A imprensa tardia no Brasil: razões e conveniências - Unesp
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Jornais pioneiros: um clandesti<strong>no</strong>, outro oficial<br />
Curiosamente, o primeiro jornal brasileiro não nasceu em terra nacional. Ele foi criado<br />
pelo jornalista brasileiro Hipólito José da Costa, formado em Coimbra e exilado em Londres,<br />
fugido de Portugal por questões políticas. A partir de meados de 1808, Hipólito começou a<br />
escrever e imprimir em Londres o Correio Braziliense, como ele mesmo explicou em citação<br />
expressa na obra de Werneck (1998, p.20):<br />
Hipólito da Costa justificou-se de fazer <strong>no</strong> estrangeiro o seu jornal: “Resolvi lançar<br />
esta publicação na capital inglesa dada a dificuldade de publicar obras periódicas <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong>, já pela censura prévia, já pelos perigos que os redatores se exporiam, falando<br />
livremente das ações dos homens poderosos.<br />
O Correio Braziliense pode ser considerado também o primeiro jornal que se livrou da<br />
censura portuguesa. Ele chegava ao <strong>Brasil</strong> de navio e depois de uma longa viagem era<br />
distribuído clandestinamente. O primeiro número circulou em 1º de junho de 1808. O jornal<br />
<strong>no</strong>ticiava fatos internacionais, disseminava ideias políticas, criticava e questionava a Corte<br />
Portuguesa sobre seu rumo político. Circulou mensalmente até dezembro de 1822, totalizando<br />
175 números, encerrando as atividades às vésperas da independência. (MARTINS; DE<br />
LUCCA, 2006, p.19)<br />
Mas a história registra o nascimento de outro jornal que também ganhou a fama de ser o<br />
primeiro veículo impresso periódico do <strong>Brasil</strong>. O jornal A Gazeta do Rio de Janeiro foi<br />
lançado em 10 de setembro de 1808, sob produção e controle do gover<strong>no</strong> e da <strong>imprensa</strong> régia.<br />
Era um jornal oficial que informava ao público as <strong>no</strong>ticias de interesse do Estado. Não havia<br />
espaço para a sociedade expressar descontentamentos ou reivindicações, não havia<br />
queixumes, fazia do <strong>Brasil</strong> um paraíso, não tendo outra finalidade, senão agradar a coroa.<br />
(SODRÉ, 1998, p.20)<br />
A partir desta singular, criativa e interessante concorrência, entre a <strong>imprensa</strong> áulica da A<br />
Gazeta Mercantil e a escrita crítica do O Correio Braziliense, os produtos tipográficos se<br />
multiplicaram em solo nacional, gerando material diverso, ampliando o horizonte da <strong>imprensa</strong><br />
nacional. Até a proclamação da independência, segundo Rizzini, havia <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> treze<br />
tipografias em funcionamento:<br />
Até a proclamação da Independência havia, portando, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: a Impressão Régia<br />
e as oficinas da Bahia, do Recife, do Maranhão e do Pará, autorizadas, e mais as<br />
duas de Vila Rica e as seis do Rio de Janeiro, estas fundadas após o Alvará do<br />
Príncipe Regente, de 28 de agosto de 1821, proclamando a liberdade de <strong>imprensa</strong>.<br />
Ao todo treze. (1977, p.186)<br />
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