A imprensa tardia no Brasil: razões e conveniências - Unesp
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Entretanto, não podemos deixar de apresentar uma abordagem revisionista que estudou<br />
o contato das civilizações através da eco<strong>no</strong>mia, antropologia e sociologia.<br />
Esses estudos negam o caráter unitário e histórico do gênero huma<strong>no</strong> e afirmam a<br />
incompatibilidade da civilização européia – histórica e econômica – com o mundo<br />
america<strong>no</strong> – natural e a-econômico. Tais estudiosos sugerem que a destruição dos<br />
povos “naturais” causada pelo avanço europeu seria inevitável. Muitos dos autores<br />
desta segunda corrente acreditam igualmente na impossibilidade de se escrever uma<br />
história desses contatos. No máximo, poderíamos relatar a reação imóvel do<br />
“indígena” diante do homem econômico europeu. Na verdade, o “índio” jamais teria<br />
podido se adaptar ou compreender o mundo europeu. Ele teria apenas tentado uma<br />
reação desesperada, instintiva e repetitiva. (MAESTRI, 1993, p. 11)<br />
No primeiro momento da colonização, os portugueses que aqui chegaram se adaptaram<br />
à vida dos indígenas, absorvendo a cultura sem a necessidade de imposições linguísticas e<br />
culturais. O que valia era explorar a colônia e tirar dela o que tinha de bom e melhor para<br />
enviar ao rei<strong>no</strong> e fazer de sua estadia o mais agradável possível. Num segundo momento, com<br />
a implantação das capitanias hereditárias e depois com a instalação do Gover<strong>no</strong> Geral, a<br />
relação social na colônia mudou e os índios foram escravizados: “os indígenas subjugados e<br />
escravizados forneceram o trabalho na primeira, e mais custosa, etapa da implantação da<br />
agroindústria açucareira na colônia”. (LOPEZ ; MOTA, 2008, p. 74)<br />
É necessário lembrar que os jesuítas realizaram um trabalho de alfabetização, visando à<br />
catequização, porém, com povoação diminuta, as cópias manuscritas e os livros vindos de<br />
Portugal eram suficientes para o empreendimento.<br />
c) a predominância do analfabetismo<br />
A comunicação na colônia era eminentemente oral, pois os povoadores introduzidos em<br />
terra brasileira vinham de suas cidades sem saber ler e escrever. O analfabetismo preponderou<br />
e marcou profundamente a colônia. A escrita era quase um privilégio dos religiosos e de<br />
alguns da alta administração pública. O analfabetismo não se encontrava só nas massas, dos<br />
homens rústicos e do campo, mas também na pequena burguesia e <strong>no</strong>s membros da corte.<br />
O ensi<strong>no</strong> existente na colônia, até o início do século XIX, era limitadíssimo,<br />
circunscrevendo-se a uns poucos estabelecimentos de nível primário e secundário.<br />
Não existiam, portanto, as condições para a formação de um público capaz de<br />
interessar-se por livros e, consequentemente, erigir a necessidade social da<br />
<strong>imprensa</strong>. (MELO, 1973, p.124)<br />
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