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comprometendo-nos com uma nova vida.<br />
Somos fruto da iniciativa amorosa de Deus.<br />
Ele nos modelou a partir do barro e deu-nos<br />
a vida, insuflando <strong>em</strong> nós o seu sopro divino.<br />
Presenteou o ser humano com uma habitação<br />
especial, um jardim que produz toda espécie<br />
de frutos. Para conservar o estado de b<strong>em</strong>-<br />
-estar e alegria, ordenou-lhe que não tocasse<br />
na “árvore da ciência do b<strong>em</strong> e do mal”. Porém,<br />
a rebeldia dos homens e das mulheres,<br />
representados por Adão e Eva, originou toda<br />
espécie de males (I leitura). Deus, no entanto,<br />
não abandona as suas criaturas. Ele é criador<br />
e também libertador. Por isso, como máxima<br />
expressão do seu amor, enviou o seu Filho,<br />
Jesus Cristo, <strong>para</strong> nos libertar de todos os<br />
males com suas consequências. Se pelo pecado<br />
de Adão entrou a morte no mundo, pela<br />
graça de Jesus Cristo nos é dada a redenção (II<br />
leitura). Para isso, Jesus assumiu plenamente<br />
a condição humana, sofreu toda espécie de<br />
tentações durante toda a sua vida. Porém,<br />
não caiu nelas. Permaneceu fiel à vontade do<br />
Pai, alimentando-se permanent<strong>em</strong>ente de sua<br />
palavra e cultivando a sua intimidade pelo<br />
silêncio e pela oração (Evangelho). Portanto,<br />
a palavra e o ex<strong>em</strong>plo de nosso irmão maior,<br />
Jesus Cristo, dev<strong>em</strong> tornar-se o pão nosso de<br />
cada dia, que nos sustenta na caminhada desta<br />
vida e nos mantém na fidelidade ao projeto<br />
de Deus.<br />
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS<br />
1. I leitura (Gn 2,7-9; 3,1-7): Da argila da<br />
terra Deus criou o ser humano<br />
A figura de Deus apresentada nesse relato<br />
da criação é a de um oleiro com uma incrível<br />
capacidade artística. Percebe-se a intenção dos<br />
autores de ressaltar a orig<strong>em</strong> do ser humano,<br />
que t<strong>em</strong> íntima ligação com Deus e com a terra<br />
que ele criou. O próprio nome Adão v<strong>em</strong> de<br />
adamah, termo hebraico que designa a terra. É<br />
a palavra que deu orig<strong>em</strong> ao hom<strong>em</strong>, entendido<br />
<strong>aqui</strong> como nome genérico da raça humana.<br />
Homens e mulheres são seres originados do<br />
húmus da terra. A terra, portanto, Deus a fez<br />
e a usou como “mãe” da humanidade. Ela é<br />
fonte de vida, é fértil e produz todas as espécies<br />
de frutos.<br />
<strong>Vida</strong> <strong>Pastoral</strong> – março-abril 2011 – ano 52 – n. 277<br />
Deus é pai, amigo e conselheiro dos seus<br />
filhos e filhas. Dá-lhes as instruções necessárias<br />
<strong>para</strong> que possam viver sobre a terra <strong>em</strong> íntima<br />
comunhão com ele e, como decorrência, <strong>em</strong><br />
solidariedade com todas as coisas. Por isso,<br />
Deus pede que não comam do fruto da “árvore<br />
da ciência do b<strong>em</strong> e do mal”. Em outras<br />
palavras: os seres humanos dev<strong>em</strong> respeitar<br />
a soberania de Deus sobre todas as coisas e<br />
submeter-se ao seu desígnio. Tudo o que ele<br />
faz é muito bom.<br />
A narrativa busca explicar o motivo do<br />
sofrimento pessoal e dos males sociais. A orig<strong>em</strong><br />
de todas as coisas está fundamentada na<br />
bondade divina. Foram feitas <strong>para</strong> o b<strong>em</strong> dos<br />
seres humanos. Por que, então, o sofrimento?<br />
Os autores do texto expressam profunda<br />
consciência crítica sobre a opressão. Esta se<br />
constitui a causa de todos os males. Ao tomar<strong>em</strong><br />
a figura da serpente como a provocadora<br />
da violação da ord<strong>em</strong> divina, apontam <strong>para</strong><br />
a sagacidade do poder <strong>em</strong> “dar o bote” <strong>para</strong><br />
morder e alienar a consciência humana.<br />
Certamente, o grupo que está por trás do<br />
texto conhece muito b<strong>em</strong> as consequências<br />
da monarquia israelita. Analisam a realidade<br />
social, denunciando a ambição de grandeza e<br />
de sabedoria do regime monárquico, que pretende<br />
ser “igual a Deus”, usurpando o poder<br />
divino e revelando o domínio sobre os bens e<br />
as pessoas. Mas, como diz o adágio popular,<br />
“o rei está nu”. A nudez revela que a fraqueza<br />
e a condição de mortalidade faz<strong>em</strong> parte da<br />
pessoa. De que lhe adiantam as pretensões de<br />
poder e de possessão? Confrontado honestamente<br />
com o desígnio divino, o ser humano,<br />
pretensamente poderoso, sente-se envergonhado.<br />
É claro, pois a conquista e a manutenção<br />
do poder envolv<strong>em</strong> mentiras, enganação,<br />
usurpação de bens... Deus, porém, é justo e<br />
verdadeiro. Diante dele, nenhuma “folha de<br />
figueira” cobre essa nudez, a transparência de<br />
sua verdade, por mais que a pessoa busque<br />
justificativas.<br />
2. II leitura (Rm 5,12-19): O novo ser<br />
humano <strong>em</strong> Jesus Cristo<br />
Um dos t<strong>em</strong>as dominantes na carta aos<br />
Romanos é a justificação pela graça. Para são