A imprensa tardia no Brasil: razões e conveniências - Unesp
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A tentativa de Antonio Isidoro da Fonseca de imprimir na colônia foi repudiada<br />
rapidamente pelas forças da monarquia, porém, o pedido para o fechamento da tipografia<br />
partiu dos livreiros de Portugal.<br />
A iniciativa de Antônio Izidoro da Fonseca provocou imediata reação dos<br />
impressores e livreiros das cidades de Lisboa e Porto, que pressionaram o gover<strong>no</strong>,<br />
instado a coibi-la. Em conseqüência, foi estabelecido pela ordem régia de 10 de<br />
maio de 1747 referente ao <strong>Brasil</strong> o seqüestro de todas as “letras de <strong>imprensa</strong>” e<br />
proibida a impressão de livro ou papel avulso”, sob pena de as pessoas envolvidas<br />
serem presas e enviadas a Lisboa. (CAVALCANTI, 2004 , p.145)<br />
Somam-se a essas tentativas infrutíferas, outras documentadas oficialmente, cada uma<br />
com sua singularidade intencional, como a fábrica de cartas de jogar em Salvador em 1770 e a<br />
do Padre Viegas de Menezes na cidade de Vila Rica em 1807. A impressão de letras na<br />
Colônia só começou a funcionar efetivamente com a transladação da família real ao <strong>Brasil</strong> e<br />
sua chegada em março de 1808.<br />
A chegada da máquina oficial de imprimir e seus primeiros movimentos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
Napoleão Bonaparte dá um ultimato: ou os portugueses encerravam de vez com as<br />
regalias e mandos ingleses em terra lusitana ou o exército francês completaria a sua invasão<br />
na Península Ibérica. A Espanha já estava nas mãos dos franceses, só faltava incorporar<br />
Portugal ao império de Napoleão.<br />
O Gover<strong>no</strong> português viveu então o seu maior pesadelo estratégico, apanhado <strong>no</strong><br />
choque entre uma grande potência terrestre, a França, cujos exércitos dominavam o<br />
continente europeu, e uma grande potência marítima, a Inglaterra, cujas esquadras<br />
controlavam os mares. Se optasse pela Inglaterra, corria o risco de perder Portugal;<br />
se optasse pela França, o <strong>Brasil</strong>. (RAMOS, 2010, p. 440)<br />
Dom João e seu corpo diplomático decidiram pelo embarque rumo à colônia brasileira:<br />
deixou para trás a capital Lisboa, na época a quarta maior cidade da Europa Ocidental, depois<br />
de Londres, Paris e Nápoles. (Ramos, 2010, p. 442) Por covardia ou estratégia, esta decisão<br />
polêmica é fruto de contínuas interpretações históricas: o fato é que a esquadra portuguesa<br />
partiu para a América escoltada pelos navios ingleses. 2<br />
2 Tratam profundamente do tema: LIMA, 2006; SARAIVA, 2007; ARRUDA, 2008; RAMOS, 2010; NORTON,<br />
2008; LIGHT, 2008.<br />
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