A imprensa tardia no Brasil: razões e conveniências - Unesp
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Os fatores socioculturais, enumerados a seguir, vão respeitar a ordem e a de<strong>no</strong>minação<br />
estabelecida pelo autor em sua obra “Sociologia da Imprensa <strong>Brasil</strong>eira”.<br />
a) Natureza feitorial da colonização<br />
No momento da ocupação do <strong>Brasil</strong>, Portugal estava voltado para as rotas e o comércio<br />
do Oriente. Para a América Portuguesa foram enviados poucos homens, adotando uma<br />
colonização lenta e com redução de gastos, com o objetivo apenas de exploração econômica.<br />
Assim, os primeiros viajantes vão se fixando <strong>no</strong> litoral, fortalecendo a ideia de produzir para<br />
exportar. “Portugal opta pela organização de feitorias na costa brasileira, utilizando-as<br />
estrategicamente como bases de defesa e comercialmente como entrepostos para explorar o<br />
pau-brasil.” (MELO, 1973, p.112-113)<br />
Os portugueses se valem apenas dos interesses comerciais, edificando somente o<br />
necessário para oferecer o mínimo de infra-estrutura para a consumação de seu objetivo<br />
mercantil. “Não houve, assim, maior impulso civilizatório (criação de escolas, cidades, polos<br />
administrativos complexos), que justificassem a introdução da <strong>imprensa</strong>. (ROMANCINI ;<br />
LAGO, 2007, p.19)<br />
b) atraso das populações indígenas<br />
Os colonizadores portugueses quando ocuparam o <strong>Brasil</strong> foram recebidos por um povo<br />
nativo isolado dos acontecimentos do mundo, vivendo em distintos graus de<br />
desenvolvimento, em tempo mental e cultural diferentes. A população originária do <strong>Brasil</strong>, se<br />
comparada aos europeus e aos nativos da América Espanhola, considerando os paradigmas<br />
políticos, sociais e materiais do século XVI, tinha características de um sistema tribal<br />
autô<strong>no</strong>mo.<br />
Segundo Schwartz, este encontro foi um drama: “motivado pelo choque imediato e<br />
contínuo de dois povos cujos sistemas econômicos e visões de mundo não poderiam ser mais<br />
opostos”. (2001, p. 46)<br />
Porém, Melo, em seu estudo, se utilizou da primeira corrente da historiografia colonial<br />
que viu o índio como selvagem, nômade, atrasado e que foi rapidamente superado pelo<br />
processo civilizador. 5 “Diante de povos tão atrasados, não seria difícil aos colonizadores<br />
portugueses completar a dominação, impondo-lhes os padrões de sua cultura”. (1973, p.115)<br />
5 Interpretação de Varnhagen, <strong>no</strong> livro “História Geral do <strong>Brasil</strong>”, 1978, p.65<br />
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