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A imprensa tardia no Brasil: razões e conveniências - Unesp

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Os Estados absolutistas souberam muito bem se servir da <strong>imprensa</strong>: de um lado, pelas<br />

monarquias, a <strong>imprensa</strong> foi utilizada para dinamizar a administração pública em suas ordens,<br />

mandamentos legais e nas relações comerciais e pela igreja, catequizar os profa<strong>no</strong>s sem almas<br />

e deuses. De outro lado, a <strong>imprensa</strong> privada recebeu censura rigorosa dos gover<strong>no</strong>s<br />

autoritários, na produção de qualquer escrito: publicação de folhetos, livros e jornais. A<br />

censura atuante não foi uma atitude repressora apenas das nações monárquicas, mas também<br />

da igreja que, representada pelas autoridades eclesiásticas, tinha poder para agir como órgão<br />

censor. A restrição de imprimir deixou Portugal atrasado em relação à evolução técnica<br />

gráfico-editorial. E o <strong>Brasil</strong> colônia sofreu as consequências desse fraco desenvolvimento da<br />

indústria tipográfica lusitana.<br />

O reflexo dessas condições na colônia americana redundaria inevitavelmente na<br />

própria ausência da <strong>imprensa</strong>. Se na metrópole, mais adiantada, quase não havia<br />

jornais e as atividades de impressão eram reduzidas e precárias (sobretudo<br />

comparando às vizinhas nações européias), é natural que a colônia apresentasse<br />

condições inferiores. (MELO, 1973, p.141)<br />

A repressão, que já existia fortemente na colônia, se intensificou quando atravessou o<br />

Atlântico em companhia da monarquia, comanda por D. João VI. O príncipe Regente logo<br />

instalou a <strong>imprensa</strong> oficial, porém sem antes constituir um forte colégio repressor. Um dos<br />

motivos para a instalação imediata da censura na circulação de ideias e informações foi o<br />

perigo da eclosão de movimentos emancipacionistas ocorridos na colônia, que mostravam<br />

com clareza a inquietude e a insatisfação de parte do povo brasileiro.<br />

Por outro lado, a repressão ao impresso aqui tenderia, a partir do século XVIII, a ser<br />

mais rigorosa, procurando afastar as idéias e princípios <strong>no</strong>rteadores das revoluções<br />

francesa e <strong>no</strong>rte-americana, que poderiam questionar o domínio português<br />

(ROMANCINI ; LAGO, 2007, p.21)<br />

Poucos meses após a chegada da família real, o <strong>Brasil</strong>, quase ao mesmo tempo, viu o<br />

nascimento de dois jornais: um áulico, autorizado pela Corte Portuguesa, intitulado A Gazeta<br />

do Rio de Janeiro e outro, clandesti<strong>no</strong>, O Correio Braziliense, também conhecido como<br />

Armazém Literário, escrito e editado em Londres e distribuído ilegalmente <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Estes<br />

jornais são os pioneiros da <strong>imprensa</strong> periódica nacional e serão apresentados brevemente na<br />

próxima leitura.<br />

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