÖ< ß > ×Ñœ. ÐÖ< ß = ×Ñ. ÐÖ= ß > ×Ñ,<br />

. ÐÖ= ß> ×Ñ œ . ÐÖ= ß< ×Ñ. ÐÖ< ß> ×Ñ,<br />

. ÐÖ= ß < ×Ñ œ . ÐÖ= ß > ×Ñ . ÐÖ> ß < ×Ñ.<br />

<br />

Tendo em conta 3.19,<br />

tem-se<br />

# œ . ÐÖ< ß = ×Ñ. ÐÖ< ß = ×Ñ,<br />

# œ . ÐÖ= ß < ×Ñ . ÐÖ= ß < ×Ñ,<br />

e daqui resulta que


% œ . ÐÖ< ß = ×Ñ. ÐÖ< ß = ×Ñ. ÐÖ= ß < ×Ñ. ÐÖ= ß < ×Ñœ<br />

œ . ÐÖ< ß = ×Ñ . ÐÖ< ß = ×Ñ . ÐÖ= ß < ×Ñ . ÐÖ= ß > ×Ñ . ÐÖ> ß < ×Ñ<br />

œ<br />

œ . ÐÖ< ß = ×Ñ . ÐÖ< ß > ×Ñ . ÐÖ=<br />

ß> ×Ñ,<br />

como queríamos. <br />

4. Triângulos.<br />

4.1 Vamos chamar triângulo a um triplo ordenado ÐEßFßGÑ de pontos de X,<br />

constituindo um conjunto não colinear (em particular todos distintos).<br />

Chamamos plano continente do triângulo ao único plano ! que contém os<br />

três pontos, vértices do triângulo <strong>aos</strong> pontos Eß Fß G,<br />

lados do triângulo <strong>aos</strong><br />

pares ÐEßFÑ, ÐFßGÑ e ÐGßEÑ, ou <strong>aos</strong> segmentos de recta ÒEßFÓ, ÒFßGÓ e<br />

ÒGß EÓ, contidos no plano continente ! , e ângulos (ou ângulos internos)<br />

do<br />

triângulo <strong>aos</strong> ângulos<br />

w Û Û w Û Û w Û Û<br />

FEG œ ÖEFß EG× , EFG œ ÖFEßFG× , FGE œ ÖGFß GE× ,<br />

todos contidos no plano continente ! , e que, quando o triângulo estiver<br />

w w w<br />

implícito serão notados mais simplesmente por E , F e G , respectivamente.<br />

4.2 <strong>Da</strong>do um triângulo ÐEßFßGÑ, a intersecção<br />

dos seus sectores angulares<br />

w w w Û Û Û<br />

nE , nF e nG coincide com a intersecção dos semiplanos G ,<br />

onde < œ FG , = œ EG e > œ EF.<br />

A estas intersecções damos o nome de<br />

segmento triangular associado a ÐEßFßGÑe notamo-lo ÒEßFßGÓ.<br />

Este conjunto, também contido em !, admite também as “caracterizações<br />

mistas”:<br />

w Û<br />

ÒEßFßGÓœnE GÞ<br />

t<br />

A<br />

r<br />

C<br />

– 36–<br />

s<br />

B


Dem: Trata-se de uma consequência de se ter<br />

w Û Û<br />

nE œ >G =F ,<br />

w Û Û<br />

nF œ >G


nenhum dos lados.<br />

Dem: Tendo em conta 4.4, tem-se H −ÒEßFßGÓ§nFEG.<br />

Pela alínea b)<br />

w<br />

w w<br />

de 3.5 tem-se que ?nE œ?nFEGé uma semirrecta de origem E<br />

que, por conter o ponto H, tem que ser a semirrecta EH. Por outro lado, uma<br />

Û<br />

vez que as rectas ? e < são distintas, por < não conter E (senão = œ > ), elas<br />

Û<br />

são concorrentes com intersecção ÖH× pelo que, por 2.12,<br />

? œEF,<br />

visto que, por 4.5 , =ÒEßFßGÓœÒEßGÓ e >ÒEßFßGÓœÒEßFÓ.<br />

Uma vez<br />

Û Û<br />

que \−nÖEGßEF× , deduzimos da alínea b) de 3.9 que ? intersecta o<br />

segmento ÒFß GÓ num ponto H que terá que ser distinto de F e de G , por ?<br />

ser distinta de = e de > . Mais uma vez por 4.5, \ − ?ÒEßFßGÓœÒEßHÓ.<br />

4.7 (O triângulo é o envólucro convexo dos seus vértices) Sejam V § X um<br />

conjunto convexo e Eß Fß G − V não colineares. Tem-se então<br />

ÒEßFßGÓ§V.<br />

Dem: Por definição de convexidade tem-se ÒEß FÓ § V, ÒFß GÓ § V<br />

e<br />

s<br />

B


ÒGßEÓ§ V. Resta-nos verificar o que se passa com um ponto \ −ÒEßFßGÓ<br />

que não pertence a nenhum dos lados do triângulo. Ora, por 4.6,<br />

existe<br />

H−ÒFßGÓ tal que \−ÒEßHÓpelo<br />

que, por convexidade, tem-se<br />

sucessivamente H− V e \−V.<br />

<br />

4.8 (De um ponto interior para os três vértices) Sejam ÐEßFßGÑum<br />

triângulo<br />

e \ −ÒEßFßGÓ,<br />

que não pertença a nenhum dos lados do triângulo.<br />

Û Û Û<br />

Consideremos as semirrectas ? œ \E, @ œ \F e A œ \G,<br />

de origem<br />

\ , e notemos ? , @ e A<br />

as semirectas opostas. Tem-se então que as rectas<br />

continentes ? , @ e A são todas distintas e<br />

? § nÖ@ßA × , @ § nÖAß ? × , A § nÖ? ß@ ×<br />

.<br />

Dem: Para ver que as três rectas são distintas, basta, por simetria dos papéis<br />

dos três pontos, mostrar que @ÁA. Ora, se fosse @œA , vinha \−FG,<br />

donde \ − FG ÒEßFß GÓ œ ÒFß GÓ (cf. 4.5),<br />

contra o que suposéramos.<br />

Do mesmo modo, por simetria dos papéis dos três pontos, basta provarmos a<br />

inclusão ? § nÖ@ ßA × .<br />

t<br />

<br />

u+<br />

A<br />

r<br />

C<br />

– 39–<br />

w<br />

+<br />

X D<br />

Tendo em conta 4.6 , a recta ?œE\ intersecta ÒFßGÓnum ponto H,<br />

distinto<br />

de F e G , e tem-se \ − ÒEßHÓ , com \ distinto de E e de H.<br />

Uma vez que<br />

Fß G − nÖ@ßA × e que um sector angular de vértice \ é convexo e cónico<br />

relativamente a \ , concluímos que<br />

Û<br />

? œ \H § nÖ@ßA × œ @A Û<br />

A@ Û<br />

<br />

e portanto, por 2.12,<br />

? § @A Û A@ Û<br />

œ nÖ@ßA ×<br />

. <br />

s<br />

B<br />

v+


4.9 (Rectas que passam por um ponto interior) Sejam ÐEßFßGÑum<br />

triângulo<br />

e \ −ÒEßFßGÓ , que não pertença a nenhum dos lados do triângulo. Sejam !<br />

o plano que contém Eß Fß G e B uma recta tal que \ − B § ! . Tem-se então:<br />

a) Se E−B, então Bintersecta ÒFßGÓnum ponto distinto de Fe de G;<br />

b) Se F−B, então Bintersecta ÒGßEÓnum ponto distinto de Ge de E;<br />

c) Se G−B, então Bintersecta ÒEßFÓnum ponto distinto de Ee de F;<br />

d) Se nenhum dos pontos Eß Fß G pertence a B, então B intersecta dois, e só<br />

dois, dos três lados ÒFß GÓ, ÒGß EÓ e ÒEß FÓ.<br />

t<br />

u+<br />

A<br />

r<br />

C<br />

– 40–<br />

w<br />

+<br />

X D<br />

Dem: A conclusão de a) está contida em 4.6 e as conclusões de b) e c)<br />

resultam de a) por simetria dos papéis dos vértices. Suponhamos que se<br />

verifica a hipótese em d) e utilizemos 4.8,<br />

assim como as respectivas notações.<br />

Sendo Buma das semirrectas de B de origem \ , a alínea c) de 3.15<br />

garante-nos que se verifica uma das três condições B § nÖ@ßA ×<br />

,<br />

B § nÖAß? × e B § nÖ? ß@ ×<br />

e concluímos então, da alínea b) de 3.9<br />

que B, e portanto B,<br />

intersecta um dos três segmentos ÒFß GÓ, ÒGß EÓ e<br />

ÒEß FÓ. O facto de B intersectar então dois, e só dois, destes segmentos já foi<br />

provado no teorema de Pasch ( 2.17). <br />

4.10 (O segmento triangular determina o conjunto dos vértices) Seja<br />

ÐEßFßGÑ um triângulo e seja ! o único plano que contém o segmento<br />

triangular ÒEßFßGÓ (o único que contém os três vértices) . Tem-se então:<br />

a) Existe uma recta ?§ ! tal que ?ÒEßFßGÓœÖE× .<br />

b) Qualquer que seja \ −ÒEßFßGÓ, distinto de E, de F e de G,<br />

e qualquer<br />

que seja a recta ? com \ −? , ?ÒEßFßGÓtem<br />

mais que um elemento.<br />

Em particular, se dois triângulos têm o mesmo sector triangular, então têm o<br />

mesmo conjunto de vértices.<br />

Û Û<br />

Dem: a) Notando EF œ < e EG œ = escolhamos V − nÖ< ß = ×<br />

tal que<br />

VÂ< e VÂ= (por exemplo, por 3.4 e pela alínea a) de 3.5).<br />

Sendo<br />

Û<br />

? œ EF , vem ? distinta de < e de = e ? § nÖ< ß= × œ


?nÖ< ß= לÖE× , e portanto também ?ÒEßFßGÓœÖE× .<br />

b1) Suponhamos que \ pertence a um dos lados ÒEß FÓ, ÒFß GÓ e ÒGß EÓ mas<br />

não coincide com nenhum dos vértices Eß Fß G.<br />

Suponhamos, para fixar<br />

ideias, que \−ÒEßFÓ , e seja ?§ ! uma recta com \−? . Se algum dos<br />

vértices EßFßG pertence a ? , então ?ÒEßFßGÓ , contendo \ e esse<br />

vértice, tem mais que um elemento. Caso contrário, o teorema de Pasch (cf.<br />

2.17) garante que ? intersecta algum dos lados ÒFßGÓ ou ÒGßEÓ e portanto,<br />

mais uma vez, ?ÒEßFßGÓtem<br />

mais que um elemento.<br />

b2) Suponhamos que \ −ÒEßFßGÓ mas \ não pertence a nenhum dos<br />

lados ÒEß FÓ, ÒFß GÓ e ÒGß EÓ . Se ? é uma recta de ! com \ − ? , a recta ?<br />

está nas condições de alguma das alíneas a) a d) de 4.9,<br />

em qualquer caso<br />

?ÒEßFßGÓ tem mais que um elemento. <br />

4.11 (Triângulos congruentes) Diz-se que dois triângulos ÐEßFßGÑ e<br />

w w w w w w<br />

ÐE ßFßG Ñ são congruentes,<br />

e escreve-se ÐEßFßGѸÐEßFßG Ñ,<br />

se os<br />

w w<br />

lados e os ângulos “homólogos” são congruentes, isto é, se lEFl œ lE ß F l,<br />

w w w w w w w w<br />

lFGl œ lF ß G l, lGEl œ lG E lß . ÐE Ñ œ . ÐE Ñ, . ÐF Ñ œ . ÐF Ñ e<br />

w w . ÐG Ñ œ . ÐG Ñ.<br />

C<br />

B<br />

A<br />

A'<br />

4.12 (Nota trivial de utilização frequente) Se ÐEßEßEÑ " # $ e ÐEßEßEÑ<br />

" # $ e<br />

w w w<br />

uma permutação de Ö"ß #ß $× , então ÐE" ß E# ß E$ Ñ e ÐE" ß E# ß E$ Ñ são con-<br />

w w w<br />

gruentes se, e só se, ÐE5Ð"Ñ ßE5Ð#Ñ ßE5Ð$Ñ Ñ e ÐE5Ð"Ñ ßE5Ð#Ñ ßE5Ð$ÑÑ são<br />

congruentes.<br />

w w w<br />

4.13 (O Axioma LAL) Sejam ÐEßFßGÑ e ÐEßFßG Ñ dois triângulos tais que<br />

w w w w w w<br />

lEFl œ lE F l, lEGl œ lE G l e . ÐE Ñ œ . ÐE Ñ (dois lados e o ângulo por<br />

eles formado). Tem-se então que os triângulos são congruentes, isto é, tem-se<br />

w w w w w w<br />

também lFGl œ lF G l, . ÐF Ñ œ . ÐF Ñ e . ÐG Ñ œ . ÐG Ñ.<br />

w w w w<br />

4.14 (Lema L AL) Sejam ÐEßFßGÑ e ÐEßFßG Ñ dois triângulos tais que<br />

w w w w w w<br />

lEFl lE F l, lEGl œ lE G l e . ÐE Ñ œ . ÐE Ñ.<br />

Tem-se então<br />

w w . ÐG Ñ . ÐG Ñ.<br />

B'<br />

– 41–<br />

C'<br />

w w w 5 é


C<br />

B<br />

B'<br />

A'<br />

A<br />

ww ww w w Dem: Seja F − ÒEß FÓ tal que lEF l œ lE F l (cf. a alínea d) de 1.19).<br />

C<br />

B<br />

B"<br />

B'<br />

A'<br />

A<br />

ww ww<br />

Pelo mesmo resultado, tem-se F Á F e F Á E. Uma vez que EßFßG são<br />

não colineares, G não pertence à recta EF œ EF , o que mostra que<br />

ww<br />

Eß F G ww também são não colineares. Tendo em conta a convexidade dos<br />

ww Û Û<br />

ww<br />

sectores angulares, tem-se F − nÖGEßGF× , com F não pertencente às<br />

Û Û<br />

semirrectas GE e GF (por EßFßG não serem colineares). Uma vez que os<br />

sectores angulares são cónicos relativamente ao seu vértice, resulta assim do<br />

Û Û Û Ûww<br />

axioma b) em 3.17 que . ÐÖGEßGF×Ñ . ÐÖGEßGF ×Ñ.<br />

Mas o axioma<br />

ww w w w<br />

LAL (cf. 4.13) garante que os triângulos ÐEßF ßGÑ e ÐEßFßG Ñ são<br />

concgruentes, e portanto, em particular<br />

w Û Ûww Û Û w<br />

. ÐG Ñœ. ÐÖGEßGF ×Ñ. ÐÖGEßGF×Ñœ. ÐGÑ <br />

4.15 (Teorema ALA) Sejam ÐEßFßGÑ e ÐEßFßG Ñ dois triângulos tais que<br />

w w w w w w<br />

lEGl œ lE G l, . ÐE Ñ œ . ÐE Ñ e . ÐG Ñ œ . ÐG Ñ (um lado e os dois<br />

ângulos adjacentes). Tem-se então que os dois triângulos são congruentes.<br />

Dem: Tendo em conta o axioma LAL (cf. 4.13),<br />

o resultado ficará provado<br />

w w<br />

se verificarmos que lEFl œ lE F l.<br />

Ora, se isso não acontecesse, ou<br />

w w w w<br />

lEFl lE F l ou lEFl lE F l e, nesse caso, ter-se-ia respectivamente,<br />

– 42–<br />

w w w<br />

C'<br />

C'


w w w w<br />

tendo em conta o lema 4.14 , . ÐG Ñ . ÐG Ñ ou . ÐG Ñ . ÐG Ñ,<br />

w w contrariando a hipótese . ÐG Ñ œ . ÐG Ñ.<br />

<br />

4.16 (Corolário) Se ÐEßFßGÑé um triângulo, tem-se lEFlœlGFl se, e só se,<br />

w w<br />

. ÐE Ñ œ . ÐG Ñ (dois lados são congruentes se, e só se, os ângulos opostos o<br />

forem).<br />

Dem: Se lEFl œ lGFl, resulta do axioma LAL que os triângulos ÐEßFß GÑ<br />

w w<br />

e ÐGßFßEÑsão congruentes, em particular . ÐE Ñœ . ÐG Ñ.<br />

Reciprocamente,<br />

w w<br />

se . ÐE Ñ œ . ÐG Ñ, resulta do teorema ALA que os triângulos ÐEß Fß GÑ e<br />

ÐGßFßEÑsão congruentes, em particular lEFlœlGFl.<br />

<br />

4.17 (Defnição) Um triângulo ÐEßFßGÑ diz-se isósceles em F se verifica as<br />

duas condições equivalentes no corolário precedente. Ele diz-se equilátero se<br />

for isósceles nos três vértices, isto é, se verifica qualquer das seguintes<br />

w w w<br />

propriedades equivalentes: lEFl œ lFGl œ lGEl, . ÐE Ñ œ . ÐF Ñ œ . ÐG Ñ.<br />

Ele diz-se escaleno se não for isósceles em nenhum dos vértices.<br />

4.18 <strong>Da</strong>do um triângulo ÐEßFßGÑ, chamam-se ângulos externos ao ângulos<br />

w w w<br />

adjacentes a cada um dos ângulos E , F e G .<br />

Existem assim seis ângulos externos, dois correspondentes a cada vértice e os<br />

ângulos externos correspondentes a um mesmo vértice são verticalmente<br />

opostos, em particular com a mesma amplitude. Aliás, tendo em conta 3.19,<br />

a<br />

amplitude dos ângulos externos de vértice, por exemplo E é #. ÐE Ñ.<br />

w<br />

4.19 (Teorema pobre do ângulo externo) Seja ÐEßFßGÑum<br />

triângulo. Tem-se<br />

então que a amplitude dos ângulos externos de vértice G é maior que . w<br />

ÐE Ñ<br />

e que . (os ângulos internos não adjacentes).<br />

w<br />

ÐF Ñ<br />

Dem: Por simetria dos papéis dos vértices, basta mostrarmos que a amplitude<br />

dos ângulos externos de vértice G é maior que . e, tendo em conta a<br />

w<br />

ÐF Ñ<br />

igualdade da amplitude dos dois ângulos externos de vértice G,<br />

podemos<br />

considerar aquele que é determinado pela semirrecta GF e pela semirrecta<br />

Û<br />

oposta à semirrecta GE.<br />

Û<br />

A<br />

B<br />

C<br />

A<br />

– 43–<br />

B<br />

M<br />

C<br />

D


Seja Q−ÒFßGÓo ponto médio do par ÐFßGÑ(cf. 1.26)<br />

e consideremos na<br />

Û<br />

semirrecta EQ o ponto H definido pela condição de se ter lEHl œ #lEQl<br />

(cf. a alínea d) de 1.19), ponto para o qual se tem então Q−ÒEßHÓe<br />

portanto, por 1.25, lEHl œ lEQl lQHl, donde lEQl œ lQHl.<br />

Û Û Û Û<br />

Uma vez que os ângulos ÖQFßQE× e ÖQGßQH× são verticalmente<br />

opostos, e portanto com a mesma amplitude, podemos utilizar o axioma LAL<br />

(cf. 4.13) para garantir que os triângulos ÐEßQßFÑ e ÐHßQßGÑ são<br />

congruentes, e portanto que<br />

w Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐF Ñ œ . ÐÖFEß FG×Ñ œ . ÐÖFEß FQ×Ñ œ . ÐÖGHß GQ×Ñ.<br />

Û<br />

Notemos , a recta EG , , œ GE e , a semirrecta oposta. Notemos + a<br />

Û<br />

recta FG e + œ GF. O ângulo externo considerado é assim Ö+ ß , ×<br />

. Uma<br />

Û Û Û Û<br />

vez que Q−,+ , vem EQ§,+ , em particular H−,+ e tem-se HÂ, ,<br />

uma vez que, por ser QÂ, , EQ,œÖE× . Por outro lado, por ser<br />

Û Û<br />

E−+Eœ+, e EÂ+ , H vai pertencer ao semiplano oposto, portanto<br />

Û Û Û<br />

H−+, e HÂ+ . Tem-se assim H−,+ +, œnÖ+ ß, ×<br />

. Podemos<br />

agora aplicar o axioma b) em 3.17 para garantir que<br />

w Û Û Û<br />

. ÐF Ñœ . ÐÖGHßGQ×Ñœ. ÐÖGHß+ ×Ñ. ÐÖ+ ß, ×Ñ.<br />

<br />

w w<br />

4.20 (Corolário) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo. Então . ÐF Ñ . ÐG Ñ #.<br />

Dem: Pelo resultado precedente, . é menor que a amplitude dos ângulos<br />

w<br />

ÐF Ñ<br />

externos de vértice G , as quais são iguais a #. ÐG Ñ.<br />

w<br />

<br />

4.21 (Lema) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo. Existe então um triângulo<br />

w w w w w w w w w<br />

ÐE ßF ßG Ñ tal que . ÐE Ñ. ÐF Ñ. ÐG Ñ œ . ÐE Ñ. ÐF Ñ. ÐG Ñ e<br />

w " w<br />

. ÐE Ñ Ÿ # . ÐE Ñ.<br />

Dem: Como na demonstração de 4.19, seja Q−ÒFßGÓo<br />

ponto médio do<br />

Û<br />

par ÐFß GÑ e consideremos na semirrecta EQ o ponto H definido pela<br />

condição de se ter lEHl œ #lEQl,<br />

ponto para o qual se tem então<br />

Q − ÒEß HÓ e portanto lEHl œ lEQl lQHl, donde lEQl œ lQHl.<br />

A<br />

B<br />

M<br />

Û Û Û<br />

Û<br />

Uma vez que os ângulos ÖQFßQE× e ÖQGßQH× são verticalmente<br />

C<br />

– 44–<br />

D


opostos, e portanto com a mesma amplitude, podemos utilizar o axioma LAL<br />

(cf. 4.13) para garantir que os triângulos ÐEßQßFÑ e ÐHßQßGÑ são<br />

congruentes, e portanto que<br />

w Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐFÑœ. ÐÖFEßFG×Ñœ. ÐÖFEßFQ×Ñœ. ÐÖGHßGQ×Ñ,<br />

Û Û Û Û Û Û w<br />

. ÐÖEFßEQ×Ñœ. ÐÖHGßHQ×Ñœ. ÐÖHGßHE×Ñœ. ÐHÑ. Tendo em conta a convexidade dos sectores angulares, tem-se<br />

Û Û Û Û<br />

Q−nÖEFßEG× e Q−nÖGEßGH× e Q não pertence a nenhuma das<br />

rectas EF, EG e GH pelo que, aplicando o axioma b) em 3.17,<br />

w Û Û Û Û w Û Û<br />

. ÐE Ñ œ . ÐÖEFß EQ×Ñ . ÐÖEQß EG×Ñ œ . ÐH Ñ . ÐÖEHß EG×Ñ,<br />

Û Û Û Û Û Û w w<br />

. ÐÖGEßGH×Ñœ . ÐÖGEßGQ×Ñ . ÐÖGHßGQ×Ñ œ . ÐG Ñ . ÐF Ñ.<br />

w " w<br />

<strong>Da</strong> primeira igualdade resulta que ou . ÐH Ñ # . ÐE Ñ ou<br />

Û Û " w<br />

. ÐÖEQß EG×Ñ # . ÐE Ñ.<br />

Além disso, obtemos<br />

w w w w Û Û Û Û<br />

. ÐEÑ. ÐFÑ. ÐG Ñœ. ÐHÑ. ÐÖEHßEG×Ñ. ÐÖGEßGH×Ñ,<br />

w w w<br />

pelo que basta tomarmos para ÐE ßFßG Ñ no primeiro caso o triângulo<br />

ÐHßGßEÑe no segundo caso o triângulo ÐEßGßHÑ.<br />

<br />

4.22 (A soma dos ângulos internos pobre) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo.<br />

w w w<br />

Tem-se então . ÐE Ñ . ÐF Ñ . ÐG Ñ Ÿ 2.<br />

Dem: Suponhamos que isso não acontecia. Tinha-se então, para um certo<br />

w w w<br />

$ ! , . ÐE Ñ . ÐF Ñ . ÐG Ñ œ # $ . Tendo em conta o lema<br />

precedente, podemos construir recursivamente triângulos ÐE8ßF8ßG8 Ñ,<br />

com<br />

ÐE" ßF" ßG" ÑœÐEßFßGÑ,<br />

w w w<br />

. ÐE8Ñ. ÐF8Ñ. ÐG8Ñœ # $<br />

w " w w<br />

e . ÐE8ÑŸ# . ÐE Ñ 8 . ÐE8Ñ$ 8 . Podemos assim escolher tal que , donde<br />

w w w w w<br />

#$ œ . ÐE8Ñ. ÐF8Ñ. ÐG8Ñ . ÐF8Ñ. ÐG8 Ñ$<br />

,<br />

w w<br />

portanto . ÐF8Ñ. ÐG8Ñ # , o que é absurdo, tendo em conta o corolário<br />

4.20. <br />

4.23 (Corolário) Se ÐEßFßGÑ é um triângulo, então pelo menos dois dos<br />

w w w<br />

ângulos internos E , F e G são agudos.<br />

Dem: Se isso não acontecesse, dois dos ângulos tinham amplitude maior ou<br />

igual a " , pelo que a soma das suas duas amplitudes seria maior ou igual a # e<br />

portanto a soma das três amplitudes seria maior que # .<br />

<br />

4.24 (Teorema melhorado do ângulo externo) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo.<br />

Tem-se então que a amplitude dos ângulos externos de vértice G é maior ou<br />

w w<br />

igual a . ÐE Ñ . ÐF Ñ (a soma dos ângulos internos não adjacentes).<br />

– 45–


w w w<br />

Dem: Tendo em conta 4.22 , tem-se . ÐE Ñ . ÐF Ñ Ÿ # . ÐG Ñ pelo que<br />

tudo o que temos que reparar é que #. ÐGÑ é precisamente a amplitude<br />

w<br />

dos ângulos externos de vértice G. <br />

4.25 (Maior lado e maior ângulo) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo. Tem-se então<br />

w w<br />

que lEFl lEGl se, e só se, . ÐG Ñ . ÐF Ñ (a um lado maior opõe-se um<br />

ângulo maior e reciprocamente).<br />

Dem: Suponhamos que lEFl lEGl. Tendo em conta a alínea d) de 1.19,<br />

podemos considerar H − ÒEß FÓ, distinto de E e de F, tal que lEFl œ lEGl.<br />

B<br />

D<br />

Considerando agora o triângulo ÐEßHßGÑ, resulta de 4.16 que<br />

Û Û Û Û<br />

. ÐÖHEß HG×Ñ œ . ÐÖGEß GH×Ñ.<br />

Û Û Û Û<br />

Uma vez que HE e HF são semirrectas opostas de origem H, ÖHEß HG× é<br />

um dos ângulos externos de vértice H do triângulo ÐFßHßGÑ, resulta de 4.19<br />

que<br />

w Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐF Ñ œ . ÐÖFHß FG×Ñ . ÐÖHEß HG×Ñ œ . ÐÖGEß GH×Ñ.<br />

Por outro lado, a convexidade dos sectores angulares garante que<br />

Û Û<br />

H−nÖGEßGF× e portanto, como Fnão pertence às rectas GFe GEe<br />

os<br />

sectores angulares são cónicos relativamente ao respectivo vértice,<br />

concluímos do axioma b) em 3.17 que<br />

Û Û Û Û w<br />

. ÐÖGEß GH×Ñ . ÐÖGEß GF×Ñ œ . ÐG Ñ,<br />

w w<br />

pelo que temos efectivamente . ÐF Ñ . ÐG Ñ.<br />

w w<br />

Suponhamos, reciprocamente, que . ÐF Ñ . ÐG Ñ.<br />

Então não pode ser<br />

lEFl lEGl, porque então, aplicando o anterior ao triângulo ÐEß Gß FÑ,<br />

w w<br />

vinha . ÐG Ñ . ÐF Ñ, nem pode ser lEFl œ lEGl, porque então, por 4.16,<br />

w w<br />

vinha . ÐG Ñ œ . ÐF Ñ. Concluímos assim que lEFl lEGl. <br />

A<br />

– 46–<br />

C


4.26 (A perpendicular a uma recta num dos seus pontos) Sejam ! um plano,<br />

œ = , e portanto > œ = .<br />

<br />

4.27 (Um primeiro lugar geométrico) Sejam ! um plano e EÁF em ! .<br />

Tem-se então que o conjunto dos pontos \−! tais que l\Elœl\Flé<br />

a<br />

recta = do plano ! perpendicular a < œ EF que contém o ponto médio Q do<br />

par ÐEß FÑ (cf. 1.26).<br />

Dem: Comecemos por lembrar que, como se viu em 1.26, Q é o único ponto<br />

de \ − < tal que l\El œ l\Fl e que Q − ÒEß FÓ . Suponhamos agora \ − =<br />

é tal que \ÁQ , e portanto \Â< .<br />

X<br />

A B<br />

M<br />

Podemos então considerar os triângulos ÐEßQß\Ñ e ÐFßQß\Ñ,<br />

para os<br />

Û Û Û Û<br />

quais se tem . ÐÖQEßQ\×Ñœ " œ . ÐÖQ\ßQF×Ñ, lQElœ lQFl e<br />

lQ\l œ lQ\l pelo que, pelo axioma LAL,<br />

aqueles triângulos são<br />

congruentes, e portanto l\El œ l\Fl.<br />

Suponhamos, reciprocamente, que \− ! é tal que \ÁQe l\Elœl\Fl,<br />

e portanto \Â< . Podemos então aplicar 4.16 ao triângulo ÐEßFß\Ñpara<br />

garantir que<br />

Û Û Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖEQßE\×Ñœ. ÐÖEFßE\×Ñœ. ÐÖFEßF\×Ñœ. ÐÖFQßF\×Ñ<br />

– 47–<br />

r


e daqui deduzimos, pelo axioma LAL, que os triângulos ÐEßQß\Ñ e<br />

Û Û Û Û<br />

ÐFß Qß \Ñ são congruentes, e portanto . ÐÖQEß Q\×Ñ œ . ÐÖQ\ß QF×Ñ.<br />

Û Û Û Û<br />

Uma vez que ÖQEßQ\× e ÖQ\ßQF× são ângulos adjacentes, e portanto<br />

Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖQEßQ\×Ñ. ÐÖQ\ßQF×Ñœ # , segue-se que . ÐÖQEßQ\×Ñœ " ,<br />

e portanto Q\ é a recta = , em particular \ − = .<br />

<br />

4.28 (Perpendicular por um ponto exterior) Sejam < uma recta e \ Â < .<br />

Existe então um, e um só, ponto E−< tal que a recta \Eseja<br />

perpendicular<br />

à recta < (dizemos que E é o pé da perpendicular de \ para < ).<br />

Dem: Comecemos por provar a unicidade, para o que supomos que existiam<br />

E Á F em < tais que as rectas \E e \F fossem ambas perpendiculares a < .<br />

w w<br />

Considerando o triângulo ÐEß\ßFÑ, vinha assim . ÐE Ñœ . ÐF Ñœ" , em<br />

particular, a amplitude dos ângulos externos em F também era " , o que<br />

contrariava o facto de essa amplitude dever ser maior que " , por 4.19.<br />

Passemos agora à prova da existência.<br />

O<br />

Seja ! o plano que contém < e \ e fixemos um ponto S − < , podendo já<br />

supor-se que a recta \S não é perpendicular a < , sem o que se tomava<br />

EœS . Seja < uma das semirrectas de < de origem S.<br />

Tendo em conta o<br />

axioma a) em 3.17 , notando ! o semiplano de ! de bordo < que contém \ e<br />

! o semiplano oposto, existe uma semirrecta = de origem S,<br />

contida em<br />

!, com =Á< , tal que<br />

. . Û<br />

ÐÖ= ß < ×Ñœ ÐÖS\ß < ×Ñ.<br />

Tendo em conta a alínea d) em 1.19 , podemos considerar ]−=tal<br />

que<br />

lS\l œ lS] l . Uma vez que \ß ] não pertencem a < e estão em semiplanos<br />

Û Û<br />

opostos de ! com bordo < , existe E − Ò\ß ] Ó < . Vem que E\ e E] são<br />

semirrectas opostas da recta \] e daqui resulta, em particular, que E Á S,<br />

Û Û<br />

sem o que ÖS\ß< × e ÖS]ß< × œ Ö= ß< ×<br />

eram ângulos adjacentes com a<br />

mesma amplitude, portanto de amplitude " , contrariando a hipótese de \S<br />

não ser perpendicular a < . Podemos agora considerar os triângulos ÐSßEß\Ñ<br />

– 48–<br />

X<br />

A<br />

Y<br />

s +<br />

r


e ÐSßEß]Ñ, para os quais se tem lS\lœlS]le lSElœlSEle<br />

os ângulos<br />

Û Û Û Û<br />

ÖS\ß SE× e ÖS] ß SE× têm a mesma amplitude, uma vez que eles são<br />

Û Û Û<br />

ÖS\ß< × e ÖS]ß< × œ Ö= ß< × , se SE œ < ,<br />

ou adjacentes destes<br />

Û<br />

ângulos, se SE œ < .<br />

Podemos assim aplicar o axioma LAL para garantir<br />

que os triângulos ÐSßEß\Ñe ÐSßEß]Ñ são congruentes, e portanto que os<br />

Û Û Û Û<br />

ângulos ÖE\ß ES× e ÖE] ß ES× , têm a mesma amplitude. Uma vez que<br />

estes ângulos são adjacentes, e portanto com a soma das amplitudes igual a # ,<br />

concluímos que . , e portanto a recta é perpendicular à<br />

Û Û<br />

ÐÖE\ß ES×Ñ œ " \E<br />

recta < .<br />

<br />

4.29 (O pé está próximo) Sejam < uma recta, \ Â < e E − < o pé da<br />

perpendicular de \ para < . Para cada F − < , com F Á E,<br />

tem-se então<br />

l\Fl l\El (o pé da perpendicular é o ponto de < mais próximo de \ ).<br />

Dem: Considerando o triângulo Ð\ßFßEÑ , o facto de \Eser<br />

perpendicular<br />

w w<br />

a


O facto de se ter lEFl lEGl com F e G na mesma semirrecta de origem<br />

E, implica, pela alínea d) de 1.19,<br />

que G − ÒEßFÓ, com G diferente de E e<br />

Û Û<br />

de F. Aplicando 4.23 ao triângulo ÐEßGß\Ñ, onde . ( ÖEG, E\×Ñ œ " ,<br />

concluímos que . ( , e portanto, para o ângulo adjacente,<br />

Û Û<br />

ÖGE G\×Ñ "<br />

. Û Û<br />

( ÖGF, G\×Ñ " . Mais uma vez por 4.23,<br />

aplicado agora ao triângulo<br />

Û Û<br />

Û Û<br />

ÐGßFß\Ñ, concluímos que . ( ÖFG, F\×Ñ". ( ÖGFG\×Ñ , e daqui<br />

deduzimos, por 4.25, que l\Fl l\Gl,<br />

como queríamos.<br />

Aplicando o que acabamos de mostrar com os papéis de F e G trocados<br />

vemos que, se lEFl lEGl, então l\Fl l\Gl.<br />

Uma das coisas estabelecidas atrás diz-nos que, se lEFl lEGl,<br />

então<br />

l\Fl l\Gl. Reciprocamente, se l\Fl l\Gl,<br />

não pode ser<br />

lEFl lEGl, sem o que l\Fl l\Gl, nem lEFl œ lEGl,<br />

sem o que<br />

l\Fl œ l\Gl, e portanto tem que ser lEFl lEGl.<br />

Do mesmo modo, se l\Fl œ l\Gl, não pode ser lEFl lEGl,<br />

sem o que<br />

l\Fl l\Gl, nem pode ser lEFl lEGl, sem o que l\Fl l\Gl,<br />

e<br />

portanto lEFl œ lEGl. <br />

4.32 (Onde está o pé) Sejam < uma recta, \ Â < e E − < o pé da perpendicular<br />

de \ para < . <strong>Da</strong>do S − < , com S Á E , existe uma, e uma só, semirrecta <<br />

Û<br />

de < de origem S tal que o ângulo ÖS\ß< × seja agudo e tem-se então<br />

E−


dois triângulos são congruentes.<br />

C<br />

A B<br />

– 51–<br />

C'<br />

A' B'<br />

Dem: Tendo em conta 4.23,<br />

podemos já supor, se necessario fazendo uma<br />

w w<br />

mesma permutação nos vértices dos triângulos, que os ângulos E e F são<br />

ambos agudos. Sejam ! o plano que contém os pontos Eß Fß G, ! o<br />

semiplano de ! de bordo EF que contém G e ! o outro semiplano de !<br />

com o mesmo bordo. Tendo em conta o axioma a) em 3.17,<br />

podemos<br />

considerar a única semirrecta = de ! de origem E , com = Á EF,<br />

tal que<br />

Û Ûw w Ûw<br />

w . ÐÖEFß = ×Ñ<br />

œ . ÐÖE F ß E G ×Ñ.<br />

Tendo em conta a propriedade d) em<br />

ww<br />

1.19, podemos considerar o único ponto G − = tal que<br />

ww w w lEG l œ lE G l œ lEGl.<br />

C<br />

A B<br />

C" s+<br />

C'<br />

A' B'<br />

Aplicando o axioma LAL,<br />

podemos agora concluir que os triângulos<br />

ww w w w<br />

ÐEßFßG Ñ e ÐE ßFßG Ñ são congruentes, em particular que se tem também<br />

ww w w ww<br />

lFG l œ lF G l œ lFGl. Uma vez que G e G são pontos distintos do plano<br />

! (por estarem em semiplanos distintos de bordo EF e não pertencerem a<br />

esta recta), o facto de tanto F como E serem equidistantes de G e Gww implica, por 4.27, que a recta EF é a perpendicular à recta GG que passa<br />

ww<br />

ww<br />

pelo ponto médio Q do par ÐGßG Ñ. Em particular Q é o pé da<br />

perpendicular de G para a recta EF e portanto, pelo facto de os ângulos E e<br />

w


w<br />

F serem agudos e tendo em conta 4.33,<br />

Q − ÒEßFÓ e Q é distinto de E e<br />

de F.<br />

Tendo em conta o facto de os sectores angulares serem convexos e<br />

Û Ûww cónicos relativamente <strong>aos</strong> respectivos vértices, concluímos que GQ œ GG<br />

Û Û<br />

está contida no sector angular nÖGEß GF× , sendo distinta das respectivas<br />

Ûww Ûww<br />

semirrectas bordo, e que G Q œ G G está contida no sector angular<br />

Ûww Û ww nÖG Eß G F× , sendo distinta das respectivas semirrectas bordo.<br />

C<br />

A B<br />

M<br />

C" s+<br />

– 52–<br />

C'<br />

A' B'<br />

Pelo axioma b) em 3.17,<br />

Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖGEßGF×Ñœ . ÐÖGEßGQ×Ñ . ÐÖGQßGF×Ñ,<br />

Ûww Ûww Ûww Ûww Ûww Ûww<br />

. ÐÖG Eß G F×Ñ œ . ÐÖG Eß G Q×Ñ . ÐÖG Qß G F×Ñ.<br />

ww ww<br />

Resulta de 4.16 que os triângulos ÐEßGßG Ñ e ÐFßGßG Ñ são isósceles em<br />

E e F,<br />

respectivamente, e portanto que<br />

Û Û Û Ûww Ûww Ûww Ûww Ûww<br />

. ÐÖGEßGQ×Ñœ. ÐÖGEßGG ×Ñœ. ÐÖG EßG G×Ñœ. ÐÖG EßG Q×Ñ<br />

Û Û Û Ûww Ûww Ûww Ûww Ûww<br />

. ÐÖGFßGQ×Ñœ. ÐÖGFßGG ×Ñœ. ÐÖG FßG G×Ñœ. ÐÖG FßG Q×Ñ<br />

C<br />

A B<br />

M<br />

C" s+<br />

C'<br />

A' B'


Û Û Ûww Ûww<br />

e portanto . ÐÖGEß GF×Ñ œ . ÐÖG Eß G F×Ñ.<br />

Mais uma vez pelo axioma<br />

LAL, vemos agora que o triângulo ÐEßFßGÑ é congruente ao triângulo<br />

ww w w w<br />

ÐEßFßG Ñ, e portanto também ao triângulo ÐEßFßG Ñ.<br />

<br />

w w w<br />

4.35 (O teorema LAA) Sejam ÐEßFßGÑe ÐEßFßG Ñ dois triângulos tais que<br />

w w w w w w<br />

lEFl œ lE F l, . ÐF Ñ œ . ÐF Ñ e . ÐG Ñ œ . ÐG Ñ.<br />

Tem-se então que os<br />

dois triângulos são congruentes. 9<br />

C<br />

A B<br />

– 53–<br />

C'<br />

A' B'<br />

Dem: Tendo em conta o teorema ALA (cf. 4.15),<br />

o resultado ficará provado<br />

w w<br />

se verificarmos que lFGl œ lF G l.<br />

Suponhamos que isso não acontecia. Se<br />

w w<br />

necessário trocando o papel dos triângulos, tinha-se assim lFGl lF G l<br />

w w<br />

pelo que, tendo em conta a alínea d) de 1.19, podemos escolher H−ÒFßGÓ,<br />

w w w<br />

com H diferente de F e de G , tal que lFGl œ lF Hl.<br />

C<br />

A B<br />

C'<br />

D<br />

A' B'<br />

w w<br />

Tendo em conta o axioma LAL, os triângulos ÐEßFßGÑ e ÐEßFßHÑ são<br />

congruentes, em particular<br />

Û w Û w Û Û Ûw w Ûw<br />

w<br />

. ÐÖHE ß HF ×Ñ œ . ÐÖGEß GF×Ñ œ . ÐÖG E ß G F ×Ñ.<br />

Û w Û w<br />

Mas isto é absurdo, tendo em conta 4.19, uma vez que ÖHE ß HF × é um dos<br />

w w<br />

ângulos externos de vértice H do triângulo ÐEßHßG Ñ,<br />

que tem o ângulo<br />

Ûw w Ûw w Ûw w Û w<br />

ÖG E ß G F × œ ÖG E ß G H× como um dos ângulos internos. <br />

9É claro que, se conhecêssemos o resultado que diz que a soma dos ângulo internos de<br />

qualquer triângulo é igual a # , este resultado podia ser deduzido simplesmente da igualw<br />

w<br />

dade . ÐF Ñ œ . ÐF Ñ, tendo em conta o teorema ALAÞ


4.36 (Nota) Repare-se que não devemos esperar a existência de um teorema<br />

w w w<br />

LLA, isto é, não é verdade que dados dois triângulos ÐEßFßGÑe ÐEßFßG Ñ<br />

w w w w w w<br />

tais que lEGl œ lE G l, lFGl œ lF G l e . ÐF Ñ œ . ÐF Ñ,<br />

os triângulos<br />

tenham que ser congruentes. Um contraexemplo pode ser o sugerido na figura<br />

a seguir.<br />

C<br />

A B<br />

Há, no entanto, casos particulares em que esta conclusão pode ser tirada.<br />

Limitamos-nos a examinar em seguida um desses casos particulares de<br />

utilização mais frequente.<br />

4.37 (Num triângulo rectângulo, aumentando os catetos, aumenta a hipote-<br />

w w w w w<br />

nusa) Sejam ÐEßFßGÑe ÐEßFßG Ñdois triângulos tais que lEFllEFl,<br />

w w w w<br />

w w<br />

lFGlŸlFGle . ÐFÑœ. ÐFÑœ" . Então lEGllEGl.<br />

C<br />

– 54–<br />

C'<br />

A'<br />

C'<br />

1 1<br />

A B A' B'<br />

Dem: Consideremos na semirrecta FG um ponto G tal que lFG l œ lF G l<br />

Û ww ww w w<br />

e na semirrecta FE um ponto E tal que lFE l œ lF E l.<br />

A"<br />

A<br />

1<br />

B'<br />

Û ww ww w w<br />

C=C"<br />

B<br />

A"<br />

A<br />

1<br />

C"<br />

C<br />

B


w w w ww ww<br />

Pelo axioma LAL, os triângulos ÐEßFG Ñ e ÐE ßFßG Ñ são congruentes,<br />

w w ww ww<br />

em particular lE G l œ lE G l.<br />

w w ww ww<br />

No caso em que lFGlœlFGlvem GœG e, uma vez que E−ÒEßFÓ, ww ww ww ww w w<br />

com EÁE , resulta de 4.31 que lEGllEGlœlEG lœlEGl.<br />

w w ww ww<br />

No caso em que lFGl lF G l, tem-se E − ÒE ß FÓ e G − ÒG ß FÓ,<br />

com<br />

ww ww<br />

EÁE e GÁG , pelo que, aplicando duas vezes 4.31,<br />

obtemos também<br />

ww ww ww w w<br />

lEGl lE Gl lE G l œ lE G l.<br />

<br />

4.38 (Corolário — Caso de congruência de triângulos rectângulos) Sejam<br />

w w w w w<br />

ÐEßFßGÑ e ÐEßFßG<br />

Ñ dois triângulos tais que lEGlœlEGl, w w w w<br />

lFGlœlFGle . ÐFÑœ. ÐFÑœ" . Tem-se então que estes triângulos são<br />

congruentes.<br />

A<br />

1<br />

w w<br />

C<br />

B<br />

Dem: Tem que ser lEFl œ lE F l visto que, pelo resultado precedente, se<br />

w w w w w w<br />

fosse lEFl lE F l, vinha lEGl lE G l, e, se fosse lEFl lE F l,<br />

vinha<br />

w w lEGl lE G l.O<br />

resultado é agora uma consequência do teorema LLL (cf.<br />

4.34). <br />

4.39 (Desigualdade triangular estrita) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo. Tem-se<br />

então que<br />

– 55–<br />

A'<br />

lEFl lEGl lGFl<br />

(qualquer lado 10 é menor que a soma dos outros dois).<br />

Dem: Podemos já supor que lEFl é maior que lEGl e lGFl,<br />

sem o que a<br />

desigualdade é trivial (uma das parcelas do segundo membro seria maior ou<br />

igual a lEFl e a outra seria maior que ! ). Podemos então considerar um<br />

ponto H − ÒEß FÓ, distinto de E e de F, tal que lHFl œ lGFl.<br />

Û Û Û Û<br />

Tendo em conta 4.16 , tem-se . ÐÖGHß GF×Ñ œ . ÐÖHGß HF×Ñ,<br />

em<br />

Û Û Û Û<br />

particular, por 4.23 , . ÐÖHGß HF×Ñ " . Uma vez que ÖHGß HE× é<br />

Û Û<br />

adjacente de ÖHGß HF× , e portanto a soma das respectivas amplitudes é # ,<br />

segue-se que . .<br />

Û Û<br />

ÐÖHGß HE×Ñ "<br />

10 Reparar que podemos aplicar o resultado a qualquer triângulo que se obtenha por<br />

permutação dos vértices.<br />

1<br />

C'<br />

B'


A B<br />

D<br />

Mais uma vez por 4.23,<br />

Û Û Û Û<br />

. ÐÖGHß GE×Ñ " . ÐÖHGß HE×Ñ,<br />

pelo que deduzimos de 4.25 que lEGl lEHl,<br />

donde, finalmente,<br />

lEFl œ lEHl lHFl œ lEHl lGFl lEGl lGFl. <br />

4.41 (Desigualdade triangular geral) Sejam Eß Fß G pontos arbitrários. Tem-se<br />

então sempre<br />

lEFl Ÿ lEGl lGFl,<br />

vindo lEFl œ lEGl lGFl se, e só se, G − ÒEß FÓ. 11<br />

Dem: No caso em que EœF,<br />

o resultado é trivial, uma vez que o primeiro<br />

membro é ! e o segundo é maior que 0, salvo no caso em que G œ E e<br />

GœF , caso em que esse segundo membro é também ! . No caso em que os<br />

três pontos são não colineares, eles definem um triângulo, pelo que temos<br />

uma consequência do resultado precedente, uma vez que não se pode ter<br />

evidentemente G−ÒEßFÓ. No caso em que EÁFmas<br />

os três pontos são<br />

colineares, temos uma consequência de 1.25.<br />

4.42 (Corolário) As diferentes funções<br />

distância .−Y definem métricas no<br />

conjunto X dos pontos do espaço, todas elas conformemente equivalentes<br />

entre si, e portanto definindo uma mesmo topologia de X (a topologia<br />

canónica de X).<br />

4.43 (Um segundo lugar geométrico) Sejam ! um plano e < e = duas semirrectas<br />

de origem S , com rectas associadas distintas < e = , e consideremos o<br />

sector angular corrrespondente nÖ< ß = ×<br />

. Tem-se então que o conjunto dos<br />

pontos \−nÖ< ß= × tais que l\ <br />

de ! de origem S , nomeadamente a única semirrecta > de ! de origem S,<br />

contida no semiplano Á < para a qual se tem<br />

<br />

11 Lembrar que, se , define-se , embora este conjunto não seja consi-<br />

E œ F ÒEß FÓ œ ÖE×<br />

derado um segmento de recta.<br />

– 56–<br />

C


"<br />

. ÐÖ< ß> ×Ñ œ . ÐÖ< ß= ×Ñ.<br />

#<br />

Dizemos que > é a bissectriz do ângulo Ö< ß= ×<br />

.<br />

Dem: A existência e unicidade de uma semirrecta > nas condições do<br />

enunciado é uma consequência do axioma a) em 3.17, resultando de 3.18 que<br />

se tem > § nÖ< ß= × e, evidentemente, > diferente de < e de = .<br />

Observemos também que, pelo axioma b) em 3.17,<br />

tem-se<br />

. ÐÖ< ß = ×Ñœ. ÐÖ< ß > ×Ñ. ÐÖ> ß = ×Ñ,<br />

donde também<br />

"<br />

. ÐÖ> ß = ×Ñœ . ÐÖ< ß = ×Ñœ. ÐÖ< ß > ×Ñ,<br />

#<br />

em particular . ÐÖ> ß = ×Ñœ. ÐÖ< ß > ×Ñ<br />

" .<br />

Suponhamos que \−> .<br />

Se \œS, tem-se l\ ß = ×Ñ œ . ÐÖ< ß > ×Ñ œ . ÐÖSEß S\×Ñ<br />

Û Û Û Û<br />

. ÐÖFSß F\×Ñ œ " œ . ÐÖESß E\×Ñß<br />

– 57–<br />

A<br />

X<br />

r<br />

+<br />

,<br />

deduzimos do teorema LAA (cf. 4.35) que os triângulos ÐSß\ßFÑ e<br />

ÐSß\ßEÑ são congruentes, em particular<br />

l\


e = , respectivamente.<br />

O nosso primeiro problema é mostrar que, como antes, tem-se forçosamente<br />

E−< ÏÖS× e F−= ÏÖS× . Suponhamos que isso não acontecia, por<br />

exemplo que F−=.<br />

s +<br />

O<br />

B<br />

Y<br />

s -<br />

X<br />

A r<br />

+<br />

Uma vez que \−


Û Û<br />

. ÐÖ< ß= ×Ñ œ . ÐÖ< ßS\×Ñ. ÐÖ= ßS\×Ñ<br />

,<br />

Û "<br />

concluímos que . ÐÖ< ßS\×Ñ œ # . ÐÖ< ß = ×Ñ œ . ÐÖ< ß > ×Ñ<br />

donde, pelo<br />

Û<br />

axioma a) em 3.17, S\ œ > , portanto \ − > , como queríamos.<br />

<br />

4.43 (Euclides I-21) Sejam ÐEßFßGÑ um triângulo e \ −ÒEßFßGÓ tal que<br />

\ÁE e \ÂÒFßGÓ.<br />

Tem-se então<br />

l\Fl l\Gl lEFl lEGl,<br />

Û Û Û Û<br />

. ÐÖ\Fß \G×Ñ . ÐÖEFß EG×Ñ.<br />

Dem: a) Comecemos por examinar o caso especial em que \ pertence a um<br />

dos segmentos ÒEß FÓ ou ÒEß GÓ , podendo já supor-se que \ − ÒEß FÓ,<br />

se<br />

necessário substituindo o triângulo ÐEßFßGÑ pelo triângulo ÐEßGßFÑ.<br />

Tendo em conta a desigualde triangular em 4.39,<br />

vem<br />

l\Fl l\Gl l\Fl lE\l lEGl œ lEFl lEGl<br />

A<br />

X<br />

B<br />

Û Û<br />

e, tendo em conta o facto de Ö\Fß \G× ser um dos ângulos externos de<br />

vértice \ do triângulo ÐEßGß\Ñ, deduzimos de 4.19 que<br />

Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖ\Fß\G×Ñ. ÐÖE\ßEG×Ñœ. ÐÖEFßEG×Ñ.<br />

b) Passemos ao caso em que \ não pertence a nenhum dos segmentos ÒEßFÓ<br />

e ÒEß GÓ.<br />

A<br />

Y<br />

B<br />

Tendo em conta 4.6, a recta G\ intersecta o lado ÒEßFÓ num ponto ]<br />

distinto de E e de F e vem \ − ÒGß]Ó , com \ distinto de G e de ]<br />

.<br />

X<br />

– 59–<br />

C<br />

C


Aplicando o que já verificámos em a), ao ponto ] , vemos que, pela<br />

desigualdade triangular,<br />

l\Fl l\Gl l\] l l] Fl l\Gl œ l] Gl l] Fl lEFl lEGl<br />

Û Û<br />

e que, pelo facto de Ö\Fß \G× ser um dos ângulos externos de vértice \ do<br />

triângulo Ð]ßFß\Ñ,<br />

Û Û Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖ\Fß\G×Ñ. ÐÖ]\ß]F×Ñœ. ÐÖ]Gß]F×Ñ. ÐÖEFßEG×Ñ,<br />

como queríamos. <br />

4.45 (Euclides I-24 — Quem abre as pernas, mesmo se coxo, afasta os pés)<br />

ww ww ww ww ww<br />

Sejam ÐEßFßGÑ e ÐE ßF ßG Ñ dois triângulos tais que lEFlœlEF l,<br />

ww ww Û Û Ûww ww Ûww<br />

ww<br />

lEGl œ lE G l e . ÐÖEFß EG×Ñ . ÐÖE F ß E G ×Ñ.<br />

Tem-se então<br />

ww ww lFGl lF G l.<br />

Dem: Consideremos no semiplano de bordo EG que contém F uma<br />

semirrecta < de origem E , com recta < distinta de EG,<br />

tal que<br />

<br />

Û Ûww ww Ûww<br />

ww Û Û<br />

. ÐÖ< ß EG×Ñ œ . ÐÖE F ß E G ×Ñ . ÐÖEFß EG×Ñ<br />

<br />

(cf. o axioma a) em 3.17) e, nessa semirrecta, um ponto F tal que lEF l œ<br />

ww ww w<br />

lE F l œ lEFl. Pelo axioma LAL (cf. 4.13),<br />

os triângulos ÐEß F ß GÑ e<br />

ww ww ww w ww ww<br />

ÐE ßF ßG Ñsão congruentes, em particular lFGlœlF G l.<br />

Û w Û Û<br />

w<br />

Tendo em conta 3.18, tem-se EF § nÖEFß EG× , com a recta EF distinta<br />

da recta EF, além de como já dissémos, distinta da recta EG.<br />

Examinemos<br />

agora o que se passa em cada uma das três possibilidades sobre a posição de<br />

Fw , ilustradas nas figuras seguintes.<br />

A<br />

B<br />

A<br />

B'<br />

B<br />

C<br />

– 60–<br />

A<br />

B'<br />

B<br />

B'<br />

X<br />

C<br />

w w<br />

C


w a) F pertence à recta FG.<br />

Tendo em conta a alínea b) de 3.9,<br />

tem-se<br />

w w w<br />

F − ÒFß GÓ, com F distinto de F e de G, donde lF Gl lFGl,<br />

portanto<br />

ww ww w lF G l œ lF Gl lFGl.<br />

w b) F não pertence à recta FG e pertence ao semiplano, tendo esta recta<br />

como bordo, oposto àquele que contém E. Neste caso o segmento ÒEßF Ó w<br />

intersecta a recta FG num ponto \ que, pela alínea b) de 3.9,<br />

pertence a<br />

ÒFß GÓ e é distinto de F e de G.<br />

Tendo em conta o facto de os sectores<br />

angulares serem convexos e cónicos relativamente <strong>aos</strong> respectivos vértices,<br />

Û Û Û Ûw Û Ûw<br />

Concluímos que F\ œ FG § nÖFEßFF × , sendo distinta de FE e FF , e<br />

Ûw Ûw Ûw Ûw Ûw Ûw<br />

que F\œFE§nÖFFßFG× , sendo distinta de FF e FG,<br />

de onde<br />

resulta, tendo em conta o axioma b) em 3.17,<br />

que<br />

Ûw Û Ûw<br />

Û<br />

. ÐÖFF ß FG×Ñ . ÐÖFF ß FE×Ñ<br />

Ûw Ûw Ûw Ûw<br />

. ÐÖF Fß F E×Ñ . ÐÖF Fß F G×Ñ<br />

w e portanto, uma vez que, por ser lEF l œ lEFl,<br />

tem-se, tendo em conta 4.16,<br />

Ûw Û Ûw Ûw<br />

. ÐÖFFßFE×Ñœ. ÐÖFFßFE×Ñ,<br />

deduzimos que<br />

Ûw Û Ûw Ûw<br />

. ÐÖFF ß FG×Ñ . ÐÖF Fß F G×Ñ.<br />

– 61–<br />

ww ww w<br />

Aplicando enfim 4.25, deduzimos que lF G l œ lF Gl lFGl,<br />

também<br />

neste caso.<br />

w c) F não pertence à recta FG e pertence ao semiplano, tendo esta recta<br />

como bordo, que contém E. Por outras palavras, F pertence ao segmento<br />

w<br />

triangular ÒEßFßGÓ e não pertence a nenhum dos lados do triângulo<br />

ÐEßFßGÑ. Tendo em conta 4.8 e 3.24,<br />

tem-se<br />

Ûw Ûw Ûw Ûw Ûw Ûw<br />

. ÐÖFEßFF×Ñ. ÐÖFFßFG×Ñ. ÐÖFGßFE×Ñœ%<br />

e daqui resulta, uma vez que a amplitude de um ângulo é sempre menor que<br />

#, que<br />

Ûw Ûw Ûw Ûw<br />

. ÐÖF Eß F F×Ñ . ÐÖF Fß F G×Ñ # .<br />

Por outro lado, pelo axioma b) em 3.17,<br />

tem-se<br />

Û Ûw Ûw Û Û Û<br />

. ÐÖFEßFF ×Ñ . ÐÖFF ß FG×Ñ œ . ÐÖFEßFG×Ñ #<br />

e portanto<br />

Û Ûw Ûw Û Ûw Ûw Ûw Ûw<br />

. ÐÖFEßFF×Ñ. ÐÖFFßFG×Ñ. ÐÖFEßFF×Ñ. ÐÖFFßFG×Ñ.<br />

w Û Ûw Ûw Ûw<br />

Uma vez que lEF l œ lEFl, donde, . ÐÖFEß FF ×Ñ œ . ÐÖF Eß F F×Ñ,<br />

por<br />

Ûw Û Ûw Ûw<br />

4.16, deduzimos que . ÐÖFFßFG×Ñ. ÐÖFFßFG×Ñe<br />

portanto, por 4.25,<br />

ww ww w lF G l œ lF Gl lFGl,<br />

também neste caso.


Vamos agora utilizar resultados sobre a geometria do triângulo para obter<br />

um resultado cuja natureza ultrapassa o âmbito da <strong>Geometria</strong> Plana,<br />

nomeadamente a possibilidade de definir o ângulo de dois semiplanos<br />

com a mesma recta como bordo. Começamos com um lema ainda da <strong>Geometria</strong><br />

Plana.<br />

4.46 (Lema) Sejam ! um plano,


4.47 Sejam < uma recta e ! e " dois semiplanos de bordo < , cujos planos<br />

continentes ! e " sejam distintos. Sejam TßU −< com T Á U , sejam = e<br />

> a semirrectas de ! contidas em ! ,<br />

de origens T e U respectivamente,<br />

cujas rectas continentes = e > são ortogonais a < (cf. 4.26 e 2.12) e sejam ? e<br />

@ a semirrectas de " contidas em " ,<br />

de origens T e U respectivamente,<br />

cujas rectas continentes ? e @ são ortogonais a < . Tem-se então<br />

. ÐÖ= ß ? ×Ñœ. ÐÖ> ß@ ×Ñ.<br />

Dem: Fixemos pontos arbirários E−= , com EÁT , e \−? ,<br />

com<br />

\ÁT . Consideremos as semirrectas > e @ de origem U opostas de > e<br />

@, que estão assim contidas nos semiplanos ! e " , opostos de ! e de<br />

", e sejam F − > e ] − @ tais que lUFl œ lT El e lU] l œ lT \l.<br />

Tendo<br />

em conta 4.46, o ponto médio Q do par ÐTßUÑ é simultaneamente o ponto<br />

médio dos pares ÐEß FÑ e Ð\ß ] Ñ.<br />

Û Û Û Û<br />

Uma vez que os ângulos ÖQ\ßQE× e ÖQ]ßQF× são verticalmente<br />

Û Û Û Û<br />

opostos, tem-se . ÐÖQ\ßQE×Ñœ . ÐÖQ]ßQF×Ñ. De se ter lQElœ lQFl e lQ\l œ lQ] l deduzimos assim, do axioma 4.13,<br />

que os triângulos<br />

ÐQßEß\Ñ e ÐQßFß]Ñ são congruentes, e portanto lE\lœlF]l.<br />

Pelo<br />

teorema LLL ( 4.34), os triângulos ÐEßTß\Ñ e ÐFßUß]Ñ<br />

são congruentes.<br />

– 63–


Û Û<br />

Resulta daqui, reparando que os ângulos ÖUFß U] × e Ö> ß@ ×<br />

são<br />

verticalmente opostos, que<br />

Û Û Û Û<br />

. ÐÖ= ß? ×Ñœ. ÐÖTEßT\×Ñœ. ÐÖUFßU]×Ñœ. ÐÖ> ß@ ×Ñ<br />

,<br />

como queríamos. <br />

4.48 Nas condições precedentes, define-se a amplitude do ângulo dos dois<br />

semiplanos ! e " , notada . ÐÖ! ß " ×Ñ, como sendo o valor . ÐÖ= ß ? ×Ñ<br />

correspondente à escolha de um ponto arbitrário T de < e das<br />

correspondentes semirrectas = e ? ,<br />

valor esse que o resultado precedente<br />

garante não depender de T .<br />

5. Isometrias e Aplicações.<br />

5.1 Seja V § X um conjunto. Diz-se que uma aplicação FÀV Ä X é isométrica<br />

se, quaisquer que sejam Eß F − V, lFÐEÑFÐFÑl œ lEFl.<br />

5.2 Se FÀVÄ X é uma aplicação isométrica, então Fé<br />

injectiva e, sendo<br />

"<br />

W œ FÐVÑ, F ÀW Ä X também é uma aplicação isométrica.<br />

Dem: Se FÐEÑ œ FÐFÑ, vem lEFl œ lFÐEÑFÐFÑl œ ! , donde E œ F.<br />

Para<br />

" " " " GßH − W, vem lF ÐGÑF ÐHÑlœ lFÐF ÐGÑÑFÐF ÐHÑÑlœlGHl. <br />

w w<br />

5.3 Se FÀVÄ X é uma aplicação isométrica e V§ V, então 0ÎVÀVÄ Xé<br />

w<br />

trivialmente também uma aplicação isométrica.<br />

5.4 (Aplicações isométricas numa recta) Seja


tem-se F−ÒEß\Óportanto<br />

lFÐEÑFÐ\Ñl œ lEß \l œ lEFl lF\l œ lFÐEÑFÐFÑllFÐFÑFÐ\Ñl donde FÐFÑ − ÒFÐEÑFÐ\ÑÓ, em particular FÐ\Ñ<br />

− = . Em qualquer dos<br />

casos tem-se portanto FÐ\Ñ − = .<br />

2) Vamos agora mostrar que se tem mesmo FÐ


1) Comecemos por mostrar que se tem F! Ð Ñ § " , ou seja, que, se \ − ! ,<br />

então F Ð\Ñ − " . Isso é trivial no caso em que \ − < . Vejamos o que sucede<br />

se \−! Ï< . Tem-se então que o segmento ÒEß\Ó intersecta < num ponto<br />

T, em particular a recta ET contém o ponto \ e portanto, mais uma vez por<br />

5.4, FÐET Ñ é uma recta que contém o ponto FÐ\Ñ.<br />

Mas, uma vez que<br />

FÐET Ñ contém os pontos distintos FÐEÑ e F ÐT Ñ em " , ela está contida em<br />

" , em particular F Ð\Ñ − " . Resta-nos examinar o que se passa no caso em<br />

que \−! Ï< . Para isso, tomamos F−! Ï< e, uma vez que já sabemos<br />

que F ÐFÑ − " , repetimos o raciocínio anterior: O segmento ÒFß \Ó intersecta<br />

< num ponto U, em particular a recta FU contém o ponto \ e portanto<br />

FÐFUÑ é uma recta que contém o ponto FÐ\Ñ<br />

e que contém os pontos<br />

distintos FÐFÑ e F ÐUÑ em " , pelo que está contida em " , em particular<br />

F Ð\Ñ − " .<br />

2) Vamos agora mostrar que se tem mesmo F! Ð Ñ œ " , isto é, que, para cada<br />

]− " , existe \−! tal que FÐ\Ñœ]<br />

. Isso é trivial no caso em que ]<br />

pertence à recta =œF Ð


Dem: FÐ


5.12 (A inversão relativamente a um ponto) Seja S−X um ponto fixado.<br />

Definimos então uma aplicação 38@SÀ X Ä X,<br />

a que daremos o nome de<br />

inversão relativamente a S, do seguinte modo: 38@SÐSÑ œ S;<br />

para cada<br />

Û<br />

T ÁS , consideramos a recta Ñ estão em semirrectas opostas de < de origem S e são tais que<br />

" " "<br />

.Ð0 Ð>ÑßSÑ œ .Ð0 Ð>Ñß0 Ð!ÑÑ œ l> !l œ l> !l œ<br />

" " "<br />

œ .Ð0 Ð>Ñß 0 Ð!ÑÑ œ .Ð0 Ð>Ñß SÑ,<br />

" "<br />

o que mostra que 38@SÐ0 Ð>ÑÑ œ 0 Ð>Ñ,<br />

igualdade que é trivialmente<br />

também verificada para >œ! . Vem então<br />

" "<br />

0Ð38@SÐTÑÑœ0Ð38@SÐ0Ð0ÐTÑÑÑÑœ0Ð0 Ð0ÐTÑÑÑœ0ÐTÑ e, do mesmo modo 0Ð38@SÐUÑÑœ0ÐUÑ, portanto<br />

.Ð38@SÐTÑß38@SÐUÑÑ œ l0Ð38@SÐTÑÑ0Ð38@SÐUÑÑl œ<br />

œ l0ÐT Ñ 0ÐUÑl œ l0ÐT Ñ 0ÐUÑl œ .ÐT ß UÑ,<br />

o que implica que l38@SÐT Ñ 38@SÐUÑl œ lT Ul.<br />

3) Examinemos enfim o caso em que Sß T ß U são não colineares e portanto<br />

as rectas < œ ST e = œ SU são distintas. Por construção, os ângulos<br />

Û Û Û Û<br />

ÖST ß SU× e ÖS38@SÐTÑßS38@SÐUÑ× são verticalmente opostos, e portanto<br />

com a mesma amplitude e tem-se lS 38@SÐTÑlœlST l e lS 38@SÐUÑl œ<br />

lSUl pelo que, pelo axioma 4.13, os triângulos ÐSß 38@SÐT Ñß 38@SÐUÑÑ e<br />

ÐSßTßUÑ são congruentes, o que implica, também neste caso, que se tem<br />

l38@SÐT Ñ 38@S ÐUÑl œ lT Ul.<br />

<br />

– 68–<br />

S


5.14 (A inversão relativamente a uma recta) Seja


l38@< ÐEÑ 38@< ÐFÑl œ l38@TÐEÑ 38@T ÐFÑl œ lEFl.<br />

4) Examinemos enfim o caso que nos falta, aquele em que EÂ< e FÂ<<br />

têm pés da perpendicular T e U sobre a recta < , com T Á U. Notemos E œ w<br />

w<br />

38@< ÐEÑ œ 38@T ÐEÑ, F o ponto, de entre F e 38@< ÐFÑ œ 38@UÐFÑ, que está<br />

ww<br />

no mesmo semiplano ! de ! com bordo < que E e F o outro daqueles dois<br />

pontos.<br />

w w ww<br />

Reparemos que as rectas EE e F F não se intersectam, tendo em conta a<br />

afirmação de unicidade da definição do pé da perpendicular em 4.28,<br />

e daqui<br />

w w ww<br />

resulta que E e E pertencem ao mesmo semiplano de ! de bordo F F que<br />

Û Ûw w Û Ûww<br />

T, e portanto que E−nÖUTßUF× e E −nÖUTßUF × .<br />

Tendo em conta o axioma b) em 3.17,<br />

tem-se assim<br />

– 70–


Û Ûw Û Û Û Ûw<br />

" œ . ÐÖUT ß UF ×Ñ œ . ÐÖUT ß UE×Ñ . ÐÖUEß UF ×Ñ,<br />

Û Ûww Û ÛwÛwÛww " œ . ÐÖUT ß UF ×Ñ œ . ÐÖUT ß UE ×Ñ . ÐÖUE ß UF ×Ñ.<br />

Uma vez que, pelo axioma LAL (cf. 4.13) os triângulos ÐTßUßEÑ e<br />

w w<br />

ÐTßUßEÑ são congruentes, sabemos que lEUlœlEUl e que<br />

Û Û Û Û w . ÐÖUT ß UE×Ñ œ . ÐÖUT ß UE ×Ñ e desta última igualdade e das igualdades<br />

Û Ûw Ûw Ûww<br />

acima destacadas resulta que . ÐÖUEß UF ×Ñ œ . ÐÖUE ß UF ×Ñ.<br />

Aplicando<br />

w w ww<br />

de novo o axioma LAL, deduzimos agora que lEF l œ lE F l.<br />

Pelo teorema<br />

LLL (cf. 4.34) podemos agora garantir que os triângulos ÐEßUßFÑ e w<br />

w ww ÐEßUßF Ñsão<br />

congruentes, o que implica que<br />

Ûw Ûw ww Ûw Ûw Ûww w Ûww Ûww w Ûww<br />

w<br />

. ÐÖF Eß F F ×Ñ œ . ÐÖF Eß F U×Ñ œ . ÐÖF E ß F U×Ñ œ . ÐÖF E ß F F ×Ñ.<br />

Mais uma vez o axioma LAL implica agora que os triângulos ÐFßF ßEÑe<br />

ww w w ww w w<br />

ÐF ßFßEÑ são congruentes, e portanto que lEFlœlEFl. As duas<br />

w w ww ww w w<br />

igualdades lEF l œ lE F l e lEF l œ lE F l mostram-nos finalmente que,<br />

w ww ww<br />

quer se tenha FœF, e portanto 38@ÐFÑœF < , ou FœF , e portanto<br />

w 38@< ÐFÑ œ F , tem-se sempre<br />

w<br />

l38@ ÐEÑ 38@ ÐFÑl œ lE 38@ ÐFÑl œ lEFl.<br />

<br />

< < <<br />

– 71–<br />

w ww<br />

5.16 ( 38@< é isometria) Nas condições<br />

de 5.14, a aplicação 38@< À X Ä X é uma<br />

isometria involutiva, isto é, verifica 38@< Ð38@< ÐEÑÑ œ E, para cada E − X,<br />

Dem: Comecemos por reparar que o facto de se ter 38@< Ð38@< ÐEÑÑ œ E,<br />

para<br />

cada E−X resulta de que, afastando já o caso trivial em que E−< , sendo T<br />

o pé da perpendicular de E para < , T é também o pé da perpendicular de<br />

38@T ÐEÑ para < , bastando portanto ter em conta o facto de a simetria<br />

relativamente a T ser uma involução. Resta-nos mostrar que, quaisquer que<br />

sejam Eß F − X , tem-se l38@< ÐEÑ 38@< ÐFÑl œ lEFl,<br />

o que faremos começando<br />

por examinar casos particulares:<br />

1) Se existir um plano ! tal que


w w<br />

Notemos E œ38@ÐEÑœ38@ < T ÐEÑe F œ38@ÐFÑœ38@ < UÐFÑ.<br />

Consideremos ainda uns pontos auxiliares: Na recta do plano ! que passa por<br />

w<br />

U e é perpendicular a < , definimos dois pontos \ e \ , respectivamente em<br />

! e em ! ,<br />

pela condição de se ter<br />

w w<br />

lU\l œ lU\ l œ lT El œ lT E l,<br />

w<br />

tendo-se então \ œ 38@UÐ\Ñ. Notamos ainda Q o ponto médio do par<br />

ÐT ß UÑ e lembramos que, tendo em conta o lema 4.46,<br />

Q é também o ponto<br />

w w<br />

médio dos pares ÐEß \ Ñ e ÐE ß \Ñ.<br />

Começamos por reparar que, uma vez que 38@U é uma isometria, tem-se<br />

w w<br />

lF\ l œ lF \l. Por outro lado, uma vez que as restrições de 38@<<br />

a ! e a "<br />

w w<br />

são isometrias, pelo lema 5.15, tem-se também lQF l œ lQFl e lQ\ l œ<br />

lQ\l. Pelo teorema LLL (cf. 4.34),<br />

concluímos que os triângulos<br />

w w<br />

ÐQßFß\Ñ e ÐQßF\Ñsão<br />

congruentes, e portanto<br />

Û Û w Û w Û<br />

. ÐÖQFßQ\ ×Ñœ . ÐÖQF ßQ\×Ñ.<br />

Û Û w Û Û<br />

Uma vez que os ângulos ÖQFßQ\ × e ÖQFßQE× são adjacentes, e o<br />

Û w Û Û w Û w<br />

mesmo acontece <strong>aos</strong> ângulos ÖQF ßQ\× e ÖQF ßQE × , deduzimos<br />

agora de 3.19 que se tem também<br />

Û Û Û w Û w<br />

. ÐÖQFßQE×Ñœ . ÐÖQF ßQE ×Ñ.<br />

Uma vez que as restrições de 38@< a ! e a "<br />

são isometrias, tem-se<br />

– 72–


w w<br />

lQF l œ lQFl e lQE l œ lQEle<br />

daqui deduzimos, pelo axioma 4.13,<br />

que<br />

w w<br />

os triângulos ÐQßEßFÑ e ÐQßEßFÑ são congruentes, e portanto, vem<br />

w w l38@< ÐEÑ 38@< ÐFÑl œ lE F l œ lEFl,<br />

como queríamos. <br />

Como aplicação do resultado precedente vamos examinar a noção de<br />

perpendicularidade entre uma recta e um plano.<br />

5.17 Sejam < uma recta e ! um plano e suponhamos que < e ! são concorrentes,<br />

com


5.20 (Condição suficiente de perpendicularidade) Sejam ! um plano, T−!<br />

e<br />

=ß>§ ! duas rectas com =>œÖT× . Se < é uma recta, com T −< ,<br />

simultaneamente perpendicular a = e a > , então < é perpendicular a ! .<br />

Dem: Comecemos por reparar que não pode ser § ! .<br />

< T<br />

Por outro lado, 38@< ÐTÑœT −! . Uma vez que TßEßF não são colineares<br />

e que 38@< é uma isometria involutiva, resulta de 5.4 que 38@< ÐT Ñß 38@< ÐEÑß<br />

38@< ÐFÑ também são não colineares. Tendo em conta 5.6,<br />

sabemos que<br />

38@< Ð! Ñ é um plano pelo que, por conter três pontos não colineares de ! ,<br />

tem-se 38@< Ð! Ñ œ ! . Pelo lema 5.18, < e ! são perpendiculares. <br />

5.21 (Existência e unicidade do plano perpendicular num ponto duma recta)<br />

Sejam < uma recta e T − < . Existe então um, e um só, plano ! tal que T−! e < e ! sejam perpendiculares.<br />

Dem: A unicidade resulta de 5.19 , uma vez que ! não pode deixar de ser a<br />

união da rectas perpendiculares a < que pasam por T.<br />

Para provar a existência, comecemos por mostrar que se podem considerar<br />

dois planos " e # , com " # œ < . Para isso tomamos um ponto F  < ,<br />

definimos " como sendo o único plano que contém < e F,<br />

consideramos um<br />

ponto GÂ" (cf. a alínea e) de 1.6)<br />

e definimos # como sendo o único plano<br />

que contém < e G; uma vez que " Á # e que < § " #<br />

, tem-se<br />

efectivamente " # œ < (cf. as alíneas a) e d) de 1.7).<br />

Sejam agora =§ " a recta perpendicular a < com T −= e >§ # a recta<br />

perpendicular a < com T − > . Uma vez que =< œ ÖT× e >< œ ÖT× , vem<br />

=>œÖT× pelo que podemos considerar o plano ! que contém = e > . Vem<br />

T− ! e, tendo em conta 5.20, < e ! são perpendiculares.<br />

<br />

5.22 (Existência e unicidade da recta perpendicular num ponto dum plano)<br />

Sejam ! um plano e T− ! . Existe então uma, e uma só, recta < tal que<br />

T−< e < e ! sejam perpendiculares.<br />

Dem: Comecemos por provar a unicidade para o que, supomos que existiam<br />

rectas distintas


uma recta que contenha T e algum ponto de ! não pertencente a ? ). Sejam #<br />

e $ os planos que contêm o ponto T e são perpendiculares a ? e a @,<br />

respectivamente (cf. 5.21 ). Tem-se # Á $ , tendo em conta a unicidade de<br />

uma recta perpendicular a um plano passando por um dos seus pontos, que<br />

demonstrámos no início, e, uma vez que T−# $ , concluímos que # $<br />

é<br />

uma recta < , que contém o ponto T (cf. a alínea d) de 1.7).<br />

Uma vez que ? é<br />

perpendicular a todas as rectas de # que passam por T , ? é perpendicular a <<br />

e, uma vez que @ é perpendicular a todas as rectas de $ que passam por T, @ é<br />

perpendicular a < . Concluímos agora de 5.20 que < é perpendicular a ! . <br />

5.23 (Perpendicular a um plano por um ponto exterior) Sejam ! um plano e<br />

\Â! . Existe então um, e um só, ponto E− ! tal que a recta \Eseja<br />

perpendicular ao plano ! (dizemos que E é o pé da perpendicular de \ para<br />

!).<br />

Dem: 1) Comecemos por provar a unicidade, para o que supomos a<br />

w w<br />

existência de dois pontos EÁE em ! tais que as rectas \E e \E sejam<br />

ambas perpendiculares a ! . Tem-se então que, sendo § ! , com F−> , tal que = e > sejam<br />

perpendiculares.<br />

Para isso, consideramos o plano " perpendicular a = tal que F − " (cf. 5.21),<br />

atendemos a que " Á ! (porque = não é perpendicular a ! ) e a que<br />

F−! " , pelo que ! " é uma recta > (cf. a alínea d) de 1.7),<br />

que contém<br />

F e está contida em ! e que é perpendicular a = , por estar contida em " que é<br />

um plano perpendicular a =<br />

.<br />

– 75–


4) Seja ?§ ! a recta perpendicular a > tal que F−? (cf. 4.26)<br />

e reparemos<br />

que =œ\F não é perpendicular a ? , senão = , sendo perpendicular às recta<br />

distintas > e ? de ! que passam por F seria perpendicular a ! .<br />

5) Seja # o plano que contém as rectas concorrentes = e ? e seja E o pé da<br />

perpendicular de \ para ? (cf. 4.28),<br />

que é diferente de F , por = não ser<br />

perpendicular a ? . Vamos verificar nas próximas alíneas que E é o ponto<br />

procurado, isto é, que a recta @œ\Eque,<br />

por construção, é perpendicular à<br />

recta ? , é mesmo perpendicular ao plano !<br />

6) Note-se que a recta @ está contida no plano # , por conter os pontos \ e E<br />

de # . Seja @ a semirrecta de @ de origem E tal que \ − @. Seja A § # a<br />

recta que contém F e é perpendicular a ? (cf. 4.26) e seja Aa<br />

semirrecta de<br />

A de origem F que está contida no mesmo semiplano # de # , com bordo ? ,<br />

que a semirrecta @ . Fixemos um dos semiplanos ! de ! , de bordo ? , e seja<br />

> a semirrecta de > de origem F que está contida em ! .<br />

Reparemos que a<br />

recta > é perpendicular ao plano # , por ser perpendicular às rectas<br />

concorrentes = e ? de # (cf. 5.20)<br />

e que portanto > é também perpendicular à<br />

recta A de # . Seja D § ! a recta que passa por E e é perpendicular a ? e seja<br />

D a semirrecta de D de origem E que está contida em ! .<br />

Tendo em conta<br />

4.47, vemos que<br />

. ÐÖDß@ ×Ñœ. ÐÖ> ßA ×Ñ œ " ,<br />

– 76–


e portanto a recta @ , que já sabíamos ser perpendicular a ? , é também<br />

perpendicular a D. Tendo em conta 5.20 , @ é perpendicular ao plano ! , como<br />

queríamos. <br />

5.24 (A inversão relativamente a um plano) Seja ! § X um plano fixado.<br />

Definimos então uma aplicação 38@! À X Ä X,<br />

a que daremos o nome de<br />

inversão relativamente a ! , do seguinte modo: Para cada T−!<br />

,<br />

38@! ÐT Ñ œ T ; Para cada \  ! , consideramos o pé da perpendicular E de<br />

\ sobre ! (cf. 523) e definimos 38@ Ð\Ñ œ 38@ Ð\Ñ (cf. 5.12).<br />

Þ ! E<br />

5.25 ( 38@! é isometria) Nas condições<br />

anteriores, a aplicação 38@! À X Ä X é<br />

uma isometria involutiva, isto é, verifica 38@! Ð38@! Ð\ÑÑ œ \ , para cada<br />

\−X,<br />

Dem: Comecemos por reparar que o facto de se ter 38@< Ð38@< Ð\ÑÑ œ \ ,<br />

para cada \− X resulta de que, afastando já o caso trivial em que \−!<br />

,<br />

sendo E o pé da perpendicular de \ para ! , E é também o pé da<br />

perpendicular de 38@E Ð\Ñ para ! , bastando portanto ter em conta o facto de<br />

a simetria relativamente a E ser uma involução. Resta-nos mostrar que,<br />

quaisquer que sejam \ß ] − X , tem-se l38@! Ð\Ñ 38@! Ð] Ñl œ l\] l,<br />

podendo<br />

já afastar-se o caso trivial em que \œ] . Dois casos são possíveis:<br />

1) A recta =œ\] é perpendicular a ! , com =! œÖE× . Nesse caso<br />

tem-se 38@! Ð\Ñ œ 38@EÐ\Ñ e 38@! Ð] Ñ œ 38@EÐ] Ñ,<br />

pelo que a igualdade<br />

l38@! Ð\Ñ 38@! Ð] Ñl œ l\] l resulta de 38@EÀ X Ä X ser uma isometria (cf.<br />

5.13).<br />

2) A recta =œ\] não é perpendicular a ! . Nesse caso seja E o pé da<br />

perpendicular de \ para ! , se \  ! , e E œ \ , se \ − ! , e, do mesmo<br />

modo, seja F o pé da perpendicular de ] para ! , se ]  ! , e F œ ] , se<br />

]− !, e consideremos a recta >œEF(reparemos que EÁF).<br />

No caso em<br />

que \Â ! a recta \E,<br />

sendo perpendicular a ! , é também perpendicular a<br />

>œEF, pelo que E é também o pé da perpendiicular de \ para > , donde<br />

38@! Ð\Ñ œ 38@E Ð\Ñ œ 38@> Ð\Ñ e esta igualdade vale ainda trivialmente no<br />

caso em que \−! . Do mesmo modo se vê que 38@! Ð]Ñœ38@Ð]Ñ > . A<br />

igualdade l38@! Ð\Ñ 38@! Ð] Ñl œ l\] l é assim uma consequência de<br />

38@> À X Ä X ser uma isometria (cf. 5.16). <br />

6. Quadriláteros e Paralelogramos<br />

6.1 Vamos chamar quadrilátero a uma quadra ordenada ÐEßFßGßHÑde<br />

pontos<br />

constituindo um conjunto complanar e tal que nenhum dos conjuntos<br />

ÖEßFßG× , ÖFßGßH× , ÖGßHßE× e ÖHßEßF× seja colinear. As condições<br />

anteriores implicam que os quatro pontos Eß Fß Gß H são todos distintos e<br />

que existe um único plano ! contendo aqueles quatro pontos, a que daremos<br />

o nome de plano do quadrilátero.<br />

Chamamos vértices do quadrilátero <strong>aos</strong><br />

quatro pontos EßFß Gß H, lados<br />

deste <strong>aos</strong> pares ÐEßFÑßÐFß GÑß ÐGß HÑß<br />

– 77–


ÐHßEÑou <strong>aos</strong> segmentos de recta ÒEßFÓ, ÒFßGÓ, ÒGßHÓe ÒHßEÓe<br />

ângulos<br />

deste <strong>aos</strong> ângulos<br />

w Û Û w Û Û<br />

HEF œ ÖEHß EF× , EFG œ ÖFEß FG× ,<br />

w Û Û w Û Û<br />

FGH œ ÖGFß GH× , GHE œ ÖHGßHE× ,<br />

w w w w<br />

que serão notados simplesmente E , F , G e H quando o quadrilátero<br />

estiver implícito (comparar com 4.1).<br />

D<br />

A<br />

C<br />

B<br />

C<br />

A<br />

6.2 Diz-se que um quadrilátero ÐEßFßGßHÑ , com plano !, é convexo se, para<br />

cada lado, os vértices que o definem pertencem ao mesmo semiplano de !<br />

cujo bordo é a recta definida pelos restantes dois vértices, por outras<br />

palavras, se se verificam as quatro condições seguintes:<br />

1) G e H estão no mesmo semiplano de ! de bordo EF.<br />

2) H e E estão no mesmo semiplano de ! de bordo FG.<br />

3) E e F estão no mesmo semiplano de ! de bordo GH.<br />

4) F e G estão no mesmo semiplano de ! de bordo HE.<br />

6.3 Como consequência imediata da definição precedente, vemos que, apesar de<br />

se tratar de quadriláteros distintos, se ÐEßFßGßHÑ é um quadrilátero, o<br />

mesmo acontece <strong>aos</strong>, obtidos por permuta ção circular, ÐFßGßHßEÑ,<br />

ÐGßHßEßFÑe ÐHßEßFßGÑe,<br />

se um destes quatro quadriláteros é convexo,<br />

o mesmo aconte <strong>aos</strong> outros três (os lados são os mesmos).<br />

Do mesmo modo, se ÐEßFßGßHÑé<br />

um quadrilátero, também o é o, obtido<br />

por inversão da ordem, ÐHßGßFßEÑe<br />

o primeiro é convexo se, e só se, o<br />

segundo o é (os lados são os mesmos, com a ordem dos vértices invertida). 13<br />

Repare-se que, no caso das três figuras acima, temos três quadriláteros,<br />

dos quais só o primeiro é convexo. O segundo transforma-se num<br />

quadrilátero convexo por reordenação dos vértices, por exemplo no<br />

quadrilátero ÐEßFßHßGÑ,<br />

mas o mesmo já não se consegue fazer com o<br />

terceiro.<br />

O resultado seguinte dá uma caracterização mais simples dos<br />

quadriláteros convexos, que mostra que podemos tomar para os três pri-<br />

13No entanto, se ÐEßFßGßHÑ é um quadrilátero, apesar de o mesmo acontecer, por<br />

exemplo, a ÐEßGßFßHÑjá<br />

não é verdade que a convexidade de um tenha alguma coisa a<br />

ver com a convexidade do outro, uma vez que os lados são distintos.<br />

– 78–<br />

D<br />

B<br />

D<br />

A<br />

C<br />

B


meiros vértices pontos arbitrários não colineares e caracterizar a convexidade<br />

por uma condição envolvendo apenas o quarto vértice.<br />

6.4 (Caracterização pelo quarto vértice) Sejam Eß Fß G pontos não colineares<br />

e ! o plano que os contém. <strong>Da</strong>do H −! , tem-se que ÐEßFßGßHÑ é um<br />

quadrilátero convexo se, e só se, se verificam as condições seguintes:<br />

Û Û<br />

Û<br />

a) H−nÖFEßFG× e H não pertence a nenhuma das semirrectas FEe<br />

FG Û .<br />

b) HÂEGe Hpertence ao semiplano de ! de bordo EGoposto<br />

àquele que<br />

contém F.<br />

B<br />

A<br />

– 79–<br />

zona D<br />

Dem: 1) Comecemos por supor que ÐEßFßGßHÑé<br />

um quadrilátero convexo.<br />

D<br />

A<br />

O facto de H estar no mesmo semiplano de ! de bordo EF que G e de estar<br />

no mesmo semiplano de ! de bordo FG que E diz-nos que<br />

Û Û<br />

H−nÖFEßFG× e o facto de Hnão<br />

pertencer a nenhuma das semirrectas<br />

Û Û<br />

FE e FG resulta de que EFH e FGH são não colineares, por termos um<br />

quadrilátero. O facto de se ter HÂEG resulta de GßHßEserem<br />

não<br />

colineares, mais uma vez por termos um quadrilátero. O facto de E estar no<br />

mesmo semiplano de ! de bordo GH que F e estar no mesmo semiplano de<br />

Û Û<br />

! de bordo FG que H implica que E − nÖGFß GH× e, como anteriormente,<br />

pelo facto de termos um quadrilátero, E não pertence às semirrectas GF e<br />

Û<br />

GH Û . Aplicando a alínea a) do teorema da barra cruzada 3.9,<br />

concluímos que<br />

H pertence ao semiplano de ! de bordo EG oposto àquele que contém F.<br />

2) Suponhamos, reciprocamente, que as condições a) e b) do enunciado são<br />

verificadas. Elas implicam, em particular que H<br />

não pertence a nenhuma das<br />

C<br />

C<br />

B


ectas FG e FE (cf. 3.4)<br />

pelo que, uma vez que, por hipótese, H e F não<br />

pertencem à recta EG, concluímos que ÐEßFßGßHÑ é um quadrilátero. O<br />

Û Û<br />

facto de H pertencer a nÖFEßFG× mostra que H e E estão no mesmo<br />

semiplano de ! de bordo FG e que H e G estão no mesmo semiplano de !<br />

de bordo FE.<br />

D<br />

A<br />

Û<br />

Notemos = a semirrecta de origem G oposta à semirrecta GF. O facto de H<br />

estar no mesmo semiplano de ! de bordo FG que E e estar no semiplano de<br />

! de bordo EG oposto ao que contém F,<br />

e portanto no mesmo que contém<br />

Û<br />

= , implica que H − nÖGEß= ×<br />

. Tendo em conta a alínea d) de 3.9,<br />

Û Û Û<br />

deduzimos que GE § nÖGHßGF× , em particular E e F estão no mesmo<br />

semiplano de ! de bordo GH.<br />

Aplicando a conclusão a que acabamos de<br />

chegar ao quadrilátero ÐGßFßEßHÑ,<br />

que também verifica as condições a) e<br />

b) no enunciado, vemos que F e G estão no mesmo semiplano de ! de bordo<br />

EH. Terminámos assim a prova de que o quadrilátero ÐEßFßGßHÑ é<br />

convexo. <br />

6.5 (Nota) Embora não tenhamos de momento intenção<br />

de o utilizar, a prova<br />

anterior mostra-nos que, para termos a certeza que um quadrilátero<br />

ÐEßFßGßHÑ é convexo, basta verificar as condições 1), 2) e 3) na definição<br />

6.2, a condição 4) sendo portanto uma consequência daquelas três. Com<br />

efeito, apenas utilizámos as condições 1), 2) e 3) para estabelecer as<br />

propriedades a) e b) na parte 1) da demonstração e, na parte 2) desta,<br />

verificámos que as condições a) e b) implicam as alíneas 1), 2), 3) e 4) da<br />

definição.<br />

Pelo contrário, é claro do exemplo na figura seguinte que as condições 1) e<br />

2) não são suficientes para implicar que um quadrilátero é convexo.<br />

A<br />

B<br />

D<br />

– 80–<br />

s -<br />

C<br />

C<br />

B


6.6 <strong>Da</strong>do um quadrilátero ÐEßFßGßHÑ, chamamos diagonais <strong>aos</strong> segmentos de<br />

recta ÒEß GÓ e ÒFß HÓ.<br />

Repare-se que, como se constata imediatamente, um quadrilátero<br />

ÐEßFßGßHÑ tem as mesmas diagonais que os quadriláteros ÐFßGßHßEÑ,<br />

ÐGßHßEßFÑe ÐHßEßFßGÑ,<br />

tal como tem as mesmas diagonais<br />

6.7 (Caracterização da convexidade pelas diagonais) Um quadrilátero<br />

ÐEßFßGßHÑ, contido no plano ! , é convexo se, e só se, as suas diagonais<br />

ÒEß FÓ e ÒGß HÓ são concorrentes (cf. 1.2).<br />

Dem: 1) Comecemos por supor que o quadrilátero ÐEßFßGßHÑé<br />

convexo.<br />

Tendo em conta a alínea b) de 6.4, Os pontos F e H estão em semiplanos<br />

opostos de ! de bordo EG, o que implica que o segmento ÒFß HÓ e a recta<br />

EG têm um ponto \ em comum. Aplicando esta conclusão ao quadrilátero<br />

convexo ÐFßGßHßEÑ, concluímos que o segmento ÒEßGÓe a recta FHtêm<br />

um ponto ] em comum. Uma vez que, por termos um quadrilátero, as rectas<br />

EG e FH são distintas, e portanto não podem ter mais que um ponto em<br />

comum, concluímos que \œ] é o único ponto comum às diagonais ÒEßFÓ<br />

e ÒGß HÓ,<br />

e portanto que estas são concorrentes.<br />

2) Suponhamos, reciprocamente, que as diagonais ÒEß FÓ e ÒGß HÓ são concorrentes<br />

num ponto \ .<br />

D<br />

A<br />

Û Û<br />

Atendendo a que o sector angular nÖFEß FG× é convexo e cónico<br />

relativamente a F (cf. 3.4)<br />

concluímos sucessivamente que o ponto \ , que<br />

Û Û<br />

pertence ao segmento ÒEß GÓ, pertence a nÖFEß FG× e que o ponto H,<br />

que<br />

Û<br />

pertence à semirrecta F\ , por \ pertencer a ÒFß HÓ,<br />

pertence também a<br />

Û Û<br />

nÖFEß FG× . O facto de o ponto H não pertencer a nenhuma das semirrectas<br />

Û Û<br />

FE e FG resulta de termos um quadrilátero. Este último facto implica<br />

também que H não pertence à recta EG e o facto de F e H estarem em<br />

semiplanos opostos de ! de bordo EG resulta de \ ser um ponto de EG no<br />

segmento ÒFß HÓ. Podemos agora deduzir de 6.4 que ÐEß Fß Gß HÑ é um<br />

quadrilátero convexo. <br />

6.8 Seja ÐEßFßGßHÑ um quadrilátero convexo contido no plano ! . Tem-se<br />

então que existe um, e um só, conjunto convexo V que contenha os quatro<br />

pontos Eß Fß Gß H e que esteja contido em qualquer conjunto convexo que<br />

contenha esses pontos. Esse conjunto convexo, que chamaremos de segmento<br />

quadrangular associado a ÐEßFßGßHÑ e que será notado ÒEßFßGßHÓ<br />

– 81–<br />

X<br />

C<br />

B


(comparar com 4.2 e lembrar 4.4 e 4.7), admite as duas caracterizações<br />

seguintes:<br />

D<br />

A<br />

a) ÒEßFßGßHÓœÒEßFßGÓÒEßHßGÓ, onde ÒEßFßGÓÒEßHßGÓœ<br />

ÒEß GÓ.<br />

Û Û Û Û<br />

b) ÒEßFßGßHÓœnÖFEßFG×nÖHEßHG× .<br />

Dem: 1) Comecemos por mostrar que ÒEßFßGÓÒEßHßGÓœÒEßGÓ.<br />

Em<br />

primeiro lugar, tendo em conta a convexidade dos segmentos triangulares,<br />

tem-se ÒEßGÓ§ÒEßFßGÓ e ÒEßGÓ§ÒEßHßGÓ, portanto ÒEßGÓ§<br />

ÒEßFßGÓÒEßHßGÓ. Por outro lado, lembrando a caracterização dos<br />

segmentos triangulares em 4.2 , vemos que, se \ −ÒEßFßGÓÒEßHßGÓ,<br />

então \ pertence simultaneamente <strong>aos</strong> semiplanos de ! de bordo EG que<br />

contêm respectivamente F e H,<br />

semiplanos esses que são opostos, pela<br />

Û Û<br />

condição b) em 6.4 , pelo que \ − EG , e portanto \ − EG nÖFEß FG× ,<br />

isto é \−ÒEßGÓ, pela alínea a) de 3.5.<br />

2) Vamos agora verificar que<br />

Û Û Û Û<br />

ÒEßFßGÓÒEßHßGÓœnÖFEßFG×nÖHEßHG× .<br />

Û Û<br />

Tem-se que EßFß G − nÖFEßFG× e, tendo em conta a alínea a) de 6.4,<br />

Û Û Û Û<br />

também H − nÖFEß FG× . Tendo em conta o facto de nÖFEß FG× ser<br />

convexo, deduzimos de 4.7 que<br />

Û Û Û Û<br />

ÒEßFßGÓ§nÖFEßFG× , ÒEßHßGÓ§nÖFEßFG× ,<br />

e portanto<br />

– 82–<br />

B<br />

C<br />

Û Û<br />

ÒEßFßGÓÒEßHßGÓ§nÖFEßFG× ;<br />

Aplicando a mesma conclusão ao quadrilátero convexo ÐGßHßEßFÑ,<br />

concluímos que se tem também<br />

Û Û<br />

ÒEßFßGÓÒEßHßGÓ§nÖHEßHG× ,<br />

donde concluímos que


Û Û Û Û<br />

ÒEßFßGÓÒEßHßGÓ§nÖFEßFG×nÖHEßHG× .<br />

Û Û Û Û<br />

Suponhamos, reciprocamente, que \ −nÖFEßFG×nÖHEßHG× . Tendo<br />

em conta o facto de os semiplanos de ! de bordo EG que contêm F e H<br />

serem opostos, \ pertence a um desses semiplanos. No caso de \ pertencer<br />

Û Û<br />

ao semiplano que contém F , o facto de ser \ − nÖFEßFG× implica que<br />

\ −ÒEßFßGÓ e no caso de \ pertencer ao semiplano que contém H,<br />

o facto<br />

Û Û<br />

de ser \ −nÖHEßHG× implica que \ −ÒEßHßGÓ,<br />

em qualquer dos casos<br />

vem \ −ÒEßFßGÓÒEßHßGÓ.<br />

3) Tendo em conta o que vimos em 2), podemos definir<br />

Û Û Û Û<br />

ÒEßFßGßHÓœÒEßFßGÓÒEßHßGÓœnÖFEßFG×nÖHEßHG× .<br />

A segunda caracterização mostra que se trata de um conjunto convexo, por<br />

ser a intersecção de dois conjuntos convexos, e a primeira caracterização<br />

mostra que se tem EßFßGßH −ÒEßFßGßHÓ.<br />

Por outro lado, qualquer<br />

conjunto convexo, que contenha Eß Fß Gß H, contém também, por 4.7,<br />

ÒEßFßGÓ e ÒEßHßGÓ e portanto contém ÒEßFßGßHÓ,<br />

tendo em conta a<br />

primeira caracterização. A unicidade de um conjunto nas condições do<br />

enunciado é uma consequência de que, a existirem dois, cada um deles teria<br />

que estar contido no outro, e portanto teriam que ser iguais. <br />

6.9 (Paralelogramos sem paralelas) Vamos chamar paralelogramo a um<br />

quadrilátero convexo ÐEßFßGßHÑtal que lEFlœlGHle lFGlœlHEl(os<br />

lados opostos são conguentes).<br />

D<br />

A B<br />

6.10 Seja ÐEßFßGßHÑum<br />

paralelogramo. Tem-se então:<br />

w w w w<br />

a) . ÐE Ñ œ . ÐG Ñ e . ÐF Ñ œ . ÐH Ñ (os ângulos opostos são congruentes);<br />

b) Tem-se ÒEßGÓÒFßHÓœÖ\× , onde \ é o ponto médio tanto de ÐEßGÑ<br />

como de ÐFß HÑ (as diagonais bissectam-se).<br />

Dem: Considerando a diagonal ÒEß GÓ,<br />

D<br />

A B<br />

– 83–<br />

C<br />

C


podemos aplicar o teorema LLL (cf. 4.34)<br />

para garantir que os triângulos<br />

w w<br />

ÐEß Fß GÑ e ÐGß Hß EÑ são congruentes, e portanto que . ÐF Ñ œ . ÐH Ñ,<br />

Û Û Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖEGß EH×Ñ œ . ÐÖGEß GF×Ñ, . ÐÖEFß EG×Ñ œ . ÐÖGHß GE×ÑÞ<br />

Aplicando o que acabamos de concluir ao paralelogramo ÐFßGßHßEÑ,<br />

w w<br />

vemos que, considerando também a diagonal ÒFß HÓ, tem-se . ÐE Ñ œ . ÐG Ñ,<br />

Û Û Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖFHß FE×Ñ œ . ÐÖHFß HG×Ñ, . ÐÖFGß FH×Ñ œ . ÐÖHEß HF×ÑÞ<br />

Lembremos que, tendo em conta 6.7, tem-se ÒEß GÓ ÒFß HÓ œ Ö\× , onde \<br />

não pertence a nenhuma das rectas EH e FG,<br />

por termos um quadrilátero.<br />

D<br />

X<br />

A B<br />

O facto de se ter lEHl œ lGFl,<br />

Û Û Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖEHß E\×Ñ œ . ÐÖEHß EG×Ñ œ . ÐÖGFß GE×Ñ œ . ÐÖGFß G\×Ñ,<br />

Û Û Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖHEßH\×Ñœ. ÐÖHEßHF×Ñœ. ÐÖFGßFH×Ñœ. ÐÖFGßF\×Ñ,<br />

implica, pelo teorema ALA (cf. 4.15), que os triângulos ÐEßHß\Ñ e<br />

ÐGßFß\Ñsão congruentes, e portanto que lH\lœlF\le lE\lœlG\l,<br />

o<br />

que mostra que \ é o ponto médio tanto de ÐEßGÑ como de ÐFßHÑ. <br />

6.11 (Existência e construção de paralelogramos) Sejam < e = rectas<br />

concorrentes, com


obtidos por permuta ção circular, ÐFßGßHßEÑ, ÐGßHßEßFÑe ÐHßEßFßGÑ,<br />

assim como ao obtido por inversão da ordem ÐHßGßFßEÑ.<br />

7. Paralelismo e o axioma das paralelas<br />

7.1 Diz-se que duas rectas . Sejam œ ÖF× e<br />

notemos < e = as semirrectas de < e de = , com origens E e F,<br />

que estão<br />

contidas em ! e < e = as semirrectas opostas. Suponhamos que<br />

Û Û<br />

. ( ÖEFß < × ) . ÐÖFEß = ×Ñœ<br />

# ou, o que é equivalente, que se tem<br />

Û Û<br />

. ( ÖEFß < × ) œ . ÐÖFEß = ×ÑÞ<br />

Tem-se então que as rectas < e = são<br />

estritamente paralelas. 14<br />

B<br />

A<br />

t<br />

Û Û<br />

Dem: Comecemos por reparar que . ( ÖEFß < × ) . ÐÖFEß = ×Ñœ<br />

# é equi-<br />

Û Û Û<br />

valente a . ( ÖEFß < × ) . ÐÖFEß = ×Ñœ # e a . ( ÖEFß < ×<br />

) œ<br />

. Û<br />

ÐÖFEß = ×Ñ,<br />

uma vez que, por termos ângulos adjacentes, tem-se<br />

Û Û Û Û<br />

. ( ÖEFß < × ) œ # . ( ÖEFß < × ) e . ÐÖFEß = ×Ñœ # . ÐÖFEß = ×Ñ.<br />

Suponhamos que < e = não eram paralelas, e portanto, por serem rectas<br />

distintas e complanares, que pelo que, ou G −!,<br />

ou G pertence ao semiplano oposto !.<br />

Considerando o triângulo ÐEßFßGÑ<br />

tem-se então, no primeiro caso,<br />

w w Û Û<br />

. ÐE Ñ . ÐF Ñ œ . ( ÖEFß < × ) . ÐÖFEß = ×Ñ œ #<br />

– 85–<br />

a +<br />

r+<br />

s+<br />

<br />

14 Û Û<br />

Os ângulos ÖEFß < × e ÖFEß = × são chamados usualmente de<br />

Û Û<br />

lado da secante e os ângulos ÖEFß < × e ÖFEß = × são ditos alternos internos.<br />

internos do mesmo


e, no segundo caso,<br />

w w Û Û<br />

. ÐE Ñ . ÐF Ñ œ . ( ÖEFß < × ) . ÐÖFEß = ×Ñ œ #<br />

– 86–<br />

<br />

pelo que, em ambos os casos, chegamos a um absurdo, tendo em conta o<br />

corolário 4.20. <br />

7.3 (Corolário — Duas rectas perpendiculares a uma terceira) Sejam ! § X<br />

um plano, >§ ! uma recta e EßF−> . Sejam œÖF× , ambas perpendiculares a > . Tem-se então que as<br />

rectas < e = ão paralelas.<br />

Dem: Se EÁF,<br />

trata-se de um caso particular do resultado precedente, se<br />

recordarmos que a perpendicularidade de duas rectas concorrentes é<br />

equivalente ao facto de a medida do ângulo de duas semirrectas ser " e que,<br />

esse facto não se altera quando se substitui alguma, ou ambas as semirrectas<br />

pelas suas opostas. Se EœF temos o resultado sobre a uniciade de uma<br />

perpendicular a uma recta passando por um ponto dado e contida num dado<br />

plano (cf. 4.26). <br />

7.4 (Existência de paralela) Sejam < uma recta e F Â < . Existe então uma recta<br />

= estritamente paralela a < tal que F − = .<br />

Dem: Seja ! o plano que contém < e F. Seja E o pé da perpendicular de F<br />

para < (cf. 4.28 ). Sendo > § ! a recta EF,<br />

podemos considerar uma recta<br />

=§ ! com F−= e = perpendicular a > (cf. 5.22). Tendo em conta 7.3,<br />

< e =<br />

são estritamente paralelas. <br />

7.5 (Porquê “paralelogramo”) Seja ÐEßFßGßHÑ um paralelogramo. Tem-se<br />

então que as rectas EF e GH são paralelas e as rectas HE e FG são<br />

paralelas (os lados opostos são paralelos).<br />

Dem: Seja ! o plano que contém os vértices do paralelogramo e consideremos<br />

a recta EG, lembrando que, pela alínea b) de 6Þ4, F e H estão em<br />

semiplanos opostos de ! de bordo EG.<br />

D<br />

A B<br />

Tendo em conta o teorema LLL (cf. 4.34), os triângulos ÐEßFßGÑ e<br />

Û Û<br />

ÐGßHßEÑ são congruentes, donde, em particular, . ÐÖEGßEF×Ñœ<br />

. Û Û<br />

ÐÖGEß GH×Ñ. Podemos agora aplicar 7.2 para garantir que as rectas EF e<br />

GH são paralelas e, aplicando esta conclusão ao paralelogramo<br />

ÐFßGßHßEÑ, vemos que as rectas FGe HEtambém<br />

são paralelas. <br />

C


7.6 (Paralelismo de recta com plano) Diz-se que uma recta < e um plano ! são<br />

estritamente paralelos se e < . Uma vez que<br />

U−! " e que ! Á " , porque >§ Î ! , segue-se que existe uma recta = tal<br />

que ! " œ = . Tem-se U − = § ! pelo que, por > ser perpendicular a ! , > é<br />

perpendicular a = . As rectas < e = são duas rectas do plano " , ambas<br />

perpendiculares a > pelo que, por 7.3, < e = são paralelas o que, por 7.7,<br />

implica que a recta < é paralela ao plano ! .<br />

<br />

7.9 (Duas rectas perpendiculares a um plano) Sejam ! um plano e


indiferente quais os semiplanos considerados). Sendo = a recta de<br />

w "<br />

w w<br />

perpendicular a TU e tal que U −= , tem-se, por 4.47,<br />

que = também é<br />

perpendicular a @ , e portanto ao plano ! (cf. 5.20)<br />

donde, pela unicidade da<br />

perpendicular a um plano passando por um ponto deste (cf. 5.22),<br />

vem<br />

w = œ = , e portanto a recta = também está contida no plano " , que contém < .<br />

Uma vez que < e = são ambas perpendiculares à recta TU de " , deduzimos<br />

de 7.3 que as rectas < e = são paralelas.<br />

<br />

Vamos agora introduzir um último axioma, aquele que distingue a <strong>Geometria</strong><br />

<strong>Euclidiana</strong> da não <strong>Euclidiana</strong>.<br />

7.10 (Axioma das paralelas) <strong>Da</strong>da uma recta < e um ponto F Â < , não existe<br />

mais do que uma recta = paralela a < , tal que F − = . 15<br />

7.11 (Transitividade do paralelismo) A relação<br />

de paralelismo entre rectas é<br />

uma relação de equivalência.<br />

Dem: A relação é trivialmente reflexiva e simétrica. Seja então < uma recta,<br />

simultaneamente paralela às rectas = e > , e provemos que = e > são paralelas,<br />

para o que podemos já supor que =Á> . Seja E−= , com EÂ> e seja ! o<br />

único plano que contém E e > . Tendo em conta 7.7,<br />

a recta < é paralela ao<br />

w w w<br />

plano ! e, pelo mesmo resultado, existe uma recta = § ! com E − = e =<br />

w<br />

paralela a < . Tendo em conta o axioma das paralelas 7.10,<br />

tem-se = œ = ,<br />

portanto =§ ! . As rectas = e > são assim complanares pelo que, para<br />

verificarmos que são efectivamente paralelas, basta verificar que =>œg.<br />

Ora, se isso não acontecesse, existia F−=> , e éramos conduzidos a um<br />

absurdo pela unicidade da paralela a < que passa por F garantida pelo<br />

axioma das paralelas 7.10. <br />

7.12 (Transitividade recta, recta, plano) Se a recta = é paralela ao plano ! e a<br />

recta < é paralela a = , então a recta < é também paralela ao plano ! . 16<br />

Dem: Tendo em conta 7.7 , existe uma recta >§ ! tal que = seja paralela a > e<br />

então < também é paralela a > , o que, pelo mesmo resultado, implica que < é<br />

paralela a ! .<br />

<br />

7.13 (Recíproco de 7.2 ) Sejam uma recta tal que >< œ ÖE× e >= œ<br />

ÖF× , para a qual se tem assim > § ! . Seja ! um dos semiplanos de ! de<br />

bordo > e notemos < e = as semirectas de < e de = , de origens E e F,<br />

que<br />

< =<br />

estão contidas em e e as semirrectas opostas. Tem-se então<br />

! <br />

15É claro que, se F−< , tembém existe uma única paralela = a < tal que F−= ,<br />

nomeadamente =œ< .<br />

16É claro que, se duas rectas < e = são ambas paralelas a um plano ! , < e = não têm que<br />

ser paralelas.<br />

– 88–


Û Û<br />

. ( ÖEFß < × ) . ÐÖFEß = ×Ñ œ #<br />

<br />

(os ângulos internos do mesmo lado da secante são suplementares) e<br />

Û Û<br />

. ( ÖEFß < × ) œ . ÐÖFEß = ×Ñ<br />

(os ângulos alternos internos são iguais).<br />

B<br />

<br />

A<br />

t<br />

Dem: Tendo em conta o axioma a) em 3.17,<br />

podemos considerar uma semir-<br />

w recta = § ! de origem F tal que<br />

<br />

<br />

– 89–<br />

a +<br />

r+<br />

s+<br />

Û Û w<br />

. ( ÖEFß < × ) . ÐÖFEß = ×Ñ œ #<br />

<br />

w w w<br />

e, sendo = § ! a recta que contém = ,<br />

resulta de 7.2 que as rectas < e = são<br />

w w<br />

paralelas. Pelo axioma das paralelas, tem-se =œ= , e portanto = œ= ,<br />

de<br />

onde resulta que se tem efectivamente<br />

Û Û<br />

. ( ÖEFß < × ) . ÐÖFEß = ×Ñ œ # .<br />

<br />

<br />

Û Û<br />

Se repararmos que ÖFEß = × e ÖFEß = ×<br />

são ângulos adjacentes, e portanto<br />

Û Û<br />

que . ÐÖFEß = ×Ñ œ # . ÐÖFEß = ×Ñ,<br />

a igualdade anterior implica que se<br />

Û Û<br />

tem também . ( ÖEFß < × ) œ . ÐÖFEß = ×Ñ.<br />

<br />

7.14 (Corolário — recta paralela a uma recta perpendicular a uma recta)<br />

Sejam < uma recta perpendicular à recta > e = uma recta paralela a < e<br />

concorrente com > . Tem-se então que = é perpendicular a > .<br />

Dem: Se


ecta paralela a < passando por T , pelo que = œ = , e portanto = é<br />

perpendicular ao plano ! .<br />

<br />

7.16 (Recta paralela a um plano perpendicular a uma recta) Sejam ! um<br />

plano perpendicular a uma recta < e = uma recta paralela ao plano ! e<br />

concorrente com < . Tem-se então a resta = é perpendicular à recta < .<br />

Dem: Sendo ! paralela a = , tal<br />

que T−>§ ! (cf. 7.7).<br />

Como < é perpendicular a ! , vem < perpendicular a<br />

> e portanto, como = é paralela a > e concorrente com < , resulta de 7.14 que =<br />

é perpendicular a < .<br />

<br />

7.17 (Teorema do ângulo externo e soma dos ângulos internos) Seja<br />

ÐEßFßGÑ um triângulo. Tem-se então que a amplitude dos ângulos externos<br />

w w<br />

de vértice G (cf. 4.18 ) é igual a . ÐE Ñ . ÐF Ñ (a soma das amplitudes dos<br />

ângulos internos não adjacentes). 17 Em consequência, tem-se também<br />

w w w<br />

. ÐE Ñ . ÐF Ñ . ÐG Ñ œ #. 18<br />

A<br />

B<br />

b+<br />

Dem: Tendo em conta a igualdade da amplitude dos dois ângulos externos de<br />

vértice G, podemos considerar aquele que é determinado pela semirrecta GF<br />

Û<br />

Û<br />

e pela semirrecta , oposta à semirrecta , œ GE.<br />

Consideremos o<br />

semiplano ! de bordo ,œEGque contém o ponto Fe,<br />

tendo em conta o<br />

axioma a) em 3.17 , consideremos a semirrecta = de origem G contida em<br />

! . . w<br />

tal que ÐÖ, ß = ×ÑœÐE<br />

Ñ. Uma vez que, tendo em conta 4.19,<br />

w Û Û<br />

. ÐÖ, ß= ×Ñ œ . ÐE Ñ . ÐÖ, ßGF×Ñ , resulta de 3.18 que = § nÖ, ßGF×<br />

e portanto, pelo axioma b) em 3.17,<br />

Û Û<br />

(#)<br />

. ÐÖ, ß GF×Ñ œ . ÐÖ, ß = ×Ñ . ÐÖ= ß GF×Ñ<br />

– 90–<br />

C<br />

s+<br />

w<br />

b-<br />

.<br />

Uma vez que os ângulos Ö, ß = × e Ö, ß = ×<br />

são adjacentes, vem<br />

17Comparar com 4.19 e 4.24.<br />

18A soma dos ângulos internos dum triângulo é # , comparar com 4.22.


Û Û Û<br />

. ÐÖGEß = ×Ñ œ . ÐÖ, ß = ×Ñ œ # . ÐÖ, ß = ×Ñ œ # . ÐÖEGß EF×Ñ<br />

<br />

pelo que, por 7.2, a recta EF é paralela à recta = que contém =.<br />

Como o<br />

Û<br />

ponto E, e portanto a semirrecta FE está no semiplano de ! de bordo FG<br />

Û<br />

oposto àquele que contém = (porque = § nÖ, ßGF×<br />

), deduzimos de 7.13<br />

Û Û Û w<br />

que . ÐÖ= ß<br />

GF×Ñ œ . ÐÖFEß FG×Ñ œ . ÐF Ñ.<br />

Substituindo na fórmula (#)<br />

Û w w<br />

acima, obtemos finalmente . ÐÖ, ß<br />

GF×Ñ œ . ÐE Ñ . ÐF Ñ.<br />

A fórmula<br />

w w w Û<br />

. ÐEÑ. ÐFÑ. ÐG Ñœ# resulta agora de que os ângulos Ö, ßGF×<br />

e<br />

Û w<br />

Ö, ß<br />

GF× œ G são adjacentes, e portanto verificam a igualdade<br />

w Û<br />

. ( G ) œ #. ÐÖ, ßGF×Ñ.<br />

<br />

<br />

7.18 Seja ÐEßFßGßHÑum<br />

quadrilátero convexo. Tem-se então que a soma dos<br />

seus ângulos é igual a % :<br />

w w w w<br />

. ÐEÑ. ÐF Ñ. ÐG Ñ. ÐHÑœ% .<br />

Dem: Seja ! o plano que contém o quadrilátero. O facto de F e G estarem<br />

no mesmo semiplano de ! de bordo EH e de G e H estarem no mesmo<br />

Û Û<br />

semiplano de ! de bordo EF, diz-nos que H − nÖEFß EH× , tendo que H<br />

não pertence a EF nem a EH,<br />

por termos um quadrilátero.<br />

A<br />

Podemos assim deduzir do axioma b) em 3.17 que se tem<br />

w Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐE Ñ œ . ÐÖEFß EH×Ñ œ . ÐÖEFß EG×Ñ . ÐÖEGß EH×Ñ.<br />

Aplicando esta conclusão ao quadrilátero convexo ÐGßHßEßFÑ,<br />

obtemos<br />

w Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐG Ñ œ . ÐÖGHß GF×Ñ œ . ÐÖGHß GE×Ñ . ÐÖGEß GF×Ñ.<br />

Por outro lado, aplicando 7.17 <strong>aos</strong> triângulos ÐEßFßGÑe ÐEßHßGÑ,<br />

vemos<br />

que<br />

w Û Û Û Û<br />

. ÐF Ñ . ÐÖGEß GF×Ñ . ÐÖEFß EG×Ñ œ # ,<br />

w Û Û Û Û<br />

. ÐH Ñ . ÐÖEGß EH×Ñ . ÐÖGHß GE×Ñ œ # .<br />

– 91–<br />

B<br />

D<br />

C


Podemos assim escrever<br />

w w w w<br />

. ÐEÑ. ÐF Ñ. ÐG Ñ. ÐHÑœ Û Û Û Û Û Û<br />

œ . ÐÖEFß EG×Ñ . ÐÖEGß EH×Ñ . ÐÖGHß GE×Ñ <br />

Û Û w w<br />

œ . ÐÖGEßGF×Ñ. Ð F Ñ. ÐH Ñ œ<br />

œ##œ% .<br />

7.19 (Caracterização dos paralelogramos pelo paralelismo) Sejam<br />

Eß Fß Gß H quatro pontos distintos tais que as rectas EF e GH sejam<br />

estritamente paralelas e as rectas FG e HE sejam estritamente paralelas.<br />

Tem-se então que ÐEßFßGßHÑé<br />

um paralelogramo.<br />

Dem: O facto de EF e GH serem estritamente paralelas implica a existência<br />

de um plano ! contendo os quatro pontos a o facto de cada terno de pontos<br />

ÐFßGßHÑ, ÐGßHßEÑ, ÐHßEßFÑ e ÐEßFßGÑ ser não colinear, pelo que<br />

ÐEßFßGßHÑé um quadrilátero. Esse mesmo paralelismo implica que G e H<br />

estão no mesmo semiplano de ! de bordo EF (se a recta GH tem<br />

intersecção vazia com EF, o segmento ÒGß HÓ também não intersecta EF)<br />

e<br />

que E e F estão no mesmo semiplano de ! de bordo GH.<br />

Do mesmo modo,<br />

o paralelismo das rectas FG e EH implica que E e H estão no mesmo<br />

semiplano de ! de bordo FG e que F e G estão no mesmo semiplano de !<br />

de bordo HE. Concluímos assim que o quadrilátero ÐEßFßGßHÑé<br />

convexo.<br />

D<br />

A B<br />

O facto de termos um quadrilátero convexo implica, pela alínea b) de 6.4,<br />

que F e H estão em semiplanos opostos de ! de bordo EG pelo que o<br />

Û Û<br />

paralelismo das rectas EF e GH implica, por 7.13 , que . ÐÖEGß EF×Ñ œ<br />

. Û Û<br />

ÐÖGEß GH×Ñ e o paralelismo das rectas FG e HE implica, pelo mesmo<br />

Û Û Û Û<br />

resultado, que . ÐÖEGß EH×Ñ œ . ÐÖGEß GF×Ñ.<br />

Podemos agora aplicar o<br />

teorema ALA (cf. 4.15) para garantir que os triângulos ÐEßFßGÑ e<br />

ÐGßHßEÑsão congruentes e portanto que lEHlœlFGle lEFlœlGHl,<br />

o<br />

que mostra que o quadrilátero convexo ÐEßFßGßHÑé um paralelogramo. <br />

7.20 (Outra caracterização dos paralelogramos) Seja ÐEßFßGßHÑ um<br />

quadrilátero convexo tal que as rectas EF e GH sejam paralelas e que<br />

lEFl œ lGHl. Tem-se então que ÐEßFß Gß HÑ é um paralelogramo.<br />

Dem: O facto de termos um quadrilátero convexo implica, pela alínea b) de<br />

6.4, que F e H estão em semiplanos opostos de ! de bordo EG pelo que o<br />

Û Û<br />

paralelismo das rectas EF e GH implica, por 7.13 , que . ÐÖEGß EF×Ñ œ<br />

. Û Û<br />

ÐÖGEß GH×Ñ.<br />

– 92–<br />

C


D<br />

A B<br />

Tendo em conta o axioma 4.13, os triângulos ÐEßFßGÑ e ÐGßHßEÑ são<br />

congruentes e portanto tem-se também lEHl œ lFGl,<br />

o que nos permite<br />

concluir que o quadrilátero convexo ÐEßFßGßHÑé um paralelogramo. <br />

7.21 (Ainda outra) Seja ÐEßFßGßHÑum<br />

quadrilátero convexo tal que as rectas<br />

w w<br />

EF e GH sejam paralelas e que . ÐH Ñ œ . ÐF Ñ.<br />

Tem-se então que<br />

ÐEßFßGßHÑ é um paralelogramo.<br />

D<br />

A B<br />

Dem: O facto de termos um quadrilátero convexo implica, pela alínea b) de<br />

6.4, que F e H estão em semiplanos opostos de ! de bordo EG pelo que o<br />

Û Û<br />

paralelismo das rectas EF e GH implica, por 7.13 , que . ÐÖEGß EF×Ñ œ<br />

. Û Û<br />

ÐÖGEß GH×Ñ.Podemos então aplicar o teorema LAA (cf. 4.35)<br />

para<br />

garantir que os triângulos ÐEßFßGÑe ÐGßHßEÑsão<br />

congruentes e portanto<br />

tem-se lEHl œ lFGl e lEFl œ lGHl,<br />

o que nos permite concluir que o<br />

quadrilátero convexo ÐEßFßGßHÑé um paralelogramo.<br />

<br />

7.22 (E mais uma) Seja ÐEßFßGßHÑ um quadrilátero convexo tal que os ânw<br />

w w w<br />

gulos opostos sejam congruentes, isto é, . ÐE Ñ œ . ÐG Ñ e . ÐH Ñ œ . ÐF ÑÞ<br />

Tem-se então que ÐEßFßGßHÑé<br />

um paralelogramo.<br />

D<br />

A B<br />

w w w w<br />

Dem: Tendo em conta 7.18 , . ÐEÑ. ÐFÑ. ÐG Ñ. ÐHÑœ% , portanto<br />

w w w w<br />

# . ÐEÑ# . ÐHÑœ% , ou seja, . ÐEÑ. ÐHÑœ# . Uma vez que, por<br />

termos um quadrilátero convexo, F e G estão no mesmo semiplano do plano<br />

do quadrilátero com bordo EH, resulta de 7.13 que as rectas EF e GH são<br />

paralelas. Aplicando esta conclusão ao quadrilátero convexo ÐFßGßHßEÑ,<br />

– 93–<br />

C<br />

C<br />

C


que verifica as mesmas hipóteses, vemos que as rectas EH e FG também<br />

são paralelas pelo que, por 7.19, ÐEßFßGßHÑé um paralelogramo. <br />

Vamos terminar esta secção examinando mais uma noção de paralelismo,<br />

agora a de paralelismo de dois planos.<br />

7.23 Diz-se que dois planos ! e " são estritamente paralelos se ! " œ g e que<br />

eles são paralelos se forem estritamente paralelos ou ! œ " .<br />

7.24 Sejam ! e " dois planos paralelos. Tem-se então:<br />

a) Se § ! , e<br />

portanto também >" œg. Uma vez que T −=> , o axioma das paralelas<br />

(cf. 7.10 ) garante que =œ> , donde =§! , como queríamos.<br />

<br />

– 94–


7.25 (Corolário) Sejam ! e " planos paralelos e T−!<br />

. Tem-se então que ! é a<br />

união de todas as rectas = paralelas a " tais que T − = .<br />

Dem: Tendo em conta a alínea b) de 7.24 , cada recta = paralela a " tal que<br />

T−= está contida em ! . Se U− ! , podemos considerar um recta


paralelas a < distintas e passando por E . Sendo ! o plano que contém < e = ,<br />

tem-se T−! e ! é paralelo a " , tendo em conta 7.26. <br />

7.30 (Dois planos perpendiculares a uma recta) Sejam ! e " dois planos<br />

perpendiculares a uma recta < . Tem-se então que ! e " são paralelos.<br />

w ww w ww<br />

Dem: Seja ! < œ ÖT× . Sejam T ßT − ! tais que TßT ßT seja não coliw<br />

ww neares. Tem-se então que as rectas TT e TT são rectas de ! perpendicuw<br />

ww<br />

lares a < pelo que, tendo em conta 7.8, as rectas TT e TT são ambas<br />

paralelas ao plano " . Pdemos agora deduzir de 7.26 que os planos ! e " são<br />

paralelos. <br />

7.31 (Plano paralelo a um plano perpendicular a uma recta) Sejam ! um<br />

plano perpendicular a uma recta < e " um plano paralelo a ! . Tem-se então<br />

que o plano " é perpendicular à recta < .<br />

Dem: A recta < não é paralela ao plano " , senão seria também paralela ao<br />

plano ! (cf. 7.27 ). Tem-se portanto


B<br />

A<br />

X Y<br />

Dem: 1) Seja ! o plano que contém Eß Fß G . Uma vez que \ Â FG,<br />

por ser<br />

EF FG œ ÖF× , vemos que a única recta < , paralela a FG e contendo \ , é<br />

estritamente paralela a FG, em particular F e G não pertencem a < . Tem-se<br />

também EÂ< , sem o que


A<br />

X Y<br />

B C<br />

Tendo em conta o lema 8.1, podemos considerar o ponto ^−ÒFßGÓtal<br />

que<br />

]^ seja paralela a EF, o qual é distinto de F e de G, e tem-se lF\lœ<br />

l^] l, lF^l œ l\] l,<br />

Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖG^ß G] ×Ñ œ . ÐÖGFß GE×Ñ œ . ÐÖ] \ß ] E×Ñ,<br />

Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖE\ß E] ×Ñ œ . ÐÖEFß EG×Ñ œ . ÐÖ] ^ß ] G×Ñ.<br />

O facto de se ter<br />

#lE\l œ lEFl œ lE\l lF\l<br />

implica que l^] l œ lF\l œ lE\l. Podemos agora aplicar o teorema 4.35<br />

para garantir que os triângulos ÐEß\ß]Ñ e Ð]ß^ßGÑ são congruentes,<br />

donde l] Gl œ lE] l e l^Gl œ l\] l œ lF^l.<br />

Podemos daqui deduzir que<br />

lEGl œ lE] l l] Gl œ #lE] l e lFGl œ lF^l l^Gl œ #l\] l,<br />

como<br />

queríamos.<br />

2) Vamos agora supor o resultado verdadeiro para um certo 5 # e que se<br />

tem lEFl œ Ð5 "ÑlE\l.<br />

B'<br />

X<br />

A<br />

Y<br />

B C" C<br />

Consideremos o ponto F − ÒEß FÓ para o qual se tem lEF l œ 5lE\l (cf. a<br />

w<br />

alínea d) de 1.19 ) e os pontos ]ßG −ÒEßGÓ definidos pela condição de \]<br />

w w ww<br />

e FG serem rectas paralelas a FG. Consideremos o ponto G −ÒFßGÓ<br />

w ww<br />

definido pela condição de a recta GG ser paralela a EF.<br />

Tendo em conta o<br />

– 98–<br />

C'<br />

w w


w ww w ww w w<br />

lema 8.1, tem-se lFF l œ lG G l, lFG l œ lF G l,<br />

Ûww Û w Û Û Û Û<br />

. ÐÖGGßGG ×Ñœ. ÐÖGFßGE×Ñœ. ÐÖ]\ß]E×Ñ,<br />

Û Û Û Û Ûw ww Ûw<br />

. ÐÖE\ßE]×Ñœ. ÐÖEFßEG×Ñœ. ÐÖGG ßG G×Ñ.<br />

Uma vez que<br />

w w w<br />

Ð5 "ÑlE\l œ lEFl œ lEF l lF Fl œ 5lE\l lF Fl,<br />

w ww w 4.35<br />

deduzimos que lE\l œ lFF l œ lG G l.<br />

Deduzimos de que os triângu-<br />

w ww w<br />

los ÐEß\ß]Ñ e ÐGßG ßGÑsão congruentes, e portanto que lE]lœlGGle ww l\] l œ lG Gl.<br />

Por outro lado, pela hipótese de indução, tem-se<br />

w w w<br />

lEG l œ 5lE] l e lF G l œ 5l\] l.<br />

Podemos finalmente concluir que<br />

w w<br />

lEGlœlEGllGGlœ5lE]llE]lœÐ5"ÑlE]l,<br />

ww ww w w ww<br />

lFGlœlFGllGGlœlFGllGGlœ5l\]ll\]lœÐ5"Ñl\]l, o que termina a demonstração por indução. <br />

8.3 (Versão interior de Thales) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo e seja \ −ÒEßFÓ,<br />

distinto de E . Existe então um único ] − ÒEßGÓ tal que a recta \] seja<br />

paralela a FG , e, sendo + ! o definido por lE\l œ +lEFl , vem + Ÿ " ,<br />

Û Û Û Û<br />

lE] l œ +lEGl, l\] l œ +lFGl,<br />

. ÐÖFGßFE×Ñœ. ÐÖ\]ß\E×Ñ e<br />

Û Û Û Û<br />

. ÐÖGFß GE×Ñ œ . ÐÖ] \ß ] E×Ñ.<br />

A<br />

X Y<br />

B C<br />

Dem: 1) O facto de se ter +" é uma consequência imediata de se ter<br />

!lE\lŸlEFl (cf. a alínea d) de 1.19 ). No caso em que \œF,<br />

e<br />

portanto +œ" , G é o único ] −ÒEßGÓ tal que \] é paralelo a FG,<br />

uma<br />

vez que FG EG œ ÖG× , e é trivial que ] œ G verifica todas as condições<br />

do enunciado.<br />

Podemos assim supor em seguida \ÁF, portanto que lE\llEFl e que<br />

+".<br />

2) A existência e unicidade de ]−ÒEßGÓ tal que \] seja paralela a FGfoi<br />

estabelecida no lema 8.1 tal como o foi o facto de ] ser diferente de E e de<br />

Û Û Û<br />

Û<br />

G e a igualdade . ÐÖGFß GE×Ñ œ . ÐÖ] \ß ] E×Ñ.<br />

Aplicando a mesma con-<br />

– 99–


clusão ao triângulo ÐEßGßFÑ e reparando que \ é o único elemento de<br />

ÒEß FÓ tal que ] \ seja paralela a GF,<br />

concluímos que se tem também a<br />

Û Û Û Û<br />

igualdade . ÐÖFGßFE×Ñœ. ÐÖ\]ß\E×Ñ.<br />

3) Resta-nos mostrar as igualdades lE] l œ +lEGl, l\] l œ +lFGl.<br />

Faremos<br />

essa prova nesta alínea no caso particular em que !+" é racional,<br />

:<br />

portanto da forma +œ ; , onde : e ; são naturais com "Ÿ:; , podendo já<br />

afastar-se o caso em que :œ" , caso em que a conclusão está contida no<br />

"<br />

lema 8.2. Sejam ^ − ÒEß \Ó o ponto para o qual se tem lE^l œ : lE\l,<br />

"<br />

portanto também lE^l œ ; lEFl e [ − ÒEß ] Ó o único ponto tal que ^[<br />

seja paralela a. \] , e portanto a FG.<br />

Z<br />

A<br />

W<br />

X Y<br />

B C<br />

Aplicando duas vezes o lema 8.2, concluímos que se tem lE] l œ :lE[ l,<br />

l\] l œ :l^[ l, lEGl œ ;lE[ l e lFGl œ ;l^[ l,<br />

donde<br />

"<br />

lE] l œ : ‚ lEGl œ +lEGl,<br />

;<br />

"<br />

l\] l œ : ‚ lFGl œ +lFGl.<br />

;<br />

4) Vamos enfim examinar o caso mais geral em que !+" é um real<br />

w ww w ww<br />

arbitrário. Sejam + e + racionais arbitrários tais que !+ ++ " .<br />

w ww<br />

A<br />

X' Y'<br />

X Y<br />

X"<br />

Y"<br />

B C<br />

Sejam \ß\ −ÒEßFÓ, distintos de E e de F os pontos definidos por<br />

w w ww ww<br />

lE\ l œ + lEFl e lE\ l œ + lEFl,<br />

pontos para os quais se tem assim<br />

– 100–


w ww w ww<br />

\ − ÒEß \Ó e \ − ÒEß \ Ó (cf. a alínea d) de 1.19).<br />

Sejam ] ß ] − ÒEß GÓ<br />

w w ww ww<br />

os únicos pontos para os quais as rectas \] e \ ] são paralelas a FG,<br />

w w<br />

pontos para os quais se tem ] − ÒEß]Ó (o único ponto ] − ÒEß]Ó tal que<br />

w w w w<br />

\] é paralela a \] é um ponto de ÒEßGÓ tal que \] é paralela a FGÑe<br />

ww w ww<br />

] − ÒEß ] Ó (justificação análoga). Tem-se assim lE] l lE] l lE] l e,<br />

w w ww ww<br />

tendo em conta o lema 8.1, l\ ] l l\] l l\ ] l.<br />

Tendo em conta o<br />

w w w w w<br />

caso particular tratado em 3), tem-se lE] l œ + lEFl, l\ ] l œ + lFGl,<br />

ww ww ww ww ww<br />

lE] l œ + lEFl e l\ ] l œ + lFGl , pelo que sendo ,ß - os números reais<br />

w ww<br />

definidos por lE] l œ ,lEFl e l\] l œ -lFGl , tem-se + , + e<br />

w ww w ww<br />

+ - + . Tendo em conta a arbitrariedade dos racionais + e + ,<br />

concluímos finalmente que ,œ+ e -œ+ . 19 <br />

8.4 (Versão completa do recíproco de Thales) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo.<br />

Û Û<br />

Sejam \ − EF e ] − EG tais que, para um certo + ! , lE\l œ +lEFl e<br />

lE] l œ +lEGl . Tem-se então que a recta \] é paralela à recta FG .<br />

Dem: Comecemos por examinar o caso em que !+Ÿ" , e portanto<br />

\−ÒEßFÓ e ] −ÒEßGÓsão diferentes de E.<br />

Tendo em conta 8.3,<br />

existe um<br />

w w w<br />

único ] − ÒEßGÓ tal que a recta \] seja paralela a FG e então lE] l œ<br />

w<br />

+lEGl œ lE] l , o que implica, por ] e ] estarema na mesma semirrecta de<br />

w<br />

origem E , que ] œ ] , e portanto a recta \] é paralela a FG.<br />

Vejamos agora o que se passa no caso em que +" . Uma vez que Eß\ß]<br />

são não colineares, podemos considerar o triângulo ÐEß\ß]Ñ,<br />

para o qual se<br />

Û Û " " "<br />

tem F − E\ , G − E] , lEFl œ + lE\l e lEGl œ + lE] l , onde ! + " ,<br />

pelo que, aplicando o caso estudado anteriormente, concluímos que a recta<br />

FG é paralela à recta \] . <br />

X<br />

B<br />

A<br />

8.5 (Versão completa de Thales) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo e seja \ −EF, Û<br />

distinto de E . Existe então um único ] − EG tal que a recta \] seja<br />

Û<br />

paralela a FG , e, sendo + ! o definido por lE\l œ +lEFl,<br />

vem<br />

Û Û Û Û<br />

lE] l œ +lEGl, l\] l œ +lFGl,<br />

. ÐÖFGßFE×Ñœ. ÐÖ\]ß\E×Ñ e<br />

19Um número real que é menor que todos os racionais maiores que + e maior que todos os<br />

racionais menores que + tem que ser +<br />

.<br />

– 101–<br />

C<br />

Y


Û Û Û Û<br />

. ÐÖGFß GE×Ñ œ . ÐÖ] \ß ] E×Ñ.<br />

Dem: O caso em que \ −ÒEßFÓ ou, o que é o mesmo, aquele em que +Ÿ" ,<br />

já foi estabelecido em 8.3 (em rigor aí apenas se afirmou a unicidade de ]<br />

em ÒEß GÓ , mas não pode haver mais que um ] − EG tal que E] seja<br />

paralela a FG ). Resta examinar o caso em que \ Â ÒEßFÓ, isto é, em que<br />

"<br />

+ " , caso em que se tem F − ÒEß \Ó e lEFl œ + lE\l . Sendo ] − EG Û o<br />

definido por lE] l œ +lEGl , resulta de 8.4 que a recta \] é paralela a FG<br />

e, é claro que ] é mesmo o único elemento da recta EG com esta<br />

propriedade, em particular é o único elemento de EG para o qual isso<br />

Û<br />

acontece. É claro que G é também o único elemento de E] tal que FG seja<br />

paralela a \] , pelo que, aplicando 8.3 ao triângulo ÐEß\ß]Ñ e ao ponto<br />

Û Û Û Û<br />

F−ÒEß\Ó concluímos que . ÐÖ\] ß \E×Ñ œ . ÐÖFGß FE×Ñ e<br />

Û Û Û Û<br />

. ÐÖ] \ß ] E×Ñ œ . ÐÖGFß GE×Ñ. <br />

w w w<br />

8.6 Diz-se que dois triângulos ÐEßFßGÑ e ÐEßFßG Ñ são semelhantes se se<br />

w w w w w w<br />

tem . ÐE Ñ œ . ÐE Ñ, . ÐF Ñ œ . ÐF Ñ e . ÐG Ñ œ . ÐG Ñ e existe + ! tal<br />

w w w w w w<br />

que lE F l œ +lEFl, lF G l œ +lFGl e lG E l œ +lGEl . Diz-se então que +<br />

é a razão de semelhança (do primeiro triângulo para o segundo).<br />

8.7 A relação de semelhnça entre triângulos é uma relação de equivalência. Mais<br />

precisamente:<br />

1) Os triângulos ÐEßFßGÑ e ÐEßFßGÑ são semelhantes, com razão de<br />

semelhança " .<br />

w w w<br />

2) Se ÐEßFßGÑe ÐEßFßG<br />

Ñ são semelhantes, com razão de sememelhança<br />

w w w +! , então ÐE ßFßGÑe<br />

ÐEß Fß GÑ são semelhantes, com razão de seme-<br />

" lhança + .<br />

w w w<br />

3) ÐEßFßGÑ e ÐEßFßG Ñ são semelhantes, com razão de semelhança + , e<br />

w w w ww ww ww<br />

ÐE ßFßG Ñ e ÐE ß F ß G Ñ são semelhantes, com razão de semelhança , ,<br />

ww ww ww<br />

então ÐEßFßGÑ e ÐE ßF ßG Ñ são semelhantes, com razão de semelhança<br />

+,.<br />

Dem: Trata-se de uma consequência imediata da definição. <br />

w w w<br />

8.8 Dois triângulos ÐEßFßGÑ e ÐEßFßG Ñ são congruentes (cf. a definição<br />

4.11) se, e só se, são semelhantes, com razão de semelhança " .<br />

w w w<br />

8.9 (Critério LAL de semelhança) Sejam ÐEßFßGÑ e ÐEßFßG Ñ dois triân-<br />

w w w w<br />

gulos tais que . ÐE Ñ œ . ÐE Ñ e que exista + ! tal que lE F l œ +lEFl e<br />

w w lE G l œ +lEGl.<br />

Tem-se então que os dois triângulos são semelhantes, com<br />

razão de semelhança + .<br />

Û Û<br />

Dem: Consideremos \ − EF e ] − EG tais que<br />

w w w w<br />

lE\l œ lE F l œ +lEFl, lE] l œ lE G l œ +lEGl.<br />

Tendo em conta o axioma LAL (cf. 4.13), os triângulos ÐEß\ß]Ñ e<br />

w w w ÐEßFßG Ñ são congruentes. Tendo em conta 8.4,<br />

a recta \] é paralela à<br />

recta FG e podemos então aplicar 8.5<br />

para garantir que<br />

– 102–


w w<br />

lF G l œ l\] l œ +lFGl,<br />

w Û Û Û Û w<br />

. ÐFÑœ. ÐÖ\]ß\E×Ñœ. ÐÖFGßFE×Ñœ. ÐFÑ, w Û Û Û Û w<br />

. ÐG Ñœ. ÐÖ]\ß]E×Ñœ. ÐÖGFßGE×Ñœ. ÐGÑ, donde o resultado. <br />

w w w<br />

8.10 (Critério AA de semelhança) Sejam ÐEßFßGÑ e ÐEßFßG Ñ dois triân-<br />

w w w w<br />

gulos tais que . ÐE Ñ œ . ÐE Ñ e . ÐF Ñ œ . ÐF Ñ.<br />

Tem-se então que os dois<br />

triângulos são semelhantes.<br />

Dem: Seja \ − EF tal que lE\l œ lEF l.<br />

Tendo em conta , podemos<br />

Û w w 8.5<br />

considerar ] − EG \] FG +!<br />

Û tal que a recta seja paralela a , e, sendo o<br />

definido por lE\l œ +lEFl, vem lE] l œ +lEGl, l\] l œ +lFGl,<br />

Û Û Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖFGß FE×Ñ œ . ÐÖ\] ß \E×Ñ e . ÐÖGFß GE×Ñ œ . ÐÖ] \ß ] E×Ñ.<br />

As<br />

w w<br />

igualdades lE\l œ lE F l,<br />

Û Û w w<br />

. ÐÖE\ßE]×Ñœ. ÐEÑœ. ÐEÑ, Û Û Û Û w w<br />

. ÐÖ\]ß\E×Ñœ. ÐÖFGßFE×Ñœ. ÐFÑœ. ÐFÑ, implicam, pelo teorema ALA (cf. 4.15), que os triângulos ÐEß\ß]Ñ e<br />

w w w ÐEßFßG Ñsão<br />

congruentes. Tem-se assim<br />

w Û Û Û Û Ûw w Ûw<br />

w w<br />

. ÐGÑœ. ÐÖGFßGE×Ñœ. ÐÖ]\ß]E×Ñœ. ÐÖGFßGE×Ñœ. ÐG Ñ,<br />

w w<br />

lE F l œ lE\l œ+lEFl,<br />

w w<br />

lE G l œ lE] l œ+lEGl,<br />

w w<br />

lF ß G l œ l\] l œ+lFGl,<br />

o que mostra que os dois triângulos são semelhantes. <br />

w w w<br />

8.11 (Critério LLL de semelhança) Sejam ÐEßFßGÑe ÐEßFßG Ñ dois triân-<br />

w w w w<br />

gulos tais que, para um certo +! , lEFlœ+lEFl, lFGlœ+lFGle<br />

w w lG E l œ +lGEl.<br />

Tem-se então que os dois triângulos são semelhantes.<br />

ww<br />

Dem: Fixemos um ponto arbitrário E e duas semirrecta < e = de origem<br />

ww ww ww<br />

E tais que . Ð< ß= Ñ œ . ÐE Ñ. Consideremos pontos F − < e G − = <br />

w<br />

ww ww w w ww ww w w<br />

tais que lE F l œ lE F l œ +lEFl e lE G l œ lE G l œ +lEGl.<br />

Tendo em<br />

conta o critério LAL de semelhança (cf. 8.9), os triângulos ÐEßFßGÑ e<br />

ww ww ww ww ww<br />

ÐE ßF ßG Ñ são semelhantes, em particular tem-se também lF G lœ<br />

w w +lFGl œ lF G l.<br />

Tendo em conta o teorema LLL (cf. 4.34),<br />

vemos que os<br />

w w w ww ww ww<br />

triângulos ÐE ßFßG Ñ e ÐE ßF ßG Ñ são congruentes, em particular<br />

w w w<br />

semelhantes e daqui decorre, por transitividade, que ÐEßFßGÑe ÐEßFßG<br />

Ñ<br />

são semelhantes. <br />

8.12 (Teorema de Pitágoras) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo tal que . w<br />

ÐE Ñ œ "<br />

(um triângulo rectângulo em E).<br />

Tem-se então<br />

– 103–


# # #<br />

lFGl œ lEFl lEGl<br />

(a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa) 20.<br />

Dem: Para simplificar o formalismo, vamos fixar .−Y,<br />

reparando que nos<br />

# # #<br />

bastará provar que se tem .ÐFß GÑ œ .ÐEßFÑ .ÐEßGÑ , isto é,<br />

# # # + œ- , , onde, como é habitual, se nota +œ.ÐFßGÑ, -œ.ÐEßFÑe<br />

,œ.ÐEßGÑ.<br />

w w w w w<br />

Uma vez que . ÐE Ñ . ÐF Ñ . ÐG Ñ œ # , vem . ÐF Ñ . ÐG Ñ œ " , em<br />

w w<br />

particular . ÐF Ñ " e . ÐG Ñ " . Consideremos o pé da perpendicular H<br />

de E para a recta FG (cf. 4.28) e reparemos que, tendo em conta 4.33,<br />

tem-se H−ÒFßGÓ, com Hdiferente de Fe de G. Notemos Bœ.ÐFßHÑe<br />

Cœ.ÐHßGÑe reparemos que, por ser H−ÒFßGÓ,<br />

resulta de 1.25 que<br />

+ œ .ÐFß GÑ œ .ÐFßHÑ .ÐHßGÑ œ B C.<br />

c<br />

A<br />

1<br />

x<br />

1 1 y<br />

B D a<br />

C<br />

Reparemos agora que, tendo em conta 8.10, os triângulos ÐHßFßEÑ e<br />

ÐHßEßGÑ são ambos semelhantes ao triângulo ÐEßFßGÑ,<br />

no primeiro caso<br />

por ser<br />

Û Û Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖHFßHE×Ñœ"œ. ÐÖEFßEG×Ñ, ÖFHßFEלÖFEßFG× ,<br />

e no segundo caso por ser<br />

Û Û Û Û Û Û Û Û<br />

. ÐÖHEßHG×Ñ œ " œ . ÐÖEFßEG×Ñ, ÖGHßGE× œ ÖGEßGF× .<br />

<strong>Da</strong> primeira semelhança deduzimos que - œ + a da segunda que , œ + .<br />

# #<br />

Deduzimos destas duas igualdades que - œ B+ e , œ C+ , donde<br />

# # #<br />

- , œB+C+œÐBCÑ+œ+ ,<br />

– 104–<br />

b<br />

B - C ,<br />

como queríamos. <br />

8.13 (Corolário) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo tal que . w<br />

ÐE Ñ " (respectivamente<br />

. ). Tem-se então (respectivamente<br />

w<br />

# # #<br />

ÐE Ñ " lFGl lEFl lEGl<br />

20Lembrar que, por exemplo, lFGl é a família dos .ÐFßGÑ,<br />

indexada nas distâncias<br />

# #<br />

. − Y. A notação lFGl refere-se asim, naturalmente à família dos .ÐFßGÑ .<br />

Analogamente, o segundo membro é uma soma de duas famílias indexadas em .−Y e,<br />

como tal, é naturalmente uma família indexada em .−Y.


# # # lFGl lEFl lEGl ). Em consequência, se ÐEßFßGÑ é um triângulo tal<br />

# # # w<br />

que lFGl œ lEFl lEGl , então . ÐE Ñ œ " .<br />

w<br />

Dem: Escolhamos um ponto E arbitrário e duas semirrectas < e = de<br />

w w w<br />

origem E tais que . Ð< ß= Ñ œ " . Escolhamos pontos F − < e G − = <br />

w w w w tais que lE F l œ lEFl e lE G l œ lEGl e reparemos que, por 8.12,<br />

tem-se<br />

w w # w w # w w # w w<br />

lF G l œ lE F l lE G l . Supondo que . ÐE Ñ " œ . ÐE Ñ (respectiva-<br />

w w w w<br />

mente que . ÐE Ñ " œ . ÐE Ñ), resulta de 4.44 que lFGl lF G l (respecw<br />

w<br />

tivamente que lFGl lF G l)<br />

e portanto<br />

(respectivamente<br />

# w w# w w# w w# # #<br />

lFGl lF G l œ lE F l lE G l œ lEFl lEGl<br />

# w w# w w# w w# # #<br />

lFGl lF G l œ lE F l lE G l œ lEFl lEGl ).<br />

Por fim, se ÐEßFßGÑ é um triângulo tal que lFGl œ lEFl lEGl , então,<br />

w w<br />

pelo que vimos atrás, não pode ser . ÐE Ñ " nem . ÐE Ñ " , e portanto<br />

vem . .<br />

w<br />

ÐE Ñ œ " <br />

– 105–<br />

# # #<br />

9. Outros resultados sobre isometrias; Translações e vectores<br />

9.1 Seja S−X fixado e consideremos a inversão relativamente a S,<br />

38@SÀX Ä X, que sabemos ser uma isometria (cf. 5.12 e 5.13).<br />

Tem-se então:<br />

a) Para cada recta


38@SÐVÑ−SV38@S Ð


9.3 (Corolário) Sejam


9.5 (Corolário) Sejam ! § X um plano e FßG À! Ä X duas aplicações<br />

isométricas tais que existam Eß Fß G em ! , não colineares, com<br />

FÐEÑ œ GÐEÑ, FÐFÑœGÐFÑe FÐGÑ œ GÐGÑ. Tem-se então F œ G.<br />

Dem: Tendo em conta 5.2 e 5Þ 6,<br />

" œ F Ð! Ñ e # œ G Ð! Ñ são planos e F e G<br />

são bijecções de ! sobre estes planos. Uma vez que " e # contêm os pontos<br />

não colineares FÐEÑ œ GÐEÑ, FÐFÑœGÐFÑe FÐGÑ œ GÐGÑ,<br />

tem-se<br />

"<br />

" œ # . Podemos assim considerar a aplicação isométrica G ‰ F À! Ä ! ,<br />

" " "<br />

para a qual se tem G ‰ FÐEÑ œ E , G ‰ FÐFÑ œ F e G ‰ FÐGÑ<br />

œ G,<br />

" pelo que G ‰ F œ M. ! , o que implica que G œ F.<br />

<br />

9.6 (Isometrias do espaço com três pontos fixos não colineares) Seja<br />

FX À Ä Xuma isometria tal que existam EßFßG − Xnão<br />

colineares tais que<br />

FÐEÑ œ E, FÐFÑœFe FÐGÑ œ G. Tem-se então que, ou F œ M. X,<br />

ou,<br />

notando ! o plano que contém Eß Fß G, F œ 38@! (cf. 5.24).<br />

Em particular, se existir HÂ! tal que FÐHÑÁH(se<br />

existirem quatro<br />

pontos fixos não complanares), tem-se F œM.X.<br />

Dem: Tendo em conta 5.9, tem-se FX Ð Ñ œ X . Sendo ! o plano que contém os<br />

pontos Eß Fß G, resulta de 5.6 que F! Ð Ñ é um plano, o qual vai conter os<br />

pontos FÐEÑœE, FÐFÑœFe FÐGÑœG, o que implica que F Ð! Ñœ!<br />

e,<br />

tendo em conta 9.4, que a restrição de F a ! é a aplicação identidade de ! .<br />

Tendo em conta 5.10, sendo X e X os dois semiespaços de bordo ! (cf.<br />

2.11), tem-se que FX Ð Ñ e FX Ð Ñ<br />

são os dois semiespaços de Xde<br />

bordo<br />

F! Ð Ñ œ ! , pelo que duas coisas podem acontecer: Ou FX Ð Ñ œ X<br />

e<br />

FX Ð Ñ œ X, ou FX Ð Ñ œ X e FX Ð Ñ œ X.<br />

Em qualquer dos casos, para cada \−X Ï!<br />

, podemos considerar o pé da<br />

perpendicular E de \ sobre ! (cf. 5.23).<br />

O facto de a recta \E ser<br />

perpendicular ao plano ! , implica que, escolhando duas rectas distintas<br />


No caso em que existe H−X Ï! tal que FÐHÑœH,<br />

tem-se trivialmente<br />

FÐHÑ Á 38@! ÐHÑ, pelo que F não é igual a 38@! , e portanto F œ M. XÞ<br />

9.7 (Corolário) Sejam FGX ß À ÄXduas isometrias tais que existam EßFßGßH<br />

não complanares, com FÐEÑœGÐEÑ, FÐFÑ œ GÐFÑ, FÐGÑœGÐGÑe FÐHÑ œ GÐHÑ. Tem-se então F œ G.<br />

Dem: Tendo em conta 5.2 e 5.9, FX Ð Ñ œ GX Ð Ñ œ X.<br />

Podemos assim<br />

" considerar a aplicação isométrica G ‰ FÀX Ä X,<br />

para a qual se tem<br />

" " " "<br />

G ‰ FÐEÑ œ E , G ‰ FÐFÑ œ F , G ‰ FÐGÑ œ G e G ‰ FÐHÑ<br />

œ H,<br />

" pelo que G ‰ F œ M. , o que implica que G œ F.<br />

<br />

X<br />

Vamos agora definir outras isometrias do espaço, as translações, por um<br />

processo que, embora pareça talvez artificial, tem a vantagem de não<br />

exigir definições diferenciadas para as imagens dos diferentes tipos de<br />

pontos. Estudaremos a seguir como propriedades, outras caracterizações<br />

alternativas, mais intuitivas mas que necessitam de separar os diferentes<br />

tipos de pontos.<br />

9.8 Sejam Eß F − X e notemos Q o ponto médio do par ÐEß FÑ (cf. 1.26).<br />

Definimos então a translação associada ao par ÐEß FÑ, 7FßEÀ X Ä X como<br />

sendo a isometria œ 38@ ‰ 38@ (composta de duas isometrias).<br />

7FßE Q E<br />

9.9 Nas condições anteriores, para cada recta


Comecemos por mostrar que, sendo 7FßEÐE<br />

Ñ œ F , ÐEß Fß F ß E Ñ é um<br />

paralelogramo. Em primeiro lugar, lembrando que 7FßEÀX Ä X é uma<br />

isometria, em particular injectiva, e que 7FßEÐEÑ œ F,<br />

concluímos que<br />

w w w<br />

FÁF e, tendo em conta 9.9, que FFœ7FßEÐEEÑé uma recta paralela a<br />

EEw , em particular está contida em ! , sendo mesmo estritamente paralela,<br />

w w uma vez que F Â EE , já que E Â EF.<br />

21 Em particular, podemos já<br />

w w<br />

concluir que os pontos Eß Fß F ß E são todos distintos. Notemos<br />

w w w w w w<br />

\œ38@EÐEÑ−! e reparemos que F ÂEE œ\E, pelo que EßFß\<br />

são não colineares. Notemos Q o ponto médio de ÐEßFÑ,<br />

tendo-se portanto<br />

w F œ 38@ Ð\Ñ.<br />

Q<br />

A<br />

X<br />

A' B'<br />

– 110–<br />

M<br />

w w w w<br />

Tem-se assim que E é o ponto médio de Ð\ßE Ñ e Q é o ponto médio de<br />

w w w " w<br />

Ð\ßFÑ, e portanto E−Ò\ßEÓ, Q −Ò\ßFÓ, l\Elœ# l\ßEl e l\Qlœ<br />

" w<br />

# l\F l. Tendo em conta o recíproco do teorema de Thales em 8.4,<br />

concluíw<br />

w<br />

mos que a recta EQ œ EF é paralela a E F , sendo mesmo estritamente<br />

w paralela, por ser E Â EF.<br />

Podemos agora aplicar 7.19 para concluir que<br />

w w ÐEßFßFßEÑ é efectivamente um paralelogramo.<br />

Resta-nos provar a unicidade de F nas condições do enunciado, para o que<br />

w<br />

ww ww w<br />

supomos que F −X é tal que ÐEßFßF ßEÑ seja um paralelogramo. Uma<br />

w ww w w<br />

vez que, tendo em conta 7.5, EF , tal como EF é paralela a EFe<br />

contém<br />

w w w w ww<br />

E, o axioma das paralelas implica que E F œ E F . O facto de termos<br />

w w w ww w ww<br />

paralelogramos implica que lE F l œ lEFl œ lE F l e que F e F estão<br />

w<br />

ambos no semiplano de ! de bordo EE que contém F e portanto estão<br />

w w w ww w<br />

ambos na mesma semirrecta de EF œEF de origem E.<br />

Concluímos<br />

ww w daqui finalmente que F œ F , o que prova a unicidade pretendida. <br />

O resultado precedente não caracteriza completamente a translação<br />

7FßEÀX Ä X uma vez que apenas nos diz o que é a imagem por esta<br />

w<br />

isometria dos pontos E que não pertencem a < œ EF.<br />

O próximo<br />

resultado dá uma caracterização da imagem por 7FßE dos pontos que estão<br />

21 w w<br />

Também podíamos concluir que lFFlœlEEl,<br />

mas não utilizamos esse facto para<br />

provar que temos um paralelogramo.<br />

w<br />

B


em


w w<br />

diz-nos que EFF E é um paralelogramo e portanto, por definição,<br />

w w w w<br />

lE F l œ lEFl e, tendo em conta 7.5,<br />

as rectas EF e E F são paralelas. No<br />

w w w<br />

caso em que E − EF, a caracterização de F œ 7FßEÐEÑ em 9.13 diz-nos<br />

w w w w w<br />

que lEFlœlEFl! , em particular F ÁE, e que F −EF,<br />

portanto<br />

w w w w<br />

EF œEF, em particular EFe EF são rectas paralelas. <br />

9.15 (Norma de uma translação) Suponhamos fixada uma função distância<br />

.−Y. <strong>Da</strong>da uma translação 7, definimos a .-norma de 7 (ou simplesmente<br />

w w<br />

norma de 7, se . estiver implícito) como sendo o número real .ÐEß7ÐEÑÑ, w w<br />

com E ponto arbitrário de X,<br />

número real que não depende de E , tendo em<br />

conta 9.14 e o facto de 7EßE ser a aplicação identidade. A norma referida será<br />

notada m7m , ou simplesmente m7m se . estiver implícito.<br />

.<br />

9.16 <strong>Da</strong>das duas funções distância .ß. − Y,<br />

tais que . œ -. , para um certo<br />

-! , tem-se, para cada translação 7, m7m w œ-m7m. – 112–<br />

w w<br />

. .<br />

9.17 (Propriedades da norma) Suponhamos fixada uma função<br />

distância<br />

.−Y. Tem-se então:<br />

a) m7FßEm œ .ÐEßFÑ.<br />

b) m7m ! , sendo m7mœ! se, e só se, 7 œM. X.<br />

Dem: A alínea a) resulta da definição e do facto de se ter 7FßEÐEÑ œ F.<br />

A<br />

alínea b) resulta de a) e de se ter M. œ .<br />

X 7EßE <br />

9.18 (Um lema elementar mas útil) Seja ! § X um plano. Existem então<br />

pontos Eß Fß Gß H não complanares, nenhum deles pertencente a ! .<br />

Dem: Seja EÂ! (se não existisse, todo o conjunto seria complanar). Seja "<br />

o plano paralelo a ! tal que E−" (cf. 7.29),<br />

plano esse que é mesmo<br />

estritamente paralelo por ser EÂ! . Consideremos sucessivamente um ponto<br />

F−" tal que FÁEe um ponto G−" tal que GÂEF(se<br />

não existisse,<br />

todo o subconjunto de " seria colinear). Tem-se assim que Eß Fß G − " são<br />

não colineares e Eß Fß G Â ! , por ! e " serem estritamente paralelos.<br />

Escolhamos um ponto arbitrário \−! e escolhamos enfim H−\E,<br />

distinto de \ e E (por exemplo o ponto médio do par Ð\ßEÑ).<br />

Tem-se que<br />

\E não está contida em ! nem em " , donde \E ! œ Ö\× e<br />

\E" œÖE× e daqui resulta que H Â! e H Â" , portanto EßFßGßHsão<br />

não complanares. <br />

w w w ww<br />

9.19 (Lema) Sejam Eß F − X, com E Á F, E − X e F œ 7FßEÐE<br />

Ñ. <strong>Da</strong>do E<br />

w w ww ww<br />

ÂEF, tem-se então 7 ÐEÑœ7 w wÐEÑ.<br />

FßE F ßE<br />

A" B"<br />

A' B'<br />

ww ww w w<br />

FßE<br />

Dem: Notemos F œ 7 ÐE Ñ. Tendo em conta 9.14,<br />

Tem-se F Á E ,


ww ww w w ww ww<br />

F Á E e as rectas EF e E F são ambas paralelas à recta EF,<br />

logo<br />

paralelas entre si (cf. 7.11),<br />

sendo mesmo estritamente paralelas, uma vez<br />

ww w w w w ww ww<br />

que E ÂEF. Em particular, os pontos EßFßE ßF são todos distintos.<br />

w ww w ww<br />

Por outro lado, tendo em conta 9.9, a recta FF œ7FßEÐEEÑé paralela à<br />

w ww w w ww<br />

recta EE , portanto estritamente paralela, uma vez que F ÂEE , já que<br />

ww w w w w ww ww<br />

E ÂEF . Podemos assim aplicar 7.19 para garantir que ÐEßFßF ßE Ñé<br />

ww ww<br />

um paralelogramo o que, por 9.12, implica que F œ 7 w wÐE Ñ.<br />

<br />

9.20 (Teorema Fundamental das Translações) Sejam Eß Fß E − X e F œ<br />

w 7FßEÐE Ñ. Tem-se então 7FßE œ 7FwßEw.<br />

w w<br />

Dem: No caso em que EœF, tem-se 7FßE œM. X,<br />

portanto F œE,<br />

donde<br />

7FßE w w œM. X œ 7FßE.<br />

Suponhamos agora que EÁF.<br />

Tendo em conta o<br />

lema 9.19, as isometrias 7FßEß7FwßEwÀX Ä X coincidem no complementar de<br />

EF w w em X.<br />

Uma vez que esse complementar contém quatro pontos não<br />

colineares (aplicar o lema 9.18 , depois de considerar um plano arbitrário !<br />

w w<br />

contendo EF), deduzimos de 9.7 que 7 œ7<br />

w w. <br />

w w<br />

– 113–<br />

FßE F ßE<br />

FßE<br />

w w<br />

9.21 (Corolário) <strong>Da</strong>dos pontos E ßF −X, existe uma, e uma só, translação<br />

w w<br />

7ÀX Ä X tal que 7ÐEÑ œ F , a saber a translação 7FßE<br />

w w.<br />

w w<br />

Dem: Já sabemos que a translação 7FwßEw aplica E em F (cf. 9.11)<br />

e o<br />

resultado precedente diz-nos que qualquer translação 7FßE que verifique essa<br />

propriedade é igual a w w. <br />

7F ßE<br />

9.22 (A inversa duma translação) <strong>Da</strong>dos Eß F − X,<br />

tem-se que a isometria<br />

inversa da translação 7FßEÀX Ä X é a translação 7EßFÀX Ä X.<br />

Dem: No caso em que EœF, o resultado é trivial, uma vez que 7EßE é a<br />

identidade, e portanto inversa de si mesmo. Suponhamos assim que EÁF.<br />

Tudo o que temos que mostrar é que a isometria 7EßF ‰ 7FßEÀX Ä X é a<br />

w identidade. Comecemos por considerar E Â EF.<br />

Tendo em conta 9.12,<br />

w w w w w<br />

tem-se 7FßEÐEÑœF , onde F é o único ponto de X tal que ÐEßFßFßEÑ<br />

seja um paralelogramo.<br />

A B<br />

A' B'<br />

w w 6.12<br />

Mas então ÐFßEßEßFÑ também é um paralelogramo (cf. , passando<br />

w w<br />

pelo paralelogramo ÐEßFßFßEÑ),<br />

pelo que, mais uma vez pelo esmo<br />

resultado, tem-se w w E œ 7EßFÐF Ñ , portanto w w<br />

7EßF ‰ 7FßEÐEÑ<br />

œ E .<br />

w w w w<br />

Considerando agora quatro pontos não complanares EßEßEßE<br />

" # $ % não<br />

pertencentes a EF (aplicar 9.18 , depois de considerar um plano arbitrário !


contendo EF ), verificamos que a isometria 7EßF ‰ 7FßE<br />

tem quatro pontos<br />

fixos não complanares e portanto, por 9.6, 7 ‰ 7 œ M.X. 22 <br />

– 114–<br />

EßF FßE<br />

9.23 (Outra caracterização da inversa duma translação) Sejam < uma recta e<br />

0À< Ä ‘ um sistema de coordenadas. <strong>Da</strong>dos EßF − < , tem-se que a inversa<br />

w<br />

da translação 7FßEÀX Ä X é a translação 7FwßEÀX Ä X,<br />

onde F œ 38@EÐFÑ, e<br />

w portanto F também pode ser caracterizado pela condição de E ser o ponto<br />

médio do par ÐFß F Ñ ou pela de se ter<br />

w<br />

w<br />

0ÐF Ñ œ 0ÐEÑ Ð0ÐFÑ 0ÐEÑÑ œ #0ÐEÑ 0ÐFÑ.<br />

Dem: Tendo em conta 9.22, tem-se 7FßE œ 7EßF.<br />

Tendo em conta 9.20 e<br />

" 9.13, vem também 7 œ 7 w<br />

w , donde F œ 7 ÐEÑ,<br />

portanto<br />

FßE<br />

"<br />

FßE EßF<br />

w<br />

0ÐF Ñ œ 0ÐEÑ Ð0ÐEÑ 0ÐFÑÑ œ #0ÐEÑ 0ÐFÑ.<br />

0ÐFÑ0ÐF Ñ<br />

Desta igualdade sai que 0ÐEÑœ # o que, por 1.26,<br />

implica que E é<br />

w w<br />

o ponto médio de ÐFß F Ñ, ou seja, que F œ 38@EÐFÑ. <br />

9.24 (Lema) Sejam Eß F − X e Q o ponto médio do par ÐEß FÑ.<br />

Tem-se então<br />

38@Q ‰ 38@E œ 7 FßE œ 38@ F ‰ 38@Q.<br />

Dem: Sabemos que 7FßE œ 38@Q ‰38@Ee que 7EßFœ<br />

38@Q<br />

‰38@F.<br />

Podemos então aplicar 9.22 para garantir que<br />

M. X œ 7 ‰ 7 œ 38@Q ‰ 38@ ‰ 38@Q<br />

‰ 38@ ,<br />

w<br />

EßF FßE F<br />

E<br />

donde, lembrando que as inversões relativamente a um ponto são involutivas,<br />

38@ F ‰ 38@Q œ 38@ F ‰ 38@ Q ‰ M. X œ<br />

œ 38@ F ‰ 38@ Q ‰ 38@Q ‰ 38@ F ‰ 38@Q<br />

‰ 38@E œ<br />

œ 38@Q<br />

‰38@ . <br />

E<br />

9.25 (A composta de duas translações) Sejam 7ß5ÀX Ä X duas translações.<br />

Tem-se então que 5 ‰ 7ÀX Ä X é uma translação. Em consequência, se 7 œ<br />

7FßE e 5 œ 7GßF, tem-se 5 ‰ 7 œ 7GßE.<br />

Dem: Sejam Eß F − X tais que 7 œ 7FßE. Tendo em conta 9.20,<br />

existe G − X<br />

tal que 5 œ 7GßF, nomeadamente G œ 5ÐFÑ.<br />

Sejam Q o ponto médio do par<br />

w ÐEßFÑe Q o ponto médio do par ÐFßGÑ.<br />

Tendo em conta 9.24 e o facto de<br />

as inversões relativamente a um ponto serem involutivas, tem-se<br />

5 ‰ 7 œ 38@ ‰ 38@ ‰ 38@ ‰ 38@ œ 38@ ‰ 38@<br />

Q F F Q Q Q<br />

w w ,<br />

o que mostra que 5 7 é uma translação, nomeadamente a translação 7 , ww<br />

‰ Q ßQ<br />

22Esta parte do argumento também podia ser substituída pela verificação directa,<br />

utilizando 9.13 depois de fixar um sistema de coordenadas da rcta EF,<br />

de que, para<br />

w w w<br />

E − EF , ainda se tem 7 ‰ 7<br />

ÐE Ñ œ E<br />

EßF FßE


ww w<br />

onde Q œ 38@QÐQÑ (uma vez que Q é então o ponto médio do par<br />

w<br />

ww ÐQß Q Ñ ). O facto de se ter também 5 ‰ 7 œ 7GßE<br />

resulta mais uma vez de<br />

9.20, uma vez que 5 ‰ 7ÐEÑ œ 5ÐFÑ<br />

œ G. <br />

9.26 (Corolário) O conjunto das translações<br />

7ÀX Ä X é um subgrupo do grupo<br />

das isometrias X Ä X. Esse subgrupo será notado XÞ<br />

Ä<br />

Dem: Trata-se de uma consequência de 9.10, 9.22 e 9.25. <br />

9.27 (Outras propriedades da norma) Suponhamos fixada uma função<br />

distância .−Y.<br />

A norma das translações tem então, além das propriedades<br />

a) e b) em 9.17, ainda as propriedades:<br />

" c) m7 m œ m7m. d) m 5 ‰ 7m Ÿ m5mm7mÞ Dem: A alínea c) vem de que tem<br />

" w " w w w<br />

m7 m œ .Ð7ÐE Ñß 7 Ð7ÐE ÑÑÑ œ .Ð7ÐE Ñß E Ñ œ m7m. Quanto a d), temos, pela desigualdade triangular em 4.41,<br />

w w w w w w<br />

m 5‰ 7mœ .Ð57 Ð ÐE ÑÑß E Ñ Ÿ .Ð57 Ð ÐE ÑÑß 7ÐE ÑÑ .Ð7ÐEÑß E Ñ œ m5m m7m. <br />

w w<br />

9.28 (Precomutatividade) Sejam Eß Fß E − X. Então 7FßEÐEÑ œ 7EwßEÐFÑ.<br />

w w<br />

Dem: No caso em que EœF, tem-se 7FßEÐEÑœE œ7EwßEÐFÑe, naquele<br />

w w<br />

em que EœE, tem-se 7FßEÐEÑœFœ7EwßEÐFÑ. Tratemos agora o caso em que EÁF e EÁE. Há duas situações<br />

w<br />

possíveis:<br />

w w<br />

1) Suponhamos que E − < œ EF, e portanto também F − EE œ < . Tendo<br />

w<br />

em conta 9.13, tem-se então 7FßEÐE Ñ − < e 7EwßEÐFÑ<br />

− < e, tomando um<br />

sistema de coordenadas 0À< Ä ‘ e pondo + œ 0ÐEÑ , , œ 0ÐFÑe - œ 0ÐGÑ,<br />

vem<br />

w w w<br />

FßE E ßE<br />

0Ð7 ÐEÑÑœ+ Ð,+Ñœ,Ð+ +Ñœ0Ð7 w ÐFÑÑ,<br />

w<br />

donde 7FßEÐE Ñ œ 7EwßEÐFÑ.<br />

w w<br />

2) Suponhamos que E Â EF, portanto também F Â EE . Tendo em conta<br />

w w w<br />

9.12, tem-se 7FßEÐE Ñ œ F , onde F é o único ponto de X tal que<br />

ÐEßFßFßEÑ<br />

w w seja um paralelogramo.<br />

A B<br />

A' B'<br />

w w 6.12<br />

Mas então ÐEßEßFßFÑ também é um paralelogramo (cf. , passando<br />

w w<br />

pelo paralelogramo ÐEßFßFßEÑ)<br />

o que, pelo mesmo resultado, garante que<br />

w<br />

w ÐFÑ œ F . <br />

7E ßE<br />

– 115–


Ä<br />

9.29 (Comutatividade do grupo X das translações) Quaisquer que sejam as<br />

translações 57X ß À Ä X, tem-se 5‰ 7œ 7‰ 5.<br />

w<br />

Dem: Sejam Eß F − X tais que 7 œ 7FßE e seja E − X tal que 5 œ 7EwßE,<br />

w nomeadamente E œ 5ÐEÑ (cf. 9.20).<br />

w w<br />

s<br />

A t B<br />

t<br />

A' B'<br />

Sendo F œ 7FßEÐE Ñ, vem, por 9.20, 7 œ 7FwßEw<br />

e, tendo em conta 9.28,<br />

w<br />

tem-se também F œ 7EßE w ÐFÑ, donde 5 œ 7FßF<br />

w . Podemos agora aplicar 9.25<br />

para garantir que<br />

5 ‰ 7 œ 7 w ‰ 7 œ 7 w œ 7 w w ‰ 7 w œ 7 ‰ 5.<br />

<br />

– 116–<br />

s<br />

FßF FßE F ßE F ßE E ßE<br />

9.30 (Translações duma recta e dum plano) Seja 7ÀX Ä X uma translação.<br />

<strong>Da</strong>da uma recta < (respectivamente um plano ! ), diz-se que 7 é uma<br />

translação da recta < (respectivamente translação do plano ! ) se se tem<br />


Ä<br />

7) <strong>Da</strong>dos Eß F − X,<br />

o vector EF é por vezes notado F E,<br />

esta notação<br />

sendo explicada pelo facto de se tratar do único vector<br />

Ä<br />

? tal que E?<br />

Ä<br />

œ F<br />

(cf. 9.21).<br />

8) As propriedades das normas em 9.17 e 9.27 tomam o aspecto mais habi-<br />

Ä<br />

tual: a) mEFmœ.ÐEßFÑ; b) m?m<br />

Ä<br />

! , sendo m?mœ!<br />

Ä<br />

se, e só se,<br />

Ä Ä<br />

? œ! ;<br />

c) m?<br />

Ä<br />

m œ m?<br />

Ä<br />

m; d) m?<br />

Ä<br />

<br />

Ä<br />

@ m Ÿ m?<br />

Ä<br />

m m@<br />

Ä<br />

m.<br />

9) Um vector<br />

Ä<br />

?œEFé<br />

frequentemente representado numa figura por um<br />

Ä<br />

segmento de extremidades E e F, com uma seta colocada em F (uma<br />

“flecha”). Essa representação já foi aliás utilizada na figura atrás, na demonstração<br />

de 9.29.<br />

Ä<br />

9.32 Seja < uma recta. Se E − < , um vector EF é um vector da recta < se, e só<br />

se, F−< . O conjunto dos vectores da recta < é um subgrupo próprio do<br />

Ä<br />

grupo comutativo X das translações, que notaremos<br />

Ä<br />

< , e que contém estritamente<br />

o subgrupo trivial Ö! × .<br />

Ä<br />

A um conjunto da forma<br />

Ä<br />

< , para alguma recta < , damos o nome de recta<br />

vectorial ou o de direcção.<br />

Como sinónimo de uma expressão<br />

Ä<br />

?−<<br />

Ä<br />

,<br />

também diremos que<br />

Ä<br />

< é uma direcção do vector<br />

Ä<br />

? . Dizemos também que<br />

Ä<br />

< é a direcção da recta < .<br />

Ä Ä<br />

Dem: Se EF é um vector da recta < , então F œ EFÐEÑ − < . Recipro-<br />

Ä Ä<br />

camente, se F−< , então, ou FœE e EFœ! œM. X é trivialmente um<br />

Ä<br />

w w<br />

vector de < , ou F Á E e então, para cada E − < , tem-se EFÐEÑ − < , pela<br />

Ä Ä<br />

caracterização em 9.13, o que mostra que EFÐ


Ä<br />

?œEF EÁF <<br />

Ä , com em . Tendo em conta 9.20 e 9.12,<br />

escolhendo então<br />

E − =<br />

Ä<br />

? œ EF F<br />

Ä<br />

w w w w<br />

, tem-se também , onde é o único ponto de X tal que<br />

w w w w<br />

ÐEßFßFßEÑ seja um paralelogramo, tendo-se então que EF é uma recta<br />

w<br />

que, tal como = , contém E e é paralela a < œ EF,<br />

portanto, pelo axioma das<br />

paralelas 7.10, EF œ= , donde F −= e<br />

Ä Ä<br />

w w w w w ? œEF −=<br />

Ä<br />

, como queríamos.<br />

Ficou assim provado que<br />

Ä<br />

< œ=<br />

Ä<br />

, em particular<br />

Ä<br />

< =<br />

Ä<br />

œ<<br />

Ä Ä<br />

ÁÖ!× .<br />

Suponhamos agora que<br />

Ä<br />


9.36 Seja ! um plano. Se E− ! , um vector EF é um vector do plano ! se, e só<br />

Ä<br />

se, F−! . O conjunto dos vectores do plano ! é um subgrupo próprio do<br />

Ä<br />

grupo comutativo X dos vectores, que notaremos<br />

Ä<br />

! , e que contém estritamente<br />

cada subgrupo,<br />

Ä<br />

< , com < recta contida em ! .<br />

A um conjunto da forma<br />

Ä<br />

! , para algum plano ! , damos o nome de plano<br />

vectorial.<br />

Ä Ä<br />

Dem: Se EF é um vector do plano ! , então F œ EFÐEÑ − ! . Recipro-<br />

Ä Ä<br />

camente, se F−! , então, ou FœEe EFœ! œM. X é trivialmente um<br />

Ä<br />

w w<br />

vector de ! , ou FÁEe então, para cada E −! , tem-se EFÐEÑ−!<br />

, pela<br />

w<br />

caracterização em 9.13 se E − EF e pela caracterização em 9.12 se<br />

Ä Ä<br />

w E Â EF, o que mostra que EFÐ! Ñ § ! , ou seja, EF é um vector de ! . Já<br />

Ä<br />

referimos que !œM. X é trivialmente um vector (translação) de ! . Fixemos<br />

E−<br />

ÄÄ<br />

?ß@<br />

Ä Ä<br />

! . Se são vectores de ! , tem-se ? œEF, com Fœ?ÐEÑ−<br />

Ä<br />

! ,<br />

donde, por 9.22, ?<br />

Ä Ä<br />

œFE é um vector de , e<br />

Ä Ä<br />

! @ œFG,<br />

com<br />

Gœ@ÐFÑ−<br />

Ä Ä<br />

?@œEG<br />

Ä Ä<br />

!, donde, tendo em conta 9.25,<br />

é um vector de<br />

! . Ficou assim provado que<br />

Ä<br />

! é efectivamente um subgrupo do grupo<br />

Ä<br />

comutativo X dos vectores e o facto de ser um subgrupo próprio resulta de<br />

Ä<br />

que, sendo GÂ! , EGÂ<br />

Ä<br />

! . No caso em que


Dem: Suponhamos que os planos ! e " são paralelos. Para mostrarmnos que<br />

Ä Ä<br />

! "<br />

Ä Ä<br />

œ , basta mostrarmos que ! § " , tendo em conta a simetria do papéis<br />

de ! e " . Seja então<br />

Ä<br />

?−<br />

Ä<br />

! , podendo já supor-se<br />

Ä Ä<br />

?Á! . Tem-se então<br />

Ä<br />

?œ<br />

Ä<br />

EF, com Eß F − ! , e portanto, sendo < œ EF que é uma recta contida em<br />

! , e portanto paralela a " (cf. a alínea a) de 7.24 ), tem-se<br />

Ä<br />

?−


o que mostra que se tem efectivamente<br />

Ä<br />

! œ<<br />

Ä<br />

Š=<br />

Ä<br />

.<br />

Ä<br />

Quanto à unicidade, se " é um plano vectorial tal que<br />

Ä Ä Ä<br />


Dem: Tendo em conta 9.37 , tem-se<br />

Ä<br />

! <<br />

Ä<br />

œÖ!× , o que nos permite utilizar<br />

Ä<br />

a notação<br />

Ä<br />

! Š<<br />

Ä<br />

, e < e ! não são paralelos, portanto ! .<br />

Dem: Tendo em conta a alínea 2) de 9.41 e a alínea 1) de 9.35 ,<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ são<br />

Ä<br />

não colineares, em particular diferentes de ! . Sendo<br />

Ä<br />

< e<br />

Ä<br />

= as rectas<br />

vectoriais que contêm<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ , respectivamente, tem-se<br />

Ä<br />

< Á<br />

Ä<br />

= portanto, por<br />

9.39, sendo<br />

Ä<br />

! o único plano vectorial que contém<br />

Ä<br />

< e<br />

Ä<br />

= , tem-se<br />

Ä<br />

! œ<br />

Ä<br />

< Š=<br />

Ä<br />

.<br />

Ä<br />

Mas > § Î<br />

Ä<br />

! , senão<br />

ÄÄÄ<br />

?ß@ßA eram complanares, e portanto, tendo em conta<br />

9.42, vem<br />

Ä<br />

X œ<br />

Ä Ä<br />

! Š> œ Ð<<br />

Ä<br />

Š=ÑŠ><br />

Ä Ä<br />

œ<br />

Ä<br />

< Š=<br />

Ä Ä<br />

Š> . <br />

Vamos agora verificar como se pode definir uma noção de sentido para os<br />

vectores não nulos. Começamos, para isso, por definir uma relação de<br />

equivalência na classe dos pares ordenados de pontos distintos de X,<br />

relação a cujas classe de equivalência vamos chamar sentidos.<br />

– 122–


9.44 Consideremos a relação µ na classe dos pares ordenados ÐEßFÑ de pontos<br />

distintos de X definida por ÐEß FÑ µ ÐGß HÑ se, e só se, a isometria (trans-<br />

Û Û<br />

lação) 7GßE<br />

aplica a semirrecta EF sobre a semirrecta GH (lembrar que,<br />

Û<br />

tendo em conta 5.4 e 5.5, 7GßE<br />

aplica a semirrecta EF da recta EF sobre<br />

uma semirrecta da recta 7GßEÐEFÑ de origem 7GßEÐEÑ<br />

œ G).<br />

Tem-se então:<br />

a) A relação µ é de equivalência.<br />

b) <strong>Da</strong>dos pontos E Á F e G, tem-se ÐEß FÑ µ ÐGß HÑ, com H œ 7GßEÐFÑ.<br />

Ä Ä Ä<br />

Se EF œ GH Á ! , então ÐEß FÑ µ ÐGß HÑ.<br />

c) Se ÐEßFѵÐGßHÑ, então as rectas EFe GHsão<br />

paralelas.<br />

w w w<br />

d) Se E é diferente de F e de F , então ÐEß FÑ µ ÐEß F Ñ se, e só se, F e F<br />

estão numa mesma semirrecta de origem E (em particular, as rectas EF e<br />

EFw coincidem).<br />

Dem: a) O facto de se ter ÐEßFѵÐEßFÑé uma consequência de 7EßE ser a<br />

identidade e aplicar assim a semirrecta EF sobre ela mesma. Supondo que<br />

Û<br />

Û<br />

ÐEßFѵÐGßHÑ, a translação 7GßE<br />

aplica a semirrecta EF sobre a<br />

semirrecta GH e portanto a sua inversa que, tendo em conta , é ,<br />

Û<br />

9.22 7EßG<br />

Û Ä<br />

aplica GH sobre EF, o que mostra que ÐGßHѵÐEßFÑ.<br />

Por fim, se<br />

ÐEßFѵÐGßHÑ e ÐGßHѵÐIßJÑ a translação 7GßE aplica a semirrecta<br />

Û Û Û<br />

EF sobre a semirrecta GH e a translação 7IßG<br />

aplica a semirrecta GH sobre<br />

Û<br />

a semirrecta IJ pelo que, tendo em conta 9.25, 7IßE œ 7IßG ‰ 7GßEaplica<br />

a<br />

Û Û<br />

semirrecta EFsobre a semirrecta IJ, isto é, ÐEßFѵÐIßJÑ.<br />

b) Uma vez que Gœ7GßEÐEÑ, se Hœ7GßEÐFÑentão a translação 7GßE<br />

aplica a recta EF sobre a recta GH e a semirrecta EF sobre a semirrecta<br />

Û<br />

Û Ä Ä Ä<br />

GH, o que mostra que ÐEß FÑ µ ÐGß HÑ. Supondo que EF œ GH Á ! , em<br />

particular EÁF e GÁH, tem-se Hœ7FßEÐGÑ(cf. 9.21)<br />

portanto, por<br />

9.28, vem também Hœ7GßEÐFÑdonde, como acabamos de verificar,<br />

ÐEßFѵÐGßHÑ.<br />

Û<br />

c) Uma vez que a isometria 7GßE<br />

aplica a semirrecta EF sobre a semirrecta<br />

Û Û<br />

Û<br />

GH, a imagem da recta EF, que contém EF, é uma recta que contém GH,<br />

e<br />

portanto é a recta GH. Basta agora lembrarmos que, por 9.9,<br />

a imagem por<br />

7GßE da recta EF é uma recta paralela a EF.<br />

d) Trata-se de uma consequência imediata da definição e do facto de a<br />

translação 7EßE ser a identidade.<br />

<br />

9.45 Vamos chamar sentido em X a uma classe de equivalência de pares orde-<br />

nados ÐEß FÑ de pontos distintos de X para a relação<br />

µ definida em 9.44.<br />

A<br />

classe de equivalência do par ordenado ÐEß FÑ será notada ÒÐEß FÑÓµ .<br />

9.46 Chamamos direcção de um sentido ÒÐEß FÑÓ < Ä<br />

µ à recta vectorial associada<br />

à recta


9.47 Cada direcção<br />

Ä<br />

< é direcção de dois, e só dois, sentidos.<br />

<strong>Da</strong>do um sentido, chamamos sentido oposto ao outro sentido que tem a<br />

mesma direcção que o primeiro.<br />

w<br />

Dem: Fixemos E−< e sejam FßF−< distintos de E e em semirrectas de <<br />

w<br />

distintas de origem E. Tem-se então que que ÒÐEß FÑÓµ e ÒÐEß F ÑÓµ<br />

são<br />

sentidos cuja direcção é<br />

Ä<br />

< e são sentidos distintos uma vez que 7EßE é a<br />

identidade e aplica assim a semirrecta EF sobre ela mesma, que é distinta da<br />

Û<br />

Û w<br />

semirrecta EF . Suponhamos, enfim que ÒÐGß HÑÓµ<br />

é um sentido cuja<br />

direcção é<br />

Ä<br />

< , e portanto que = œ GH é uma recta paralela a < . Podemos<br />

ww<br />

então considerar F œ 7EßGÐHÑ, tendo-se portanto que a translação 7EßG<br />

Û Ûww aplica a semirrecta GH sobre a semirrecta EF , donde ÒÐGßHÑÓµ œ<br />

ww ww<br />

ÒÐEß F ÑÓµ e portanto a recta EF também é paralela a < , logo igual a < por<br />

ter o ponto E em comum. Tem-se assim que F pertence a uma das<br />

ww<br />

Û Ûw Ûww Û Ûw<br />

semirrectas EF ou EF , ou seja EF é uma das semirrectas EF ou EF e<br />

ww<br />

portanto, mais uma vez por 7EßE ser a identidade, ÒÐGß HÑÓµ œ ÒÐEß F ÑÓµ<br />

é<br />

w um dos sentidos ÒÐEß FÑÓµ ou ÒÐEß F ÑÓµ<br />

.<br />

<br />

9.48 <strong>Da</strong>do um vector<br />

Ä Ä<br />

? Á!<br />

Ä Ä<br />

, com ? œEF , chamamos sentido de<br />

Ä<br />

? ao sentido<br />

ÒÐEß FÑÓµ, sentido esse que está vem definido, tendo em conta a alínea b) de<br />

9.44.<br />

Repare-se que, como decorre das definições em 9.34 e 9.46,<br />

a direcção de um<br />

vector<br />

Ä Ä<br />

?Á! é igual à direcção do sentido de<br />

Ä<br />

? .<br />

9.49 <strong>Da</strong>do um vector<br />

Ä Ä<br />

? Á! , o vector ?<br />

Ä<br />

tem a mesma direcção mas sentido<br />

distinto do de<br />

Ä<br />

? (por outras palavras, tem sentido oposto ao de<br />

Ä<br />

? ) e portanto,<br />

sendo<br />

Ä<br />

< a direcção de<br />

Ä<br />

? qualquer vector<br />

Ä<br />

@ −<br />

Ä Ä<br />

< ÏÖ!× tem o sentido de<br />

Ä<br />

? ou<br />

o de ? .<br />

Ä<br />

Dem: Escolhendo E−< , tem-se<br />

Ä<br />

? œEF, para um certo F−< , e então,<br />

Ä<br />

tendo em conta 9.23, tem-se ?<br />

Ä<br />

œEF, onde F œ38@ÐFÑé um ponto de<br />

Ä w w<br />

E<br />

< < F < Ä<br />

na semirrecta de oposta à que contém e portanto é também a<br />

direcção de ?<br />

Ä w e o seu sentido ÒÐEß F ÑÓµ é distinto do sentido ÒÐEß FÑÓµ<br />

de<br />

Ä Û<br />

? (a translação 7EßE<br />

œ M. X aplica a semirecta EF sobre ela mesma, que é<br />

Û w<br />

diferente de EF ). Por fim, qualquer vector<br />

Ä Ä<br />

@ Á ! em<br />

Ä<br />

< tem que ter um dos<br />

dois sentidos cuja direcção é<br />

Ä<br />

< (cf. 9.47),<br />

e portanto o seu sentido tem que<br />

ser o de<br />

Ä<br />

? ou o de ?<br />

Ä<br />

.<br />

<br />

9.50 (Caracterização dos vectores por sentido e comprimento) Suponhamos<br />

fixada uma função distância .−Y . <strong>Da</strong>do um sentido ÒÐEßFÑÓµ<br />

e um real<br />

+!<br />

Ä Ä Ä<br />

existe um, e um só, vector ? −X ÏÖ!× com aquele sentido e tal que<br />

m?<br />

Ä<br />

m œ + .<br />

Dem: Fixado E , qualquer vector<br />

Ä Ä<br />

? Á ! pode escrever-se de maneira única<br />

Ä<br />

w w<br />

na forma EF , com F Á E e um tal vector tem o sentido ÒÐEß FÑÓ se, e só<br />

– 124–<br />

µ


Û Û w<br />

se, a translação 7EßE<br />

œM. X aplicar a semirrecta EFsobre a semirrecta EF<br />

w<br />

Û<br />

ou seja, se, e só se, F pertence à semirrecta EF.<br />

Ficamos assim reduzidos<br />

w<br />

Û<br />

ao facto conhecido que existe um, e um só elemento F da semirrecta EF tal<br />

que .ÐEßF Ñ œ + .<br />

w <br />

Como acontece com qualquer grupo abeliano, com notação aditiva, o<br />

conjunto dos vectores livres fica a ser automaticamente um módulo sobre<br />

o anel dos inteiros, onde a acção de associa a cada 8−<br />

e a cada<br />

vector<br />

Ä<br />

? um vector 8?<br />

Ä<br />

. Lembramos que o vector 8?<br />

Ä<br />

, com 8 ! , pode<br />

ser definido indutivamente por !<br />

Ä Ä<br />

? œ ! e Ð8 "Ñ?<br />

Ä<br />

œ 8?<br />

Ä<br />

<br />

Ä<br />

? (em particular<br />

"<br />

Ä<br />

? œ<br />

Ä<br />

? ) e que, para 8 Ÿ ! , define-se 8?<br />

Ä<br />

œ Ð8Ñ?<br />

Ä<br />

(para 8 œ !<br />

Ä<br />

as duas caracterizações dão o mesmo resultado, nomeadamente ! ), em<br />

particular ?<br />

Ä<br />

œ Ð"Ñ?<br />

Ä Ä Ä<br />

. Lembremos ainda que se tem 8! œ ! , para cada<br />

8−.<br />

O nosso próximo objectivo é mostrar que o conjunto dos vectores livres<br />

tem mesmo uma estrutura de espaço vectorial real, cuja soma é a definida<br />

anteriormente. A multiplicação pelos reais estende então automaticamente<br />

a multiplicação pelos inteiros referida atrás.<br />

9.51 Sejam<br />

Ä<br />

? um vector e +− ‘ . Define-se então um vector +?<br />

Ä<br />

, produto do real<br />

+ ? Ä<br />

pelo vector , do seguinte modo:<br />

a) Se +œ! ou<br />

Ä Ä<br />

? œ! , então +?<br />

Ä Ä<br />

œ! .<br />

b) Se +! e<br />

Ä Ä<br />

? Á! , então, fixado .− Y,<br />

+?<br />

Ä<br />

é o único vector com o<br />

mesmo sentido que<br />

Ä<br />

? e tal que m+?<br />

Ä<br />

m œ +m?<br />

Ä<br />

. m.<br />

(constata-se então que, para<br />

w cada . − Y, tem-se ainda m+?<br />

Ä<br />

m œ +m?<br />

Ä<br />

. w m.<br />

w,<br />

pelo que o resultado não<br />

depende da fixação de . ).<br />

c) Se +! e<br />

Ä Ä<br />

? Á! , então, fixado .− Y,<br />

+?<br />

Ä<br />

é o único vector com o<br />

sentido oposto ao de<br />

Ä<br />

? e tal que m+?<br />

Ä<br />

m œ l+lm?<br />

Ä<br />

. m.<br />

(constata-se então que,<br />

w para cada . − Y, tem-se ainda m+?<br />

Ä<br />

m œ l+lm?<br />

Ä<br />

. w m.<br />

w,<br />

pelo que o resultado não<br />

depende da fixação de . ).<br />

9.52 Como consequência imediata da definição anterior, vemos que, fixada uma<br />

função distância .−Y e considerando a norma associada, tem-se, para cada<br />

Ä Ä<br />

? − X e + − ‘ , m+?<br />

Ä<br />

m œ l+lm?<br />

Ä<br />

m.<br />

9.53 (Lema) Fixemos uma função<br />

distância .− Y e seja < uma recta e 0À


) Começamos por reparar que b) é trivial no caso em que<br />

Ä Ä<br />

?œ! (ou seja,<br />

EœS<br />

Ä Ä<br />

) ou @ œ! (ou seja, FœS)<br />

pelo que basta examinar o caso em que<br />

Ä Ä<br />

?Á!<br />

Ä Ä<br />

@Á!<br />

Ä Ä<br />

e . Tendo em conta 9.20,<br />

tem-se também @œEG,<br />

onde<br />

Gœ7ES ÐFÑ,<br />

e portanto, por 9.13,<br />

0ÐGÑœ 0ÐFÑÐ0ÐEÑ0ÐSÑÑœ0ÐEÑ0ÐFÑ. Basta agora atendermos que se tem, por 9.25,<br />

Ä<br />

? <br />

Ä<br />

@ œ SE EG œ SG<br />

Ä Ä Ä .<br />

c) Começamos por reparar que a conclusão é trivial no caso em que + œ!<br />

(vem HœS ) e naquele em que<br />

Ä Ä<br />

? œ! (vem EœS, donde 0ÐHÑœ! e<br />

HœS +Á!<br />

Ä Ä<br />

). Podemos assim supor já que se tem e ? Á! . Supondo que<br />

+ ! , 0ÐHÑ e 0ÐEÑ têm o mesmo sinal ou seja, por ser 0ÐSÑ œ ! , H e E<br />

Ä Ä<br />

estão na mesma semirrecta de origem S e portanto os vectores SH e SE<br />

têm o mesmo sentido, pelo que, por ser<br />

Ä<br />

mSHm œ .ÐSß HÑ œ l0ÐHÑ 0ÐSÑl œ l0ÐHÑl œ +l0ÐEÑl œ<br />

œ +l0ÐEÑ 0ÐSÑl œ + .ÐSß EÑ œ +mSEm<br />

Ä<br />

.<br />

.,<br />

Ä Ä<br />

tem-se efectivamente SHœ+SEœ+?<br />

Ä<br />

. Supondo agora que +! , 0ÐHÑe<br />

0ÐEÑtêm sinais distintos ou seja, por ser 0ÐSÑœ ! , H e E estão em semir-<br />

Ä Ä<br />

rectas opostas de origem S e portanto os vectores SH e SE têm sentidos<br />

opostos, pelo que, por ser<br />

Ä<br />

mSHm œ .ÐSß HÑ œ l0ÐHÑ 0ÐSÑl œ l0ÐHÑl œ l+ll0ÐEÑl œ<br />

œ l+ll0ÐEÑ 0ÐSÑl œ l+l .ÐSß EÑ œ l+lmSEm<br />

Ä<br />

.<br />

.,<br />

Ä Ä<br />

tem-se efectivamente SH œ + SE œ +?<br />

Ä<br />

.<br />

<br />

9.54 (Primeiras propriedades da multiplicação pelos reais) <strong>Da</strong>dos +ß , − ‘ e<br />

ÄÄ<br />

?ß@ −<br />

Ä X que sejam colineares, tem-se:<br />

a) 0 †?<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

œ! , +†! œ! , "†?<br />

Ä<br />

œ?<br />

Ä<br />

e Ð"ц?<br />

Ä<br />

œ?<br />

Ä<br />

;<br />

b) Ð+ ,Ñ?<br />

Ä<br />

œ +?<br />

Ä<br />

,?<br />

Ä<br />

;<br />

c) Ð+,Ñ?<br />

Ä<br />

œ +Ð,?Ñ<br />

Ä<br />

;<br />

d) +Ð?@Ñœ+?+@<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

.<br />

Dem: As propriedades em a) resultam imediatamente da definição em 9.51.<br />

Para as restantes alíneas, fixemos um função distância .− Y,<br />

uma recta < tal<br />

que<br />

ÄÄ<br />

?ß@ −<<br />

Ä<br />

e um . -sistema de coordenadas 0À< Ä ‘ com origem S −< e<br />

consideremos EßF−< tais que<br />

Ä Ä<br />

? œSEe Ä Ä<br />

@ œSF.<br />

Aplicando as diferentes<br />

conclusões do lema 9.53 , vemos que se tem +?<br />

Ä Ä<br />

œ SE e ,?<br />

Ä Ä<br />

w ww œ SE , com<br />

0ÐEÑ œ +0ÐEÑ 0ÐE Ñ œ ,0ÐEÑ +?<br />

Ä<br />

,?<br />

Ä<br />

œ SG 0ÐGÑœ Ä<br />

w ww e , donde , com<br />

– 126–


+0ÐEÑ ,0ÐEÑ œ Ð+ ,Ñ0ÐEÑ , o que mostra que +?<br />

Ä<br />

,?<br />

Ä<br />

œ Ð+ ,Ñ?<br />

Ä<br />

. Do<br />

mesmo modo, de ser ,?<br />

Ä<br />

œ SE , com 0ÐE Ñ œ ,0ÐEÑ,<br />

deduzimos que<br />

Ä ww ww<br />

+Ð,?Ñ<br />

Ä Ä ww<br />

œ SH, com 0ÐHÑœ +0ÐE Ñ œ +,0ÐEÑ , o que mostra que +Ð,?Ñ<br />

Ä<br />

œ<br />

Ð+,Ñ?<br />

Ä Ä<br />

? @<br />

Ä<br />

œEG 0ÐGÑœ0ÐEÑ0ÐFÑ<br />

Ä<br />

. Quanto a d), sabemos que , com ,<br />

donde +Ð?<br />

Ä<br />

<br />

Ä Ä<br />

w w<br />

@ Ñ œ EG , com 0ÐG Ñ œ +0ÐGÑ œ +0ÐEÑ +0ÐFÑ e, por<br />

outro lado, +?<br />

Ä Ä<br />

œ SE e +@<br />

Ä Ä<br />

w w w w<br />

œ SF, com 0ÐEÑ œ +0ÐEÑe 0ÐFÑ œ +0ÐFÑ<br />

donde resulta finalmente que +?<br />

Ä<br />

+@<br />

Ä Ä<br />

w œEG œ+Ð?<br />

Ä<br />

@Ñ<br />

Ä<br />

.<br />

<br />

9.55 (Espaço vectorial) O conjunto X Ä dos vectores do espaço, com a soma de<br />

vectores e a multiplicação de um vector por um número real atrás definidas, é<br />

um espaço vectorial.<br />

Dem: A única propriedade que nos falta estabelecer é a igualdade<br />

+Ð?@Ñœ+?+@<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

, no caso em que os vectores<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@não<br />

são colineares,<br />

Ä<br />

em particular são ambos diferentes de ! . Podemos também já supor que<br />

Ä Ä Ä<br />

+! , uma vez que a igualdade se reduz a ! œ!! , no caso em que<br />

+œ! , e que o caso em que +! se reduz àquele em que +! , tendo em<br />

conta que se +! , pode-se escrever<br />

Ð+ÑÐ?<br />

Ä<br />

<br />

Ä<br />

@ Ñ œ +ÐÐ"ÑÐ?<br />

Ä<br />

<br />

Ä<br />

@ ÑÑ œ +ÐÐ?<br />

Ä<br />

<br />

Ä<br />

@ ÑÑ œ +ÐÐ?<br />

Ä<br />

Ñ Ð@<br />

Ä<br />

ÑÑ œ<br />

œ +Ð?<br />

Ä<br />

Ñ +Ð@<br />

Ä<br />

Ñ œ +ÐÐ"Ñ?<br />

Ä<br />

Ñ +ÐÐ"Ñ@<br />

Ä<br />

Ñ œ<br />

œ Ð+Ñ?<br />

Ä<br />

Ð+Ñ@<br />

Ä<br />

.<br />

Depois de termos mostrado que basta considerar o caso em que +! ,<br />

reparemos agora que basta considerar o caso em que !+" . Com efeito,<br />

se +œ" a igualdade pretendida é trivial (<br />

Ä<br />

? @<br />

Ä<br />

œ?<br />

Ä<br />

@<br />

Ä<br />

) e, se tivermos<br />

provado a igualdade no caso em que +" vemos que, para +" , tem-se<br />

"<br />

+ ", e portanto<br />

+Ð?<br />

Ä<br />

<br />

Ä "<br />

@ Ñ œ +ÐÐ +Ñ?<br />

Ä "<br />

Ð +Ñ@<br />

Ä "<br />

Ñ œ +Ð Ð+?<br />

Ä "<br />

Ñ Ð+@<br />

Ä<br />

ÑÑ œ<br />

+ + + +<br />

"<br />

œ +Ð Ð+?<br />

Ä<br />

+@<br />

Ä "<br />

ÑÑ œ Ð+ ÑÐ+?<br />

Ä<br />

+@<br />

Ä<br />

Ñ œ +?<br />

Ä<br />

+@<br />

Ä<br />

.<br />

+ +<br />

Passemos então à demonstração no caso em que +" . Escolhamos pontos<br />

Eß F<br />

Ä Ä<br />

? œ EF G<br />

Ä Ä<br />

tais que e um ponto tal que @ œ FG . O facto de<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ não<br />

serem colineares implica que Eß Fß G não são colineares e tam-se então<br />

+?<br />

Ä<br />

œ E\ \ − ÒEß FÓ E F<br />

Ä , onde é distinto de e de e definido pela condição<br />

de se ter lE\l œ +lEFl. Podemos então aplicar o lema 8.1 para considerar o<br />

único ponto ]−ÒEßGÓ tal que a recta \] seja paralela a FG,<br />

ponto esse<br />

que é diferente de E e de G, e o único ponto ^ − ÒGFÓ tal que a recta ]^<br />

seja paralela a EF, ponto esse que é diferente de F e de G,<br />

tendo-se então<br />

que ÐFß^ß]ß\Ñé<br />

um paralelogramo.<br />

– 127–


B<br />

A<br />

X Y<br />

Pelo teorema de Thales em 8.3, tem-se também lF^l œ l\] l œ +lFGl e<br />

Ä Ä<br />

lE] l œ +lEGl, a última igualdade implicando que E] œ +EG e a primeira<br />

Ä Ä<br />

que F^ œ +FG œ +@<br />

Ä<br />

. Por outro lado, tendo em conta 9.12 e 9.20,<br />

tem-se<br />

Ä Ä Ä<br />

F^ œ \] , e portanto também \] œ +@<br />

Ä<br />

. Podemos agora escrever, tendo<br />

Ä Ä Ä<br />

em conta 9.25, EGœEFFGœ?@<br />

Ä Ä<br />

, donde<br />

+Ð?<br />

Ä<br />

<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

@ Ñ œ E] œ E\ \] œ +?<br />

Ä<br />

+@<br />

Ä<br />

. <br />

9.56 Se < § < Ä<br />

X é uma recta, então a correspondente recta vectorial é um<br />

subespaço vectorial de dimensão " de e qualquer subespaço vectorial de<br />

Ä X<br />

dimensão " de é deste tipo.<br />

Ä X<br />

Dem: Fixemos uma função distância .−Y e seja 0À


Ä<br />

Z fosse um subespaço vectorial de dimensão # , podíamos considerar uma<br />

base<br />

ÄÄ<br />

@ßA de , que eram assim não colineares e portanto, por , existia<br />

Ä Z 9.40<br />

um plano vectorial<br />

Ä<br />

! contendo<br />

Ä<br />

@ e<br />

Ä<br />

A , de onde duduzimos que Z §<br />

Ä<br />

! ,<br />

Ä<br />

Ä<br />

donde Z œ<br />

Ä<br />

! , por se tratarem de subespaços vectoriais com a mesma<br />

dimensão. <br />

9.58 O espaço vectorial X Ä<br />

tem dimensão $ .<br />

Dem: Sejam Eß Fß Gß H pontos não complanares de X. Tendo em conta 9.41,<br />

os vectores<br />

Ä Ä<br />

? œ EF, Ä Ä<br />

@ œ EG e<br />

Ä Ä<br />

A œ EH são não complanares e portanto,<br />

por 9.43 , sendo<br />

ÄÄ Ä<br />

< , = e > as rectas vectoriais que contêm aqueles três<br />

Ä<br />

vectores, tem lugar a soma directa X œ<<br />

Ä<br />

Š=<br />

Ä Ä<br />

Š> de subgrupos abelianos<br />

Ä<br />

que são subespaços vectoriais de dimensão " , o que mostra que X é um<br />

espaço vectorial de dimensão $ .<br />

<br />

Vamos agora examinar alguns exemplos de utilização da Álgebra Linear<br />

Ä<br />

de X ao estudo da <strong>Geometria</strong>.<br />

9.59 (Caracterização vectorial dos pontos da recta) Sejam < uma recta e EßF<br />

dois pontos distintos de < . Tem-se então que os pontos \ − < são<br />

Ä Ä<br />

exactamente aqueles para os quais se tem E\ œ>EF , para um certo >−‘<br />

.<br />

Û<br />

Um tal > é então único e, sendo < œ EF e < a semirrecta oposta de origem<br />

E , tem-se \−< se, e só se, > ! e \−< se, e só se, >Ÿ! .<br />

Dem: Sabemos que os pontos \−< são exactamente aqueles para os quais<br />

Ä<br />

E\ −<br />

Ä<br />

< pelo que a primeira afirmação, tal como aquela sobre a unicidade de<br />

> EF Ä<br />

resulta simplesmente de que é um vector não nulo, e portanto uma base<br />

do subespaço vectorial<br />

Ä<br />

< de dimensão " . Afastando agora o caso trivial em<br />

que \œE , que pertence a ambas as semirrectas e para o qual >œ! , vemos<br />

Ä Ä<br />

que \−< se, e só se, os vectores E\ e EFtêm<br />

o mesmo sentido o que,<br />

tendo em conta a definição da multiplicação dos vectores pelos números reais<br />

em 9.51 , equivale a >! .<br />

<br />

9.60 (Combinações afins de pontos) Sejam ÐE4Ñ4−Numa família finita de<br />

pontos e Ð> 4Ñ 4−Numa família de números reais tal que ! > 4œ<br />

" . Existe então<br />

4<br />

um, e um só, ponto \ , que notaremos ! > E com a propriedade de, para<br />

Ä Ä<br />

qualquer ponto S, se ter S\ œ ! > SE .<br />

4<br />

– 129–<br />

4<br />

4 4<br />

Dem: A unicidade de um ponto \ nas condições pedidas é imediata. Para<br />

provarmos a existência, o que temos que repararar é que, escolhendo S e<br />

Ä Ä<br />

definindo \ pela condição de se ter S\ œ ! > SE , então dado outro<br />

4 4<br />

4<br />

4 4


ponto S , tem-se w<br />

Ä Ä Ä<br />

w w Ä Ä<br />

S\œSSS\œ " w<br />

> SS " > SE œ<br />

Ä Ä<br />

Ä<br />

œ " w<br />

> ÐS SSE Ñ œ " w<br />

> S E . <br />

– 130–<br />

4 4 4<br />

4 4<br />

4 4 4 4<br />

4 4<br />

9.61 (Nota) É comum utilizar notações<br />

alternativas para ! >E (quando se tem<br />

!<br />

4<br />

> œ ") que são claramente entendidas como sinónimas. Ninguém terá<br />

4<br />

dúvidas em entender, por exemplo, o que queremos significar ao escrever<br />

=E>F (se =>œ" ) ou = " E" â= 8E 8 (se = " â= 8 œ" ).<br />

Note-se que, como caso particular trivial, tem-se Eœ"E.<br />

9.62 (Caracterização afim dos pontos duma recta, duma semirrecta e dum<br />

segmento de recta) Sejam < uma recta e EßF dois pontos distintos de < .<br />

Tem-se então que os pontos \−< são exactamente aqueles para os quais se<br />

tem \œ=E>F , com =>œ" , os reais =ß> estando então univocamente<br />

determinados por \ . Tem-se então E œ "E !F, F œ !E "F e, para \<br />

Û Û<br />

com a decomposição referida, \−EF se, e só se, > ! , \−FEse,<br />

e só<br />

se, = ! (ou, o que é equivalente, >Ÿ" ) e portanto \−ÒEßFÓse,<br />

e só se,<br />

> ! e = ! (ou, o que é equivalente, >−Ò!ß"Ó).<br />

Dem: A caracterização dos pontos \−< como os que se podem escrever na<br />

forma \œ=E>F , com =>œ" , e a unicidade de uma tal decomposição<br />

resultam de 9.59, uma vez que, escolhendo como ponto auxiliar o ponto E,<br />

Ä Ä Ä Ä Ä<br />

aquela igualdade é equivalente a E\ œ =EE >EF, isto é a E\ œ >EF,<br />

igualdade que, para cada \ é verificada para um único > , o qual determina =<br />

pela condição =œ"> . É evidente que "E!Fœ"EœE e que<br />

Û<br />

!E "F œ "F œ F . O facto de se ter \ − EF se, e só se, > ! é uma<br />

consequência de 9.59 uma vez que, como já referido, \œ=E>F é<br />

Ä Ä<br />

equivalente a E\ œ >EF. Por simetria dos papéis de E e F,<br />

tem-se<br />

Û<br />

\−FE se, e só se, = ! , o que é equivalente a >Ÿ" , por ser >œ"=Þ<br />

Por fim, sabemos que \−ÒEßFÓ se, e só se, \ pertence simultaneamente às<br />

Û Û<br />

semirrectas EF e FE , o que é equivalente a > ! e = ! , e portanto<br />

também a >−Ò!ß"Ó uma vez que, como já referido, = ! é equivalente a<br />

>Ÿ". <br />

9.63 (Caracterização vectorial dos pontos do plano) Sejam ! um plano,


Ä Ä Ä<br />

E\ œ = EF > EG,<br />

com =ß > − ‘ . Um tal par de números reais Ð=ß >Ñ é então único e tem-se<br />

\−< se, e só se, >œ! , \− ! se, e só se, > ! e \−!<br />

se, e só se,<br />

>Ÿ!.<br />

Dem: Sabemos que os pontos \−! são exactamente aqueles para os quais<br />

Ä<br />

E\ −<br />

Ä!<br />

pelo que a primeira afirmação, assim como a unicidade do par<br />

Ä Ä<br />

Ð=ß >Ñ, resultam de que, por 9.35,<br />

EF e EG são vectores não colineares, logo<br />

linearmente independentes, do espaço vectorial<br />

Ä<br />

! de dimensão # , e portanto<br />

uma base deste espaço. A caracterização dos pontos \−< em 9.59<br />

mostra-nos que, para um tal ponto \ , tem-se \ − < se, e só se, > œ ! . Seja<br />

Ä Ä Ä<br />

agora \ − ! Ï < , portanto E\ œ = EF > EG com > Á ! . Tendo em conta<br />

a caracterização dos segmentos de recta em 9.62 , os pontos ]−ÒGß\Ósão<br />

aqueles para os quais, para um certo ?−Ò!ß"Ó,<br />

Ä Ä Ä Ä Ä<br />

E] œ Ð" ?ÑEG ?E\ œ Ð" ? ?>ÑEG ?=EF.<br />

Se > ! , tem-se, para todo o ? − Ò!ß "Ó , " ? ?> ! portanto ] Â < , o<br />

que mostra que o segmento de recta ÒGß \Ó não intersecta < , e portanto \<br />

está no mesmo semiplano de bordo < que G , ou seja, \ − !.<br />

Suponhamos<br />

"<br />

agora que >! . Podemos então considerar o valor ?œ "> −Ò!ß"Ó,<br />

para o<br />

qual se tem "??>œ! , pelo que o ponto ] −ÒGß\Ódefinido<br />

por<br />

Ä Ä Ä<br />

E] œ Ð" ?ÑEG ?E\ pertence a < , o que mostra que G e \ estão em<br />

semiplanos opostos de bordo < , ou seja, \ − !. <br />

9.64 (Corolário) Sejam ! um plano e Eß Fß G três pontos não colineares de ! e<br />

Û Û<br />

consideremos as semirrectas < œ EF e = œ EG de origem E e o<br />

correspondente sector angular nÖ< ß = × § ! . Tem-se então que um ponto<br />

Ä Ä Ä<br />

\ − !, com E\ œ ?EF @ EG, pertence a nÖ< ß = ×<br />

se, e só se, ? ! e<br />

@ !.<br />

Dem: Trata-se de uma consequência de 9.63,<br />

se nos lembrarmos que<br />

nÖ< ß = × é a intersecção do semiplano de ! de bordo EF que contém G<br />

com o semiplano de ! de bordo EG que contém F. <br />

9.65 (Caracterização afim dos pontos dum plano, dum semiplano, dum<br />

sector angular e dum segmento triangular) Sejam ! um plano e Eß Fß G<br />

três pontos não colineares de ! . Tem-se então que os pontos \−!<br />

são<br />

exactamente aqueles para os quais se tem<br />

\œ=E>F?G,<br />

com =>?œ" e, para cada ponto \ nessas condições, o triplo Ð=ß>ß?Ñ<br />

fica univocamente determinado. Além disso, para um ponto \ nessas<br />

condições, tem-se que \ pertence à recta EF se, e só se ? œ ! , \ pertence<br />

ao semiplano de ! de bordo EF que contém G se, e só se, ? ! , \<br />

pertence<br />

– 131–


Û Û<br />

ao sector angular nÖEFß EG× se, e só se, > ! e ? ! e \ pertence ao<br />

segmento triangular ÒEßFßGÓ se, e só se, = !ß> ! e ? ! .<br />

Dem: A caracterização dos pontos \−! como os que se podem escrever na<br />

forma \œ=E>F?G , com =>?œ", e a unicidade de uma tal<br />

decomposição resultam de 9.63,<br />

uma vez que, escolhendo como ponto<br />

auxiliar o ponto E,<br />

aquela igualdade é equivalente a<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

E\ œ =EE >EF ?EG,<br />

Ä Ä Ä<br />

isto é a E\ œ >EF ?EG , igualdade que, para cada \ é verificada para<br />

um único par Ð>ß ?Ñ , o qual determina = pela condição = œ " > ? . As<br />

condições referidas no enunciado para que \ pertença à recta EF,<br />

ao<br />

Û Û<br />

semiplano de ! de bordo EF que contém G e ao sector angular nÖEFß EG×<br />

resultam das correspondentes condições em 9.63 e 9.64 e a condição para<br />

que \ pertença ao segmento triangular ÒEßFßGÓ resulta de que isso é<br />

Û Û<br />

equivalente a \ pertencer simultaneamente ao sector angular nÖEFßEG× e<br />

ao semiplano de ! de bordo FG que contém E. <br />

9.66 (Caracterização vectorial dos pontos do espaço) Sejam ! um plano e<br />

HÂ! e notemos X o semiespaço de bordo ! que contém He<br />

X<br />

o outro<br />

semiespaço com o mesmo bordo (cf. 2.11). Sejam Eß Fß G pontos não<br />

colineares de ! . Tem-se então que, para cada \−X, o vector E\ escreve-se<br />

Ä<br />

de modo único na forma<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

E\ œ = EF > EG ? EH,<br />

tendo-se então que \− ! se, e só se, ?œ! , \− Xse,<br />

e só se, ? ! e<br />

\− X se, e só se, ?Ÿ! .<br />

Dem: Uma vez que Eß Fß Gß H são não complanares, resulta de 9.41 que os<br />

Ä Ä Ä<br />

vectores EF, EG e EH são não complanares, portanto linearmente indepen-<br />

Ä<br />

dentes, logo uma base de X , o que mostra que, para cada ponto \ , o vector<br />

Ä Ä Ä Ä Ä<br />

E\ escreve-se de modo único na forma E\ œ = EF > EG ? EH,<br />

com<br />

=ß>ß?− ‘ . O facto de se ter \− ! se, e só se, ?œ! é uma consequência da<br />

caracterização dos pontos de ! em 9.63 . Seja agora \−X Ï!<br />

, portanto<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

E\ œ = EF > EG ? EH com ? Á ! . Tendo em conta a caracterização<br />

dos segmentos de recta em 9.62 , os pontos ]−ÒHß\Ósão<br />

aqueles para os<br />

quais, para um certo @−Ò!ß"Ó,<br />

Ä Ä Ä Ä Ä Ä<br />

E] œ Ð" @ÑEH @E\ œ Ð" @ @?ÑEH @=EF @>EG.<br />

Se ? ! , tem-se, para todo o @ − Ò!ß "Ó , " @ @? ! portanto ] Â ! , o<br />

que mostra que o segmento de recta ÒGß \Ó não intersecta ! , e portanto \<br />

está no mesmo semiespaço de bordo ! que G , ou seja, \ − X.<br />

Suponhamos<br />

"<br />

agora que ?! . Podemos então considerar o valor @œ "? −Ò!ß"Ó,<br />

para o<br />

qual se tem "@@?œ! , pelo que o ponto ] −ÒGß\Ódefinido<br />

por<br />

– 132–


Ä Ä Ä<br />

E] œ Ð" @ÑEH @E\ pertence a ! , o que mostra que G e \ estão em<br />

semiespaços opostos de bordo ! , ou seja, \−X. <br />

9.67 (Caracterização afim dos pontos do espaço e dum semiespaço) Sejam !<br />

um plano e HÂ! e notemos X o semiespaço de bordo ! que contém He<br />

Eß Fß G<br />

colineares de ! . Tem-se então que qualquer ponto \−X<br />

se escreve de modo<br />

único na forma<br />

\œ=E>F?G@H,<br />

<br />

X o outro semiespaço com o mesmo bordo. Sejam pontos não<br />

com =>?@œ" , tendo-se \−! se, e só se, @œ! , \−Xse,<br />

e só<br />

se, @ ! e \−X se, e só se, @Ÿ! .<br />

Dem: O facto de qualquer ponto \−X se poder escrever na forma<br />

\œ=E>F?G@H , com =>?@œ" , e a unicidade de uma tal<br />

decomposição resultam de 9.66,<br />

uma vez que, escolhendo como ponto<br />

auxiliar o ponto E,<br />

aquela igualdade é equivalente a<br />

Ä Ä Ä Ä Ä<br />

E\ œ =EE >EF ?EG @EH,<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

isto é a E\ œ >EF ?EG @EH , igualdade que, para cada \ é verificada<br />

para um único triplo Ð>ß?ß@Ñ , o qual determina = pela condição<br />

=œ">?@ . As condições referidas no enunciado para que \ pertença<br />

a ! , a X e a X<br />

resultam das correspondentes condições em 9.66. <br />

10. Ângulo de vectores, ortogonalidade, produto interno.<br />

10.1 Existe uma única aplicação .s que a cada par de vectores<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ não<br />

colineares (em particular não nulos) associa .sÐ?ß@Ñ−Ó!ß#Ò<br />

ÄÄ<br />

tal que, sempre<br />

que<br />

Ä Ä<br />

? œ EF e<br />

Ä Ä<br />

@ œ EG, se tenha Ð?<br />

ÄÄ Û Û<br />

s. ß @ Ñ œ . ÐÖEFß EG×Ñ (cf. 3.16).<br />

Dizemos que .sÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ é a amplitude do ângulo dos vectores<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ .<br />

Dem: A unicidade de uma aplicação .s nas condições pedidas é uma<br />

consequência de que, fixado E, existem pontos únicos F e G tais que<br />

Ä Ä<br />

? œ EF<br />

Ä Ä<br />

Û Û<br />

e @ œ EG e então Eß Fß G são não colineares, pelo que EF e EG<br />

são semirrectas com a mesma origem determinando rectas distintas. Para<br />

terminar a demonstração, tudo o que temos que verificar é que, se for<br />

também<br />

Ä Ä<br />

? œEF e<br />

Ä Ä<br />

w w w w @ œEG,<br />

então tem-se<br />

Û Û Ûw w Ûw<br />

w . ÐÖEFßEG×Ñœ. ÐÖEFßEG ×Ñ.<br />

Ora, por 9.28,<br />

uma vez que<br />

w w w<br />

F œ 7FßEÐEÑ, tem-se também F œ 7EwEÐFÑ<br />

e, do mesmo modo<br />

w w<br />

G œ 7EE w ÐGÑ e, evidentemente, E œ 7EE<br />

w ÐEÑ.<br />

Tendo em conta o facto de<br />

7EE w ÀX Ä X ser uma isometria, deduzimos agora de que se tem<br />

5.8<br />

Û Û Ûw w Ûw<br />

w efectivamente . ÐÖEFßEG×Ñœ. ÐÖEFßEG ×Ñ.<br />

<br />

– 133–


10.2 Extendemos a definição anterior definindo, quando<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ são vectores não<br />

nulos colineares, a amplitude do ângulo .sÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ ! , se os vectores tiverem<br />

o mesmo sentido, e .sÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ # , se os vectores tiverem sentidos diferentes.<br />

10.3 Quaisquer que sejam os vectores não nulos ? ÄÄ<br />

ß@ e +! , tem-se:<br />

a) . sÐ?ß@Ñœ ÄÄ<br />

. sÐ@ß?Ñ<br />

ÄÄ<br />

;<br />

b) . sÐ+?ß@Ñœ ÄÄ<br />

. sÐ?ß@Ñ<br />

ÄÄ<br />

;<br />

c) . sÐ?ß@Ñœ# ÄÄ<br />

. sÐ?ß@Ñ<br />

ÄÄ<br />

.<br />

Dem: A alínea a) resulta trivialmente das definições em 10.1 e 10.2.<br />

Quanto<br />

a b), no caso em que os vectores são colineares, temos uma consequência de<br />

Ä<br />

? e +?<br />

Ä<br />

terem o mesmo sentido e, no caso em que não são colineares, basta<br />

repararmos que, sendo<br />

Ä Ä<br />

? œ EF e<br />

Ä Ä<br />

@ œ EG , tem-se +?<br />

Ä Ä<br />

w œ EF , onde, por<br />

Ä Ä<br />

w Û Û w<br />

EF ter o mesmo sentido que EF, as semirrectas EF e EF coincidem.<br />

Qanto a c), no caso em que os vectores são colineares, temos uma<br />

consequência de<br />

Ä<br />

? e ?<br />

Ä<br />

terem sentidos opostos e, no caso em que não são<br />

colineares, basta repararmos que se tem ?<br />

Ä<br />

œ EF , onde as semirrectas EF<br />

Ä ww Û<br />

ÛwÛ Û Ûww<br />

Û<br />

e EF são opostas, e portanto os ângulos ÖEFß EG× e ÖEF ß EG× são<br />

adjacentes. <br />

10.4 (Nota) Os resultados precedentes tornam possível definir, sem dificuldade,<br />

a amplitude do ângulo de duas semirrectas, não necessariamente com a<br />

mesma origem, de tal modo que quando elas tenham a mesma origem e<br />

tenham rectas continentes distintas, se reencontre a noção em 3.16.<br />

10.5 Dizemos que dois vectores<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ são ortogonais, ou perpendiculares,<br />

e<br />

escrevemos<br />

Ä<br />

?¼@<br />

Ä Ä<br />

, se pelo menos um deles for ! ou, sendo ambos não<br />

nulos, for .sÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ " .<br />

10.6 A relação de ortogonalidade verifica as seguintes condições:<br />

a) Se<br />

Ä<br />

?¼@<br />

Ä<br />

, então<br />

Ä<br />

@¼?<br />

Ä<br />

;<br />

b) Se<br />

Ä<br />

?¼@<br />

Ä<br />

, então, para cada +− ‘ ,<br />

Ä<br />

?¼+@<br />

Ä<br />

.<br />

Dem: Trata-se de uma consequência imediata de 10.3 se repararmos que,<br />

afastando já os casos triviais em que<br />

Ä Ä<br />

?œ! ou<br />

Ä Ä<br />

@œ! , se s. Ð?ß@Ñœ"<br />

ÄÄ<br />

, então<br />

tem-se também . sÐ?ß@Ñœ# Ä Ä<br />

. sÐ?ß@Ñœ"<br />

ÄÄ<br />

, donde, para +! ,<br />

. sÐ?ß+@Ñœ Ä Ä<br />

. Ð?ß@Ñœ"<br />

ÄÄ<br />

, para +! , . sÐ?ß+@Ñœ Ä Ä<br />

. sÐ?ß@Ñœ"<br />

Ä Ä<br />

e, para<br />

+œ! +@<br />

Ä Ä<br />

, œ! , donde<br />

Ä<br />

? ¼+@<br />

Ä<br />

. <br />

10.7 (O complementar ortogonal de um conjunto) Seja T § Ä X um conjunto<br />

de vectores. Define-se então o complementar ortogonal de T como sendo o<br />

¼ conjunto T dos vectores<br />

Ä Ä<br />

?− X tais que<br />

Ä<br />

?¼@<br />

Ä<br />

para qualquer<br />

Ä<br />

@−T.<br />

10.8 Tem-se:<br />

a) Para cada T , ! Ä − T¼ ;<br />

¼ ¼<br />

b) Se T § U, então T ¨ U ;<br />

c) g œ Ä ¼ X<br />

– 134–


Ä Ä ¼ d) Ö! × œ X<br />

ļ Ä<br />

e) X œÖ!× .<br />

Ä<br />

Dem: As alíneas a) e d) resultam de se ter !¼@<br />

Ä<br />

, para todo o<br />

Ä<br />

@.<br />

As alíneas<br />

b) e c) são triviais. A alínea e) resulta de a) e de que, se<br />

Ä Ä<br />

?Á! , então não se<br />

tem<br />

Ä<br />

? ¼?<br />

Ä<br />

( Ð?ß?Ñœ!<br />

ÄÄ<br />

) e portanto<br />

Ä Ä<br />

. s<br />

? Â X . ¼ <br />

10.9 (O complementar ortogonal de um vector não nulo e de uma recta<br />

vectorial) Sejam<br />

Ä Ä<br />

? Á! um vector e<br />

Ä<br />

< a única recta vectorial tal que<br />

Ä<br />

? −<<br />

Ä<br />

(cf. 9.34). Tem-se então que Ö?<br />

Ä ¼ × œ<br />

ļ < é um plano vectorial<br />

Ä<br />

! , para o qual<br />

Ä<br />

se tem X œ<<br />

Ä<br />

Š<br />

Ä<br />

! . Mais precisamente, escolhendo T −< , pode-se tomar<br />

para ! o plano perpendicular a < que passa por T (cf. 5.21).<br />

Dem: Uma vez que<br />

Ä<br />

< é um espaço vectorial de dimensão " que contém o<br />

vector não nulo<br />

Ä<br />

? , segue-se que todo o vector de<br />

Ä<br />

< é da forma +?<br />

Ä<br />

com<br />

+− ? Ä<br />

‘ e portanto qualquer vector ortogonal a é ortogonal a todos os<br />

vectores de<br />

Ä<br />

< , o que mostra que se tem Ö?×<br />

Ä ¼ œ<br />

ļ<br />

< . Escolhamos T − < , seja<br />

U−<<br />

Ä<br />

? œTU < T<br />

Ä<br />

tal que e seja ! o plano perpendicular a que passa por .<br />

Cada vector<br />

Ä<br />

@−<br />

Ä<br />

! é perpendicular a<br />

Ä<br />

? visto que, supondo-o já diferente de<br />

Ä<br />

!<br />

Ä<br />

@ œ TE E − T TE<br />

Ä<br />

, tem-se , com ! distinto de e então as rectas e<br />

TU œ < sÐ?ß@Ñœ "<br />

ÄÄ<br />

são perpendiculares (cf. 5.17 ), em particular . .<br />

Reciprocamente, se<br />

Ä Ä<br />

@− X é perpendicular a<br />

Ä<br />

? , então<br />

Ä<br />

@−<br />

Ä<br />

! visto que,<br />

supondo já<br />

Ä Ä<br />

@Á! , podemos escrever<br />

Ä Ä<br />

@œTF, para um certo F−Xe<br />

então<br />

a recta TF é perpendicular à recta TU œ < donde, por 5.19 , TF § ! , em<br />

particular<br />

Ä Ä<br />

@œTF−<br />

Ä<br />

! . Ficou assim provado que<br />

Ä<br />

! œ<<br />

Ä<br />

e o facto de ter<br />

Ä<br />

lugar a soma directa X œ<<br />

Ä<br />

Š<br />

Ä<br />

! resulta, por exemplo, de 9.42,<br />

uma vez que<br />

Ä<br />

<<br />

Ä Ä Ä<br />

! œÖ!× , já que um vector diferente de ! nunca é perpendicular a si<br />

mesmo. <br />

10.10 (Corolário) O complementar ortogonal de qualquer conjunto T § Ä X é um<br />

Ä Ä Ä<br />

subespaço vectorial de X, e portanto é Ö! × , ou X,<br />

ou uma recta vectorial<br />

Ä<br />

< ,<br />

ou um plano vectorial<br />

Ä<br />

! .<br />

Ä ¼ ¼<br />

Dem: Já sabemos que g œ X e, se T Á g,<br />

T é trivialmente a intersecção<br />

dos Ö?<br />

Ä ¼ × , com<br />

Ä<br />

? − T e portanto, sendo uma intersecção de subespaços<br />

vectoriais é um subespaço vectorial. Basta agora reparar que, uma vez que X Ä<br />

tem dimensão $ , os seus subespaços vectoriais só podem ter dimensão ! , " , #<br />

ou $ , no primeiro caso sendo igual a Ö!× , no segundo sendo uma recta<br />

Ä<br />

vectorial<br />

Ä<br />

< (cf. 9.56), no terceiro sendo um plano vectorial (cf. 9.57)<br />

e no<br />

Ä<br />

quarto sendo igual a X .<br />

<br />

10.11 (O complementar ortogonal de um plano vectorial) <strong>Da</strong>do um plano<br />

vectorial<br />

Ä<br />

!<br />

ļ , tem-se que ! é uma recta vectorial<br />

Ä<br />

< , para a qual se tem<br />

Ä<br />

X œ<br />

Ä<br />

! Š<<br />

Ä<br />

. Mais precisamente, escolhendo T − ! , pode-se tomar para < a<br />

– 135–


ecta perpendicular a ! que passa por T (cf. 5.22).<br />

Dem: Escolhamos T− ! e seja < a recta perpendicular a ! que passa por T.<br />

Cada vector<br />

Ä<br />

@−<<br />

Ä<br />

é ortogonal a<br />

Ä<br />

, visto que, supondo já<br />

Ä Ä<br />

!<br />

@Á! , podemos<br />

escrever<br />

Ä Ä<br />

@œTUcom U−< distinto de Te então<br />

Ä<br />

@é<br />

ortogonal a qualquer<br />

vector<br />

Ä<br />

?−<br />

Ä<br />

visto que, supondo já<br />

Ä Ä<br />

?Á! , tem-se<br />

Ä Ä<br />

!<br />

?œTE,<br />

para um certo<br />

E−! distinto de T e então a recta TEestá<br />

contida em ! portanto, por<br />

definição, < œ TU é perpendicular a TE, em particular sÐ?ß@Ñœ " .<br />

ÄÄ<br />

.<br />

Suponhamos, reciprocamente, que<br />

Ä Ä<br />

@−X<br />

é ortogonal a<br />

Ä<br />

! e mostremos que<br />

Ä<br />

@−<<br />

Ä Ä Ä<br />

@Á!<br />

Ä Ä<br />

, para o que podemos já supor , portanto @œTU,<br />

para um<br />

certo U−X distinto de T . Para cada recta =§ ! com T −= , podemos<br />

considerar E−= distinto de T e então<br />

Ä Ä<br />

@ é ortogonal ao vector TE−<br />

Ä<br />

! ,<br />

w<br />

pelo que a recta < œ TU é perpendicular à recta =œ TE.<br />

Ficou assim<br />

w provado que < é perpendicular a todas as rectas de ! que passam por T,<br />

ou<br />

w w<br />

seja < é perpendicular ao plano ! o que, por 5.22,<br />

implica que < œ < , e<br />

portanto<br />

Ä Ä<br />

@œTU−<<br />

Ä Ä<br />

. O facto de se ter X œ<br />

Ä<br />

! Š<<br />

Ä<br />

é uma consequência de<br />

10.9, uma vez que ! é o plano perpendicular a < que passa por T. <br />

Vamos agora definir o produto interno de vectores do espaço, associado a<br />

uma função distância que se suporá fixada. Começamos, para isso, por<br />

considerar o caso mais simples em que os vectores são colineares.<br />

10.12 Consideremos fixada uma função distância .−Y e notemos<br />

simplesmente m?<br />

Ä<br />

m a norma m?<br />

Ä<br />

m dum vector<br />

Ä<br />

.<br />

? , associada a . (cf. 9.15 e a<br />

alínea 8) em 9.31 ). <strong>Da</strong>dos dois vectores colineares<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@,<br />

definimos o seu<br />

produto interno Ø?ß@Ù<br />

ÄÄ<br />

− , ou simplesmente Ø?ß@Ù−<br />

ÄÄ<br />

. ‘ ‘ , se . estiver<br />

implícito, do seguinte modo:<br />

1) Se<br />

Ä Ä<br />

?œ! ou<br />

Ä Ä<br />

@œ! , definimos Ø?ß@Ùœ!<br />

ÄÄ<br />

;<br />

2) Se<br />

Ä Ä<br />

?Á! e<br />

Ä Ä<br />

@Á! tiverem o mesmo sentido (cf. 9.48),<br />

definimos<br />

Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ m?<br />

Ä<br />

mm@<br />

Ä<br />

m.<br />

3) Se<br />

Ä Ä<br />

?Á! e<br />

Ä Ä<br />

@Á! tiverem sentidos opostos (cf. 9.48 e 9.47),<br />

definimos<br />

Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ m?<br />

Ä<br />

mm@<br />

Ä<br />

m.<br />

w w<br />

10.13 <strong>Da</strong>das duas funções distância .ß. − Y,<br />

com . œ -. , para um certo<br />

- ! , tem-se, quaisquer que sejam os vectores colineares<br />

ÄÄ<br />

?ß@, Ø?ß@Ù<br />

ÄÄ<br />

. œ w<br />

# -Ø?ß@Ù<br />

ÄÄ<br />

..<br />

Dem: Trata-se de uma consequência imediata da definição, tendo em conta a<br />

correspondente propriedade para as normas em 9.16. <br />

10.14 (Corolário) Consideremos fixada uma função<br />

distância .−Y.<br />

Qualquer<br />

que seja o vector<br />

Ä<br />

? , tem-se Ø?ß?Ùœm?m<br />

ÄÄ Ä # .<br />

Dem: Se<br />

Ä Ä<br />

?Á! , temos uma consequência da alínea 2) da definição.<br />

Se<br />

Ä Ä<br />

?œ! , ambos os membros da igualdade são ! . <br />

– 136–


10.15 (Lema) Consideremos fixada uma função<br />

distância .− Y e sejam < uma<br />

recta e 0À< Ä ‘ um d-sistema de coordenadas de origem S − < . Quaisquer<br />

Ä Ä<br />

que sejam Eß F − < , tem-se então ØSE ß SFÙ œ 0ÐEÑ0ÐFÑ.<br />

Dem: Uma vez que 0ÐSÑœ ! , a igualdade anterior é trivial no caso em que<br />

Ä Ä Ä<br />

um dos vectores SE e SF é ! (tem-se então E œ S ou F œ S).<br />

Afastando<br />

já este caso trivial reparamos que se tem<br />

Ä<br />

mSEm œ .ÐSß EÑ œ l0ÐEÑ 0ÐSÑl œ l0ÐEÑl<br />

Ä<br />

e, do mesmo modo, mSFm œ l0ÐFÑl pelo que, para concluirmos o resultado,<br />

Ä Ä<br />

basta repararmos que os vectores SE e SF têm o mesmo sentido se, e só se,<br />

E e F pertencem à mesma semirrecta de < de origem S,<br />

o que, uma vez que<br />

0 transporta uma das ordens lineares de < sobre a ordem usual de ‘ , é<br />

equivalente a 0ÐEÑe 0ÐFÑterem<br />

o mesmo sinal, ou seja, o seu produto ser<br />

positivo. <br />

10.16 (Bilinearidade do produto interno numa recta vectorial) Consideremos<br />

fixada uma função distância .− Y.<br />

<strong>Da</strong>da uma recta < , a aplicação<br />

Ä<br />


Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ Ø?<br />

Ä<br />

ß 1 Ð@<br />

Ä<br />

Ä<br />

< ÑÙ.<br />

Repare-se que esta definição extende a definição apresentada anteriormente<br />

para o caso dos vectores colineares. Com efeito, isso acontece trivialmente<br />

no caso em que<br />

Ä Ä<br />

?œ! e, se<br />

Ä Ä<br />

?Á! , basta repararmos que, se<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ são<br />

colineares, tem-se<br />

Ä<br />

@−<<br />

Ä<br />

, e portanto 1 Ð@Ñœ@<br />

Ä Ä<br />

Ä<br />

< .<br />

w w<br />

10.18 <strong>Da</strong>das duas funções distância .ß. − Y,<br />

com . œ -. , para um certo<br />

-!<br />

ÄÄ<br />

?ß@− Ä<br />

, tem-se, quaisquer que sejam os vectores X ,<br />

Ø?<br />

ÄÄ #<br />

ß @ Ù œ - Ø?<br />

ÄÄ<br />

w ß @ Ù .<br />

. .<br />

Dem: Trata-se de uma consequência imediata da definição e da correspondente<br />

propriedade para o caso dos vectores colineares em 10.13. <br />

10.19 (Comutatividade do produto interno) Consideremos fixada uma função<br />

distância .− . Quaisquer que sejam os vectores<br />

ÄÄ<br />

?ß@− , tem-se<br />

Ä<br />

Y X<br />

Ø@ß?ÙœØ?ß@Ù<br />

ÄÄ ÄÄ Ä<br />

?<br />

Ä Ä<br />

. Além disso, no caso em que e @ são diferentes de ! ,<br />

tem-se Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù ! se s. Ð?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ " (cf. 10.1 e 10.2),<br />

Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ ! se<br />

. sÐ?ß@Ñœ" ÄÄ<br />

e Ø?ß@Ù!<br />

ÄÄ<br />

se . sÐ?ß@Ñ"<br />

ÄÄ<br />

.<br />

Dem: Comecemos por reparar que decorre imediatamente da definição em<br />

10.17 que se tem Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ ! , sempre que<br />

Ä Ä<br />

? œ ! ou<br />

Ä Ä<br />

@ œ ! (no segundo<br />

caso, fora da situação trivial em que<br />

Ä Ä<br />

?œ! , tem-se, por linearidade,<br />

Ä Ä<br />

1 ÄÐ! < Ñ œ ! ). Basta assim demonstrar a igualdade do enunciado no caso em<br />

que<br />

Ä Ä<br />

?Á! e<br />

Ä Ä<br />

@Á! . No caso em que os vectores<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ são colineares, a<br />

comutatividade já foi estabelecida em 10.16 e, tendo em conta 10.2 e 10.12,<br />

sabemos que, ou . sÐ?ß@Ñœ! ÄÄ<br />

e Ø?ß@Ù!<br />

ÄÄ<br />

, ou . sÐ?ß@Ñœ#<br />

ÄÄ<br />

e Ø?ß@Ù!<br />

ÄÄ<br />

.<br />

Examinemos agora o caso em que<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ não são colineares. Escolhamos um<br />

ponto S e sejam Eß F tais que<br />

Ä Ä<br />

? œ SE e<br />

Ä Ä<br />

@ œ SF . Sejam < e = as rectas<br />

SE e SF,<br />

respectivamente.<br />

Se .sÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ " , os vectores<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ são pependiculares, pelo que o facto de se<br />

ter<br />

Ä<br />

@−<<br />

ļ(cf. ) implica que Ð@Ñœ!<br />

Ä Ä<br />

10.9 1 , e portanto Ø?ß@Ùœ<br />

ÄÄ<br />

Ä<br />

<<br />

Ø?<br />

Ä<br />

ß 1 Ð@<br />

Ä<br />

Ä<br />

< ÑÙ œ ! e, por simetria dos papéis dos dois vectores, tem-se também<br />

Ø@<br />

ÄÄ<br />

ß ? Ù œ ! .<br />

Û Û<br />

Suponhamos agora que . sÐ?ß@Ñ"<br />

ÄÄ<br />

, portanto que o ângulo ÖSEßSF× é<br />

agudo. Sejam T o pé da perpendicular de E para a recta s œ SF e U o pé da<br />

perpendicular de F para a recta < œ SE (cf. 4.28),<br />

pontos que são distintos<br />

de S, por SE e SF não serem perpendiculares, e que, tendo em conta 4.32<br />

Û Û<br />

pertencem respectivamente às semirrectas SF e SE.<br />

O facto de se ter<br />

Ä Ä Ä Ä Ä<br />

@ œ SF œ SU UF, com SU −<br />

Ä Ä<br />

< e UF perpendicular a<br />

Ä Ä Ä<br />

SU , e portanto a<br />

Ä<br />

< , implica que SU œ 1 Ð@<br />

Ä<br />

Ä<br />

< Ñ e, do mesmo modo, ST œ<br />

1 ÄÐ? = Ñ<br />

Ä . Podemos assim concluir que<br />

– 138–


Ø?ß@ÙœØ?ßSUÙœ.ÐSßEÑ‚.ÐSßUÑ!<br />

ÄÄ Ä Ä<br />

Ø@ß?ÙœØ@ßSTÙœ.ÐSßFÑ‚.ÐSßTÑ!<br />

ÄÄ Ä Ä<br />

,<br />

.<br />

O<br />

P<br />

B<br />

Q<br />

Û Û Û Û Û Û<br />

Mas, uma vez que ÖSEß ST × œ ÖSFß SU× e . ÐÖUSß UF×Ñ œ " œ<br />

. Û Û<br />

ÐÖT Sß T E×Ñ, o teorema 8.10 garante que os triângulos ÐUß Sß FÑ e<br />

.ÐSßFÑ .ÐSßEÑ<br />

ÐTßSßEÑsão semelhantes, e daqui deduzimos que .ÐSßUÑ œ .ÐSßTÑ , donde<br />

Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ .ÐSß EÑ ‚ .ÐSß UÑ œ .ÐSß FÑ ‚ .ÐSß T Ñ œ Ø@<br />

ÄÄ<br />

ß ? Ù.<br />

Examinemos enfim o caso em que .sÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ " , portanto em que o ângulo<br />

Û Û<br />

ÖSEß SF× é obtuso. Sejam T o pé da perpendicular de E para a recta<br />

s œSFe Uo pé da perpendicular de F para a recta


Û Û Û Û<br />

verticalmente opostos, e . ÐÖUSßUF×Ñœ"œ. ÐÖTSßTE×Ñ,<br />

o teorema<br />

8.10 garante que os triângulos ÐUßSßFÑ e ÐTßSßEÑ são semelhantes, e<br />

.ÐSßFÑ .ÐSßEÑ<br />

daqui deduzimos que .ÐSßUÑ œ .ÐSßTÑ , donde<br />

Ø?ß@Ùœ.ÐSßEÑ‚.ÐSßUÑœ.ÐSßFÑ‚.ÐSßTÑœØ@ß?Ù<br />

ÄÄ ÄÄ<br />

. <br />

10.20 (Corolário) Consideremos fixada uma função distância .−Y.<br />

Dois<br />

vectores<br />

ÄÄ Ä<br />

? ß@ −X são ortogonais se, e só se, Ø?ß@Ùœ!<br />

ÄÄ<br />

.<br />

Ä<br />

Dem: Se os vectores forem ambos diferentes de ! , a conclusão já foi referida<br />

em 10.19 . Se um dos vectores for ! tem-se, por definição e pela comutati-<br />

Ä<br />

vidade, Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ ! e os vectores são, por definição, ortogonais (cf. 10.5). <br />

10.21 (Bilinearidade do produto interno) Consideremos fixada uma função<br />

Ä Ä<br />

distância . − Y. A aplicação<br />

X ‚ X Ä ‘ , Ð?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ È Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù,<br />

é bilinear.<br />

Dem: Tendo em conta a comutatividade em 10.19,<br />

basta mostrarmos que,<br />

para cada<br />

Ä<br />

?−X fixado, a aplicação<br />

Ä<br />

@ÈØ?ß@Ù<br />

ÄÄ<br />

é linear. Ora, isso é trivial<br />

se<br />

Ä Ä<br />

?œ! , por termos uma aplicação identicamente nula, e, no caso em que<br />

Ä Ä<br />

?Á! , consideramos a recta vectorial<br />

Ä<br />

< que contém<br />

Ä<br />

? e atendemos a que,<br />

por se ter Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ Ø?<br />

Ä<br />

ß 1 Ð@<br />

Ä<br />

Ä<br />

< ÑÙ,<br />

a linearidade é consequência da linearidade<br />

Ä<br />

da projecção ortogonal 1ÄÀ < X Ä<br />

Ä<br />

< e da bilinearidade em 10.16. <br />

10.22 (A norma de uma projecção ortogonal) Consideremos fixada uma<br />

função distância .− . Sejam<br />

Ä<br />

< uma recta vectorial,<br />

Ä<br />

œ<<br />

ļ<br />

Y ! o plano<br />

Ä<br />

vectorial complementar ortogonal e 1ÄÀ < X Ä<br />

Ä<br />

< a projecção associada à soma<br />

Ä Ä<br />

directa X œ<<br />

Ä<br />

Š<br />

Ä<br />

! (cf. 10.9).<br />

Para cada vector<br />

Ä<br />

? −X,<br />

tem-se então<br />

m1 Ð?<br />

Ä<br />

Ñm Ÿ m?<br />

Ä<br />

m m Ð?<br />

Ä<br />

Ñm œ m?<br />

Ä<br />

m<br />

Ä<br />

? −<br />

Ä<br />

Ä<br />

< , tendo-se 1Ä<br />

<<br />

se, e só se, < .<br />

Dem: Tem-se<br />

Ä<br />

?œ@A<br />

Ä Ä<br />

, com<br />

Ä<br />

@œ1 Ð?Ñ−<<br />

Ä Ä<br />

e<br />

Ä<br />

A−<br />

Ä<br />

Ä<br />

<<br />

! , e portanto<br />

Ø@<br />

ÄÄ<br />

ß AÙ œ ! . Resulta daqui que<br />

m?m<br />

Ä #<br />

œØ?ß?ÙœØ@<br />

ÄÄ Ä<br />

Aß@<br />

ÄÄ<br />

AÙœØ@ß@<br />

Ä ÄÄ<br />

AÙØAß@<br />

Ä ÄÄ<br />

Aٜ<br />

Ä<br />

œØ@ß@ÙØ@ßAÙØAß@ÙØAßAÙœm@m<br />

ÄÄ ÄÄ ÄÄ ÄÄ Ä #<br />

mAm<br />

Ä #<br />

,<br />

portanto m?<br />

Ä # m m@<br />

Ä # m , tendo-se m?<br />

Ä # m œ m@<br />

Ä # m se, e só se, mAm<br />

Ä # œ ! , isto é,<br />

Ä Ä<br />

Aœ! , isto é,<br />

Ä<br />

?−<<br />

Ä<br />

. <br />

10.23 <strong>Da</strong>dos dois vectores não nulos ? Ä Ä e @ , fica bem definido um número real<br />

cosÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ,<br />

pela condição de se ter, qualquer que seja a função distância<br />

.−Y,<br />

cosÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ<br />

– 140–<br />

Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù<br />

m?<br />

Ä<br />

m m@<br />

Ä<br />

m<br />

.<br />

. .<br />

Dem: Tudo o que temos que reparar é que, dadas duas funções distância<br />

.


w w<br />

.ß . − Y, existe - ! tal que . œ -. e então, tendo em conta 10.13 e 9.16,<br />

Ø?ß@Ù<br />

ÄÄ<br />

. w<br />

m?m<br />

Ä<br />

m@m<br />

Ä w w<br />

# - Ø?ß@Ù<br />

ÄÄ<br />

.<br />

œ<br />

-m?m<br />

Ä<br />

-m@m<br />

Ä<br />

Ø?ß@Ù<br />

ÄÄ<br />

.<br />

œ<br />

m?m<br />

Ä<br />

m@m<br />

Ä . <br />

. . . . . .<br />

10.24 A função cos,<br />

no conjunto dos pares de vectores não nulos, verifica as<br />

seguintes propriedades:<br />

a) cosÐ?ß@Ñœ ÄÄ<br />

cosÐ@ß?Ñ<br />

ÄÄ<br />

;<br />

b) Se +! , então cosÐ?ß+@Ñœ Ä Ä<br />

cosÐ?ß@Ñ<br />

ÄÄ<br />

;<br />

c) Se + ! , então cosÐ?ß+@Ñœ Ä Ä<br />

cosÐ?ß@Ñ<br />

ÄÄ<br />

;<br />

d) cosÐ? ÄÄ<br />

ß @ Ñ − Ò"ß "Ó, sendo cosÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ " se, e só se,<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ têm o mesmo<br />

sentido (em particular são colineares) e cosÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ " se, e só se,<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@<br />

têm sentidos opostos (em particular são colineares).<br />

e) cosÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ ! se, e só se, os vectores<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ são ortogonais.<br />

Dem: Fixemos uma função distância .−YÞA alínea a) é uma consequência<br />

directa da simetria do produto interno. Quanto a b) e a c) basta repararmos<br />

que, tendo em conta a bilinearidade do produto interno e 9.52,<br />

tem-se, para<br />

cada + Á!<br />

cosÐ?ß+@Ñœ Ä Ä Ø?ß+@Ù<br />

Ä Ä<br />

+ Ø?ß@Ù<br />

ÄÄ<br />

+<br />

œ œ cosÐ?ß@Ñ<br />

ÄÄ<br />

m?<br />

Ä<br />

mm+<br />

Ä<br />

@ m m?<br />

Ä<br />

mm@<br />

Ä<br />

.<br />

l+l m l+l<br />

Quanto a d), tem-se, por definição, sendo<br />

Ä<br />

< a recta vectorial que contém<br />

Ä<br />

? , e<br />

tendo em conta 10.22,<br />

lØ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ùl œ lØ?<br />

Ä<br />

ß 1 Ð@<br />

Ä<br />

ÑÙl œ l„m?<br />

Ä<br />

mmß Ð@<br />

Ä<br />

Ñml Ÿ m?<br />

Ä<br />

mm@<br />

Ä<br />

Ä<br />

< 1Ä<br />

<<br />

m,<br />

tendo-se lØ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ùl œ m?<br />

Ä<br />

mm@<br />

Ä<br />

m se, e só se,<br />

Ä<br />

@ −<br />

Ä<br />

< isto é,<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ são colineares,<br />

e, nesse caso, sabemos, por definição que Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ m?<br />

Ä<br />

mm@<br />

Ä<br />

m , se<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ têm o<br />

mesmo sentido, e Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ m?<br />

Ä<br />

mm@<br />

Ä<br />

m , se<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ têm sentidos opostos. A<br />

conclusão de e) resulta imediatamente de 10.20. <br />

10.25 Para cada par de vectores não nulos<br />

ÄÄ<br />

? ß@, define-se sinÐ?ß@Ñ−Ò!ß"Ó<br />

ÄÄ<br />

por<br />

sinÐ? ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ É " cos#<br />

Ð?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ.<br />

# #<br />

Por definição, tem-se sempre sin Ð?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ cos Ð?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ " .<br />

10.26 (Teorema Pitagoróide) Sejam Eß Fß G três pontos, com F e G distintos<br />

de E. <strong>Da</strong>da uma função<br />

distância .−Y,<br />

tem-se então<br />

# # #<br />

Ä Ä<br />

.ÐFß GÑ œ .ÐEßFÑ .ÐEßGÑ #.ÐEßFÑ.ÐEßGÑcos ÐEFß EGÑ.<br />

Ä Ä Ä Ä Ä Ä<br />

Dem: Uma vez que EF FG œ EG, vem FG œ EG EF.<br />

Lembrando<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

ØEFßEGÙ<br />

que cosÐEFß EGÑ œ , podemos agora escrever<br />

Ä Ä<br />

mEFmmEGm<br />

– 141–


# Ä # Ä Ä Ä Ä Ä Ä<br />

.ÐFß GÑ œ mFGm œ ØFGß FGÙ œ ØEG EFßEG EFÙ œ<br />

Ä Ä Ä Ä Ä Ä Ä Ä<br />

œ ØEGß EGÙ ØEGß EFÙ ØEFß EGÙ ØEFß EFÙ œ<br />

Ä # Ä # Ä Ä<br />

œ mEFm mEGm #ØEFß EGÙ œ<br />

Ä # Ä # Ä Ä Ä Ä<br />

œ mEFm mEGm #mEFmmEGmcosÐEFß<br />

EGÑ œ<br />

# #<br />

Ä Ä<br />

œ .ÐEß FÑ .ÐEß GÑ #.ÐEß FÑ.ÐEß GÑcosÐEFß EGÑ,<br />

como queríamos. <br />

10.27 Sejam<br />

ÄÄ<br />

?<br />

Äw ß@ e ? ß@<br />

Äw<br />

dois pares de vectores não nulos. Tem-se então<br />

. sÐ?ß@Ñœ ÄÄ<br />

. sÐ?<br />

Äw ß@<br />

Äw ÑÊ Ð?ß@Ñœ<br />

ÄÄ<br />

Ð?<br />

Äw ß@<br />

Äw<br />

cos cos Ñ,<br />

. sÐ?ß@Ñ ÄÄ<br />

. sÐ?<br />

Äw ß@<br />

Äw ÑÊ Ð?ß@Ñ<br />

ÄÄ<br />

Ð?<br />

Äw ß@<br />

Äw<br />

cos cos Ñ.<br />

(cf. as definições de ângulo de vectores em 10.1 e 10.2).<br />

Dem: Fixemos uma função distância .−Y. Tendo em contas as alíneas a) e<br />

b) de 10.3 e as alíneas a) e b) de 10.24,<br />

vemos que, se necessário substituindo<br />

ÄÄÄw ?ß@ß? ß@<br />

Äw " Ä " ?ß<br />

Ä " @ß<br />

Äw " ? ß<br />

Äw<br />

respectivamente por @<br />

m?m<br />

Ä<br />

m@m<br />

Ä<br />

m?m<br />

Äw m@<br />

Äw<br />

, o que não altera<br />

m<br />

os valores de cosÐ? ÄÄ<br />

ß @ Ñß cosÐ?<br />

Äwß Äw @ Ñß Ð?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñß Ð?<br />

Äwß Äw<br />

. s . s @ Ñ,<br />

podemos já supor<br />

que se tem m?<br />

Ä<br />

m œ m@<br />

Ä<br />

m œ m?<br />

Äwmœm@ Äwmœ<br />

" .<br />

Se repararmos que<br />

ÄÄ<br />

?ß@ são colineares e do mesmo sentido (respectivamente<br />

colineares e com sentidos opostos) se, e só se, cosÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ 1 (respectiva-<br />

mente cosÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ 1) se, e só se s. Ð?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ 0 (respectivamente<br />

.sÐ?ß@Ñœ#<br />

ÄÄ<br />

) e que, se<br />

ÄÄ<br />

?ß@ são não colineares, "cosÐ?ß@Ñ" ÄÄ<br />

e<br />

!sÐ?ß@Ñ# ÄÄ<br />

. (cf. 10Þ1, 10.2 e a alínea d) de 10.24)<br />

assim como nos<br />

factos análogos para<br />

ÄÄ w w ?ß@,<br />

constatamos que basta provar as implicações<br />

apenas no caso em que tento<br />

ÄÄ<br />

?ß@ como<br />

Äw ? ß@<br />

Äw<br />

são não colineares.<br />

Escolhamos pontos EßFßG tais que<br />

Ä Ä<br />

? œEFe Ä Ä w w w<br />

@ œEGe pontos EßFßG<br />

tais que<br />

Ä Ä<br />

? œEF e<br />

Ä Ä<br />

w w w w w w @ œEG. Temos assim dois triângulos ÐEßFßGÑe<br />

w w w w w w w<br />

ÐEßFßG Ñ com .ÐEßFÑœ.ÐEßGÑœ" e .ÐEßFÑœ.ÐEßG Ñœ" , pelo<br />

que a igualdade em 10.26 dá<br />

#<br />

Ä Ä<br />

.ÐFß GÑ œ # # cosÐEFß<br />

EGÑ,<br />

Ä Ä<br />

w w # w w w w<br />

.ÐFßGÑ œ## cosÐEFßEGÑ.<br />

Û Û Û Û<br />

Se . sÐ? ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ . sÐ?<br />

Äwß Äw<br />

w w w w<br />

@ Ñ, vem . ÐÖEFß EG×Ñ œ . ÐÖE F ß E G ×Ñ donde,<br />

pelo axioma 4.13 , os triângulos são congruentes, em particular .ÐFß GÑ œ<br />

w w .ÐF ß G Ñ o que, pelas fórmulas anteriores, implica que<br />

cosÐ?ß@Ñœ ÄÄ Ä Ä Ä Ä<br />

w w w w<br />

cosÐEFßEGÑœcosÐEFßEGÑœcosÐ?ß@ ÄwÄw Ñ.<br />

Û Û Û Û<br />

Se . sÐ? ÄÄ<br />

ß @ Ñ . sÐ?<br />

Äwß Äw<br />

w w w w<br />

@ Ñ, vem . ÐÖEFß EG×Ñ . ÐÖE F ß E G ×Ñ donde, por<br />

w w<br />

4.45, .ÐFß GÑ .ÐF ß G Ñ o que, mais uma vez pelas fórmulas acima,<br />

– 142–


implica que<br />

cosÐ?ß@Ñœ ÄÄ Ä Ä Ä Ä<br />

w w w w<br />

cosÐEFßEGÑcosÐEFßEGÑœcosÐ?ß@ ÄwÄw Ñ.<br />

<br />

10.28 Fica bem definida uma aplicação cos s À Ò!ß #Ó Ä Ò"ß "Ó pela condição de se<br />

ter, quaisquer que sejam os vectores não nulos<br />

ÄÄ<br />

?ß@,<br />

cos s Ð. sÐ?ß@ÑÑ ÄÄ<br />

œ cosÐ?ß@Ñ<br />

ÄÄ<br />

. 23<br />

Dem: Trata-se de uma consequência da primeira implicação em 10.27,<br />

desde<br />

que reparemos que, para cada +−Ò!ß#Ó , existem vectores não nulos ?ß@ tais<br />

ÄÄ<br />

que .sÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ + . Ora, para + œ ! e + œ # basta tomar um vector não nulo<br />

arbitrário<br />

Ä<br />

? e tomar respectivamente<br />

Ä<br />

@ œ<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ œ ?<br />

Ä<br />

e, para + − Ó!ß#Ò,<br />

podemos tomar duas semirrectas < / s com a mesma origem E,<br />

com rectas<br />

correspondentes < Á = tais que . ÐÖ< ß = ×Ñ œ + (cf. o axioma a) em 3.17)<br />

e<br />

escolhendo então F−< e G−= ,<br />

ambos distintos de E,<br />

tem-se, com<br />

Ä Ä<br />

? œ EF<br />

Ä Ä<br />

e @ œ EG, . sÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ñ œ . ÐÖ< ß = ×Ñœ + .<br />

<br />

10.29 A aplicação cos s À Ò!ß #Ó Ä Ò"ß "Ó é contínua, estritamente decrescente e<br />

sobrejectiva. Tem-se cos s Ð!Ñ œ " , cos s Ð"Ñ œ ! e cos s Ð#Ñ œ " . Tem-se ainda,<br />

para cada +−Ò!ß#Ó, cos s Ð#+Ñœcos s Ð+Ñ.<br />

Dem: O facto de ela ser estritamente decrescente é uma consequência da<br />

segunda implicação em 10.27.<br />

Consideremos agora uma função distância<br />

.− Y e, em duas semirrectas perpendiculares < e = com a mesma origem<br />

E, dois pontos F − < e G − = com .ÐEßFÑ œ .ÐEßGÑ œ " . Sendo<br />

Ä Ä<br />

? œ EF<br />

Ä Ä<br />

e A œ EG, tem-se assim Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß AÙ œ ! e m?<br />

Ä<br />

m œ mAm<br />

Ä<br />

œ " . <strong>Da</strong>do<br />

agora , − Ò"ß "Ó, podemos tomar - œ " , e, tomando o vector @ œ<br />

Ä<br />

È #<br />

,?<br />

Ä<br />

-A<br />

Ä<br />

, vem<br />

m@<br />

Ä #<br />

m œ Ø@<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ Ø,?<br />

Ä<br />

-Aß<br />

Ä<br />

,?<br />

Ä<br />

-AÙ<br />

Ä<br />

œ<br />

#<br />

œ, Ø?ß?Ù,-Ø?ßAÙ,-ØAß?Ù-<br />

ÄÄ ÄÄ ÄÄ #<br />

ØAßAÙœ<br />

ÄÄ<br />

#<br />

œ, m?m-<br />

Ä #<br />

mAm<br />

Ä # # #<br />

œ, - œ"<br />

e, por outro lado,<br />

Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ Ø?<br />

Ä<br />

ß ,?<br />

Ä<br />

-AÙ<br />

Ä<br />

œ ,Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß ? Ù -Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß AÙ œ ,m?<br />

Ä #<br />

m œ , ,<br />

donde<br />

cos s ÐsÐ?ß@ÑÑœcosÐ?ß@Ñœ œ,<br />

ÄÄ ÄÄ Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù<br />

.<br />

m?<br />

Ä<br />

mm@<br />

Ä .<br />

m<br />

23A razão do símbolo ^ em cima de cos é a necessidade de distinguirmos esta função da<br />

função cosÀ ‘ Ä Ò"ß "Ó dos analistas (cf. o apêndice 1).<br />

Veremos adiante uma relação<br />

entre estas duas funções.<br />

– 143–


A continuidade da função cos s À Ò!ß #Ó Ä Ò"ß "Ó resulta de um teorema<br />

elementar de Análise Real que garante que toda a função real cujo domínio é<br />

um intervalo de ‘ , que seja crescente ou decrescente (mesmo que apenas no<br />

sentido lato) e cuja imagem seja um intervalo de ‘ , é uma aplicação<br />

contínua. Quanto <strong>aos</strong> valores indicados para a função cos s , basta repararmos<br />

que<br />

cos s Ð!Ñœcos s Ð. sÐ?ß?ÑÑœ ÄÄ<br />

cosÐ?ß?ÑœØ?ß?Ùœ"<br />

ÄÄ ÄÄ<br />

,<br />

cos s Ð"Ñœcos s Ð. sÐ?ßAÑÑœ ÄÄ<br />

cosÐ?ßAÑœØ?ßAÙœ!<br />

ÄÄ ÄÄ<br />

,<br />

cos s Ð#Ñ œ cos s Ð. sÐ? Ä<br />

ß ?<br />

Ä<br />

Ñ œ cosÐ?<br />

Ä<br />

ß ?<br />

Ä<br />

Ñ œ Ø?<br />

Ä<br />

ß?Ùœ".<br />

Ä<br />

A igualdade cos s Ð# +Ñ œ cos s Ð+Ñ é verdadeira, por inspecção directa dos<br />

valores, nos casos em que +œ! e +œ# . Mostremo-la então para +−Ó!ß#Ò.<br />

Para isso, retomando as notações do início da demonstração, seja G na w<br />

w<br />

semirrecta < de origem E oposta de < e também com .ÐEßG Ñ œ " ,<br />

tendo-se assim ?<br />

Ä<br />

œ Eß G . Seja > uma semirrecta de origem E tal que<br />

Ä w<br />

<br />

.ÐÖ< ß > ×Ñ œ + (cf. o axioma a) em 3.17) e reparemos que, por 3.19,<br />

tem-se<br />

.ÐÖ< ß > ×Ñ œ # + H − > .ÐEß HÑ œ "<br />

Ä<br />

D œ EH<br />

Ä<br />

. Seja tal que e seja , para<br />

o qual se tem assim mD<br />

Ä<br />

m œ " . Podemos então escrever<br />

cos s Ð# +Ñ œ cos s Ð. sÐ? ÄÄ<br />

ß D ÑÑ œ cosÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß D Ñ œ Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß D Ù œ Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß D Ù œ<br />

œ cosÐ? ÄÄ<br />

ß D Ñ œ cos s Ð. sÐ?<br />

ÄÄ<br />

ß D ÑÑ œ cos s Ð+Ñ.<br />

<br />

10.30 Definimos também uma aplicação contínua sin<br />

, por<br />

s À Ò!ß #Ó Ä Ò!ß "Ó<br />

sin s Ð+Ñ œ É #<br />

" cos s Ð+Ñ.<br />

É claro que, por construção, tem-se, para todo o +−Ò!ß#Ó,<br />

#<br />

cos s Ð+Ñ sin s Ð+Ñ œ " .<br />

Além disso, das propriedades correspondentes em 10.29, para a função cos s ,<br />

deduzimos que<br />

sin s Ð!Ñœ! , sin s Ð"Ñœ" , sin s Ð#Ñœ!<br />

sin s Ð# +Ñ œ sin s Ð+Ñ,<br />

e da definição em 10.25 deduzimos que, para<br />

Ä<br />

? e<br />

Ä<br />

@ vectores não nulos,<br />

sin s Ð. sÐ?ß@ÑÑ ÄÄ<br />

œ sinÐ?ß@Ñ<br />

ÄÄ<br />

.<br />

10.31 (O cosseno da soma) Sejam +ß , − Ò!ß #Ó tais que + , − Ò!ß #Ó.<br />

Tem-se<br />

então<br />

cos s Ð+ ,Ñ œ cos s Ð+Ñcos s Ð,Ñ sin s Ð+Ñsin s Ð,Ñ.<br />

– 144–<br />

#


Dem: O resultado é verdadeiro se +œ! , uma vez que se reduz a fórmula<br />

cos s Ð,Ñœ"‚ cos s Ð,Ñ!‚ sin s Ð,Ñ,<br />

e, por simetria dos papéis, ele é também verdadeiro se ,œ! . No caso em que<br />

+,œ# , portanto ,œ#+ , uma vez que vem<br />

cos s Ð+Ñcos s Ð,Ñ sin s Ð+Ñsin s #<br />

Ð,Ñ œ cos s Ð+Ñ sin s Ð+Ñ œ " œ cos s Ð+ ,Ñ.<br />

Resta-nos verificar o resultado no caso em que +! , ,! e +,# .<br />

Fixemos um ponto E e uma semirrecta < de origem E e consideremos uma<br />

semirrecta = de origem E tal que . ÐÖ< ß= ×Ñ<br />

œ +, e, sendo < a recta<br />

que contém < , uma semirrecta > de origem E contida no mesmo<br />

semiplano de bordo < que a semirrecta = e tal que . ÐÖ< ß> ×Ñ<br />

œ + . Tendo<br />

em conta 3.18 , tem-se > § nÖ< ß= × , com > distinta de < e de = ,<br />

e<br />

portanto, pelo axioma b) em 3.17 , .ÐÖ> ß = ×Ñ œ , .<br />

– 145–<br />

<br />

s+<br />

C D<br />

v b<br />

w<br />

a<br />

A u<br />

Fixada uma função distância .−Y, escolhamos pontos F−< , G−= e<br />

H − > .ÐEß FÑ œ .ÐEß GÑ œ .ÐEß HÑ œ "<br />

Ä Ä<br />

? œ EF<br />

Ä<br />

tais que . Pondo , @ œ<br />

Ä Ä<br />

EG e<br />

Ä<br />

A œ EH, tem-se assim m?<br />

Ä<br />

m œ m@<br />

Ä<br />

m œ mAm<br />

Ä<br />

œ " e, tendo em conta<br />

9.64, tem-se<br />

Ä<br />

Aœ-?.@<br />

Ä Ä<br />

, com -! e .! (se algum fosse ! , Hestaria<br />

numa das semirrectas < e = ). Reparemos agora que se pode escrever<br />

<br />

" œ ØAß<br />

ÄÄ<br />

AÙ œ Ø-?<br />

Ä<br />

.<br />

Ä<br />

@ ß -?<br />

Ä<br />

.<br />

Ä # #<br />

@ Ù œ - Ø?ß ?Ù . Ø@<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù #-.Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ<br />

# #<br />

œ- . #-. cos s Ð+,Ñ.<br />

Por outro lado, vem também<br />

cos s Ð+ÑœØAß?ÙœØ-?.@ß?Ùœ-.Ø@ß?Ùœ-.<br />

ÄÄ Ä ÄÄ ÄÄ<br />

cos s Ð+,Ñ<br />

cos s Ð,ÑœØAß@ÙœØ-?.@ß@Ùœ.-Ø?ß@Ùœ.-<br />

ÄÄ Ä ÄÄ ÄÄ<br />

cos s Ð+,Ñ,<br />

donde sai, por um lado,<br />

cos s Ð+Ñcos s Ð,Ñ œ -. -. cos s Ð+ ,Ñ Ð- . Ñcos s Ð+ ,Ñ,<br />

e, por outro lado,<br />

t +<br />

B<br />

#<br />

r<br />

+<br />

# # #


# # #<br />

sin s Ð+Ñœ"cos s # #<br />

Ð+Ñœ"- . cos s Ð+,Ñ#-. cos s Ð+,Ñœ<br />

# #<br />

œ"- . #-. cos s # #<br />

Ð+,Ñ. Ð"cos s Ð+,ÑÑœ<br />

# #<br />

#<br />

œ"". Ð"cos s<br />

#<br />

Ð+,ÑÑœ. sin s Ð+,Ñ<br />

tal como<br />

# # #<br />

sin s Ð,Ñ œ " cos s # #<br />

Ð,Ñ œ " . - cos s Ð+ ,Ñ #-. cos s Ð+ ,Ñ œ<br />

# #<br />

œ"- . #-. cos s # #<br />

Ð+,Ñ- Ð"cos s Ð+,ÑÑœ<br />

# #<br />

#<br />

œ""- Ð"cos s<br />

#<br />

Ð+,ÑÑœ-sin s Ð+,Ñ,<br />

portanto<br />

sin s Ð+Ñ œ . sin s Ð+ ,Ñ, sin s Ð,Ñ œ - sin s Ð+ ,Ñ.<br />

Podemos agora escrever<br />

cos s Ð+Ñcos s Ð,Ñ sin s Ð+Ñsin s Ð,Ñ œ<br />

# #<br />

œ-.-. cos s # #<br />

Ð+,ÑÐ- . Ñcos s Ð+,Ñ-. sin s Ð+,Ñœ<br />

#<br />

œ#-. cos s # #<br />

Ð+,ÑÐ- . Ñcos s Ð+,Ñœ<br />

œcos s<br />

# #<br />

Ð+,ÑÐ-. #- . cos s Ð+,ÑÑ œ cos s Ð+,Ñ.<br />

<br />

10.32 (Corolário) Seja +−Ò!ß"Ó.<br />

Tem-se então<br />

#<br />

cos s Ð#+Ñ œ cos s Ð+Ñ sin s<br />

#<br />

Ð+Ñ œ # cos s Ð+Ñ " .<br />

10.33 (Corolário) Seja ,−Ò!ß#Ó.<br />

Tem-se então<br />

, "cos s Ð,Ñ<br />

cos s Ð Ñ œ Ê .<br />

# #<br />

Dem: Do corolário anterior podemos deduzir que<br />

portanto<br />

# ,<br />

cos s Ð,Ñ œ # cos s Ð Ñ " ,<br />

#<br />

# , "cos s Ð,Ñ<br />

cos s Ð Ñ œ ,<br />

# #<br />

, ,<br />

bastando enfim atender a que, por ser Ÿ" , tem-se cos s Ð Ñ 0Þ<br />

<br />

– 146–<br />

#<br />

# #<br />

10.34 (Relação entre os cossenos e senos geométrico e analítico) Seja<br />

+−Ò!ß#Ó. Tem-se então


1+ cos s Ð+ÑœcosÐ Ñ sin s 1+<br />

, Ð+ÑœsinÐ Ñ,<br />

# #<br />

onde nos segundos membros estão as funções trigonométricas definidas<br />

analiticamente no apêndice 1.<br />

Dem: Começamos por notar que, se para um certo +−Ò!ß#Óse<br />

verifica a<br />

primeira igualdade do enunciado, então também se verifica a segunda. Com<br />

1+ 1+<br />

efeito, tem-se # −Ò!ß1Ó, donde sinÐ<br />

# Ñ ! e, tendo em conta a definição<br />

de sin e , tem-se então<br />

s Ð+Ñ Ap1.8<br />

sin s Ð+Ñœ É # 1+ 1+<br />

"cos s Ð+Ñœ "cos# Ê Ð ÑœsinÐ Ñ<br />

# #<br />

Reparemos agora que a primeira igualdade, e portanto a segunda, é válida<br />

para +œ# , uma vez que cos s Ð2 Ñœ"œcosÐ1Ñ. Suponhamos a primeira<br />

igualdade, e portanto a segunda é válida para um certo +−Ò!ß#Ó.<br />

Uma vez<br />

1+ 1 1+<br />

que % −Ò!ß# Ó, e portanto cosÐ % Ñ ! , resulta de 10.33 e da fórmula<br />

análoga em Ap1.12,<br />

+ "cos s Ð+Ñ "cosÐ Ñ +<br />

cos s Ð Ñ œ Ê œ Ê<br />

# 1<br />

œ cosÐ<br />

Ñ,<br />

# # # %<br />

+<br />

pelo que a primeira igualdade, e portanto a segunda, é também válida para # .<br />

Resulta daqui, por indução, que, para cada 8 ! , a primeira igualdade, e<br />

#<br />

portanto a segunda, é válida para cada + da forma # . Observamos agora que,<br />

8<br />

se a primeira igualdade, e portanto a segunda, é válida para valores<br />

+ß , − Ò!ß #Ó tais que + , − Ò!ß #Ó a primeira igualdade, e portanto a<br />

segunda, é também válida para +, , uma vez que podemos escrever, tendo<br />

em conta 10.31 e Ap1.11<br />

cos s Ð+ ,Ñ œ cos s Ð+Ñcos s Ð,Ñ sin s Ð+Ñsin s Ð,Ñ œ<br />

1+ 1, 1+ 1, 1Ð+,Ñ<br />

œ cosÐ ÑcosÐ ÑsinÐ ÑsinÐ Ñ œ cosÐ<br />

Ñ.<br />

# # # # #<br />

Resulta daqui, por indução em : , que, para cada 8 ! e cada " Ÿ : Ÿ # , a 8<br />

primeira igualdade, e portanto a segunda, é válida para +œ . Mas o<br />

#:<br />

# 8<br />

conjunto dos + desta forma é denso em Ò!ß #Ó e portanto, uma vez que ambos<br />

os membros da primeira igualdade são funções contínuas de + , concluímos<br />

que esta, e portanto a segunda, são válidas para qualquer +−Ò!ß#Ó. <br />

10.35 (Corolário) As funções<br />

cos s ßsin s ÀÒ!ß#Ó Ä ‘ são deriváveis em todos os<br />

pontos e tem-se<br />

w 1 w<br />

cos s Ð+Ñœ sin s Ð+Ñ sin s 1<br />

, Ð+Ñœ cos s Ð+Ñ.<br />

# #<br />

Dem: Trata-se de uma consequência de 10.34,<br />

tendo em conta as fórmulas de<br />

derivação em Ap1.10. <br />

– 147–<br />

1+


10.36 (Corolário) Para além da propriedade em 10.31,<br />

valem ainda as seguintes:<br />

a) Sejam +ß , − Ò!ß #Ó tais que + , − Ò!ß #Ó.<br />

Tem-se então<br />

sin s Ð+ ,Ñ œ sin s Ð+Ñcos s Ð,Ñ cos s Ð+Ñsin s Ð,Ñ.<br />

b) Sejam , Ÿ + em Ò!ß #Ó.<br />

Tem-se então<br />

cos s Ð+ ,Ñ œ cos s Ð+Ñcos s Ð,Ñ sin s Ð+Ñsin s Ð,Ñ,<br />

sin s Ð+ ,Ñ œ sin s Ð+Ñcos s Ð,Ñ cos s Ð+Ñsin s Ð,Ñ.<br />

Dem: Trata-se de uma consequência de 10.34,<br />

tendo em conta as fórmulas<br />

em Ap1.11 e Ap1.9. <br />

10.37 (Corolário) Suponhamos que !Ÿ+Ÿ" . Tem-se então:<br />

cos s Ð" +Ñ œ sin s Ð+Ñ, sin s Ð" +Ñ œ cos s Ð+Ñ.<br />

Suponhamos que "Ÿ+Ÿ# . Tem-se então<br />

cos s Ð+ "Ñ œ sin s Ð+Ñ, sin s Ð+ "Ñ œ cos s Ð+Ñ.<br />

Dem: Trata-se de uma consequência das fórmulas na alínea b) de 10Þ36. <br />

10.38 (Trigonometria do triângulo rectângulo) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo<br />

Ä Ä<br />

tal que .sÐÖFEß FG×Ñ œ " (um triângulo rectângulo em F).<br />

Fixada uma<br />

função distância .−Y,<br />

tem-se então<br />

A B<br />

Ä Ä .ÐEßFÑ Ä Ä .ÐGß FÑ<br />

cosÐEFß EGÑ œ , sinÐEFß<br />

EGÑ œ .<br />

.ÐEßGÑ .ÐEßGÑ Ä Ä Ä Ä Ä<br />

Dem: Vem EG œ EF FG, onde, por ser s. ÐÖFEßFG×Ñ œ " e<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

EF œ FE, tem-se também . sÐÖEFß<br />

FG×Ñ œ " (cf. 10.3).<br />

Concluímos<br />

Ä<br />

daqui que, sendo < œ EF, tem-se FG −<br />

Ä Ä Ä<br />

¼ < , e portanto EF œ 1Ä<br />

< ÐEGÑ.<br />

Ä Ä #<br />

Deduzimos daqui que ØEFß EGÙ œ .ÐEß FÑ , e portanto<br />

Ä Ä<br />

Ä Ä #<br />

ØEFß EGÙ .ÐEß FÑ .ÐEß FÑ<br />

cosÐEFß EGÑ œ Ä Ä œ œ ,<br />

mEFmmEGm .ÐEßFÑ.ÐEßGÑ .ÐEßGÑ donde a primeira igualdade do enunciado. Aplicando o que acabamos de<br />

– 148–<br />

C


deduzir ao triângulo ÐGßFßEÑ,<br />

resulta que<br />

Ä Ä .ÐGß FÑ .ÐGß FÑ<br />

cosÐGFß GEÑ œ œ<br />

.ÐGß EÑ .ÐEßGÑ ,<br />

bastando agora reparar que, uma vez que a soma das amplitudes dos ângulos<br />

internos dum triângulo é igual a # , tem-se<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

. sÐÖGFß GE×Ñ œ " . sÐÖEFß<br />

EG×Ñ,<br />

donde, tendo em conta 10.37,<br />

Ä Ä<br />

sinÐEFß EGÑ œ sin s<br />

Ä Ä Ä Ä Ä Ä<br />

Ð. sÐÖEFß EG×ÑÑ œ cos s Ð. sÐÖGFß<br />

GE×ÑÑ œ cosÐGFß<br />

GEÑ,<br />

o que nos dá a segunda igualdade do enunciado. <br />

10.39 Seja ÐEßFßGÑum triângulo e consideremos fixada uma função<br />

distância<br />

.−Y. Seja Q o pé da perpendicular de G para a recta EF(cf.<br />

4.28).<br />

Tem-se então<br />

Ä Ä<br />

.ÐGßQÑœ.ÐFßGÑsin ÐFEßFGÑ.<br />

Û Û<br />

Dem: Separemos três casos, conforme o ângulo ÖFEß FG× seja recto, agudo<br />

ou obtuso.<br />

C<br />

A B=M<br />

– 149–<br />

C<br />

A M B A B<br />

No caso em que o ângulo em questão é recto, tem-se FœQe<br />

Ä Ä<br />

sinÐFEß FGÑ œ É<br />

Ä Ä<br />

" cos#<br />

ÐFEß FGÑ œ " ,<br />

pelo que a igualdade é trivial. No caso em que o ângulo é agudo, resulta de<br />

Ä Û Û<br />

4.32 que Q − FE, portanto FE œ FQ,<br />

pelo que, aplicando 10.38 ao<br />

triângulo ÐFßQßGÑ,<br />

Ä Ä<br />

sinÐFEß FGÑ œ sin s Û Û<br />

Ð ÐÖFEß FG×ÑÑ œ sin s Û Û<br />

. Ð. ÐÖFQß FG×ÑÑ œ<br />

Ä Ä .ÐGß QÑ<br />

œ sinÐFQßFGÑ<br />

œ ,<br />

.ÐFß GÑ<br />

donde a igualdade do enunciado. Por fim, examinemos o caso em que o<br />

ângulo é obtuso. Resulta de 4.32 que Q pertence à semirrecta de EF<br />

de<br />

C<br />

M


Ä<br />

origem F oposta a FE, pelo que, aplicando 10.38 ao triângulo ÐFßQßGÑ,<br />

Ä Ä<br />

sinÐFEß FGÑ œ sin s Û Û<br />

Ð ÐÖFEß FG×ÑÑ œ sin s Û Û<br />

. Ð# . ÐÖFQß FG×ÑÑ œ<br />

œ sin s Ä Ä .ÐGß QÑ<br />

Ð. ÐÖFQßFG×ÑÑ œ sinÐFQßFGÑ<br />

œ<br />

.ÐFß GÑ<br />

Û Û<br />

,<br />

o que implica, mais uma vez, a igualdade do enunciado. <br />

10.40 (Corolário — Lei dos senos) Seja ÐEßFßGÑ um triângulo e<br />

consideremos fixada uma função distância .−Y.<br />

Tem-se então<br />

.ÐFß GÑ .ÐEßGÑ .ÐEßFÑ Ä Ä œ Ä Ä œ Ä Ä .<br />

sinÐEFß EGÑ sinÐFEßFGÑ sinÐGEßGFÑ<br />

Dem: Aplicando 10.40 <strong>aos</strong> triângulos ÐEßFßGÑ e ÐFßEßGÑ,<br />

vemos que,<br />

sendo Q o pé da perpendicular de G para a recta EF,<br />

tem-se<br />

Ä Ä<br />

Ä Ä<br />

.ÐFßGÑsinÐFEßFGÑ œ .ÐGßQÑ œ .ÐEßGÑsin ÐEFßEGÑ,<br />

donde a primeira igualdade do enunciado. A segunda resulta de aplicar a<br />

primeira ao triângulo ÐFßGßEÑ. <br />

11. <strong>Geometria</strong> da Circunferência.<br />

11.1 Em toda esta secção vamos supor fixada uma função distância .−Y e um<br />

plano ! . <strong>Da</strong>dos G−! e 3 ! , define-se a circunferência V de centro Ge<br />

raio 3 como sendo o conjunto dos pontos \− ! tais que .ÐGß\Ñœ3.<br />

Esta<br />

circunferência será também notada V3ÐGÑ.<br />

11.2 (Lema) Seja V a circunferência de centro G e raio 3 e seja TÁGem<br />

! .<br />

Tem-se então que na recta


Ä Ä Ä 3 Ä 3 Ä<br />

.ÐTßEÑœmTEmœmGEGTmœmÐ "ÑGTmœl "lmGTmœl3 +l,<br />

+ +<br />

Ä Ä Ä 3 Ä 3 Ä<br />

.ÐTßFÑœmTFmœmGFGTmœmÐ "ÑGTmœl "lmGTmœl3+l, + +<br />

pelo que só se teria .ÐTß EÑ œ .ÐTß FÑ se fosse 3 + œ 3 + ou<br />

3+œ3+ , o que não pode acontecer, por ser 3 Á! e +Á! . <br />

11.3 O centro e o raio de uma circunferência V estão bem definidos.<br />

Dem: Se V é uma circunferência de centro G e raio 3,<br />

o lema precedente<br />

mostra que, para cada TÁG, V não é uma circunferência de centro T(tem<br />

dois pontos E e F a distâncias distintas de T) e o facto de V ser um conjunto<br />

não vazio (por exemplo ß também pelo lema precedente) implica que V não é<br />

circunferência com nenhum raio distinto de 3. <br />

11.4 <strong>Da</strong>da uma circunferência V, de centro G e raio 3, diz-se que um ponto<br />

E−! está no interior da circunferência (respectivamente no exterior da<br />

circunferência) se .ÐGß EÑ 3 (respectivamente .ÐGß EÑ 3Ñ. 24<br />

Por exemplo, o próprio centro G está no interior da circunferência.<br />

11.5 Seja V uma circunferência de centro G e raio 3. Sejam H um ponto no<br />

interior da circunferência e < uma recta com H − < . Tem-se então que a recta<br />

< tem dois, e só dois, pontos EßF pertencentes a V.<br />

Dem: No caso em que G−< , temos uma consequência de 11.2.<br />

tomando<br />

para T qualquer ponto de < distinto de G.<br />

A<br />

C<br />

D<br />

M<br />

– 151–<br />

r<br />

B<br />

Supomos então que GÂ< e consideramos o pé da perpendicular Q de G<br />

para < (cf. 4.28). Tendo em conta 4.29, tem-se .ÐGßQÑ Ÿ .ÐGßHÑ 3.<br />

Tendo em conta o teorema de Pitágoras 8.12 , para um ponto \−< , distinto<br />

# # # de Q , tem-se .ÐGß \Ñ œ .ÐGß QÑ .ÐQß \Ñ , pelo que \ − V se, e só<br />

se, .ÐGß \Ñ œ 3 se, e só se, .ÐQß \Ñ œ È 3#<br />

.ÐGß QÑ#<br />

, o que mostra que<br />

há efectivamente dois, e só dois, pontos \ nessas condições, um em cada<br />

uma das semirrectas de < de origem Q. <br />

11.6 Seja V uma circunferência de centro G e raio 3. Sejam Eß F pontos<br />

distintos de V e < a recta EF . Tem-se então que


Dem: Comecemos por examinar o caso em que G−< , caso em que, por ser<br />

.ÐGß EÑ œ 3 œ .ÐGß FÑ, G é o ponto médio do par ÐEßFÑ, em particular<br />

G−ÒEßFÓ (cf. 1.26). Tendo em conta a alínea d) de 1.19 um ponto \−<<br />

está no interior de V, isto é, verifica .ÐGß \Ñ 3 se, e só se, pertence a<br />

ÒGß FÓ Ï ÖF× ou pertence a ÒGß EÓ Ï ÖE× , isto é, se, e só se, pertence a<br />

ÒEßFÓÏÖEßF× . Tendo em conta 11.5, E e F são os únicos pontos de V na<br />

recta < .<br />

Passemos agora ao caso em que GÂ< e seja Qo pé da perpendicular de G<br />

para < (cf. 4.28). Tendo em conta 4.29, tem-se .ÐGßQÑ .ÐGßFÑ œ 3,<br />

portanto Q está no interior de V, o que implica já, por 11.5,<br />

que E e F são<br />

os únicos pontos de < em V. Além disso, por 4.27,<br />

e uma vez que .ÐGßEÑ œ<br />

3 œ .ÐGß FÑ, Q é o ponto médio do par ÐEß FÑ, em particular Q − ÒEß FÓ<br />

(cf. 1.26).<br />

A<br />

C<br />

X<br />

M<br />

– 152–<br />

r<br />

B<br />

Tendo em conta 4.31 , um ponto \−< está no interior de V,<br />

isto é, verifica<br />

.ÐGß \Ñ 3 œ .ÐGß FÑ œ .ÐGß EÑ se, e só se. .ÐQß \Ñ .ÐQß FÑ œ<br />

.ÐQß EÑ o que, mais uma vez pela alínea d) de 1.19,<br />

é equivalente a \<br />

pertencer a um dos conjuntos ÒQß FÓ Ï ÖF× ou ÒQß EÓ Ï ÖE× , o que equivale<br />

a \ pertencer a ÒEß FÓ Ï ÖEß F× .<br />

<br />

11.7 (Recta tangente a uma circunferência) Seja V uma circunferência de<br />

centro G e raio 3. Sejam E− V e < uma recta com E−< . Tem-se então que<br />

V


Dem: Comecemos por supor que a recta < é perpendicular à recta GE,<br />

em<br />

particular que E é o pé da perpendicular de G para < . Tendo em conta 4.29,<br />

para cada \−< com \ÁE tem-se .ÐGß\Ñ.ÐGßEÑœ3,<br />

portanto<br />

\Â V e \ não está no interior de V; ficou assim provado que V


11.11 (Intersecção de duas circunferências) Sejam GÁG em e notemos<br />

w !<br />

w w<br />

+œ.ÐGßGÑ. Sejam 3 ! e 3 ! e consideremos as circunferências V,<br />

de<br />

w w w<br />

centro G e raio 3, e V , de centro G e raio 3 . Tem-se então:<br />

w w w<br />

a) Se l33 l + 33 , então VV é um conjunto com dois elementos.<br />

C C'<br />

w w w<br />

b) Se +œl33 l ou +œ33 , então VV é um conjunto com um único<br />

elemento.<br />

C C' C C'<br />

w w w<br />

c) Se +l33 l ou +33 , então VV œg.<br />

CC' C C'<br />

Dem: Seja H − ! tal que GH seja ortogonal a GG e que .ÐGßHÑ œ " .<br />

Notemos<br />

Ä Ä<br />

? œ GG e<br />

Ä Ä<br />

w @ œ GH,<br />

vectores para os quais se tem assim<br />

Ø?ß?Ùœm?m<br />

ÄÄ Ä # #<br />

œ+ Ø@ß@Ùœm@m<br />

ÄÄ Ä #<br />

, œ" , Ø?ß@Ùœ!<br />

ÄÄ<br />

.<br />

Podemos considerar uma correspondência biunívoca entre pontos \ do plano<br />

! e pares Ð,ß -Ñ de números reais, que cada \ associa o par Ð,ß -Ñ definido<br />

Ä<br />

pela condição de se ter G\ œ ,?<br />

Ä<br />

-@<br />

Ä<br />

.<br />

– 154–<br />

w


D<br />

v<br />

C u C'<br />

Ä<br />

Para um tal ponto \ , tem-se G\œ?G\<br />

Ä Ä Ä Ä<br />

w w , donde G\œG\?œ<br />

Ä<br />

Ð,"Ñ?<br />

Ä<br />

-@<br />

Ä<br />

e tem-se<br />

Ä #<br />

mG\m ϯ,?<br />

Ä<br />

-@ß,?<br />

Ä Ä<br />

-@ٜ,<br />

Ä #<br />

Ø?ß?Ù-<br />

ÄÄ #<br />

Ø@ß@Ù#,-Ø?ß@Ùœ<br />

ÄÄ ÄÄ<br />

# # #<br />

œ, + -<br />

e, do mesmo modo,<br />

– 155–<br />

X<br />

Ä<br />

w # # #<br />

mG \m œ Ð, "Ñ + -<br />

#.<br />

A condição de se ter \−VV é assim equivalente à de os correspondentes<br />

w<br />

,ß - verificarem as condições<br />

3<br />

3<br />

# # # #<br />

œ, + -<br />

w #<br />

# #<br />

œÐ,"Ñ - .<br />

Subtraindo membro a membro estas igualdades vemos que estas condições<br />

são equivalentes às condições<br />

a segunda das quais é equivalente a<br />

# # # #<br />

3 œ, + -<br />

# w #<br />

#<br />

3 3 œ Ð#, "Ñ+ ,<br />

# w # #<br />

3 3 +<br />

,œ .<br />

#+ #<br />

Substituindo este valor de , na primeira condição do sistema atrás, vemos<br />

assim que o número de pontos \ em VV é igual ao número de reais - para<br />

w<br />

os quais se tem<br />

isto é,<br />

3<br />

# w # #<br />

# # # #<br />

3 3 +<br />

œÐ Ñ + - ,<br />

#+ #<br />

# w # # #<br />

# # Ð3 3 + Ñ<br />

- œ 3 <br />

%+ #


que é sucessivamente equivalente a<br />

# # w # # #<br />

# Ð# 3+ÑÐ3 3 + Ñ<br />

- œ ,<br />

%+ #<br />

# # w # # # w#<br />

# Ð# 3+ 3 + 3 ÑÐ# 3+ 3 + 3 Ñ<br />

c œ ,<br />

%+ #<br />

# w# w #<br />

#<br />

# ÐÐ3+Ñ 3 ÑÐ3 Ð3+ÑÑ - œ ,<br />

%+ #<br />

w w w w<br />

# Ð3+3 ÑÐ3+3 ÑÐ3 3+ÑÐ3 3+ Ñ<br />

- œ ,<br />

%+ #<br />

w # # # w #<br />

# ÐÐ33 Ñ + ÑÐ+ Ð33ÑÑ - œ .<br />

%+ #<br />

w w # w #<br />

Uma vez que, por ser 3 ! e 3 ! , tem-se Ð33 Ñ Ð33 Ñ , vai<br />

existir um, e um só, - que verifica a igualdade anterior se, e só se, o segundo<br />

membro é ! (a solução é então - œ ! ) isto é, se, e só se + œ l33 l ou w<br />

+œ33 -<br />

w , vão existir dois, e só dois, que verificam a igualdade (um<br />

simétrico do outro) se, e só se o segundo membro é maior que ! , isto é, se, e<br />

w w<br />

só se, l33 l + 33 e não vai existir nenhum - que verifica a<br />

igualdade, caso contrário. <br />

11.12 <strong>Da</strong>da uma circunferência V, de centro G e raio 3, diz-se que dois pontos<br />

Eß F − V são diametralmente opostos se são distintos e a recta EF contém<br />

G.<br />

Repare-se que, dado E−V, existe um, e um só, F−V tal que Ee Fsejam<br />

diametralmente opostos, nomeadamente o ponto de EG V distinto de E (cf.<br />

11.5).<br />

11.13 (Ângulo inscrito num diâmetro) Sejam V uma circunferência, de centro<br />

G e raio 3, e Eß F − V dois pontos diametralmente opostos. Para cada ponto<br />

Ä Ä<br />

H − V, distinto de E e de F, tem-se então que os vectores HE e HF são<br />

ortogonais.<br />

Dem: Sendo<br />

Ä<br />

? œ GE , o facto de se ter .ÐEßGÑ œ œ .ÐFßGÑ com<br />

Ä<br />

3<br />

EÁF ?<br />

Ä<br />

œGF H− E F<br />

Ä<br />

, implica que . Sendo agora V,<br />

distinto de e de ,<br />

em particular com .ÐGß HÑ œ , obtemos, pondo<br />

Ä<br />

A œ GH,<br />

Ä<br />

3<br />

A<br />

u<br />

D<br />

w<br />

C<br />

– 156–<br />

-u<br />

B


Ä Ä<br />

ØHEß HFÙ œ Ø?<br />

Ä<br />

<br />

Ä<br />

Aß ?<br />

Ä<br />

<br />

Ä<br />

AÙ œ Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß ? Ù Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß AÙ ØAß<br />

ÄÄ<br />

? Ù ØAß<br />

ÄÄ<br />

AÙ œ<br />

# #<br />

œ3 3 œ! ,<br />

Ä Ä<br />

o que mostra que os vectores HE e HF são ortogonais.<br />

<br />

11.14 (Ângulo inscrito no caso não trivial) Sejam V uma circunferência, de<br />

centro G e raio 3, e Eß F − V dois pontos distintos, não diametralmente<br />

opostos. Para cada ponto H−V, distinto de Ee de F,<br />

tem-se então:<br />

Û Û<br />

1) Se HÂnÖGEßGF× , então<br />

Û Û " Û Û<br />

. ÐÖHEßHF×Ñœ . ÐÖGEßGF×Ñ.<br />

#<br />

Û Û<br />

2) Se H−nÖGEßGF× , então<br />

A<br />

u<br />

Û Û " Û Û<br />

. ÐÖHEß HF×Ñ œ # . ÐÖGEß GF×Ñ.<br />

#<br />

D<br />

x/2<br />

w<br />

C<br />

x<br />

v<br />

B<br />

A<br />

– 157–<br />

C v<br />

B<br />

x<br />

u<br />

2-x/2<br />

w<br />

D<br />

Dem: 25 Notemos<br />

Ä Ä<br />

? œ GE, Ä Ä<br />

@ œ GF e<br />

Ä Ä<br />

A œ GH,<br />

vectores para os quais se<br />

tem assim m?<br />

Ä<br />

m œ m@<br />

Ä<br />

m œ mAm<br />

Ä<br />

œ 3.<br />

Uma vez que Eß Fß G são não colineares,<br />

os vectores<br />

ÄÄ<br />

?ß@ são também não colineares, e portanto uma base do plano<br />

vectorial<br />

Ä<br />

! associado ao plano ! . Existem assim +ß , − ‘ tais que<br />

Ä<br />

Aœ+?,@<br />

Ä Ä<br />

Û Û<br />

e, tendo em conta 9.64, tem-se H−nÖGEßGF× se, e só se, + ! e , ! ,<br />

caso em que se tem mesmo +! e ,! (senão Hpertenceria<br />

a uma das<br />

Û Û<br />

semirrectas GE e GF e teria que ser respectivamente E ou F por estar à<br />

Û Û<br />

mesma distância de G que estes), e portanto H Â nÖGEßGF× se, e só se,<br />

+! ou ,! .<br />

Notemos<br />

25 Também existe uma demonstração puramente geométrica e intuitivamente mais clara<br />

deste resultado, que evita os detalhes algébricos mas que exige que se examinem separadamente<br />

várias situações possíveis “para a figura”.


Û Û Ä Ä<br />

Bœ. ÐÖGEßGF×Ñœ. sÐGEßGFÑœ. sÐ?ß@Ñ−Ó!ß#Ò<br />

ÄÄ<br />

.<br />

Tem-se assim cos s ÐBÑ œ cos s Ð?<br />

ÄÄ Ø?ß@Ù<br />

ß @ Ñ œ œ Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù,<br />

por outras palavras,<br />

ÄÄ<br />

"<br />

m?mm@m<br />

ÄÄ 3 #<br />

Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß @ Ù œ 3 s ÐBÑ # cos , e daqui deduzimos uma relação fundamental entre os<br />

coeficientes +ß , : De<br />

# # #<br />

3 œØAßAÙœØ+?<br />

ÄÄ Ä<br />

,@ß+?<br />

Ä Ä<br />

,@ٜ+<br />

Ä<br />

Ø?ß?Ù,<br />

ÄÄ<br />

Ø@ß@Ù#+,Ø?ß@Ùœ<br />

ÄÄ ÄÄ<br />

# # # # #<br />

œ+ 3 , 3 #+, 3 cos s ÐBÑ,<br />

deduzimos que<br />

(*)<br />

# #<br />

+ , #+, cos s ÐBÑ œ " .<br />

# <strong>Da</strong>qui se deduz, em particular, que Ð+,Ñ œ"#+,Ð"cos s ÐBÑÑ,<br />

onde<br />

Û<br />

" s<br />

Û<br />

cos ÐBÑ! e portanto, se H−nÖGEßGF× , tem-se +! e ,! ,<br />

Û Û<br />

donde +," , e, se HÂnÖGEßGF× , tem-se +! ou ,! , donde<br />

+," (reparar que +,l+,le<br />

que a desigualdade é trivial se um<br />

dos números + e , for menor que ! e o outro menor ou igual a ! porque então<br />

é mesmo +,! ).<br />

Reparemos agora que, uma vez que<br />

Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß AÙ œ +Ø?<br />

ÄÄ<br />

ß ? Ù ,Ø?<br />

ÄÄ #<br />

ß @ Ù œ 3 Ð+ , cos s ÐBÑÑ,<br />

Ø@<br />

ÄÄ<br />

ß AÙ œ +Ø@<br />

ÄÄ<br />

ß ? Ù ,Ø@<br />

ÄÄ #<br />

ß @ Ù œ 3 Ð, + cos s ÐBÑÑ,<br />

e que cos s cos s B<br />

ÐBÑ œ # Ð # Ñ " , obtemos<br />

Ä Ä<br />

ØHEßHFÙœØ?<br />

Ä<br />

Aß@<br />

ÄÄ<br />

AÙœØ?ß@ÙØ?ßAÙØAß@ÙØAßAÙœ<br />

Ä ÄÄ ÄÄ ÄÄ ÄÄ<br />

#<br />

œ3 Ðcos s ÐBÑ+, cos s ÐBÑ,+ cos s ÐBÑ"Ñœ<br />

#<br />

œ3 Ð"+,ÑÐ"s #<br />

cosÐBÑÑœ# 3 Ð"+,Ñcos<br />

s Ð Ñ<br />

B #<br />

.<br />

#<br />

Analogamente,<br />

Ä #<br />

mHEm œ Ø?<br />

Ä<br />

<br />

ÄÄ<br />

Aß? <br />

Ä<br />

AÙ œ Ø?ß?Ù<br />

ÄÄ<br />

ØAßAÙ<br />

ÄÄ<br />

#Ø?ßAÙ<br />

ÄÄ<br />

œ<br />

#<br />

œ# 3 Ð"+, cos s ÐBÑÑ,<br />

Ä #<br />

mHFm œ Ø@<br />

Ä<br />

<br />

ÄÄ<br />

Aß@ <br />

Ä<br />

AÙ œ Ø@ß@Ù<br />

ÄÄ<br />

ØAßAÙ<br />

ÄÄ<br />

#Ø@ßAÙ<br />

ÄÄ<br />

œ<br />

#<br />

œ# 3 Ð",+ cos s ÐBÑÑ,<br />

donde, aplicando várias vezes a fórmula fundamental (*) e, de novo, a<br />

igualdade cos s cos s B<br />

ÐBÑ œ # Ð Ñ " ,<br />

#<br />

– 158–


Ä # Ä # %<br />

mHEmmHFmœ% Ð"++ s ÐBÑ,, s #<br />

3 cos cosÐBÑ+ cos s ÐBÑ<br />

#<br />

#<br />

œ , cos s ÐBÑ+,+, cos s ÐBÑÑœ<br />

% # B # B<br />

œ% Ð"#+ s Ð Ñ#, s #<br />

3 cos cos Ð Ñ+ cos s ÐBÑ<br />

# #<br />

#<br />

" " "<br />

œ , cos s ÐBÑ<br />

+, s #<br />

ÐBÑ + s #<br />

cos cosÐBÑ , cos s ÐBÑÑ œ<br />

# # #<br />

% # B # B "<br />

œ % Ð" #+ s Ð Ñ #, s #<br />

3 cos cos Ð Ñ + cos s ÐBÑ <br />

# # #<br />

" #<br />

"<br />

œ , cos s ÐBÑ+, cos s ÐBÑ œ<br />

# #<br />

%<br />

# B<br />

# B<br />

œ% 3 Ð"#+ cos s Ð Ñ#, s # # B "<br />

Ð Ñ+ s<br />

#<br />

cos cos Ð Ñ + <br />

#<br />

# # #<br />

# # B " B "<br />

, s #<br />

#<br />

œ cos Ð Ñ , +,cos s Ð Ñ Ñœ<br />

# # # #<br />

% " # B # B B<br />

œ% Ð #+ s Ð Ñ#, s # #<br />

3 cos cos Ð Ñ+ cos s Ð Ñ<br />

# # # #<br />

# # B "<br />

# B<br />

œ , cos s Ð Ñ +,<br />

cos s ÐBÑ +, cos s Ð ÑÑ œ<br />

# #<br />

#<br />

% # B # B B<br />

œ% Ð#+ s Ð Ñ#, s # #<br />

3 cos cos Ð Ñ+ cos s Ð Ñ<br />

# # #<br />

# # B # B # B<br />

œ , cos s Ð Ñ#+, cos s Ð Ñcos s Ð ÑÑœ<br />

# # #<br />

% # B<br />

œ% cos s<br />

# #<br />

3 Ð ÑÐ"+ , #+ #,#+,Ñœ<br />

#<br />

% # B<br />

œ% s<br />

#<br />

3 cos Ð ÑÐ"+,Ñ.<br />

#<br />

B Reparando que ! " , e portanto s B<br />

# cosÐ#<br />

Ñ! , deduzimos que<br />

Ä Ä<br />

mHEmmHFm œ # s Ð Ñl" + ,l<br />

B<br />

3<br />

#<br />

# cos ,<br />

e portanto<br />

Ä Ä<br />

ØHEß HFÙ B<br />

Ä Ä œ„ Ð Ñ<br />

mHEmmHFm<br />

s cos ,<br />

#<br />

Û Û<br />

onde o sinal é quando +, " , isto é, H Â nÖGEßGF× , e é quando<br />

Û Û<br />

+," , isto é, H−nÖGEßGF× , tendo-se assim no primeiro caso<br />

Û Û B Û Û<br />

B<br />

. ÐÖHEß HF×Ñ œ e, no segundo . ÐÖHEß HF×Ñ œ # . <br />

# #<br />

11.15 (Potência de um ponto relativamente a uma circunferência) Seja V<br />

uma circunferência, de centro G e raio 3 . <strong>Da</strong>do um ponto T−!<br />

, chama-se<br />

# #<br />

potência de T relativamente a V ao número real Pot VÐTÑ<br />

œ .ÐGßTÑ 3<br />

.<br />

Repare-se que, por definição, tem-se que Pot VÐT Ñ œ ! se, e só se, T − V,<br />

– 159–


Pot VÐTÑ! se, e só se, T está no interior de V e Pot VÐTÑ!<br />

se, e só se, T<br />

está no exterior de V.<br />

11.16 Seja V uma circunferência, de centro G e raio 3 . Sejam T− ! e < uma<br />

recta contida em ! , com T −< . Suponhamos que


como única solução que pode ser distinta da solução +œ! . Para esse valor<br />

de + , tem-se então<br />

Ä Ä<br />

ØTEßTFÙœØ?<br />

Ä<br />

Aß@<br />

ÄÄ<br />

Aٜ<br />

Ä<br />

Ø?<br />

Ä<br />

AßÐ@<br />

Ä Ä<br />

?ÑÐA?ÑÙœ<br />

Ä Ä Ä<br />

œØA?ßA?Ù+ØA?ßA?Ùœ<br />

Ä ÄÄ Ä Ä ÄÄ Ä<br />

œØA?ßA?Ù#Ø?ßA?Ùœ<br />

Ä ÄÄ Ä ÄÄ Ä<br />

œØA?ßA?Ùœ<br />

Ä ÄÄ Ä<br />

œ ØAßAÙ<br />

ÄÄ<br />

ØAß?ÙØ?ßAÙØ?ß?Ùœ<br />

ÄÄ ÄÄ ÄÄ<br />

œmAm<br />

Ä # #<br />

3 œPot VÐTÑ.<br />

<br />

Apêndice 1: As funções trigonométricas dos Analistas.<br />

Ap1.1 (Diferenciabilidade do limite) Sejam I e J espaços vectoriais de<br />

dimensão finita, Y §Ium aberto e Ð0Ñ 8 8−uma<br />

família de funções de<br />

" classe G , 08ÀY Ä J, tal que existam aplicações 0ÀY Ä J e<br />

-ÀY ÄPÐIàJÑ tais que 08ÐBÑÄ0ÐBÑ, para cada B−Y,<br />

e que<br />

H08BÄ- B uniformemente para B − Y . Tem-se então que 0À Y Ä J é de<br />

" classe G e, para cada B − Y, H0B œ -B.<br />

Dem: Comecemos por notar que, uma vez que cada H08ÀY ÄPÐIàJÑ é<br />

contínua e que o limite uniforme da aplicações contínuas é uma aplicação<br />

contínua, podemos concluir que -ÀY ÄPÐIàJÑ é uma aplicação contínua.<br />

Seja B! − Y arbitrário. Seja $ ! arbitrário. Seja < ! tal que a bola aberta<br />

$<br />

FÐBÑ < ! esteja contida em Y e que, para cada B−FÐBÑ < ! , m-B - B mŸ # .<br />

!<br />

Pela convergência uniforme, seja 8! tal que, sempre que 8 8! e B − Y,<br />

$ mH0 - m Ÿ . Para cada 8 8 e B − F ÐB Ñ,<br />

tem-se assim<br />

8B B #<br />

! < !<br />

mH0 - m Ÿ mH0 - m m- - m Ÿ $<br />

8B B 8B B B B<br />

! ! .<br />

Podemos agora aplicar o teorema da média à aplicação :ÀF< ÐB! ÑÄJ,<br />

definida por : ÐBÑ œ 0 ÐBÑ - ÐBÑ,<br />

para a qual se tem<br />

8 B!<br />

mH: BmœmH08B - B m Ÿ $ ,<br />

!<br />

para deduzir que, para cada 8 8! e B−FÐB < ! Ñ,<br />

m0ÐBÑ0ÐBÑ- ÐBBÑmœm: ÐBÑ: ÐBÑmŸ$ mBBm,<br />

8 8 ! B ! ! !<br />

!<br />

pelo que, passando ao limite em 8,<br />

vem também<br />

m0ÐBÑ0ÐBÑ- ÐBBÑmœm: ÐBÑ: ÐBÑmŸ$ mBBm,<br />

! B ! ! !<br />

!<br />

o que mostra que 0 é diferenciável em B e com H0 œ - .<br />

<br />

– 161–<br />

! B B<br />

! !


Ap1.2 Tendo em conta a convergência uniforme da série, em qualquer bola de<br />

centro ! , deduzimos do resultado anterior que tem lugar uma aplicação<br />

de<br />

" classe Gßexp À‚ Ä‚<br />

, a aplicação exponencial,<br />

definida por<br />

D " # " $ " %<br />

expÐDÑ œ / œ "D D D D â,<br />

# $x %x<br />

w aplicação para a qual se tem exp ÐDÑ œ expÐDÑ<br />

e que, portanto, é mesmo de<br />

classe G . _<br />

Ap1.3 A aplicação exponencial verifica as seguintes propriedades:<br />

a) expÐ!Ñ œ " ,<br />

b) expÐDÑ ‚ expÐDÑ œ " , em particular tem-se expÐDÑ<br />

Á ! ;<br />

c) expÐD AÑ œ expÐDÑ ‚ expÐAÑ.<br />

Dem: A conclusão de a) resulta de substituir D por ! na expressão da série<br />

definidora. Para provarmos b), consideramos uma função :‚ À Ä ‚ definida<br />

por :ÐDÑ œ expÐDÑ ‚ expÐDÑ<br />

e reparamos que, tendo em conta a expressão<br />

da derivada da função exp,<br />

sai<br />

: w ÐDÑ œ expÐDÑ ‚ expÐDÑ expÐDÑ ‚ expÐDÑ<br />

œ !<br />

pelo que a função : é constante, portanto : ÐDÑ œ : Ð!Ñ œ " . Para provarmos<br />

c), consideremos A−‚ fixado e definamos uma função < À‚ Ä‚<br />

por<br />

expÐDÑ ‚ expÐAÑ<br />

Ñ " > , o que implica que lim expÐ>Ñ<br />

œ _.<br />

Para cada<br />

– 162–<br />

>Ä_<br />

"<br />

expÐ>Ñ<br />

expÐAÑ<br />

>Ÿ! , o facto de se ter > ! e expÐ>Ñœ implica que expÐ>Ñ!<br />

e<br />

que lim expÐ>Ñ œ ! . O facto de a restrição de exp a ‘ ser estritamente<br />

>Ä_<br />

w crescente resulta de que exp Ð>ÑœexpÐ>Ñ! . O conhecimento dos limites<br />

de exp quando >Ä_ e quando >Ä_ implica agora que o<br />

contradomínio de exp é Ó!ß _Ò e portanto que exp é uma bijecção<br />

estritamente crescente de ‘ sobre Ó!ß _Ò e o facto de se ter exp Ð>Ñ Á ! w<br />

implica, pelo teorema da função inversa, que a função inversa de exp é<br />

também de classe G . _


Ap1.5 Define-se a função logaritmo neperiano lnÀÓ!ß_ÒÄ‘ como sendo o<br />

difeomorfismo inverso do difeomorfismo expÀ‘ Ä Ó!ß_Ò,<br />

difeomorfismo<br />

w "<br />

para o qual se tem ln Ð=Ñ œ = .<br />

Dem: Pelo teorema da função inversa, tem-se<br />

w " " "<br />

ln Ð=Ñ œ œ œ . <br />

expwÐlnÐ=ÑÑ expÐlnÐ=ÑÑ =<br />

Ap1.6 Para cada complexo D, tem-se expÐDÑ œ expÐDÑ.<br />

Em consequência, se<br />

DœD, isto é, se Dœ,3 , para um certo ,−‘,<br />

então lexpÐDÑl œ " .<br />

Dem: A primeira afirmação resulta da série definidora da aplicação<br />

exponencial, tendo em conta o facto de a conjugação ser uma aplicação linear<br />

real e o de o conjugado de um produto ser o produto dos conjugados (e<br />

portanto, por indução, o conjugado de uma potência de expoente 8 é a<br />

potência de expoente 8 do conjugado). Quando D œ D,<br />

podemos assim<br />

escrever<br />

#<br />

lexpÐDÑl œ expÐDÑ ‚ expÐDÑ œ expÐDÑ ‚ expÐDÑ<br />

œ " . <br />

Ap1.7 Definimos funções trigonométricas cosßsinÀ‘ Ä ‘ , pela igualdade<br />

expÐ3>Ñ œ cosÐ>Ñ sinÐ>Ñ<br />

3.<br />

Ap1.8 Tendo em conta Ap1.6, tem-se lexp3>Ñl œ " , portanto, para cada > ,<br />

# #<br />

# #<br />

cos Ð>Ñ sin Ð>Ñ œ ",<br />

em particular cos Ð>ÑŸ" e sin Ð>ÑŸ" , isto é, cosÐ>Ñ−Ò1 ß"Óe sinÐ>Ñ−<br />

Ò"ß "Ó.<br />

Ap1.9 Lembrando que expÐ3>Ñ œ expÐ3>Ñ œ expÐ3>Ñ,<br />

podemos escrever<br />

cosÐ>Ñ sinÐ>Ñ 3 œ cosÐ>Ñ sinÐ>Ñ<br />

3,<br />

portanto<br />

cosÐ>Ñ œ cosÐ>Ñ, sinÐ>Ñ œ sinÐ>Ñ. Ap1.10 Por derivação da igualdade cosÐ>Ñ sinÐ>Ñ 3 œ expÐ3>Ñ,<br />

obtemos<br />

w w<br />

cos Ð>Ñ sin Ð>Ñ 3 œ 3 expÐ3>Ñ œ sinÐ>Ñ cosÐ>Ñ<br />

3,<br />

portanto<br />

w w<br />

cos Ð>Ñ œ sinÐ>Ñ, sin Ð>Ñ œ cosÐ>Ñ.<br />

– 163–


Ap1.11 <strong>Da</strong> fórmula expÐ3Ð= >ÑÑ œ expÐ3=Ñ<br />

‚ exp Ð3>Ñ,<br />

deduzimos que<br />

cosÐ= >Ñ sinÐ= >Ñ 3 œ ÐcosÐ=Ñ sinÐ=Ñ 3ÑÐcosÐ>Ñ sinÐ>Ñ<br />

3Ñ œ<br />

œ ÐcosÐ=ÑcosÐ>Ñ sinÐ=ÑsinÐ>ÑÑ ÐcosÐ=ÑsinÐ>Ñ sinÐ=ÑcosÐ>ÑÑ 3,<br />

de onde deduzimos as fórmulas<br />

cosÐ= >Ñ œ cosÐ=ÑcosÐ>Ñ sinÐ=ÑsinÐ>Ñ, sinÐ= >Ñ œ sinÐ=ÑcosÐ>Ñ cosÐ=ÑsinÐ>Ñ. Ap1.12 Como casos particulares de Ap1.11, temos, tendo em conta Ap1.8,<br />

# # # #<br />

cosÐ#>Ñ œ cos Ð>Ñ sin Ð>Ñ œ # cos Ð>Ñ " œ " # sin Ð>Ñ,<br />

sinÐ#>Ñ œ # sinÐ>ÑcosÐ>Ñ. e portanto também, pondo >œ , =<br />

#<br />

= "cosÐ=Ñ cosÐ<br />

Ñ œ „ Ê .<br />

# #<br />

Ap1.13 Partindo da série definidora da aplicação exponencial, vemos que, com a<br />

!<br />

convenção ! œ " ,<br />

"<br />

cosÐ>Ñ sinÐ>Ñ 3 œ expÐ3>Ñ<br />

œ " 5<br />

Ð3>Ñ œ<br />

5x<br />

5œ!<br />

_ _<br />

" "<br />

œ " #8 #8<br />

3 > " #8" #8"<br />

3 > œ<br />

Ð#8Ñx Ð#8 "Ñx<br />

8œ! 8œ!<br />

_ 8 _ 8<br />

Ð"Ñ Ð"Ñ<br />

œ " #8<br />

> "<br />

#8"<br />

> 3,<br />

Ð#8Ñx Ð#8 "Ñx<br />

8œ! 8œ!<br />

pelo que, comparando as partes reais e as partes imaginárias, obtemos a<br />

séries definidoras das funções trigonométricas,<br />

Ð"Ñ > > ><br />

cosÐ>Ñ<br />

œ " #8<br />

> œ " â,<br />

Ð#8Ñx #x %x 'x<br />

8œ!<br />

_ 8 $ & (<br />

Ð"Ñ > > ><br />

sinÐ>Ñ<br />

œ "<br />

#8"<br />

> œ > â.<br />

Ð#8"Ñx $x &x (x<br />

– 164–<br />

_<br />

_ 8 # % '<br />

8œ!<br />

Ap1.14 (Algumas avaliações das funções trigonométricas) Tem-se cosÐ!Ñ œ "<br />

" &<br />

e sinÐ!Ñœ! . Para cada !Ÿ>Ÿ" , tem-se cosÐ>Ñ # e sinÐ>Ñ<br />

'><br />

. Tem-se<br />

cosÐ#Ñ !.<br />

Dem: Os valores das funções trigonométricas em ! resultam imediatamente<br />

da substituição nas séries. Suponhamos agora que !Ÿ>Ÿ" . Tem-se então<br />

que cosÐ>Ñ e sinÐ>Ñ<br />

são também caracterizados pelas séries de termos<br />

latamente positivos


de onde deduzimos que<br />

# % ' ) "!<br />

> > > > ><br />

cosÐ>Ñ<br />

œ Ð" ÑÐ ÑÐ Ñâ<br />

#x %x 'x )x "!x<br />

$ & ( * ""<br />

> > > > ><br />

sinÐ>Ñ<br />

œ Ð> ÑÐ ÑÐ Ñâ<br />

$x &x (x *x ""x<br />

#<br />

cosÐ>Ñ<br />

><br />

" <br />

#<br />

" "<br />

" œ ,<br />

# #<br />

sinÐ>Ñ<br />

$ #<br />

> ><br />

> œ>Ð" Ñ<br />

' '<br />

" &<br />

>Ð" Ñœ > .<br />

' '<br />

Em particular, tem-se sinÐ"Ñ & , donde, por Ap1.12,<br />

'<br />

# &!<br />

cosÐ#Ñ œ " # sin Ð"Ñ Ÿ " ! . <br />

$'<br />

Ap1.15 Existe um mínimo > ! para o conjunto dos > ! tais que cosÐ>Ñ<br />

œ ! ,<br />

tendo-se "> ! # , tendo-se então cosÐ>Ñ!<br />

, para cada !Ÿ>> ! .<br />

Dem: A existência de !Ÿ># tal que cosÐ>Ñœ!<br />

é uma consequência de se<br />

ter cosÐ!Ñœ"! e cosÐ#Ñ! . O conjuntos do > ! tais que cosÐ>Ñœ!<br />

é<br />

assim fechado não vazio e minorado pelo que admite um mínimo (o seu<br />

ínfimo) > ! . O facto de se ter > ! # resulta de que, como referimos, existe um<br />

elemento ># no conjunto referido e o facto de se ter > ! " resulta de que,<br />

"<br />

para cada !Ÿ>Ÿ" , tem-se cos Ð>Ñ # ! . O facto de se ter cosÐ>Ñ !,<br />

para cada !Ÿ>> ! , resulta de que a existir um tal > com cosÐ>ÑŸ!<br />

,<br />

podíamos aplicar mais uma vez o teorema do valor intermédio para garantir a<br />

existência de =−Ò!ß>Ótal que cos Ð=Ñœ! , o que contrariava o facto de > ! ser<br />

o mínimo nessas condições. <br />

Ap1.16 Definimos o número real 1 como sendo o dobro do número real >!<br />

referido em Ap1.15 . Tem-se assim, por aquele resultado, #1 % . 27<br />

Ap1.17 A restrição da função sin ao intervalo Ò!ß # Ó é uma bijecção estritamente<br />

crescente deste intervalo sobre o intervalo Ò!ß "Ó e a restrição da função cos ao<br />

1<br />

intervalo Ò!ß # Ó é uma bijecção estritamente decrescente deste intervalo sobre<br />

1 1<br />

o intervalo Ò!ß"Ó. Em particular, cosÐ# Ñœ! e sinÐ#<br />

ќ" .<br />

1<br />

Dem: Por definição de 1, tem-se cosÐ# Ñ œ ! e cosÐ>Ñ<br />

! , para cada<br />

1<br />

w<br />

>−Ò!ß# Ò. Uma vez que sin Ð>ÑœcosÐ>Ñ, segue-se que a restrição de sin a<br />

1 Ò!ß # Ó Ð!Ñ œ !<br />

é estritamente crescente, em particular injectiva, e, por ser , sin<br />

1 # 1 # 1<br />

tem-se sinÐ>Ñ ! , para cada > − Ó!ß # Ó. <strong>Da</strong> igualdade sin Ð # Ñ cos Ð # Ñ œ " ,<br />

# 1 1<br />

resulta que sin Ð# Ñ œ " , e portanto sinÐ#<br />

Ñ œ " . A imagem da restrição da<br />

1<br />

função sin a Ò!ß Ó é o intervalo Ò!ß "Ó,<br />

visto que contém esse intervalo, pelo<br />

#<br />

27 É uma informação um pouco pobre, mas é melhor do que nada…<br />

– 165–<br />

1


teorema do valor intermédio, e está contida nesse intervalo, por ser<br />

w estritamente crescente. Uma vez que cos Ð>Ñ œ sinÐ>Ñ, tem-se, para cada<br />

1 w<br />

1<br />

>−Ó!ß# Ó, cos Ð>Ñ! , o que implica que a restrição de cos a Ò!ß# Ó é<br />

estritamente decrescente, em particular injectiva e com valores no intervalo<br />

Ò!ß "Ó. Como antes, o teorema do valor intermédio garante que a imagem por<br />

1<br />

cos do intervalo Ò!ß Ó é precisamente o intervalo Ò!ß "Ó.<br />

<br />

#<br />

1 1<br />

Ap1.18 a) As igualdades cosÐ# Ñ œ ! e sinÐ#<br />

Ñ œ " podem ser traduzidas por<br />

1 expÐ# 3Ñ œ 3.<br />

1 # # b) De a) resulta que expÐ13Ñ œ expÐ#<br />

3Ñ œ 3 œ " ( fórmula de Euler),<br />

o<br />

que pode ser traduzido por cosÐ1Ñ œ " e sinÐ1Ñ<br />

œ ! .<br />

$ 1 1 $ $<br />

c) De a) também resulta que expÐ # 3Ñ œ expÐ#<br />

3Ñ œ 3 œ 3,<br />

o que pode<br />

$ 1 $ 1<br />

ser traduzido por cosÐ # Ñ œ ! e sinÐ<br />

# Ñ œ " .<br />

# #<br />

d) De b) resulta que expÐ# 13Ñ œ expÐ1 3Ñ œ Ð"Ñ œ " œ expÐ!Ñ,<br />

o que<br />

pode ser traduzido por cosÐ# 1Ñœ " œ cosÐ!Ñ e sinÐ# 1Ñœ<br />

! œ sinÐ!Ñ.<br />

Ap1.19 As funções cosßsinÀ‘ Ä Ò"ß"Ó são periódicas, admitindo # 1 como<br />

período positivo mínimo.<br />

Dem: Comecemos por reparar que, de se ter<br />

expÐ ( > # 1) 3Ñ œ expÐ>3Ñ ‚ expÐ# 13Ñ<br />

œ expÐ>3Ñ ‚ " œ expÐ>3Ñ,<br />

podemos escrever<br />

cosÐ> # 1ÑœcosÐ>Ñ, sinÐ> # 1ÑœsinÐ>Ñ,<br />

o que mostra que #1 é um período de ambas as funções. Uma vez que estas<br />

1<br />

têm restrições injectivas ao intervalo Ò!ß # Ó,<br />

não podem admitir período<br />

1<br />

menor ou igual a # . Sendo contínuas admitem assim um período positivo<br />

mínímo que tem que ser submúltiplo inteiro de # 1. Se # 1 não fosse o período<br />

positivo mínimo, ele teria assim que ser 1. Mas as igualdades cosÐ!Ñ œ " e<br />

1<br />

cosÐ1Ñ œ " mostram que 1 não é período de cos e as igualdades sinÐ#<br />

Ñ œ "<br />

1 $ 1<br />

e sinÐ 1Ñ œ sinÐ Ñ œ " mostram que 1 não é período de sin.<br />

<br />

# #<br />

1 1<br />

Ap1.20 Tem-se cosÐ # >Ñ œ sinÐ>Ñ e sinÐ # >Ñ œ cosÐ>Ñ.<br />

Dem: Podemos escrever<br />

ou seja,<br />

1 1<br />

expÐÐ >Ñ3Ñ œ expÐ 3Ñ ‚ expÐ>3Ñ œ 3 ‚ expÐ>3Ñ,<br />

# #<br />

1 1<br />

cosÐ >ÑsinÐ >Ñ3œ3‚ÐcosÐ>ÑsinÐ>Ñ3Ñœ # #<br />

œ sinÐ>Ñ cosÐ>Ñ<br />

3,<br />

donde o resultado. <br />

– 166–


Ap1.21 Tem-se cosÐ1 >Ñ œ cosÐ>Ñ e sinÐ1 >Ñ œ sinÐ>Ñ.<br />

Dem: Podemos escrever<br />

ou seja<br />

expÐÐ1 >Ñ3Ñ œ expÐ1 3Ñ ‚ expÐ>3Ñ œ " ‚ expÐ>3Ñ,<br />

cosÐ1 >Ñ sinÐ1 >Ñ 3 œ ÐcosÐ>Ñ sinÐ>Ñ3Ñ<br />

œ<br />

œcosÐ>ÑsinÐ>Ñ3, donde o resultado.<br />

1<br />

Ap1.22 A restrição da função sin ao intervalo Ò# ß Ó é uma bijecção estritamente<br />

1<br />

decrescente daquele intervalo sobre o intervalo Ò!ß "Ó e a restrição da função<br />

1<br />

cos ao intervalo Ò# ß Ó é uma bijecção estritamente decrescente daquele<br />

1<br />

intervalo sobre o intervalo Ò"ß !Ó.<br />

Dem: Trata-se de uma consequência de Ap1.17 e de Ap1.21,<br />

se repararmos<br />

1<br />

que a aplicação >È1> é uma bijecção estritamente decrescente de Ò# ß1Ó 1 sobre Ò!ß # Ó (com inversa definida pela mesma fórmula) e que a aplicação<br />

= È = é uma bijecção estritamente decrescente de Ò!ß "Ó sobre Ò"ß !Ó (mais<br />

uma vez com inversa definida pela mesma fórmula). <br />

Ap1.23 Tem-se, tendo em conta a periodicidade de sin e cos e as fórmulas em<br />

Ap1.9,<br />

cosÐ#<br />

1 >ÑœcosÐ>ÑœcosÐ>Ñ, sinÐ#<br />

1 >ÑœsinÐ>ÑœsinÐ>Ñ. Ap1.24 A restrição da função sin ao intervalo Ò1 ß Ó é uma bijecção estritamente<br />

$ 1<br />

#<br />

decrescente deste intervalo sobre o intervalo Ò"ß !Ó. A restrição<br />

da função<br />

cos ao intervalo Ò1 ß Ó é uma bijecção estritamente crescente deste intervalo<br />

$ 1<br />

#<br />

sobre o intervalo Ò"ß !Ó.<br />

Dem: Trata-se de uma consequência de Ap1.22 e de Ap1.23,<br />

se repararmos<br />

que a aplicação >È# 1 > é uma bijecção estritamente decrescente de<br />

$ 1 1<br />

Ò1ß # Ó sobre Ò# ß1Ó (com inversa definida pela mesma fórmula) e que a<br />

aplicação =È= é uma bijecção estritamente decrescente de Ò!ß"Ósobre<br />

Ò"ß !Ó (mais uma vez com inversa definida pela mesma fórmula). <br />

Ap1.25 A restrição da função sin ao intervalo Ò # ß# Ó é uma bijecção estrita-<br />

mente crescente deste intervalo sobre o intervalo Ò"ß !Ó.<br />

A restrição da<br />

$ 1 função cos ao intervalo Ò # ß# 1Ó<br />

é uma bijecção estritamente crescente deste<br />

intervalo sobre o intervalo Ò!ß "Ó.<br />

Dem: Trata-se de uma consequência de Ap1.17 e de Ap1.23,<br />

se repararmos<br />

que a aplicação >È# 1 > é uma bijecção estritamente decrescente de<br />

$ 1 1<br />

Ò # ß# 1 Ó sobre Ò!ß # Ó (com inversa definida pela mesma fórmula) e que a<br />

aplicação =È= é uma bijecção estritamente decrescente de Ò!ß"Ósobre<br />

Ò"ß !Ó (mais uma vez com inversa definida pela mesma fórmula). <br />

– 167–<br />

$ 1 1


Ap1.26 Seja W § ‚ o conjunto dos complexos de módulo " . Tem então lugar<br />

uma bijecção de Ò!ß # 1Ò<br />

sobre W,<br />

definida por<br />

> È expÐ3>Ñ œ cosÐ>Ñ sin Ð>Ñ 3.<br />

Dem: Já verificámos em Ap1.6 que esta aplicação toma valores em W.<br />

Para<br />

verificarmos que se trata de uma bijecção sobre W,<br />

basta decompormos<br />

Ò!ß # 1 Ò como união de subconjuntos E 5,<br />

" Ÿ 5 Ÿ ) , disjuntos dois a dois, tais<br />

que a restrição da aplicação a cada E5 seja uma bijecção sobre um<br />

subconjunto F5 de W, com os F5 disjuntos dois a dois e de união W.<br />

Definimos, para isso,<br />

E" œ Ö!× , F" œ Ö"× ,<br />

1<br />

E# œ Ó!ß Ò, F# œ ÖD œ + ,3 − W ± + ! • , !× ,<br />

#<br />

1<br />

E$ œ Ö × , F$ œ Ö3× ,<br />

#<br />

1<br />

E% œÓ ß1Ò, F% œÖDœ+,3−W±+!•,!× ,<br />

#<br />

E& œ Ö 1×<br />

, F& œ Ö"× ,<br />

$<br />

E' œ Ó1ß Ò, F' œ ÖD œ +,<br />

#<br />

1<br />

3−W±+!•,!× ,<br />

$ 1<br />

E( œ Ö × , F( œ Ö3× ,<br />

#<br />

$ 1<br />

E) œ Ó ß # 1Ò,<br />

F) œ ÖD œ + ,3 − W ± + ! • , !× .<br />

#<br />

Reparando que, para Dœ+,3−W , se +œ! , então ,œ„" e, se ,œ! ,<br />

então +œ„" , constatamos que os conjuntos F5 são efectivamente disjuntos<br />

dois a dois de união W . Reparando, por outro lado, que, se +,3 − W,<br />

com<br />

+ œ cosÐ>Ñ , resulta de Ap1.8 que , œ „ sinÐ>Ñ,<br />

deduzimos das propriedades<br />

Ap1.17, Ap1.22, Ap1.24 e Ap1.25 que as restrições da aplicação do enunciado<br />

a cada E é efectivamente uma bijecção de E sobre F .<br />

5 5 5 <br />

– 168–

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!