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A imprensa tardia no Brasil: razões e conveniências - Unesp

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É relevante ressaltar que <strong>no</strong>s livros contemporâneos, a obra de Melo é citada<br />

frequentemente como fonte de apoio para o estudo deste tópico singular da história da<br />

<strong>imprensa</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. 4<br />

Marques abordou as questões políticas e econômicas, mas complementou seu estudo<br />

oferecendo uma <strong>no</strong>va perspectiva de análise, quando aplicou o método funcionalista proposto<br />

por Durkheim. “Portanto, ao aplicar o método funcionalista, estaremos buscando identificar a<br />

correspondência entre um fato social determinado e as condições necessárias de existência<br />

dentro do organismo social, ao qual pertence”. (1973, p. 22)<br />

Entretanto, o primeiro passo para o entendimento das <strong>razões</strong> do atraso da instalação da<br />

<strong>imprensa</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> é compreender suas motivações políticas e econômicas, que serão expostas<br />

a seguir.<br />

Questões políticas e econômicas<br />

O <strong>Brasil</strong>, embora tenha recebido a <strong>imprensa</strong> com 300 a<strong>no</strong>s de atraso, não fora um vazio<br />

cultural, pois já <strong>no</strong> período colonial permeava uma teia de informações e relações na qual a<br />

<strong>imprensa</strong> privada e artesanal poderia se encaixar, potencializando as desejadas transformações<br />

de parte da sociedade, oprimida pelos colonizadores. A produção cultural, antes da tipografia,<br />

emergia da tradição oral e manuscrita, materializada em panfletos, cartas, poesias, canções,<br />

repentes, que muitas vezes eram de conteúdo político, social e econômico, tornando-se uma<br />

crítica contundente às regras e à forma de governar do Estado.<br />

O sistema colonial apresentava contradições e antagonismos que colocavam em<br />

confronto os grupos da sociedade da época: administradores do Estado, senhores de engenho,<br />

comerciantes, jesuítas, indígenas, escravos, proprietários de escravos, a <strong>no</strong>breza e os<br />

excluídos. Todos estes grupos se comunicavam e eram controlados pelo gover<strong>no</strong> Estatal.<br />

Esses personagens da sociedade procuravam expor suas ideias e interesses, cada um com seu<br />

respectivo grau de liberdade e oportunidade: do silêncio quase integral dos escravos ao poder<br />

de divulgação oficial da Monarquia. A administração lusitana enfrentou várias rebeliões<br />

(nativistas e emancipacionistas) e percebeu a necessidade de censurar a impressão de<br />

materiais gráficos. A divulgação de conteúdo político, social e econômico dos impressos<br />

4 Ver as obras de ROMANCINI ; LAGO, 2007, MARTINS ; DE LUCCA, 2006, MARIALVA BARBOSA,<br />

2010<br />

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